---------------- 1) APRESENTAÇÃO ( - ORIGENS - )-----------
--- Depois da saúde e do amor, o tempo é, certamente, uma das dávidas preciosas que nós mais desperdiçamos durante as nossas vidas e quase sempre sem recuperação!
Esquecemo-nos do quanto têm de importante para, depois, muito mais tarde, nos arrependermos de não termos feito um melhor aproveitamento e utilização.
Quanto nos foram gratos os bons momentos até então vividos.Mas,quantos sonhos ficaram por concretizar e quantas desilusões ocuparam o seu lugar ?! E os amigos e os familiares que, dum modo ou outro, foram ficando pelo caminho, esquecidos ou desaparecidos ?!Onde estarão agora ou o que terá acontecido a muitos deles ?!
Por vezes é grato tentar fazer uma "paragem" no tempo, fechar os olhos e voltar atrás muitos anos, quantos a nossa memória e imaginação possa facultar! Mas, outras vezes e não poucas certamente, terá sido bem penoso fazê-lo!
O presente torna-se passado a cada momento das nossas vidas. Só nos resta recordar ou sonhar :
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A escuridão era quase completa, só quebrada pelas inúmeras mas pequeninas luzes indecisas na grande cidade distante, não adormecida,porque o temor,a solidão, por vezes o desespero,eram mais fortes do que qualquer sono.
Numa atmosfera completamente fechada e ameaçada por gazes libertados do combustível altamente inflamável, ali permanecia aquele "monstro de aço", repleto de seres vivos, aterrorizados, desiludidos por deixarem as suas terras, os seus bens e lares onde tinham sido felizes tantos anos; mas, por estranho que possa parecer, ao mesmo tempo ansiosos por as abandonarem e atingirem finalmente um porto seguro, muito embora completamente desconhecido para uma grande maioria! E, a troco de nada, ali estavam à espera de partirem para bem longe! Tinham-se acabado os seus planos, restando as recordações da juventude, os felizes tempos, a companhia de familiares e a de muitos amigos.
Mas,esse quase nada que lhes ofereciam, de mãos vazias, era como que uma grande e única esperança : - a liberdade e a vida! Alguns outros nem isso obtiveram e por lá ficaram vítimas da estupidez humana, de quem os levara àquela extrema e desesperante situação e à ilusão alimentada durante muito tempo de ainda ser possível permanecer na sua bem amada ANGOLA !
O monstro de aço e alumínio ali continuava imóvel, no escuro daquela inesquecível noite, num silêncio pesado, enquanto bebia sofregamente milhares de litros de combustível, no local mais afastado possível do Aeroporto de LUANDA, no extremo duma longa pista negra de asfalto ou cimento; no interior, as cortinas tinham sido obrigatoriamente fechadas, só sendo possível espreitar por algum canto, mas apenas víamos, ao longe, o tremelicar das luzes da cidade. Já não eram tantas como antigamente, nos bons tempos em que não havia essa maldita guerra, no tempo em que ainda os homens confiavam uns nos outros ou, por vezes, se sujeitavam uns aos outros exageradamente! Mas havia uma relativa paz, havia amizade, tranquilidade e bastantes meios de subsistência. Então sim, era a grande cidade, com muitas luzes nos altos prédios e nas amplas ou nas velhas ruas, nas mais modernas avenidas da parte nova ou pela marginal, desde o porto até à Ilha e onde muita gente desfilava calmamente ao longo das noites quentes, por vezes depois de uma agitada ronda de prazeres mundanos !
A luz das luzes espelhadas na linda baía, alheias aos inúmeros pontos luminosos cintilando na escuridão longínqua das misteriosas noites africanas! As luzes das queimadas devorando o matagal nas encostas das serras ou a escassa vegetação dos morros ou planuras além "muceques" ou ainda algum velho e imponente Imbondeiro, uma carcomida "mulemba" rodeada de agrestes espinheiras, poisos da bicharada. Eram ainda as luzes dos cafés, das esplanadas, das enormes montras ou dos cabarés já comuns pela grande cidade; eram as luzes de todas as cores dos cintilantes anúncios na competição das progressivas empresas; eram as luzes que deslizavam pelo asfalto seguidas pelos mais diversos meios de transporte, desde as tradicionais "carochas" e dos vulgares "jeeps" aos grandes "espadas" ("rabo de peixe") adquiridos pelos novos ricos, fazendeiros de sisal, café ou as dos grandes e ronceiros "maximbombos" na cidade e nos muceques; eram ainda as luzes das irritantes motos roncando pelas suas ruas e ruelas, as luzes das fogueiras junto às cubatas, enfim as luzes da esperança duma vida despreocupada e da satisfação dos desejos sempre tidos !
--- Depois da saúde e do amor, o tempo é, certamente, uma das dávidas preciosas que nós mais desperdiçamos durante as nossas vidas e quase sempre sem recuperação!
Esquecemo-nos do quanto têm de importante para, depois, muito mais tarde, nos arrependermos de não termos feito um melhor aproveitamento e utilização.
Quanto nos foram gratos os bons momentos até então vividos.Mas,quantos sonhos ficaram por concretizar e quantas desilusões ocuparam o seu lugar ?! E os amigos e os familiares que, dum modo ou outro, foram ficando pelo caminho, esquecidos ou desaparecidos ?!Onde estarão agora ou o que terá acontecido a muitos deles ?!
Por vezes é grato tentar fazer uma "paragem" no tempo, fechar os olhos e voltar atrás muitos anos, quantos a nossa memória e imaginação possa facultar! Mas, outras vezes e não poucas certamente, terá sido bem penoso fazê-lo!
O presente torna-se passado a cada momento das nossas vidas. Só nos resta recordar ou sonhar :
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A escuridão era quase completa, só quebrada pelas inúmeras mas pequeninas luzes indecisas na grande cidade distante, não adormecida,porque o temor,a solidão, por vezes o desespero,eram mais fortes do que qualquer sono.
Numa atmosfera completamente fechada e ameaçada por gazes libertados do combustível altamente inflamável, ali permanecia aquele "monstro de aço", repleto de seres vivos, aterrorizados, desiludidos por deixarem as suas terras, os seus bens e lares onde tinham sido felizes tantos anos; mas, por estranho que possa parecer, ao mesmo tempo ansiosos por as abandonarem e atingirem finalmente um porto seguro, muito embora completamente desconhecido para uma grande maioria! E, a troco de nada, ali estavam à espera de partirem para bem longe! Tinham-se acabado os seus planos, restando as recordações da juventude, os felizes tempos, a companhia de familiares e a de muitos amigos.
Mas,esse quase nada que lhes ofereciam, de mãos vazias, era como que uma grande e única esperança : - a liberdade e a vida! Alguns outros nem isso obtiveram e por lá ficaram vítimas da estupidez humana, de quem os levara àquela extrema e desesperante situação e à ilusão alimentada durante muito tempo de ainda ser possível permanecer na sua bem amada ANGOLA !
O monstro de aço e alumínio ali continuava imóvel, no escuro daquela inesquecível noite, num silêncio pesado, enquanto bebia sofregamente milhares de litros de combustível, no local mais afastado possível do Aeroporto de LUANDA, no extremo duma longa pista negra de asfalto ou cimento; no interior, as cortinas tinham sido obrigatoriamente fechadas, só sendo possível espreitar por algum canto, mas apenas víamos, ao longe, o tremelicar das luzes da cidade. Já não eram tantas como antigamente, nos bons tempos em que não havia essa maldita guerra, no tempo em que ainda os homens confiavam uns nos outros ou, por vezes, se sujeitavam uns aos outros exageradamente! Mas havia uma relativa paz, havia amizade, tranquilidade e bastantes meios de subsistência. Então sim, era a grande cidade, com muitas luzes nos altos prédios e nas amplas ou nas velhas ruas, nas mais modernas avenidas da parte nova ou pela marginal, desde o porto até à Ilha e onde muita gente desfilava calmamente ao longo das noites quentes, por vezes depois de uma agitada ronda de prazeres mundanos !
A luz das luzes espelhadas na linda baía, alheias aos inúmeros pontos luminosos cintilando na escuridão longínqua das misteriosas noites africanas! As luzes das queimadas devorando o matagal nas encostas das serras ou a escassa vegetação dos morros ou planuras além "muceques" ou ainda algum velho e imponente Imbondeiro, uma carcomida "mulemba" rodeada de agrestes espinheiras, poisos da bicharada. Eram ainda as luzes dos cafés, das esplanadas, das enormes montras ou dos cabarés já comuns pela grande cidade; eram as luzes de todas as cores dos cintilantes anúncios na competição das progressivas empresas; eram as luzes que deslizavam pelo asfalto seguidas pelos mais diversos meios de transporte, desde as tradicionais "carochas" e dos vulgares "jeeps" aos grandes "espadas" ("rabo de peixe") adquiridos pelos novos ricos, fazendeiros de sisal, café ou as dos grandes e ronceiros "maximbombos" na cidade e nos muceques; eram ainda as luzes das irritantes motos roncando pelas suas ruas e ruelas, as luzes das fogueiras junto às cubatas, enfim as luzes da esperança duma vida despreocupada e da satisfação dos desejos sempre tidos !
O "monstro de aço" continuava às escuras, impávido, enchendo o seu ventre insaciável. Lá dentro, porém, era cada vez mais forte o cheiro do combustível e mais forte ainda o medo de que alguma situação perigosa surgisse realmente. Toda aquela preocupação logística tinha uma tremenda razão: - embora bastante afastados, situados no fim da longa pista, embora prontos a partir, a situação ali, naquele local, não era de modo algum de tranquilidade; todos nós corríamos grande perigo, independentemente da operação que estava sendo feita! Ali continuávamos no maior silêncio que nos fora recomendado e que mantínhamos na expectativa de conseguir saber ou de ouvir o que se passava lá por fora, quer junto ao avião, quer mesmo na distante cidade, embora aparentemente adormecida! Os cintos de segurança continuavam bem apertados e não nos foi permitido sair dos respectivos lugares. Pouco tempo havia de voo, desde a saída de NOVA LISBOA e ali estávamos novamente em terra, naquela nossa e tão saudosa terra, quiçá pela derradeira vez! Seria afinal ali que aquela viagem iria terminar e que as nossas esperanças de chegar quanto antes ao novo destino seriam goradas tão depressa ?!
Absurdo dos absurdos : como era possível desejar ficar e desejar partir tão apressadamente, abandonar a nossa própria terra, os nossos bens, todas as nossas recordações e vidas de tantas alegrias e de tantos sacrifícios também,em troca do quase nada, do desconhecido,do que, que,afinal,não nos pertencia sequer!? E como o desejávamos fazer quanto antes !
Toda aquela permanência ao largo do grande Aeroporto de LUANDA, ao fundo dessa negra língua de asfalto ou cimento, quanto representava naqueles momentos em nossas frágeis vidas ! Ali estava tudo o que então nos restava : a nossa sobrevivência, as nossas esperanças de liberdade e, no ventre daquele monstro, na sua carga ou na de um outro qualquer monstro desconhecido, por certo até estrangeiro, alguns bem reduzidos sacos com as últimas roupas, cujo peso havia sido controlado, limitado com bastante rigor por vezes e, em especial, para quem não usufruía de oportunas influências exteriores.
Por sorte consegui manter ainda uma pequena bolsa e uma velha pasta com os documentos e o original dum trabalho que me prendia há muitos anos sobre a História de ANGOLA, embora alguns outros tivessem ficado retidos e depois roubados,numas bagagens já despachadas e "bem pagas"! Além disso pouco mais, inclusive a carteira quase vazia, pois nem sequer nos foi permitido ou nem houve mesmo qualquer oportunidade de levantar algumas economias em Bancos já esgotados ou assaltados, o que afinal,também de pouco iria adiantar porque o "nosso" dinheiro angolano ("ainda português"),já não tinha valor na "PÁTRIA MÃE" !
Pouco antes havíamos passado por uma experiência que nunca mais desejamos voltar a ter: - o pandemónio registado no Aeroporto de NOVA LISBOA, a linda capital do HUAMBO. Era simplesmente indescritível aquela situação, verificada durante dias e dias consecutivos! Já havia quem ali se encontrasse há mais de uma ou duas semanas, sem quaisquer condições básicas! Concentravam-se milhares de pessoas oriundas de quase todos pontos : do Centro e Sul de ANGOLA, algumas mesmo até do Norte, do Leste e aí permaneciam em cada dia que longamente decorria.
Além de LUANDA, só ali funcionava a designada "Ponte Aérea"! O almejado sonho de milhares e milhares de pessoas, de todos os credos e raças, era o de chegar ao Aeroporto. Ele era assim o derradeiro refúgio; era como alcançar o oásis depois de penosas, longas e arriscadas caminhadas pelas estradas, em caravanas deficientemente controladas ou mesmo sem qualquer protecção, com a interferência de alguns elementos populares ou dos então designados "movimentos de libertação", conforme as zonas donde partiam ou por onde transitavam. Muitos aventuravam-se, isolados ou em pequenos grupos de automóveis, sem nenhuma cobertura oficial ou militar, pois, sendo embora até então tão desejada e recomendada, acabavam por correr constantes riscos! Outras vezes e apesar das ofertas de dinheiros, tabacos ou bebidas, os ditos "guardiães" das liberdades nem apareciam ou nem tinham quaisquer capacidades, nem autoridade, para o fazerem, reduzindo ou mesmo terminando com muitas das tentativas para efectuar as necessárias deslocações, tanto para salvar "a pele" com apenas o que a protegia, ou alguma viatura conservada com dedicação! E assim, desesperados, completamente desprotegidos, como uns tristes abandonados, não restava qualquer outra alternativa senão a de arriscar, tentar a sorte e seguir em frente, desejando alcançar por fim a "cidade da esperança" enquanto funcionasse a "Ponte Aérea"! Era quase o regresso às históricas fortalezas de antanho !
Fora disso, só mesmo os portos de MOÇÂMEDES e do LOBITO e as fugas para o SUDOESTE, eram também o refúgio e a esperança para as populações mais próximas dessas zonas ou mesmo a sua efectiva solução, como ainda para o despacho das viaturas depois de longas deslocações em arriscadas "caravanas", algumas verdadeiras "odisseias" !
Mas, mesmo esses, foram uma minoria e tiveram tremendos problemas e complicações de toda a ordem durante essas dramáticas deslocações ou já depois de terem conseguido atingir algum desses portos, até porque estavam situados em zonas diferentes das "controladas" pelos diversos "movimentos de libertação" e dos seus controversos procedimentos ou os dos simples grupos de assaltantes e oportunistas. Para muitos essas viagens resultaram em desesperados fracassos pois as suas viaturas ou outros bens nem chegaram a ser embarcados muito embora com os respectivos despachos pagos e compensados com remunerações "extras", restando as promessas por cumprir! Outros bens, ficaram em terra ou em mãos alheias ou ainda despachados para destinos diferentes em benefício directo de oportunos "salvadores", alguns mesmo do outro lado do Atlântico, talvez para a América Central ! Estranhos donos !
No fim de tudo, o principal era mesmo o "safar a pele" e quanto antes pois a situação era cada dia pior e já demasiadamente incontrolável, inclusive para as autoridades até aí responsáveis ou pelas que então iam surgindo usurpando os seus lugares, numa corrida oportunista de adquirir as melhores posições. A "Ponte Aérea" tinha um limite previsto que bem depressa se aproximava e os meios postos ao dispor de tantos milhares de pessoas eram escassos de início, tendo sido necessária uma intervenção urgente e mais eficaz efectuada por grandes aviões de alguns países estrangeiros. Caso contrário teria sido uma verdadeira tragédia!
O pequeno Aeroporto de NOVA LISBOA não tinha capacidade para tanta gente, nem para tanto movimento de cargas, muito embora o facto de serem limitadas ! Sempre havia quem conseguisse fazer passar muito mais do que lhe era então permitido. Até nas desgraças impera a corrupção e o aproveitamento, ou talvez seja mesmo nessas circunstâncias que se verificam mais negociatas !
-- Lá dentro estava o almejado refúgio, onde as populações encontravam uma relativa segurança, pois ali quase só havia alguns elementos das já bem reduzidas forças policiais ou militares portuguesas e muitas vezes nem essas conseguiam controlar as piores situações ou nem estavam muito interessadas em se arriscarem ! Além disso quase todo o controle no seu exterior era já exercido pelos ditos "movimentos de libertação" e geralmente com demasiadas deficiências ou mesmo prepotências. Essas poucas forças portuguesas já não eram suficientes para aguentar por muito mais tempo os desmandos e a desorganização que envolviam os próprios postos superiores. Quase ninguém sabia a quem obedecer e nem o faziam os que o sabiam, por conveniências e interesses particulares ou por nem serem capazes ! Todos os controles de acesso ao Aeroporto, além mesmo os da cidade, eram efectuados pelos referidos "movimentos" então presentes nessa zona,mas que até entre si não se respeitavam nem nunca se entendiam, procurando cada um tirar as maiores e mais imediatas vantagens e obter os postos "chave". Assim, foram cometidos desacatos de toda a ordem,pelos mais banais motivos e, talvez na maioria das vezes,inclusive contra os próprios naturais ou aos africanos por ascendência.Tudo servia de pretexto para desancar, para mostrar quem tinha a força ou o poder de dar ordens ou simplesmente de "malhar" no parceiro desprotegido, do desgraçado "pé descalço" ("o eterno pé rapado"), como tivemos ocasião de presenciar algumas vezes, arrepiados e impotentes, chegando mesmo ao ponto de alguns terem sido mortos nessas circunstâncias e perante a passividade ou até conivência das autoridades de ocasião !
Os altos "mandos" já nem conseguiam controlar esses constantes abusos e violências ou também os cometiam algumas vezes! As promessas tinham sido muitas e irreais! Não era fácil voltar atrás. Todos se julgavam com direitos ilimitados, sem terem de respeitar os dos outros, nem sequer os reconhecendo. Só a lei da força e da prepotência ali imperava! E nisso, nalguns casos, não havia que diferenciar nem raças, cores ou ideologias,viessem de onde viessem! Mercenários europeus houve que, em conjunto com as forças de certos "movimentos" ou grupos descontrolados, foram capazes de cometer os mais hediondos e repugnantes actos. A troco de quê ?!Dinheiros, postos de comando ou a simples posse dos "despojos" dos diversos saques ?. E, por vezes, eram os primeiros a tomarem a iniciativa e a escolherem o que mais lhes convinha, mesmo nos assaltos às residências deixadas às pressas por muitas das pessoas que se viram obrigadas a abandonar as localidades onde imperava este ou aquele "movimento" e até sem terem com eles ou contra eles quaisquer razões que justificassem semelhantes atitudes! Triste espectáculo a que muitos residentes infelizmente tiveram de assistir sem qualquer hipótese de ajuda !
Mas,antes de mais, regressemos ao interior do Aeroporto de NOVA LISBOA : - existia uma enorme confusão, o caos era tremendo, pois as infraestruturas não estavam preparadas para albergar aqueles largos milhares de pessoas. Todos os espaços estavam ocupados; havia famílias ali recolhidas há muitos dias, estendidas pelo chão, em colchões de espuma ou em simples mantas, com os seus sacos fazendo de almofadas ou travesseiros e com poucos mais ou nenhuns haveres; existiam por ali uns quantos colchões de militares ou de instituições de beneficência, nacionais ou estrangeiras, que iam passando de mão em mão,ou antes, de corpo em corpo, à medida que os seus anteriores ocupantes iam obtendo vagas nalgum dos esperados aviões.
-- Chegaram a registar-se mais de uma vintena de voos diários e alguns de grandes capacidades. No princípio, esses meios aéreos eram muito limitados,quase só "caseiros", fazendo apenas a viagem de ligação até ao Aeroporto de LUANDA, pois os restantes, ou porque ainda não tivessem sido programados ou porque tivessem receio quanto às condições daquela pista para uso dos grandes aviões, limitavam-se apenas à capital angolana. Desse modo era impossível concretizar a tempo toda aquela complicada e urgente operação de salvamento. Felizmente e, mais uma vez, funcionou a assistência internacional, surgindo então nos céus do HUAMBO outros maiores transportes, até mesmo dos utilizados pelos serviços militares e os de cargas. As esperanças iam assim aumentando mas as condições higiénicas diminuíam a cada dia, assim como as reservas alimentares e as de assistência.As poucas instalações sanitárias já nem funcionavam e, em especial as mulheres, crianças, os idosos e os doentes, eram os mais afectados não lhes restando outra hipótese senão a de se "aliviarem" pelos cantos ou cobertos pelas sujas e já mal cheirosas mantas ! Os mais afoitos ainda se arriscavam em "ir lá fora" sob os olhares de alguns militares condescendentes e que também mais desejavam que chegasse a sua hora de embarcar.O serviço de bar do Aeroporto já havia "rebentado" por completo; desaparecera tudo em pouco tempo, independentemente do seu preço de ocasião. Aos poucos e pelos altifalantes iam sendo anunciados os voos e avisados os felizardos que haviam de os aproveitar; logo se encaminhavam para as respectivas "bichas" sem que pudessem transportar quaisquer volumes a não ser que fossem muito bem camuflados sob casacos e mais casacos, calças em cima de calças, assim como as camisas ou vestidos das senhoras. De resto pouco era permitido que fosse levado pelos passageiros, tendo de seguir na carga, para onde os seus volumes eram atirados sem cerimónias, sendo amontoados com a promessa dos "diligentes funcionários" ou "colaborantes" de ainda seguirem nesse próprio voo ou num outro desse dia. Claro que tudo isso não passava de vagas promessas que até nem sequer já enganavam os próprios passageiros fartos de tantas "aldrabices" ou manobras mal disfarçadas pois acabavam por estar mais preocupados com o embarcar nesse desejado avião do quer terem hipóteses de levar o que quer que fosse depois de já terem sido despojados de tudo ou quase tudo quanto haviam obtido durante tantos anos, de tudo quanto tinham sido obrigados a abandonar nas terras de suas residências ou naturalidade. Os automóveis que os seus donos não haviam conseguido fazer embarcar em MOÇÂMEDES ou no LOBITO, (outros ainda atravessando a fronteira sul) mesmo prometendo ou pagando ("extra") algumas dezenas de contos a certos "oportunistas" que logo haviam surgido, acabaram por ficar nas suas garagens, quintais, às vezes mesmo depois de terem sido assaltados para deles roubarem o que lhes convinha e, de preferência, o seu combustível. Os que ainda os conseguiram levar até ao Aeroporto, utilizando-os como único meio de fuga, ali os abandonavam ou vendiam ao desbarato, trocando-os por quase nada ou por um maço de cigarros! Trocas simbólicas, pois, quer uns quer outros, sabiam de antemão que para pouco ou nada serviriam. O que interessava era ultrapassar a barreira dos "controles", das exigências da apresentação dos cartões("caratões") confirmando a filiação no "movimento" ali preponderante ou mesmo o único e senhor quase total da situação na maioria dos locais e zonas territoriais. Era assim o "salvo-conduto", o livre-trânsito, cuja apresentação era muitas vezes coroada por "piropos" pouco agradáveis ou mal sonantes,os quais tinham de ser engolidos em seco, bem a contra-gosto, fingindo não terem sido ouvidos. Era preciso passar a qualquer preço, de qualquer jeito, em busca do tão almejado refúgio, a desejada "cidadela" do HUAMBO e, principalmente, do seu Aeroporto. Mas, mesmo essa segurança, era muito relativa, talvez até por vezes quase simbólica também ! É que, lá dentro e apesar (ainda) da presença de alguns militares portugueses, os ditos "movimentos de libertação" já exerciam a sua discutível,quiçá inconveniente e ilegal autoridade, fazendo assim aumentar a instabilidade e o receio geral.
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-- Voltando à nossa posição no Aeroporto de LUANDA, a espera mantinha-se naquela atmosfera cada vez mais insuportável, fazendo-nos pensar nas câmaras de gás em que sucumbiram milhões de judeus durante a malfadada guerra na Europa,dita civilizada, atrevidamente criticando e pretendendo dar exemplos de "bons comportamentos"! E tanto pior porque estávamos ali presos pelos cintos de segurança(ou da insegurança ?),em completo e pesado silêncio, naquela escuridão enervante que nos reduzia a zero!De princípio nem sabíamos mesmo o que se estava a passar,nem qual o motivo daquela inesperada escala ao fim de tão pouco tempo de voo.
Já muito depois da meia-noite sentimos por fim e de novo o zumbir estridente dos potentes jactos e notámos um deslocamento relativamente ao horizonte cheio daqueles minúsculos pontos luminosos, quais pirilampos inquietos. No fim daquela pista desapareceram as luzes do seu Aeroporto e as da cidade grande. Diluíram-se num manto negro e, após um infernal e quase insuportável ruído, sentimos enfim a feliz sensação de ter deixado o estimado e sagrado chão, aquele solo africano tão nosso quanto dos milhares que por lá continuaram ainda por vontade própria ou por não terem tido oportunidades de se escaparem e dos muitos e muitos milhares dos angolanos que tinham de ficar,embalados ainda nos sonhos de uma então enganadora liberdade, mas por alguns outros já nessa altura julgada bastante difícil de alcançar no meio de tanta desorientação! Mais uma vez não passavam de "joguetes" de uma complicada e maquiavélica manobra internacional de que resultariam por certo consequências bem mais desastrosas das que até então haviam conhecido. Restava-lhes, uma vez mais, a sorte do pobre "mexilhão",enquanto o peixe graúdo tirava as suas vantagens!
Também já tínhamos passado por uma outra desagradável e arriscada presença neste Aeroporto algum tempo antes, quando ali tivemos de ir para evacuar as nossas pequenas filhas, PAULA MARINA e ANA CRISTINA, de 10 e 8 anos de idade e apenas sob a possível e prometida vigilância dum casal amigo, com rumo a PORTUGAL, em virtude da sua segurança já estar em risco, talvez principalmente nas localidades do interior, onde nos encontrávamos, conforme diversos casos já verificados e sem que as poucas autoridades responsáveis tivessem efectuado quaisquer diligências. O Aeroporto de NOVA LISBOA era então utilizado apenas por alguns aviões de MOÇAMBIQUE para a ligação com o de LUANDA onde a confusão ainda estava a começar,mas já nessa altura nem me foi possível, nem era aconselhável, sair daquela aero-gare com rumo à cidade; assim, ali tive de permanecer toda a noite e parte do dia seguinte, sentado num duro banco enquanto as nossas duas filhas dormitaram nas prateleiras duns grandes móveis ali existentes, até conseguir uma vaga para o regresso ao planalto do HUAMBO.
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Tivemos então a agradável notícia de que o bar daquele avião ainda recebia os nossos "tristes" escudos, o que já não aconteceria em LISBOA, a não ser entregando nas mãos de oportunos "cambistas" com a redução de 50 %! Assim, era bem melhor convertê-los ali com algumas extravagâncias às quais, provavelmente,tão cedo não voltaríamos a ter acesso.
Surgiam-nos então pela frente muitas esperanças mas teríamos também incertezas e provavelmente enormes e desagradáveis surpresas.Já relaxados daquele impacto inicial, (com minha mulher e o nosso filho mais velho, ANTÓNIO PEDRO, de 14 anos de idade e que ainda havia continuado connosco em CAMACUPA), vencidos todos por essas longas e esgotantes horas, caímos num inevitável sono, prolongado pela imaginação, pelos sonhos, pelas recordações de mais de quarenta anos da nossa existência naquele já saudoso solo quente e bravio que talvez jamais voltaríamos a pisar! E, qual filme de ficção, qual comédia com retalhos de tragédia, começara a desenrolar-se no enorme palco da vida, seguindo uma certa sequência e até onde nos fora possível recordar ; as cenas desfilavam com maior ou menor nitidez, mais ou menos completas, reais ou algumas decoradas com uma gostosa imaginação : - assim nos surgiam as imagens, recheadas de tantos nomes : - das belas terras de MOÇÂMEDES, minha cidade natal e antiga "PEQUENA BAÍA DOS PEIXES" ("ANGRA DO NEGRO" ou ainda "BISSONGO BITTOTO"), PORTO ALEXANDRE("ANGRA DAS ALDEIAS"- "ALEXANDER PORT"); - da velha HUÍLA (LUBANGO - LOBANGO,- de "LUVANGO" - mais tarde designado SÁ DA BANDEIRA), HUMPATA (OMPATA), PALANCA, CHIBIA, HUAMBO (BAILUNDO, NOVA LISBOA),BENGUELA, BIÉ(em especial de SILVA PORTO, CHINGUAR,CAMACUPA)e algumas outras localidades que encheram de luz e cor a nossa desprendida juventude e, para finalizar, da bela e grande LUANDA:
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---(ANTES DE PROSSEGUIR NESTA MINHA PÁGINA CONSULTE POR FAVOR OS TÓPICOS DAS OUTRAS, NOS SEGUINTES "SÍTIOS" : http://angola.do.sapo.pt --- e ainda em : http://angola-brasil.blogspot.
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-- Fazendo ainda um recuo na História sobre o Sul de ANGOLA (onde estive bastantes anos da minha juventude),registemos, resumidamente, alguns dos seus principais factos :
-- 1627 - O capitão-mor de BENGUELA, LOPO SOARES LASSO, contacta com os povos da HUÍLA.
-- 1682 - Instalação do Presídio de CACONDA -- 1769 - O Governador D. FRANCISCO INOCÊNCIO DE SOUSA COUTINHO lançou as bases para a fundação de ALBA NOVA (AHUILA)como núcleo de povoamento no Sul de ANGOLA, sob chefia do capitão-mor ANTÓNIO RODRIGUES ALGARVE e com o padre GABRIEL BRAGA (então degredado).
-- 1765 -(?)- As expedições do tenente-coronel PINHEIRO FURTADO e a de GREGÓRIO JOSÉ MENDES chegam a ANGRA DO NEGRO.
-- 1789 - Nomeação de ANTÓNIO RODRIGUES JARDIM para substituir o chefe ALGARVE.
-- 1790 - Idem de FRANCISCO INÁCIO DE MIRA.
-- 1798 - O Governador de BENGUELA, JOSÉ BOTELHO DE VASCONCELOS, propõe a colonização do Sul com 80 casais (mulatos) do BRASIL.
-- 1821 - FEVEREIRO - Duzentos degredados italianos, vindos do BRASIL (RIO DE JANEIRO), chegaram a LUANDA na fragata "VENUS", em resultado dum acordo assinado entre D. JOÃO VI e D. FERNANDO (das SICÍLIAS)
-- 1828 - FELÍCIO MATOS DA CONCEIÇÃO foi nomeado regente de ALBA NOVA (OYLLA ou HUÍLA).
-- 1837 - Março - O alferes JOÃO FRANCISCO GARCIA substituiu o regente FELÍCIO MATOS.
-- 1838 - Realizou-se uma expedição(pelo mar) de PEDRO ALEXANDRINO DA CUNHA, na corveta "ISABEL", até ANGRA DO NEGRO, onde se encontra com JOÃO FRANCISCO GARCIA.
-- 1839 - PEDRO ALEXANDRINO faz a travessia, por terra, de BENGUELA a MOSSAMEDES, passando por QUILENGUES, HUÍLA, ENJAU e BUMBO.
*-- 1839/40 - Ocupação parcial do distrito de MOSSAMEDES com a criação duma Feitoria,dando início à sua "colonização".
*-- 1842 - Início da construção do Presídio da HUILA
-- 1845 – o tenente JOÃO FRANCISCO GARCIA, regente da HUILA, funda (?) o seu Presídio, dependente do REINO DE BENGUELA e para ocupação dos GAMBOS e enfrentar os seus sobas mais poderosos.
*-- 1845 - Início das primeiras tentativas de colonização europeia proveniente do BRASIL e da MADEIRA.
-- 1848 - Registou-se uma "onda" da "Guerra do Nano", descendo do norte e ameaçando as populações de MOSSÂMEDES que se refugiam na Fortaleza de S. Fernando. Eram guerras baseadas em problemas de roubos de gados e em que intervinham Negros e Brancos daquela região, desde a HUÍLA aos GAMBOS.
-- 1848 - Haviam então chegado ao BRASIL os relatos das viagens de PINHEIRO FURTADO e de GREGÓRIO MENDES (1785) pelo Sul de ANGOLA, bem como as "MEMÓRIAS" de SIMÃO JOSÉ DA COSTA LUIZ SORIANO. Esses documentos tiveram grande influência sobre diversos emigrantes portugueses,lá instalados, para rumarem com destino às costas angolanas.
-- 1848 - Uma comissão a funcionar no RECIFE, estuda a instalação duma Colónia de portugueses (do BRASIL) para MOSSAMEDES. *- 1848 -
-- 1849 - (19 de Abril) - Foi fundado o distrito de MOÇÂMEDES. No dia 26, o padre Dr. VICENTE PIRES DA MOTA, fora eleito Presidente da Província de PERNAMBUCO. Dois meses depois de diversos desentendimentos surgira ali um grave incidente entre brasileiros e um português. No dia seguinte os nativistas exigiam a expulsão dos portugueses num prazo máximo de 15 dias ! Os descontentes portugueses eram apoiados por BERNARDINO DE FIGUEIREDO ABREU E CASTRO.
-- 1849 - JULHO - 13 - Uma lei autoriza o dispêndio de 18 contos para a instalação em MOSSAMEDES de 134 homens e 39 mulheres,idos do BRASIL(PERNAMBUCO). - 1850 - Em 10 de Março fora criado o Concelho da HUILA e depois o de MOÇÂMEDES passou a ser vila pela transformação definitiva da anterior "Colónia da HUILA", situada na margem esquerda do rio LUPOLO e na ausência do capitão PEDRO A.CHAVES que seguira de urgência para o HUMBE, em virtude de ali ter surgido uma revolta em que foi assassinado o alferes ALMEIDA.
-- 1850 - Em 26 de Novembro ali chegam mais 125 colonos de PERNAMBUCO.
-- 1852 - Criação do FUNDO DE COLONIZAÇÃO com receitas a cobrar sobre vinhos e aguardentes do Continente.
--- 1853 - Criação da "Colónia do GOLUNGO ALTO" para instalação de madeirenses.
-- 1855 - (NOVEMBRO ?) - Fundação do primeiro HOSPITAL BENEFICENTE DE PERNAMBUCO pela iniciativa e acção de diversos componentes da COLÓNIA PORTUGUESA DO RECIFE,sob orientação do DR. JOSÉ D´ALMEIDA SOARES LIMA BASTO,Presidente do GABINETE PORTUGUÊS DE LEITURA DO RECIFE,inicialmente vocacionado para a luta contra a epidemia da cólera, sendo então designado "REAL HOSPITAL PORTUGUÊS DE BENEFICÊNCIA" .
-- 1856 - JULHO - 02 - O Rei de PORTUGAL coloca sob sua "REAL PROTECÇÃO" o "HOSPITAL DO RECIFE".
-- 1857 - JULHO - 3 - Portaria para a instalação duma Colónia militar na HUÍLA.-- 1857 - SETEMBRO - ( - Fundação da Colónia de PORTO ALEXANDRE . -- NOVEMBRO - 2 - Portaria sobre a criação da Colónia Militar na HUÍLA. Para o efeito chegaram a MOÇÂMEDES mais alguns colonos, incluindo 12 alunos da CASA PIA DE LISBOA e diversos (29) alemães, sendo-lhes concedidos alguns auxílios.
-- 1857 - DEZEMBRO - 26 - Publicação do Decreto que cria a COMPANHIA DE CAÇADORES Nº 3 com destino à HUÍLA, apoiados por certas regalias (casas com terreno agrícola ou a sua instalação num quartel). -- 1858 - O navio "VASCO DA GAMA" transporta para o Sul os oficiais e soldados da COMPANHIA AGRÍCOLA DE CAÇADORES Nº 3 , para instalação de uma "colónia" militar agrícola. -- 1859 - Ocupação do HUMBE. O major HORTA funda um forte nos GAMBOS.
-- 1859 - AGOSTO - 4 - Festejos comemorativos dos "DEZ ANOS" da chegada a MOÇÂMEDES dos colonos de PERNAMBUCO,sob orientação de BERNARDINO FREIRE DE FIGUEIREDO ABREU E CASTRO, após os violentos conflitos verificados com residentes daquela cidade brasileira (desde 1648).
Devido ao seu labor já ali existiam 83 propriedades, fixadas em : S.NICOLAU (3) -- CARUNJAMBA (1) -- COROCA (3) -- HUILA (7) -- e diversas numa extensa área do Sul de ANGOLA : (CAMBA , GAMBOS, HUMBE,MOLONDO, etc.). Nessa época, embora sem grandes apoios,já haviam exportado : - 200 toneladas de óleo de peixe; 28 toneladas de cera; 16 toneladas de carne seca; muito gado e couros; 115 toneladas de batatas e de diversos outros produtos.
*- 1860 - ..."A colonização de Mossamedes, feita com portugueses de Pernambuco, foi um caso excepcional, não só de repatriamento em grupo para uma zona colonial que não concorria com o Brasil na atração ao emigrante português, como porque Huíla, para onde foram, é considerada uma vitória da colonização portuguesa nos trópicos...."No planalto de Huila, na Angola, verificou-se experimentalmente a capacidade do português para vencer paccìficamente o nórdico no domínio das áreas tropicais", escreve Gilberto Freyre(26). Mas esta região, que é o único triunfo da colonização branca portuguêsa nas duas províncias africanas até ao século vinte, critica James Dufy, não constitui uma área tropical, pois climaticamente se assemelha a grandes regiões da União Sul-Africana, colonizada por povos nórdicos.Huíla é hoje, acrescenta, a mais portuguesa região de Angola, sendo suas fazendas réplicas das existentes em Portugal e Madeira"..."Tropical ou não, Huila foi colonizada vitoriosamente por portuguêses aclimatados ao trópico pernambucano e seus descendentes se consideram mais angolanos que portuguêses, como muitos portugueses nas vésperas da nossa Independência"..."Assim, não é a antiga ocupação portuguêsa que justifica as relações que hoje devemos manter com a África, mas é o próprio processo histórico da aceitação e reação mútuas, de doações e contribuições culturais que justifica, tanto quanto as nossas alianças europeias, pan-americanas ou latino-americanas, a boa cooperação e amizade brasileiro-africana."... (-- transcrição parcial da obra "BRASIL E ÁFRICA : outro horizonte" - de JOSÉ HONÓRIO RODRIGUES - 1961- pgs.112/113 - da EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A. - RIO DE JANEIRO --)
-- 1860 - Chegaram os primeiros colonos algarvios (OLHÃO), seguindo para PORTO ALEXANDRE e BAÍA DOS TIGRES, dos quais se destacavam os irmãos GANCHO e PEIXE por se terem introduzido na barca "D.ANA", utilizando uma canoa! Outros instalam-se em CAPANGOMBE.
-- 1860 - (?) - Os Ovimbundo do Planalto Central de Angola,invadem as regiões da HUÍLA e MOÇÂMEDES, provocando o pânico ("Guerras do Nano) ".
-- 1860 - Chegaram os primeiros colonos algarvios (OLHÃO), seguindo para PORTO ALEXANDRE e BAÍA DOS TIGRES, dos quais se destacavam os irmãos GANCHO e PEIXE por se terem introduzido na barca "D.ANA", utilizando uma canoa! Outros instalam-se em CAPANGOMBE.
-- 1860 - (?) - Os Ovimbundo do Planalto Central de Angola,invadem as regiões da HUÍLA e MOÇÂMEDES, provocando o pânico ("Guerras do Nano) ".
---- Consultar as LISTAS (por ordem alfabética, dos componentes das diversas "Colónias" chegadas a ANGOLA e provenientes de : BRASIL - MADEIRA - PORTUGAL) -- constantes deste mesmo blog - Secção
piquerobi.tripod.com/beve_ historico_do_pontal_do_ paranapanema.htm
-- 1860 - JOSÉ DA COSTA ALEMÃO ("COIMBRA"), meu trisavô, seguira do BRASIL para ANGOLA(MOSSAMEDES) com sua mulher e os filhos menores(GUILHERMINA - JOSÉ e TEREZA), nascidos em MINAS (?), tendo então JOSÉ (1849), apenas 11 anos de idade. Essa viagem foi feita no barco "BARTOLOMEU DIAS". -- 1861 (?)- JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA (filho) seguiu para COIMBRA para continuar os seus estudos.
-- 1860 - JOSÉ DA COSTA ALEMÃO ("COIMBRA"), meu trisavô, seguira do BRASIL para ANGOLA(MOSSAMEDES) com sua mulher e os filhos menores(GUILHERMINA - JOSÉ e TEREZA), nascidos em MINAS (?), tendo então JOSÉ (1849), apenas 11 anos de idade. Essa viagem foi feita no barco "BARTOLOMEU DIAS". -- 1861 (?)- JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA (filho) seguiu para COIMBRA para continuar os seus estudos.
-- 1862 - Chegada do caíque "FLOR DE MAIO" com outros colonos algarvios bem como alguns outros do BRASIL.
-- 1863 - Julho - As intervenções e as "questões" com o Governador FERNANDO LEAL tinham acalmado a situação entre as populações vizinhas.
-- 1864 - (?)- JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA, que completara o 6º ano liceal em COIMBRA teve de interromper os seus estudos e regressar para ANGOLA (MOSSAMEDES) em virtude do falecimento dos seus pais. -- Fixou-se então em CAPANGOMBE (circunscrição do BUMBO - MOSSAMEDES) como escriturário.
-- Um ano depois seguiu para NOVO REDONDO, como empregado comercial e ali permaneceu 3 anos, regressando ao BUMBO e passando a dedicar-se à agricultura durante alguns anos, exercendo por vezes, interinamente, as funções de chefe do concelho.
-- Esse meu bisavô casara com JOANA DE FARIA,(sendo ambos viúvos), nascendo-lhes os seguintes filhos : ADOLFO, HORÁCIO, HERMÍNIA (minha avó paterna),OLÍMPIA,VIRGÍNIA e ALDINA (e HIRONDINA(?).
-- Algum tempo depois (?),já viúvo, casara com EMILIA ADELAIDE SOARES E ALMEIDA DE ARAÚJO LIMA BASTO, mestiça, natural de MOSSAMEDES, viúva de LUIS AUGUSTO SOARES DE ALMEIDA SANGRIA e filha de MANUEL SOARES DE ALMEIDA ARAÚJO DE LIMA BASTO, natural de MINAS GERAIS que também desembarcara em MOÇÂMEDES, tendo chegado no navio "PERNAMBUCO" com diversos refugiados políticos portugueses residentes no BRASIL; desse seu terceiro casamento nasceram ainda os filhos :
-- JOSÉ (JÚNIOR), CASTORINA, TITO LÍVIO, ANGELO, MANUEL e CARLOS (todos estes com os apelidos "COSTA ALEMÃO COIMBRA".
-- (?) - EMÍLIA ADELAIDE faleceu, mais tarde, em LUANDA.
-- Dessa família LIMA BASTO merece ainda ser destacado o Dr. JOSÉ D'ALMEIDA SOARES LIMA BASTO, presidente do GABINETE PORTUGUÊS DE LEITURA (RECIFE) que, com a colaboração de alguns membros da COLÓNIA PORTUGUESA ali instalada, fundaram (em 1855) o primeiro Hospital Beneficente de PERNAMBUCO (inicialmente vocacionado para a luta contra a epidemia de cólera, sendo então designado "REAL HOSPITAL PORTUGUÊS DE BENEFICÊNCIA",(como já nos referimos nesta mesma rubrica).
-- Tornou-se no maior e mais moderno complexo hospitalar da REGIÃO NORTE/NORDESTE do BRASIL.
--- www.rhp.com.br
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-- 1863 - Julho - As intervenções e as "questões" com o Governador FERNANDO LEAL tinham acalmado a situação entre as populações vizinhas.
-- 1864 - (?)- JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA, que completara o 6º ano liceal em COIMBRA teve de interromper os seus estudos e regressar para ANGOLA (MOSSAMEDES) em virtude do falecimento dos seus pais. -- Fixou-se então em CAPANGOMBE (circunscrição do BUMBO - MOSSAMEDES) como escriturário.
-- Um ano depois seguiu para NOVO REDONDO, como empregado comercial e ali permaneceu 3 anos, regressando ao BUMBO e passando a dedicar-se à agricultura durante alguns anos, exercendo por vezes, interinamente, as funções de chefe do concelho.
-- Esse meu bisavô casara com JOANA DE FARIA,(sendo ambos viúvos), nascendo-lhes os seguintes filhos : ADOLFO, HORÁCIO, HERMÍNIA (minha avó paterna),OLÍMPIA,VIRGÍNIA e ALDINA (e HIRONDINA(?).
-- Algum tempo depois (?),já viúvo, casara com EMILIA ADELAIDE SOARES E ALMEIDA DE ARAÚJO LIMA BASTO, mestiça, natural de MOSSAMEDES, viúva de LUIS AUGUSTO SOARES DE ALMEIDA SANGRIA e filha de MANUEL SOARES DE ALMEIDA ARAÚJO DE LIMA BASTO, natural de MINAS GERAIS que também desembarcara em MOÇÂMEDES, tendo chegado no navio "PERNAMBUCO" com diversos refugiados políticos portugueses residentes no BRASIL; desse seu terceiro casamento nasceram ainda os filhos :
-- JOSÉ (JÚNIOR), CASTORINA, TITO LÍVIO, ANGELO, MANUEL e CARLOS (todos estes com os apelidos "COSTA ALEMÃO COIMBRA".
-- (?) - EMÍLIA ADELAIDE faleceu, mais tarde, em LUANDA.
-- Dessa família LIMA BASTO merece ainda ser destacado o Dr. JOSÉ D'ALMEIDA SOARES LIMA BASTO, presidente do GABINETE PORTUGUÊS DE LEITURA (RECIFE) que, com a colaboração de alguns membros da COLÓNIA PORTUGUESA ali instalada, fundaram (em 1855) o primeiro Hospital Beneficente de PERNAMBUCO (inicialmente vocacionado para a luta contra a epidemia de cólera, sendo então designado "REAL HOSPITAL PORTUGUÊS DE BENEFICÊNCIA",(como já nos referimos nesta mesma rubrica).
-- Tornou-se no maior e mais moderno complexo hospitalar da REGIÃO NORTE/NORDESTE do BRASIL.
--- www.rhp.com.br
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-- 1873 - JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA, fora nomeado,várias vezes, Chefe do Concelho de CAPANGOMBE, (BUMBO) interino, sofre um ataque dos Hotentotes perseguidos pelos boers e pelo soba CAENDA-GONGO, de QUILENGUES.
-- 1874/5 - Organização de forças militares (incluindo locais) para enfrentarem os Mondombes.
-- 1875 - Dezembro - Fundação da Colónia Militar da HUILA com a Companhia de Caçadores nº 3.
*-- 1877 - Início dos estudos por uma expedição de obras públicas para abertura de estradas na zona de CAPANGOMBE.
*-- 1877 - Quadrilhas de hotentotes ameaçam a vila de MOÇAMEDES idos do sul do rio CUNENE, efectuando ataques e muitas razias.
*-- 1877 - Produção de 360 pipas em diversas propriedades situadas no distrito de MOSSAMEDES.
*-- 1879 - O padre DUPARQUET funda uma Missão Católica no CUANHAMA.
-- 1880 - Diversos colonos(sem apoio oficial) avançam para a CHIBIA para ali se fixarem.
*-- 1880 - Chegada ao Planalto da HUÍLA duma colónia de boers.
-- 1881 - Fevereiro - 8 - Portaria nº 325 - Nomeia JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA para membro da Comissão Municipal do BUNDO (BUMBO).
-- 1881 - Chegada duma coluna de emigrantes "boers" à HUILA, chefiados por JACOBUS BOTHA desde o TRANSVAAL. Eram transportados nos seus grandes carros("carro boer" - umas "carroças" com 4 grandes rodas de madeira protegidas com aros de ferro, puxadas por "espanas" de bois(com 10 - 12 ou 18, conforme o peso das cargas) aos pares(juntas) ligados por "cangas". Fundam a povoação da HUMPATA,onde nasce a colónia de S.JANUÁRIO.
-- 1881 - Agosto - 21 - Portaria que concede diversos terrenos aos emigrantes boers.
-- 1881 - COSTA ALEMÃO comparticipa no "Reconhecimento aos cubaes" na região do GAMBOS e destaca as tensões existentes entre os "Hotentotes" e o "cubaes", obrigando-os a abandonarem as suas zonas.
-- 1881 - JUSTINO TEIXEIRA DA SILVA procede a um "reconhecimento aos Cobaes".
-- 1881 - Dezembro - 7 - Foi fundada a MISSÃO DA HUILA pelos padres JOSÉ MARIA ANTUNES e DUPARKET que no ano seguinte criara a Missão do Espírito Santo na HUILA.
-- 1882 - Criação do concelho do HUMBE.
-- 1882 - Novembro - 7 - Concretizou-se a transferência do Seminário de LUANDA para a povoação da HUILA (Missão).
------- Foto nº 45 / 5º Vol. Pg. 80/81 - ---- Foto nº 73 /5º vol. 124/125 --
.............................. .........
-- 1883 - Diversos colonos da extinta colónia "JÚLIO VICENTE (VILHENA (?) foram transferidos para a Colónia da HUMPATA.
-- 1883 - Em CACONDA foi criada a Colónia Penal Agrícola "REBELO DA SILVA".
-- 1874/5 - Organização de forças militares (incluindo locais) para enfrentarem os Mondombes.
-- 1875 - Dezembro - Fundação da Colónia Militar da HUILA com a Companhia de Caçadores nº 3.
*-- 1877 - Início dos estudos por uma expedição de obras públicas para abertura de estradas na zona de CAPANGOMBE.
*-- 1877 - Quadrilhas de hotentotes ameaçam a vila de MOÇAMEDES idos do sul do rio CUNENE, efectuando ataques e muitas razias.
*-- 1877 - Produção de 360 pipas em diversas propriedades situadas no distrito de MOSSAMEDES.
*-- 1879 - O padre DUPARQUET funda uma Missão Católica no CUANHAMA.
-- 1880 - Diversos colonos(sem apoio oficial) avançam para a CHIBIA para ali se fixarem.
*-- 1880 - Chegada ao Planalto da HUÍLA duma colónia de boers.
-- 1881 - Fevereiro - 8 - Portaria nº 325 - Nomeia JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA para membro da Comissão Municipal do BUNDO (BUMBO).
-- 1881 - Chegada duma coluna de emigrantes "boers" à HUILA, chefiados por JACOBUS BOTHA desde o TRANSVAAL. Eram transportados nos seus grandes carros("carro boer" - umas "carroças" com 4 grandes rodas de madeira protegidas com aros de ferro, puxadas por "espanas" de bois(com 10 - 12 ou 18, conforme o peso das cargas) aos pares(juntas) ligados por "cangas". Fundam a povoação da HUMPATA,onde nasce a colónia de S.JANUÁRIO.
-- 1881 - Agosto - 21 - Portaria que concede diversos terrenos aos emigrantes boers.
-- 1881 - COSTA ALEMÃO comparticipa no "Reconhecimento aos cubaes" na região do GAMBOS e destaca as tensões existentes entre os "Hotentotes" e o "cubaes", obrigando-os a abandonarem as suas zonas.
-- 1881 - JUSTINO TEIXEIRA DA SILVA procede a um "reconhecimento aos Cobaes".
-- 1881 - Dezembro - 7 - Foi fundada a MISSÃO DA HUILA pelos padres JOSÉ MARIA ANTUNES e DUPARKET que no ano seguinte criara a Missão do Espírito Santo na HUILA.
-- 1882 - Criação do concelho do HUMBE.
-- 1882 - Novembro - 7 - Concretizou-se a transferência do Seminário de LUANDA para a povoação da HUILA (Missão).
------- Foto nº 45 / 5º Vol. Pg. 80/81 - ---- Foto nº 73 /5º vol. 124/125 --
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-- 1883 - Diversos colonos da extinta colónia "JÚLIO VICENTE (VILHENA (?) foram transferidos para a Colónia da HUMPATA.
-- 1883 - Em CACONDA foi criada a Colónia Penal Agrícola "REBELO DA SILVA".
-- 1884 - Em 5 de Abril chegaram a MOSSAMEDES 42 (44 ?) colonos com o padre LECONTE para a Colónia de "S. JANUÁRIO DA HUMPATA", aonde já se encontravam cerca de 280 boers chegados da ÁFRICA DO SUL, conforme autorização do governo português. A 18(19) de Novembro desse mesmo ano desembarcaram também em MOÇÂMEDES mais 222 (213 ?) colonos madeirenses vindos a bordo do "ÍNDIA" e que haviam saído do FUNCHAL em 12 de Outubro com D. JOSÉ DA CÂMARA LEME.
-- 1885 - De 16 a l9 de Janeiro concretizou-se a sua instalação e a fundação da "Colónia SÁ DA BANDEIRA". Fixaram-se nos "BARRACÕES" (Bairro da Machiqueira), ficando abrangidos pelas disposições da Portaria nº 132, de 8 de Abril de 1884 e "Instruções" do governo do distrito (de 22 de Dezembro de 1884),com direito a distribuição de sementes, alfaias agrícolas, objectos de uso pessoal e de defesa, gados (bovino e suíno) e o subsídio diário de 300 réis para os homens, de 200 réis para as mulheres e de 100 réis para menores de 18 anos durante um ano (ou mais).A "Colónia de SÁ DA BANDEIRA" ficava dependente do Concelho da HUMPATA. Era assim o início do novo Concelho do LUBANGO.
-- 1885 - Em 18 de Junho embarcaram no vapor "ÁFRICA", no FUNCHAL, mais alguns colonos destinados a essa mesma Colónia, tendo ali chegado em 19 de Agosto.
-- 1885 - AGOSTO - Concessão de 5 mil hectares de terreno atribuída a JOÃO AUGUSTO DE MOURA, situada entre PORTO ALEXANDRE e o CABO FRIO, onde seriam construídas 100 casas para a instalação de colonos do FUNCHAL.
No entanto os objectivos principais não eram ainda alcançados porque..." Várias têm sido as causas dum tal estacionamento. A principal foi,como já dissemos, a incompetência e a má qualidade da maioria dos colonos que, além de sofrerem da indolência característica dos madeirense,foram recrutados, como eles próprios corroboram, entre os elementos mais nocivos e perniciosos do Funchal. Em vez de homens habituados aos mesteres do campo, foram vadios, catraeiros, pescadores, indivíduos inválidos e cheios de vícios, bêbedos e mendigos, que se mandaram como colonos "...- em "SUL DE ANGOLA",(1908/1910),de JOÃO DE ALMEIDA - Fls. 294 / 5.- 2ª edição - Em contra-partida um director da Colónia do CACULOVAR tinha o seu próprio negócio com exclusivos de vendas aos colonos por preços exorbitantes, aplicando-lhes multas e castigos bárbaros.
-- 1885 - SETEMBRO - 1 - Entra em funcionamento a Escola Primária da CHIBIA, talvez sob a orientação do respectivo padre.
-- Ainda durante o ano de 1885, JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA, avançara com o Batalhão de Caçadores nº 4 contra o soba do LUBANGO, CABEÇA GRANDE, fugido de NOMPACA.Com alguns Caçadores saíram de CAPANGOMBE, passaram pela CHELA até a HUÍLA.Nessa acção interferiu o capitão de 2ª linha PEDRO AUGUSTO CHAVES com uma coluna que organizara, tendo posto em debandada os atacantes . No mesmo ano, ALEMÃO COIMBRA, foi então nomeado definitivamente como Chefe do Concelho do BUMBO e, em l6 de Junho, promovido a capitão de 2ª linha e nomeado Governador do Forte do BUMBO, construído à sua custa, na "FAZENDA ASSUNÇÃO" - (Portaria nº 309, de 15 de Junho)- publicada no B.O, nº 22, assinada pelo Governador-geral FRANCISCO FERREIRA DO AMARAL
-- Em 6 de Setembro seguira COSTA ALEMÃO com uma parte do Batalhão de Caçadores nº 4 (16) e alguns auxiliares nativos contra os povos do JAU e dos GAMBOS que haviam atacado o concelho do BUMBO, pondo-os em fuga, depois de muitas baixas e 14 prisioneiros (como constava no Ofício nº 224,do dia 8 desse mês.
Ainda nessa data, o chefe da HUILA, capitão PEDRO AUGUSTO CHAVES, promove a criação da Colónia de "S. PEDRO DA CHIBIA" com 12 famílias madeirenses das colónias de "SÁ DA BANDEIRA" e de "S.JANUÁRIO", da HUMPATA, ficando sob a chefia do capitão JOAQUIM AFONSO LAGE. (Essa "Colónia" foi designada "S.PEDRO DA CHIBIA" em homenagem ao seu fundador (PEDRO CHAVES, segundo declarações divulgadas pelo seu sucessor, JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA, na entrevista do jornalista Z. D 'ALMEIRIM, publicada no jornal "NOTÍCIAS DA HUÍLA" nº 1.223 - em 20 de Maio de 1944. - transcrita parcialmente noutro local deste blog).
Nesse mesmo mês e sob a influência e acção do capitão PEDRO CHAVES, COSTA ALEMÃO, foi nomeado definitivamente como Chefe do Concelho da HUILA.
-- 1885 - SETEMBRO - 16 - Inauguração do "HOSPITAL PORTUGUÊS DE BENEFICÊNCIA PROVISÓRIO" -
-- 1885 - Em 18 de Junho embarcaram no vapor "ÁFRICA", no FUNCHAL, mais alguns colonos destinados a essa mesma Colónia, tendo ali chegado em 19 de Agosto.
-- 1885 - AGOSTO - Concessão de 5 mil hectares de terreno atribuída a JOÃO AUGUSTO DE MOURA, situada entre PORTO ALEXANDRE e o CABO FRIO, onde seriam construídas 100 casas para a instalação de colonos do FUNCHAL.
No entanto os objectivos principais não eram ainda alcançados porque..." Várias têm sido as causas dum tal estacionamento. A principal foi,como já dissemos, a incompetência e a má qualidade da maioria dos colonos que, além de sofrerem da indolência característica dos madeirense,foram recrutados, como eles próprios corroboram, entre os elementos mais nocivos e perniciosos do Funchal. Em vez de homens habituados aos mesteres do campo, foram vadios, catraeiros, pescadores, indivíduos inválidos e cheios de vícios, bêbedos e mendigos, que se mandaram como colonos "...- em "SUL DE ANGOLA",(1908/1910),de JOÃO DE ALMEIDA - Fls. 294 / 5.- 2ª edição - Em contra-partida um director da Colónia do CACULOVAR tinha o seu próprio negócio com exclusivos de vendas aos colonos por preços exorbitantes, aplicando-lhes multas e castigos bárbaros.
-- 1885 - SETEMBRO - 1 - Entra em funcionamento a Escola Primária da CHIBIA, talvez sob a orientação do respectivo padre.
-- Ainda durante o ano de 1885, JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA, avançara com o Batalhão de Caçadores nº 4 contra o soba do LUBANGO, CABEÇA GRANDE, fugido de NOMPACA.Com alguns Caçadores saíram de CAPANGOMBE, passaram pela CHELA até a HUÍLA.Nessa acção interferiu o capitão de 2ª linha PEDRO AUGUSTO CHAVES com uma coluna que organizara, tendo posto em debandada os atacantes . No mesmo ano, ALEMÃO COIMBRA, foi então nomeado definitivamente como Chefe do Concelho do BUMBO e, em l6 de Junho, promovido a capitão de 2ª linha e nomeado Governador do Forte do BUMBO, construído à sua custa, na "FAZENDA ASSUNÇÃO" - (Portaria nº 309, de 15 de Junho)- publicada no B.O, nº 22, assinada pelo Governador-geral FRANCISCO FERREIRA DO AMARAL
-- Em 6 de Setembro seguira COSTA ALEMÃO com uma parte do Batalhão de Caçadores nº 4 (16) e alguns auxiliares nativos contra os povos do JAU e dos GAMBOS que haviam atacado o concelho do BUMBO, pondo-os em fuga, depois de muitas baixas e 14 prisioneiros (como constava no Ofício nº 224,do dia 8 desse mês.
Ainda nessa data, o chefe da HUILA, capitão PEDRO AUGUSTO CHAVES, promove a criação da Colónia de "S. PEDRO DA CHIBIA" com 12 famílias madeirenses das colónias de "SÁ DA BANDEIRA" e de "S.JANUÁRIO", da HUMPATA, ficando sob a chefia do capitão JOAQUIM AFONSO LAGE. (Essa "Colónia" foi designada "S.PEDRO DA CHIBIA" em homenagem ao seu fundador (PEDRO CHAVES, segundo declarações divulgadas pelo seu sucessor, JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA, na entrevista do jornalista Z. D 'ALMEIRIM, publicada no jornal "NOTÍCIAS DA HUÍLA" nº 1.223 - em 20 de Maio de 1944. - transcrita parcialmente noutro local deste blog).
Nesse mesmo mês e sob a influência e acção do capitão PEDRO CHAVES, COSTA ALEMÃO, foi nomeado definitivamente como Chefe do Concelho da HUILA.
-- 1885 - SETEMBRO - 16 - Inauguração do "HOSPITAL PORTUGUÊS DE BENEFICÊNCIA PROVISÓRIO" -
-- 1885 - NOVEMBRO - 18 - Inauguração (efectiva)do "HOSPITAL PORTUGUÊS DE BENEFICÊNCIA".
*-- 1885 - Neste ano foi massacrado o chefe do concelho do HUMBE,tenente (capitão de 2ª linha ?) CLEMENTE DE ANDRADE,acompanhado de uma coluna de 50 praças e auxiliares indígenas, pelos guerrilheiros do soba CHAUNGO.
*-- 1885 - Reocupação do HUMBE e CASSINGA por ARTUR DE PAIVA.
-- 1886 - JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA, segue como voluntário e com 8 praças de Caçadores 4 numa excursão do Governador ÁLVARO FERREIRA dirigida às nascentes do rio BERO (na região de MOSSÂMEDES)e aos seus afluentes , acompanhado pelo comerciante e auxiliar ALFREDO DE ALBUQUERQUE LEITE, contra os Hotentotes que praticavam roubos de gado.Obtiveram um acordo,cessando os ataques e obtendo a sua colaboração. Efectuaram o reconhecimento do curso do rio BERO (Superior ou CUBAL, já iniciado desde 1881),e onde os "Mucubais" pastoreavam os seus gados. Antes eram conhecidos por "Mondombes" ("Mukwando ou Mukwiso") . Tiveram a oportunidade de constatar as consequências daquelas guerras tribais.
-- Regressam ao ZUMBO no dia 1 de Outubro, sendo-lhes fornecido um reforço de 100 praças (nativos)como prevenção contra outros ataques.
O governador do distrito, ÁLVARO FERREIRA, comunica-lhe que tinha sido louvado num relatório do Governador FERREIRA DO AMARAL, enviado para LISBOA. ARTUR DE PAIVA avançam para o CUBANGO.
*-- 1886 - Um Convénio com o Sudoeste Alemão fixara a fronteira sul de ANGOLA pelo rio CUNENE, em vez da anterior fixada no paralelo do CABO FRIO -- Pântano da ETOCHA. Seguia depois até ao rio CUBANGO e o seu curso até ANDARA, CATIMA, na confluência do o CUANDO com o ZAMBEZE.
-- Para o ano lectivo de 1886 estavam matriculados na Escola Primária da CHIBIA 47 alunos do sexo masculino e outros tantos do sexo feminino (estas, porém,sem possibilidades de frequência por falta de verbas.
Em l887 acompanha o Batalhão de Caçadores nº 4 com destino à BIBALA, onde se juntariam às forças militares do capitão de 2ª linha e chefe do concelho da HUÍLA, PEDRO AUGUSTO CHAVES, com as quais seguia ainda D.JOSÉ AUGUSTO DA CÂMARA LEME, fundador e director da "Colónia de SÁ DA BANDEIRA" (em 19 de Janeiro de 1885) com os seus primeiros colonos chegados a MOÇAMEDES no vapor "ÍNDIA" em 19 de Novembro e ainda o alferes ROGADO LEITÃO e NESTOR JOSÉ DA COSTA, o grande caçador de leões e muito temido pelos nativos.
Seguiram pelos morros do CAHÓLO. Nessas refregas uma bala adversária furou os binóculos do capitão CHAVES.
-------------- (Foto nº 23 / 3º Vol. 1886 - Rua no LUBANGO) --
-- 1887 - Os moradores de MOSSAMEDES solicitam ao Ministro da Marinha e Ultramar medidas de apoio e protecção contra os desmandos de povos do BUMBO e KUROCA, especialmente dedicados aos roubos de gados. No entanto não tiveram o necessário apoio do governador FERREIRA DE ALMEIDA, antes pelo contrário.
Reforçava-se no facto do seu anterior ter dado instruções ao chefe do Concelho de CAPANGOMBE, tenente FONTOURA, para o livre trânsito dos Mondombes nas guerras contra os "cubaes", em que também se movimentavam alguns Brancos menos honestos. O próprio soba de QUILENGUES, vencedor nessas disputas entregara depois a alguns europeus o gado que tinham apreendido, ficando então com os prisioneiros !
-- Ainda em 1887, meu bisavô, JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA, foi chamado para assumir, provisoriamente, o cargo de Chefe do Concelho da HUILA, substituindo o capitão de 2ª linha, PEDRO AUGUSTO CHAVES, fundador da colónia da CHIBIA,em missão urgente no HUMBE, onde fora assassinado o alferes ALMEIDA.Pela sua brilhante acção, PEDRO CHAVES obteve a medalha de Torre e Espada.
-- 1888 - Abril - 27 - Portaria nº 165 - B -- ALEMÃO COIMBRA, capitão de 2ª linha,foi nomeado,definitivamente, Chefe do Concelho da HUILA, substituindo o tenente ARTUR DE PAIVA.
e sendo depois transferido para a CHIBIA, que passara a ser a sede do concelho,na intenção de se oporem às acções dos bóers que cometiam abusos naquelas regiões (HUMBE, GANGUELAS e AMBUELAS).
COSTA ALEMÃO distinguiu-se ainda no Concelho de CAPANGOMBE (Fortaleza) e,sendo Chefe do Concelho da CHIBIA, tinha enfrentado diversos invasores nativos dessas regiões : (CATUMBA - MUPACA - MATUNDA - CHAUNGO - LUFINDA - BANDA - MUCALATE - CACHANA - CHINKERERE - UMCUMA, etc.) como consta num documento oficial de 10 de Setembro de 1888.
Em Ofício de 18 de Junho de 1889, o Chefe do Concelho da HUMPATA informara o seu colega da HUILA..."os autores dos roubos, assassínios e outras prepotências cometidas nos Concelhos da Humpata e Huila, são os boers aqui estabelecidos e não outros em sua companhia"... Intimei os boers a fazerem entrega do gado que foi roubado no concelho ao digno cargo de V. Exa. "...
-- Em 1889 fora fundada a Missão do JAU.
-- 1889 - Dezembro - 26 - Foi criado o concelho do LUBANGO (sem a HUMPATA),com sede em SÁ DA BANDEIRA (LUBANGO).
-- 1890 - ABRIL - 12 - No número 15 do Boletim Oficial da Província de ANGOLA,foi publicado o Relatório do agrónomo EDUARDO RODRIGUES VIEIRA DA COSTA BAPTISTA (BOTELHO ?)de ..."interessantes esclarecimentos sobe os terrenos e agricultura do distrito de Mossamedes".
-- 1890 - JULHO - 10 - O Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar manda publicar no Boletim da "SOCIEDADE DE GEOGRAPHIA DE LISBOA" o relatório de 12 de Abril - (ver em : "02) - OUTROS TEMAS...A REVOLUÇÃO... (VII - TRANSCRIÇÕES PARCIAIS") --
-- 1890 - (?) - Por decisão do governador do distrito, LEITÃO XAVIER, a sede do Concelho da HUILA fora transferida para a CHIBIA. Com tal mudança, JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA passou para esta localidade.
Durante esse novo cargo teve grande influência sobre o Governador-Geral para que fosse efectuado um maior e mais efectivo controle sobre os boers, face os constantes desacatos que praticavam contra os povos da HUILA, LUBANGO e da CHIBIA e no qual teve a colaboração directa de ARTUR DE PAIVA.
Ainda nessa sua permanência na CHIBIA, como presidente da Junta Concelhia, da Junta Eleitoral e de Juiz Instrutor, exerceu uma verdadeira assistência médica (devida a conhecimentos que tinha nesse campo),e teve uma acentuada interferência e acção na abertura e no arranjo de mais estradas "carreteiras". Para ali convergiram ainda alguns residentes (agricultores) da HUILA, CAPANGOMBE, MUNHINO, BIBALA,instalando-se nas margens do rio TCHIMPUMPUNHIME. Existiam então 400 casas e alguns boers na IOBA com um total de 200 famílias (1.063 habitantes, havendo 600 solteiros, dos quais apenas 200 eram do sexo masculino).
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-- -- Ainda sobre a acção de COSTA ALEMÃO COIMBRA nessa região,podemos transcrever ainda de RUY DUARTE DE CARVALHO in "VOU LÁ VISITAR PASTORES" - Julho 2000 - a Pg. 187/8 : ..."Já depois de ter feito deste local do Vitivi o centro das minhas operações,encontrei na bibliografia referências que lhe são feitas e remontam aos anos 80 do século passado. O tal José da Costa Alemão Coimbra, capitão de segunda linha e chefe do Bumbo, que procede nessa altura a um reconhecimento do "Bero, dos seus afluentes e da zona por eles atravessada,também esteve por cá e assinala as duas nascentes que aqui existem, uma de cada lado rio, e informa que "Quetibe", como identifica o local, quer dizer "lugar onde nunca se secam as águas". Fala de elefantes,de leões, de zebras, perdizes e galinhas de Angola que por aqui abundam, da boa pedra calcária que há ali à frente, é o morro Pikona que se vê daqui e onde se explorava mármore até à altura da independência, e refere que esta zona , como a do Hoke (Hué)e a do Tyakuto, todas contíguas, eram, tenho uma fotocópia ali guardada, "eram lugares invulneráveis que estes cavalheiros, os Mondombes, escolhiam para ocultar os bois que ainda há poucos anos roubaram em Campangombe e mesmo nos arredores da vila". Durante muitos anos, parece, a região terá mantido assim remota e resguardada. Era de facto, o povo daqui confirma, lugar de muito elefante e de muito leão,não dava nem para fazer lavras nem para manter o gado. Nem há aqui nenhum cemitério que se possa dizer muito antigo"...."As informações que recolhi fundamentam-me a ideia de que a área foi sendo progressivamente ocupada à medida que as pressões administrativas e militares se intensificavam em território kuvale e ao mesmo tempo a fauna selvagem se ia tornando mais escassa. Os cemitérios onde estão enterrados os pais de todos os mais-velhos que por cá habitam situam-se em áreas distantes, de ocupação mais antiga,e estes só vieram parar a esta zona após terem regressado das deportações que sofreram, de 41 a 43 ou 44, em S.Tomé e outros lugares de exílio."... --
-- 1890 - AGOSTO - 15 - A CHIBIA passara a ser a sede do concelho da HUILA (Portaria de 27 de Julho).
-- 1890 - SETEMBRO - 12 - Portaria de colocação na Escola Primária da CHIBIA dos professores : ISABEL DOS ANJOS ALVES RODRIGUES e JOÃO TELES GRILO.
*-- 1890 - Avanço de ARTUR DE PAIVA para o BIÉ.
----------- (Foto nº 30 /3º Vol. Pg. 277) da Escola Primária da CHIBIA -
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-- O Concelho da HUILA era delimitado pelos Concelhos de :- PORTO ALEXANDRE, HUMPATA, LUBANGO, GAMBOS e Comando Militar de CASSINGA, sendo então o centro da área de colonização europeia. Assim, bastante se desenvolveu aquela zona, não obstante os diversos e perigosos ataques de Hotentotes à CHIBIA e a perniciosa acção e influência dos boers por ali já instalados.
-- 1890 - Em 15 de Setembro o governo autorizou a adjudicação para o início do Caminho-de-Ferro de MOÇÂMEDES, até à HUILA.
Por Decreto de 26 de Dezembro desse ano, SÁ DA BANDEIRA passa a sede do Concelho do LUBANGO.
-- 1890 - Durante este ano foram estabelecidas as missões protestantes de : N´GIVA, NAMACUNDE e MUPANDA.
-- 1891 - Janeiro - 11 - Decreto da criação da Medalha Militar de serviços no Ultramar.
-- 1891 - A 15 de Janeiro reunira a 1ª Câmara do LUBANGO, criada pela Portaria do Governo-Geral, presidida por JOÃO GONÇALVES DE AZEVEDO.
Em Setembro desse ano foram iniciados os trabalhos do primeiro troço (com 67 kms. até à BIBALA) do Caminho de Ferro de MOÇAMEDES.
Em Setembro desse ano foram iniciados os trabalhos do primeiro troço (com 67 kms. até à BIBALA) do Caminho de Ferro de MOÇAMEDES.
Ainda nesse ano, o antigo "Padrão do CABO NEGRO"(de 1485), na costa de MOSSAMEDES, foi substituído por um novo, em cerimónia presidida pelo Governador do Distrito, LUIS BERNARDINO LEITÃO XAVIER.
*-- 1891 - Revolta do chefe LAUNA, no HUMBE que foi então cercado.
Também em 1891 a expedição do major LOURENÇO JUSTINIANO PADREL, apoiado por PIETER JACOB VAN DER KELLEN, conseguiu bons resultados na guerra do HUMBE.
, tendo sido condecorado com a medalha de Torre e Espada.--
-- 1892 - NOVEMBRO - 22 - Portaria da nomeação do major ARTUR DE PAIVA para INTENDENTE DA COLONIZAÇÃO de BENGUELA e MOSSA^DES (HUÍLA).
-- 1892 - ARTUR DE PAIVA segue da HUMPATA para o CUNENE.
-- 1893 - Em 23 de Setembro,(B.O. nº 38), foram concedidos a JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA 300 hectares de terrenos baldios nas margens do rio NENE (no local designado CHINQUERERE,a 1 km da "Fazenda Santa Amélia" e a 10 quilómetros da "Colónia de S. PEDRO DA CHIBIA"). Nesse mesmo mês teve lugar o pedido de casamento de sua filha, HERMÍNIA DA COSTA ALEMÃO COIMBRA, "apadrinhado" por JOAQUIM JÚLIO DA CUNHA MORAIS, condutor de 2ª classe de Obras Públicas da Província e que foi noticiado no nº 16 da "Família Portuguesa", em 28 desse mês, sendo o noivo BASÍLIO CORREIA, agricultor na HUILA.
-- (?) - A Câmara Municipal do LUBANGO passa a "Comissão Municipal".
-- Em 1894 - Chega à região de BENTIABA (deserto de MOÇÂMEDES uma Missão de reconhecimento. Nesse ano foi fundada a Missão da QUIHITA.
-- Em Dezembro foi nomeado o Delegado do Governo ??) e uma Comissão Municipal para PORTO ALEXANDRE e ainda um outro Delegado para a BAÍA DOS TIGRES.
-- 1895 - Abril - 15 - O rei D. CARLOS concede ao município da cidade de MOÇÂMEDES... "carta de Armas de Nobreza e Fidalguia"..., desde 29 de Maio de 1891.
-- Em MOÇAMEDES existiam então alguns arrabaldes e bairros, designados : AGUADA, HORTAS, BOA VISTA, CASADOS, BOA ESPERANÇA, CAVALEIROS, MACALA,TORRE DO TOMBO, etc.
.
-- 1895 - Nomeação de ARTUR DE MORAIS para Administrador do concelho de PORTO ALEXANDRE, após a sua chegada de LISBOA,incluindo outros oficiais que ali se encontravam de licença. Substituíra o capitão-tenente da Armada, FONTES PEREIRA DE MELO. PORTO ALEXANDRE, com uma grande bacia, era um ponto estratégico. Ali chegavam diversos navios de guerra alemães.
A PORTO ALEXANDRE chegaram alguns alemães,idos de MOÇÂMEDES pelo deserto, a pé,recomendados pelo Governo do Distrito para que lhes fosse facilitado um transporte para a BAÍA DOS TIGRE e ao rio CUNENE. Para espanto do Administrador, um deles era uma ilustre personagem : nada menos que o Príncipe de ESSE. Alugara uma canoa na qual pretendia, sem resultado,içar a bandeira alemã.
Esse incidente fez deslocar-se ali o Alto-Comissário Régio, GUILHERME CAPELO,na canhoneira "VOUGA". Ainda nesse dia também chegara a canhoneira "SALVADOR CORREIA"
transportando o Governador do Distrito, MASCARENHAS GAIVÃO. Este segue depois com o alferes FRANÇA, a pé, a caminho do rio CUNENE.
-- 1895 - OUTUBRO/NOVEMBRO - Chegam a PORTO ALEXANDRE diversos navios : - o couraçado "VASCO DA GAMA", sob comando do capitão de Mar e Guerra, AUGUSTO CASTILHO ; - a canhoneira "ZAMBEZE" com o capitão-tenente, MARTINHO MONTENEGRO; - a "VOUGA" comandada por GOMES COELHO e a "SALVADOR CORREIA" com o primeiro tenente GASPAR. Era uma forte formação pronta a defender as costas angolanas,já ameaçadas por forças estrangeiras (especialmente alemãs),com conivências inglesas, preparando-se para "um banquete" !
*-- 1896 - JOÃO M.GAIVÃO, governador de MOSSAMEDES efectuou o reconhecimento do HUMBE.
*-- 1891 - Revolta do chefe LAUNA, no HUMBE que foi então cercado.
Também em 1891 a expedição do major LOURENÇO JUSTINIANO PADREL, apoiado por PIETER JACOB VAN DER KELLEN, conseguiu bons resultados na guerra do HUMBE.
, tendo sido condecorado com a medalha de Torre e Espada.--
-- 1892 - NOVEMBRO - 22 - Portaria da nomeação do major ARTUR DE PAIVA para INTENDENTE DA COLONIZAÇÃO de BENGUELA e MOSSA^DES (HUÍLA).
-- 1892 - ARTUR DE PAIVA segue da HUMPATA para o CUNENE.
-- 1893 - Em 23 de Setembro,(B.O. nº 38), foram concedidos a JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA 300 hectares de terrenos baldios nas margens do rio NENE (no local designado CHINQUERERE,a 1 km da "Fazenda Santa Amélia" e a 10 quilómetros da "Colónia de S. PEDRO DA CHIBIA"). Nesse mesmo mês teve lugar o pedido de casamento de sua filha, HERMÍNIA DA COSTA ALEMÃO COIMBRA, "apadrinhado" por JOAQUIM JÚLIO DA CUNHA MORAIS, condutor de 2ª classe de Obras Públicas da Província e que foi noticiado no nº 16 da "Família Portuguesa", em 28 desse mês, sendo o noivo BASÍLIO CORREIA, agricultor na HUILA.
-- (?) - A Câmara Municipal do LUBANGO passa a "Comissão Municipal".
-- Em 1894 - Chega à região de BENTIABA (deserto de MOÇÂMEDES uma Missão de reconhecimento. Nesse ano foi fundada a Missão da QUIHITA.
-- Em Dezembro foi nomeado o Delegado do Governo ??) e uma Comissão Municipal para PORTO ALEXANDRE e ainda um outro Delegado para a BAÍA DOS TIGRES.
-- 1895 - Abril - 15 - O rei D. CARLOS concede ao município da cidade de MOÇÂMEDES... "carta de Armas de Nobreza e Fidalguia"..., desde 29 de Maio de 1891.
-- Em MOÇAMEDES existiam então alguns arrabaldes e bairros, designados : AGUADA, HORTAS, BOA VISTA, CASADOS, BOA ESPERANÇA, CAVALEIROS, MACALA,TORRE DO TOMBO, etc.
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-- 1895 - Nomeação de ARTUR DE MORAIS para Administrador do concelho de PORTO ALEXANDRE, após a sua chegada de LISBOA,incluindo outros oficiais que ali se encontravam de licença. Substituíra o capitão-tenente da Armada, FONTES PEREIRA DE MELO. PORTO ALEXANDRE, com uma grande bacia, era um ponto estratégico. Ali chegavam diversos navios de guerra alemães.
A PORTO ALEXANDRE chegaram alguns alemães,idos de MOÇÂMEDES pelo deserto, a pé,recomendados pelo Governo do Distrito para que lhes fosse facilitado um transporte para a BAÍA DOS TIGRE e ao rio CUNENE. Para espanto do Administrador, um deles era uma ilustre personagem : nada menos que o Príncipe de ESSE. Alugara uma canoa na qual pretendia, sem resultado,içar a bandeira alemã.
Esse incidente fez deslocar-se ali o Alto-Comissário Régio, GUILHERME CAPELO,na canhoneira "VOUGA". Ainda nesse dia também chegara a canhoneira "SALVADOR CORREIA"
transportando o Governador do Distrito, MASCARENHAS GAIVÃO. Este segue depois com o alferes FRANÇA, a pé, a caminho do rio CUNENE.
-- 1895 - OUTUBRO/NOVEMBRO - Chegam a PORTO ALEXANDRE diversos navios : - o couraçado "VASCO DA GAMA", sob comando do capitão de Mar e Guerra, AUGUSTO CASTILHO ; - a canhoneira "ZAMBEZE" com o capitão-tenente, MARTINHO MONTENEGRO; - a "VOUGA" comandada por GOMES COELHO e a "SALVADOR CORREIA" com o primeiro tenente GASPAR. Era uma forte formação pronta a defender as costas angolanas,já ameaçadas por forças estrangeiras (especialmente alemãs),com conivências inglesas, preparando-se para "um banquete" !
*-- 1896 - JOÃO M.GAIVÃO, governador de MOSSAMEDES efectuou o reconhecimento do HUMBE.
*~~ 1897 - ABRIL - Os boers, armados, roubaram 1.500 cabeças de bois na HUMPATA, HUILA e LUBANGO, torturando e massacrando os indígenas, satisfazendo cruelmente os seus instintos raciais. Os Hotentotes acossados pelos boers atacam por sua vez os concelhos da HUILA e dos GAMBOS. Ainda nesse ano registou-se uma "invasão" da peste bovina sobre o HUMBE e a partir da fronteira sul.
-- 1898 - Registaram-se graves incidentes contra os "Dragões" no CUAMATO, de que resultara a morte do Conde de ALMOSTER. Ainda nesse ano foi estabelecida a Missão do MUNHINO, como sucursal da Missão da HUILA.
-- 1901 - SETEMBRO - 2 - Decreto que cria o Distrito da HUILA,com sede na então vila de SÁ DA BANDEIRA, sua capital, antes designada por LUBANGO, desanexado do de MOÇÂMEDES; abrangia então os concelhos de: LUBANGO, HUMPATA, HUILA, GAMBOS e HUMBE. A povoação da HUILA passara a pertencer ao Concelho do LUBANGO a pedido dos seus moradores, ficando a cargo do governador capitão JOÃO MARIA DE AGUIAR.
Em reunião no dia 6 de Outubro foi eleita uma Comissão para a construção duma nova Capela na Senhora do Monte, presidida pelo pároco de S. JOSÉ, padre MANUEL FRANCISCO PESSOA DA LUZ e com os seguintes membros: PIO ALBERTO MARQUES DE MIRANDA,JOÃO DA RESSUREIÇÃO, CASIMIRO CALDEIRA JÚNIOR,RICARDO RODRIGUES,ANTÓNIO RODRIGUES BRUNIDO, ANTÓNIO ROQUE DE FREITAS e GUALDINO DA PAIXÃO DE SOUSA.
-- 1902 - AGOSTO - 14 - Bênção da Capela de Nossa Senhora do Monte, ainda em construção, e no dia seguinte foi celebrada a sua primeira missa e iniciadas as suas Festas.-- 1902 - DEZEMBRO - 24 - Fundação da COLÓNIA DE CACONDA para instalação de 200 famílias. Neste ano o HUMBE foi atacado pelos Cuamato, encontrando forte resistência comandada por ARTUR MORAIS,capturando o respectivo soba.
-- 1903 - Expedição de ARTUR MORAIS ao BAIXO CUBANGO,até ao BAROTZE,diligenciando a instalação dos fortes de CUCHI e MENONGUE.
-- 1903 - JUNHO - 29 - Chegara a SÁ DA BANDEIRA a imagem de Nossa Senhora do Monte.
-- Em 1904, JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA, recebeu, após diversos pedidos, a sua "Baixa Militar", fixando residência na CHIBIA(IOBA ?). Foi condecorado com a "Medalha de Valor Militar" de D. LUIS I e com a "Medalha das Campanhas de África", de D. MARIA PIA.
*-- 1904 - JUNHO - O governador JOÃO AGUIAR comanda uma expedição para o sul, constituída por 500 europeus e 1.300 soldados africanos.
*-- 1904 - SETEMBRO - 10 - A expedição atravessa o rio CUNENE. no vau de PEMBE mas acaba por cair uma emboscada preparada pelos Cuamatos e sofre graves baixas. ARTUR DE MORAIS ficou gravemente ferido.
-- 1905 - As campanhas no MULONDO e MUFILO ainda continuaram durante este ano.
*-- 1905 - JULHO - ALVES ROÇADAS chega a ANGOLA para exercer o cargo de governador do distrito da HUILA.
*-- 1905 - AGOSTO - 12 - ALVES ROÇADAS assume o cargo de governador da HUILA, distrito onde se verificavam diversos conflitos regionais.
*-- 1905 - SETEMBRO - 23 - ALVES ROÇADAS inicia operações contra povos revoltados no sul de ANGOLA
-- 1905 - DEZEMBRO - 21 - ARTUR DE MORAIS foi convidado pelo Ministro do Ultramar para Director dos SERVIÇOS DE ETAPAS DE ESTRADA.
-- 1906 - MAIO - 3 - P.P.cria a Escola Régia de 2ª classe (com exames do segundo grau) na CHIBIA.
*-- 1906 - Construção do "FORTE ROÇADAS", junto ao vau MACONDO,na margem esquerda do CUNENE.
-- 1907 - Na "Campanha do CUAMATO" comandada pelo capitão ALVES ROÇADAS, participa ao lado dos Portugueses o famoso ORLOG. Iniciam a construção do posto militar do JAU.
- 1907 - NOVEMBRO - 07 - Alvará de D.CARLOS I confere o título de "REAL" ao "HOSPITAL PORTUGUÊS DE BENEFICÊNCIA,em PERNAMBUCO.
-- 1898 - Registaram-se graves incidentes contra os "Dragões" no CUAMATO, de que resultara a morte do Conde de ALMOSTER. Ainda nesse ano foi estabelecida a Missão do MUNHINO, como sucursal da Missão da HUILA.
-- 1901 - SETEMBRO - 2 - Decreto que cria o Distrito da HUILA,com sede na então vila de SÁ DA BANDEIRA, sua capital, antes designada por LUBANGO, desanexado do de MOÇÂMEDES; abrangia então os concelhos de: LUBANGO, HUMPATA, HUILA, GAMBOS e HUMBE. A povoação da HUILA passara a pertencer ao Concelho do LUBANGO a pedido dos seus moradores, ficando a cargo do governador capitão JOÃO MARIA DE AGUIAR.
Em reunião no dia 6 de Outubro foi eleita uma Comissão para a construção duma nova Capela na Senhora do Monte, presidida pelo pároco de S. JOSÉ, padre MANUEL FRANCISCO PESSOA DA LUZ e com os seguintes membros: PIO ALBERTO MARQUES DE MIRANDA,JOÃO DA RESSUREIÇÃO, CASIMIRO CALDEIRA JÚNIOR,RICARDO RODRIGUES,ANTÓNIO RODRIGUES BRUNIDO, ANTÓNIO ROQUE DE FREITAS e GUALDINO DA PAIXÃO DE SOUSA.
-- 1902 - AGOSTO - 14 - Bênção da Capela de Nossa Senhora do Monte, ainda em construção, e no dia seguinte foi celebrada a sua primeira missa e iniciadas as suas Festas.-- 1902 - DEZEMBRO - 24 - Fundação da COLÓNIA DE CACONDA para instalação de 200 famílias. Neste ano o HUMBE foi atacado pelos Cuamato, encontrando forte resistência comandada por ARTUR MORAIS,capturando o respectivo soba.
-- 1903 - Expedição de ARTUR MORAIS ao BAIXO CUBANGO,até ao BAROTZE,diligenciando a instalação dos fortes de CUCHI e MENONGUE.
-- 1903 - JUNHO - 29 - Chegara a SÁ DA BANDEIRA a imagem de Nossa Senhora do Monte.
-- Em 1904, JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA, recebeu, após diversos pedidos, a sua "Baixa Militar", fixando residência na CHIBIA(IOBA ?). Foi condecorado com a "Medalha de Valor Militar" de D. LUIS I e com a "Medalha das Campanhas de África", de D. MARIA PIA.
*-- 1904 - JUNHO - O governador JOÃO AGUIAR comanda uma expedição para o sul, constituída por 500 europeus e 1.300 soldados africanos.
*-- 1904 - SETEMBRO - 10 - A expedição atravessa o rio CUNENE. no vau de PEMBE mas acaba por cair uma emboscada preparada pelos Cuamatos e sofre graves baixas. ARTUR DE MORAIS ficou gravemente ferido.
-- 1905 - As campanhas no MULONDO e MUFILO ainda continuaram durante este ano.
*-- 1905 - JULHO - ALVES ROÇADAS chega a ANGOLA para exercer o cargo de governador do distrito da HUILA.
*-- 1905 - AGOSTO - 12 - ALVES ROÇADAS assume o cargo de governador da HUILA, distrito onde se verificavam diversos conflitos regionais.
*-- 1905 - SETEMBRO - 23 - ALVES ROÇADAS inicia operações contra povos revoltados no sul de ANGOLA
-- 1905 - DEZEMBRO - 21 - ARTUR DE MORAIS foi convidado pelo Ministro do Ultramar para Director dos SERVIÇOS DE ETAPAS DE ESTRADA.
-- 1906 - MAIO - 3 - P.P.cria a Escola Régia de 2ª classe (com exames do segundo grau) na CHIBIA.
*-- 1906 - Construção do "FORTE ROÇADAS", junto ao vau MACONDO,na margem esquerda do CUNENE.
-- 1907 - Na "Campanha do CUAMATO" comandada pelo capitão ALVES ROÇADAS, participa ao lado dos Portugueses o famoso ORLOG. Iniciam a construção do posto militar do JAU.
- 1907 - NOVEMBRO - 07 - Alvará de D.CARLOS I confere o título de "REAL" ao "HOSPITAL PORTUGUÊS DE BENEFICÊNCIA,em PERNAMBUCO.
-- 1907 - NOVEMBRO - 27 - Regulamento da concessão de passagens a colonos.
-- 1908 - MAIO - ALVES ROÇADAS, major, foi promovido por distinção a tenente-coronel. No ano anterior havia sido distinguido pelo rei D. CARLOS com as honras de "oficial às ordens", estando concluída a ocupação "Além-CUNENE".
----- Foto nº 43/3º Vol. pg. 375 - 1909 - Uma rua na CHIBIA -
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-- 1909 - FEVEREIRO - 22 - ARTUR DE MORAIS avassala o soba NANDE,do CUANHAMA.
-- 1909 - ORLOG, com presença de Kuvales, mantém o seu apoio às forças portuguesas nas lutas contra o JAU e BATA-BATA. Estava ocupada militarmente a zona de EVALE e BAIXO CUBANGO, até ao DIRICO,sob comando do capitão JOÃO DE ALMEIDA e auxílio da Companhia Europeia de Infantaria, orientada por ARTUR DE MORAIS.
-- 1910 - DEZEMBRO - Estava concretizada a ocupação militar de CAFIMA, POCOLO e ALTO CUITO. Um projecto de JOÃO DE AZEVEDO COUTINHO prevê a instalação de colonos no HUAMBO.
-- 1911 - MARÇO - 22 - Portaria que autoriza a Comissão Municipal da CHIBIA a transferir a verba de 2.500$00 destinada à construção de uma ponte sobre o rio (T)CHIMPUMPUNHIME para a edificação duma Escola Primária para os dois sexos e com residência para os seus professores. Para o efeito foi nomeada uma Comissão constituída por : JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA, MANUEL DE ARAÚJO, JOÃO RODRIGUES RIBEIRO, ANTÓNIO CARLOS MARIA E JOAQUIM CELESTINO AMARO.
-- 1912 - JUNHO 11 - Conforme nota do Governo de Distrito então enviada.
*- 1912 - Um relatório do Governador CÉSAR AUGUSTO DE OLIVEIRA MOURA BRÁS refere-se às Escolas Primárias da HUILA (5), CHIBIA e HUMPATA.
-- 1913 -- SETº/OUTUBRO (?)- Os meus avós,BASÍLIO CORREIA e JOAQUIM MARIA DE SOUSA, faleceram bastante cedo, quando meus pais tinham apenas 14 e 15 anos de idade.
--- (FOTO) - Minha avó (materna) EMÍLIA DOS SANTOS SOUSA e as suas 5 filhas : GLÓRIA - ALICE - IRENE (m/MÃE) - ESTER - GABRIELA(LILI) --- (Foto amavelmente cedida pela sua neta CARLA CARVALHO) --
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-- 1913 - NOVEMBRO - 17 - Decreto que autoriza a constituição duma missão de estudos luso-alemã para a ligação dos caminhos de ferro de ANGOLA ao do SUDOESTE ALEMÃO.
-- 1914 - SETEMBRO - 12 - Uma portaria de NORTON DE MATOS proibia a saída de abastecimentos para o sul do CUNENE e a favor da missão luso-alemã-Utilizavam então os carros-boers.
*-- 1914 - OUTUBRO - 1 - Chega a MOSSÂMEDES uma expedição comandada por ALVES ROÇADAS a bordo do "MOÇAMBIQUE" e do "CABO VERDE". Segue para a HUILA onde volta assumir o cargo de governador (dia 18). No dia seguinte os alemães da DAMARA instalam-se perto do vau de CALUEQUE, contrariando ou enganando as orientações do alferes SERENO, comandante dos Dragões em OTOKERO. Seguem depois para NAULILA. onde se registou um grave incidente e tentativa de fuga onde faleceram alguns dos alemães.
*-- 1914 - OUTUBRO - 22 - As forças expedicionárias portugueses concentram-se na HUILA para um novo plano de ataque contra os invasores alemães no Sul.Entretanto,atravessam o CUBANGO e atacavam o Forte do CUANGAR, então comandado pelo tenente FERREIRA DURÃO, que foi assassinado, assim como outros seus companheiros europeus e africanos. Prosseguem os seus ataques contra outros postos : BUNJA, SÂMBIO, DIRICO e MUCUSSO.
-- 1914 - OUTUBRO - 31 - Os alemães do SUDOESTE AFRICANO atacam postos portugueses na fronteira sul de ANGOLA.
*-- 1914 - NOVEMBRO - 23 - ALVES ROÇADAS chega ao Forte ROÇADAS para defender aquela região.
*-- 1914 - DEZEMBRO - 12/17 - Confrontos entre as forças alemãs e as portuguesas na zona de CALUEQUE.
*-- 1914 - DEZEMBRO - 18 - Depois do desastre de NAULILA, os portugueses recuam perante esse ataque alemão que havia surgido da DAMARALÂNDIA, seguindo em direcção a DONGUENA e HUMBE.
*-- 1914 - DEZEMBRO - 24 - As forças portuguesas chegam a CAAMA.
*-- 1914 - DEZEMBRO - 30 - Um pelotão .... (?)
-- 1915 - ABRIL - 7 - O general PEREIRA D' EÇA desembarcara em MOÇÂMEDES para vingar a derrota de NAULILA e recuperar o CUNHAMA. Em 2/4 de Setembro o general PEREIRA D'EÇA ocupa a capital, N'GIVA, terminando assim essa campanha.
*-- 1915 - OUTUBRO - 24 - A coluna avançando pelos GAMBOS e HUMBE, sobe o rio CUNENE até chegar ao vau de CÁCUA, tendo defronte a embala de HANGALO que foi derrotado. Prosseguem depois para HANDJERO.
*-- NOVEMBRO - 3 - Instalação do Posto militar de MULONDO onde a morte do soba provocou manifestações de contentamento dos seus prisioneiros. Após a construção do Posto de DONGOENA seguem no dia 22 para os GAMBOS para enfrentar o chefe CANDER (ex-cabo da Companhia Indígena do MOXICO, que, em 1905, havia deposto D. JOÃO, o soba dos GAMBOS.
*-- 1915 - (?)- Os alemães foram vencidos no SUDOESTE AFRICANO pelo general BOTHA. PEREIRA D´EÇA reocupa o sul de ANGOLA.
-- Em Setembro de 1917, o distrito da HUILA fora aumentado com a região do litoral de MOÇAMEDES e perdera a área do CUNENE que passara para o novo Distrito do CUBANGO.
-- 1917 - Setembro - 28 - Decreto 3.392 - Insere o Regulamento para a concessão da Medalha Militar.
-- 1913 - NOVEMBRO - 17 - Decreto que autoriza a constituição duma missão de estudos luso-alemã para a ligação dos caminhos de ferro de ANGOLA ao do SUDOESTE ALEMÃO.
-- 1914 - SETEMBRO - 12 - Uma portaria de NORTON DE MATOS proibia a saída de abastecimentos para o sul do CUNENE e a favor da missão luso-alemã-Utilizavam então os carros-boers.
*-- 1914 - OUTUBRO - 1 - Chega a MOSSÂMEDES uma expedição comandada por ALVES ROÇADAS a bordo do "MOÇAMBIQUE" e do "CABO VERDE". Segue para a HUILA onde volta assumir o cargo de governador (dia 18). No dia seguinte os alemães da DAMARA instalam-se perto do vau de CALUEQUE, contrariando ou enganando as orientações do alferes SERENO, comandante dos Dragões em OTOKERO. Seguem depois para NAULILA. onde se registou um grave incidente e tentativa de fuga onde faleceram alguns dos alemães.
*-- 1914 - OUTUBRO - 22 - As forças expedicionárias portugueses concentram-se na HUILA para um novo plano de ataque contra os invasores alemães no Sul.Entretanto,atravessam o CUBANGO e atacavam o Forte do CUANGAR, então comandado pelo tenente FERREIRA DURÃO, que foi assassinado, assim como outros seus companheiros europeus e africanos. Prosseguem os seus ataques contra outros postos : BUNJA, SÂMBIO, DIRICO e MUCUSSO.
-- 1914 - OUTUBRO - 31 - Os alemães do SUDOESTE AFRICANO atacam postos portugueses na fronteira sul de ANGOLA.
*-- 1914 - NOVEMBRO - 23 - ALVES ROÇADAS chega ao Forte ROÇADAS para defender aquela região.
*-- 1914 - DEZEMBRO - 12/17 - Confrontos entre as forças alemãs e as portuguesas na zona de CALUEQUE.
*-- 1914 - DEZEMBRO - 18 - Depois do desastre de NAULILA, os portugueses recuam perante esse ataque alemão que havia surgido da DAMARALÂNDIA, seguindo em direcção a DONGUENA e HUMBE.
*-- 1914 - DEZEMBRO - 24 - As forças portuguesas chegam a CAAMA.
*-- 1914 - DEZEMBRO - 30 - Um pelotão .... (?)
-- 1915 - ABRIL - 7 - O general PEREIRA D' EÇA desembarcara em MOÇÂMEDES para vingar a derrota de NAULILA e recuperar o CUNHAMA. Em 2/4 de Setembro o general PEREIRA D'EÇA ocupa a capital, N'GIVA, terminando assim essa campanha.
*-- 1915 - OUTUBRO - 24 - A coluna avançando pelos GAMBOS e HUMBE, sobe o rio CUNENE até chegar ao vau de CÁCUA, tendo defronte a embala de HANGALO que foi derrotado. Prosseguem depois para HANDJERO.
*-- NOVEMBRO - 3 - Instalação do Posto militar de MULONDO onde a morte do soba provocou manifestações de contentamento dos seus prisioneiros. Após a construção do Posto de DONGOENA seguem no dia 22 para os GAMBOS para enfrentar o chefe CANDER (ex-cabo da Companhia Indígena do MOXICO, que, em 1905, havia deposto D. JOÃO, o soba dos GAMBOS.
*-- 1915 - (?)- Os alemães foram vencidos no SUDOESTE AFRICANO pelo general BOTHA. PEREIRA D´EÇA reocupa o sul de ANGOLA.
-- Em Setembro de 1917, o distrito da HUILA fora aumentado com a região do litoral de MOÇAMEDES e perdera a área do CUNENE que passara para o novo Distrito do CUBANGO.
-- 1917 - Setembro - 28 - Decreto 3.392 - Insere o Regulamento para a concessão da Medalha Militar.
-- Em Janeiro de 1918 era restabelecido o Distrito de MOÇAMEDES mas findava o do CUBANGO.
-- 1918 - MARÇO - Paralelamente à fundação do "REAL HOSPITAL PORTUGUÊS DE BENEFICÊNCIA (RECIFE),em 1855, sob a dinâmica e influência do Dr. JOSÉ D'ALMEIDA SOARES LIMA BASTO( )S (já mencionado), e de diversos componentes da COLÓNIA PORTUGUESA DO BRASIL, foi fundado o "HOSPITAL CENTRAL GERAL DA COLÓNIA PORTUGUESA DO BRASIL", localizado na QUINTA DOS VALES (COVÕES), em COIMBRA.
-- v. INTERNET :
-- www.rhp.com.br --
-- http://www.chc.min-saude.pt/organizacao/historia/ -- (..."O Hospital Geral da Colónia Portuguesa do Brasil, inaugurado a 27 de Abril de 1973, situa-se em Coimbra, na freguesia de S. Martinho do Bispo. O conjunto de edifícios que, ainda hoje, constituem este hospital foram construídos durante as primeiras décadas do séc. XX, entre 1918 e 1930, com a intenção de criar uma escola-asilo destinada a recolher e educar os órfãos dos soldados mortos na 1ª Grande Guerra. Como nunca chegaram a ser utilizados para este fim, foram reconvertidos num sanatório antituberculoso para indivíduos do sexo masculino, dando corpo às preocupações assistenciais da época. A 5 de Fevereiro de 1931, é publicado o Decreto n.º 19310 no qual a Assistência da Colónia Portuguesa do Brasil faz doação do seu património ao governo português, convertendo-o num hospital-sanatório, com capacidade para 400 doentes, e que representava o que de mais moderno e revolucionário se fizera até então, pela sua concepção, beleza e conforto, servindo de modelo a outras instituições que foram surgindo no país. Anos mais tarde, novas circunstâncias ditaram o fim do hospital-sanatório com a redução significativa do número de tuberculosos, sendo, então, criado o Hospital Geral como hospital central, pelo Decreto-Lei n.º 308/70, de 2 de Julho.)"
-+-+-+-+-+-+- (foto) -------
-- 1918 - MARÇO - 26 - JOSÉ CORRÊA,agricultor,natural da freguesia de Nª.Sª. da Conceição,residente na HUÍLA, filho de BAZÍLIO CORRÊA e EMÍLIA RODRIGUES D´ALMEIDA,foi recrutado pela Comissão de Recenseamento Militar.
-- 1918 - MARÇO - Paralelamente à fundação do "REAL HOSPITAL PORTUGUÊS DE BENEFICÊNCIA (RECIFE),em 1855, sob a dinâmica e influência do Dr. JOSÉ D'ALMEIDA SOARES LIMA BASTO( )S (já mencionado), e de diversos componentes da COLÓNIA PORTUGUESA DO BRASIL, foi fundado o "HOSPITAL CENTRAL GERAL DA COLÓNIA PORTUGUESA DO BRASIL", localizado na QUINTA DOS VALES (COVÕES), em COIMBRA.
-- v. INTERNET :
-- www.rhp.com.br --
-- http://www.chc.min-saude.pt/organizacao/historia/ -- (..."O Hospital Geral da Colónia Portuguesa do Brasil, inaugurado a 27 de Abril de 1973, situa-se em Coimbra, na freguesia de S. Martinho do Bispo. O conjunto de edifícios que, ainda hoje, constituem este hospital foram construídos durante as primeiras décadas do séc. XX, entre 1918 e 1930, com a intenção de criar uma escola-asilo destinada a recolher e educar os órfãos dos soldados mortos na 1ª Grande Guerra. Como nunca chegaram a ser utilizados para este fim, foram reconvertidos num sanatório antituberculoso para indivíduos do sexo masculino, dando corpo às preocupações assistenciais da época. A 5 de Fevereiro de 1931, é publicado o Decreto n.º 19310 no qual a Assistência da Colónia Portuguesa do Brasil faz doação do seu património ao governo português, convertendo-o num hospital-sanatório, com capacidade para 400 doentes, e que representava o que de mais moderno e revolucionário se fizera até então, pela sua concepção, beleza e conforto, servindo de modelo a outras instituições que foram surgindo no país. Anos mais tarde, novas circunstâncias ditaram o fim do hospital-sanatório com a redução significativa do número de tuberculosos, sendo, então, criado o Hospital Geral como hospital central, pelo Decreto-Lei n.º 308/70, de 2 de Julho.)"
-+-+-+-+-+-+- (foto) -------
-- 1918 - MARÇO - 26 - JOSÉ CORRÊA,agricultor,natural da freguesia de Nª.Sª. da Conceição,residente na HUÍLA, filho de BAZÍLIO CORRÊA e EMÍLIA RODRIGUES D´ALMEIDA,foi recrutado pela Comissão de Recenseamento Militar.
-- 1919 - Em 9 de Janeiro, durante o "Processo da Monarquia do Norte", liderada por PAIVA COUCEIRO, foram mortos os meus tio-avôs : MANUEL COSTA ALEMÃO (engenheiro) e CARLOS COSTA ALEMÃO(matemático), respectivamente na batalha de MIRANDELA e em VILA REAL.
.............................. .......................
-- Uma nova Comissão de "Festas de Nossa Senhora do Monte", em SÁ DA BANDEIRA, decide, em 1919, angariar fundos para a construção duma nova Capela e num local mais elevado; era constituída por : ALFREDO LOBO DAS NEVES, AMÉRICO MANGERICÃO, EMÍDIO FERNANDES, FRANCISCO DE MEIRELES, JOSÉ MARIA DA COSTA SIMÕES, LUIS MARQUES DE MIRANDA e JOÃO HENRIQUES DE AZEVEDO.
-- 1919 - MARÇO - 10 - Foi criada a primeira Escola Primária na povoação da HUÍLA.
-- 1919 - AGOSTO - 23 - Autorizada a instalação de "ESCOLAS PRIMÁRIAS SUPERIORES" em : BENGUELA, HUÍLA e MOÇÂMEDES.
-- 1920 - DEZEMBRO - 8 - Portaria que aprova o Regulamento da "ESCOLA SUPERIOR DA HUILA"
------ (Foto nº 40 /4º Vol. Pg. 199) -- (ESCOLA SUPERIOR DA HUILA)
.............................. ...............
-- 1921 - MARÇO - 21 - Decreto do Alto Comissário que cria a AGÊNCIA GERAL DE ANGOLA, em LISBOA, com competências sobre a colonização.
-- 1921 - Em 16 de Agosto foi efectuada a bênção da nova capela pelo padre DOURADO. No dia 15 de Agosto de 1922 as "Festas de Nossa Senhora do Monte" foram presididas pelo Vigário Geral da CHELA, Padre BENEDITO BONNEFOUX.
-- 1921 - NOVEMBRO - 10 - Criação do "Subsídio de Família" destinado aos funcionários públicos.
Ainda em 1922 foi criada a Intendência da BAÍA DOS TIGRES, desanexada do Concelho de MOÇAMEDES(?).
-- 1922 - NOVEMBRO - (?) - Faleceu em COIMBRA o DR.MANUEL DA COSTA ALEMÃO (1833/1922),natural de COIMBRA, onde desempenhou as mais altas funções (3º Director/Administrador dos HUC (1903/1910). Presidente da Câmara de Coimbra, Governador do respectivo Distrito... ("Foi então,aí por 1902 mais coisa menos coisa,que Costa Alemão,ao tempo Administrador dos Hospitais,começou a deitar aqui uma parede a terra e levantar acolá um tabique,rasgar uma janela à esquerda e entaipar uma porta à direita,arranjando para estas obras,feitas um pouco ao acaso,dinheiro com prodígios duma economia por vezes cruel. Tinha uma vontade de ferro. Metera-se-lhe na cabeça que havia de reconstruir o Hospital e não descansou enquanto não deu começo à tarefa, que minuciosamente dirigiu como mestre de obras poupado. Não pensava noutra coisa..." -- "...Mas o Hospital de Coimbra não seria certamente o que hoje é se Costa Alemão não tivesse começado a sua reforma.Muito se ficou devendo afinal a este homem severo,activo e persistente (Alberto Pessoa)"... (transcrição parcial da obra "OS DIRECTORES DOS HOSPITAIS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA", de JOSÉ LOPES CAVALEIRO (Médico) - Edição da Universidade de Coimbra - 1997 - pgs.25/26 --
-- MANUEL DA COSTA ALEMÃO era irmão de JOSÉ DA COSTA ALEMÃO ("COIMBRA"), também natural de COIMBRA, que partira para o BRASIL e depois para ANGOLA (1860) com a sua família. --
-- 1923 - JANEIRO - 13 - Portaria Provincial nº 14 sobre a protecção dos colonos instalados em ANGOLA.
-- 1923 - FEVEREIRO - 1 - Portaria Provincial nº 32 - sobre a construção de casas (com mobiliário) destinadas aos servidores do Estado.
-- 1923 - MAIO - 31 - A povoação do LUBANGO passava a cidade com a designação de SÁ DA BANDEIRA. Ainda nesse ano chegara ao LUBANGO o "CAMINHO-DE-FERRO DE MOSSAMEDES", enquanto(?) a HUMPATA e CHIBIA ascendem a vila e sede do Concelho. Na CHIBIA e margens do seu rio TCHIMPUMPUHIME as Fazendas agrícolas mais importantes eram as de : ALFREDO DA COSTA ALEMÃO COIMBRA,(no CHAUNGO),JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA (em Santa Emília) e PEDRO AUGUSTO CHAVES; na HUILA era a de BASÍLIO CORREIA. Ali havia então 108 carros boers.
-- 1923 - SETEMBRO - 24 - Portaria Provincial sobre a Organização da SECRETARIA DE COLONIZAÇÃO.
-- 1925 - DEZEMBRO - 23 - D.L. nº 90 - Estabelece providências sobre o estabelecimento de colónias de povoamento em ANGOLA.
-- 1926 - MARÇO - 3 - Portaria Provincial (P.P.)nº 22 sobre o desembarque de colonos trabalhadores.
-- 1926 - Diploma Legislativo nº 590 - Criação da Divisão dos Serviços de Fixação de Dunas para protecção da vila de PORTO ALEXANDRE contra as areias do deserto.
-- 1927 - Em 23 de Maio a povoação da CHIBIA passa a vila e sede do concelho.
-- 1928 - MARÇO - 9 - D.L. nº 704 - Cria o ESTATUTO ORGÂNICO DOS SERVIÇOS DE COLONIZAÇÃO
-- 1928 - JULHO - 13 - Publicação da Portaria nº 150 que criou o FUNDO DE COLONIZAÇÃO.
-- 1928 - NOVEMBRO - 20 - A Portaria nº 217 cria as MISSÕES RURAIS DE COLONIZAÇÃO.
-- 1928 - DEZEMBRO -19 - Portaria nº 247 - Concede 2 mil contos ao FUNDO PERMANENTE DE COLONIZAÇÃO.
-- 1928 - Muitos dos colonos boers abandonaram o planalto da HUILA.
-- 1928 - Início da plantação da "cortina verde", naquela vila, com 325.000 casuarinas "equise-tifólia" sob a orientação do engenheiro BENTO ALVES, com uma barragem de silvas mortas para as proteger, numa extensão de 6 Kms.
-- 1929 - FEVEREIRO - 27 - D.L. nº 19 - Manda extinguir a Repartição dos Serviços de Colonização, substituíndo - a pelas MISSÕES RURAIS.
-- 1929 - ABRIL - 6 - Foi extinta a "ESCOLA SUPERIOR DA HUILA" e criado o "LICEU NACIONAL".
-- 1930 - JUNHO - 14 - Casamento de meus pais (PEDRO AUGUSTO COIMBRA CORREIA, natural da HUILA e IRENE DE SOUSA CORREIA - ou IRENE DOS SANTOS DE SOUSA, natural de LUANDA), na igreja de S. JOSÉ, naquela povoação (HUILA) e sendo ainda bastante novos (nos alvores dos seus vinte e dezoito anos, respectivamente). O celebrante foi o padre FÉLIX VILLAN, sendo testemunhas : JOAQUIM AFONSO LAGE, ALICE DE SOUSA LAGE (irmã de minha mãe), JOAQUIM SEVERINO DE MEDEIROS PORTELA (solteiro) e sua mãe, D. MARIA IRENE BETTENCOURT DE MEDEIROS PORTELA, viúva,(era a primeira professora primária vinda de PORTUGAL e que, chegada a MOÇAMEDES, teve de subir a grandiosa CHELA numa tipóia, com diversos carregadores que se iam revezando! Tomara posse em LUANDA em 14(4/1902, seguindo depois ao seu destino e chegando ao LUBANGO em Outubro de 1906).Meus pais residiam então numa casa junto ao "Colégio das Madres", no LUBANGO; ali existia, numa grande propriedade com vacarias, galinheiros e horta, a modesta habitação do meu bisavô JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA. Era também conhecida por "QUINTA DE S. JOSÉ".
-- 1930 - NOVEMBRO - 5 - P.P. nº 676 - Fixa as condições da imigração em ANGOLA.
-- 1930 - NOVEMBRO - Nessa sua primeira residência nasceu o meu irmão mais velho, RENATO.
-- 1931 - FEVEREIRO - 5 - Decreto 19310 - Doação da "Assistência da Colónia Portuguesa do BRASIL" do seu património ao governo português como HOSPITAL-SANATÓRIO" --
--
-- Uma nova Comissão de "Festas de Nossa Senhora do Monte", em SÁ DA BANDEIRA, decide, em 1919, angariar fundos para a construção duma nova Capela e num local mais elevado; era constituída por : ALFREDO LOBO DAS NEVES, AMÉRICO MANGERICÃO, EMÍDIO FERNANDES, FRANCISCO DE MEIRELES, JOSÉ MARIA DA COSTA SIMÕES, LUIS MARQUES DE MIRANDA e JOÃO HENRIQUES DE AZEVEDO.
-- 1919 - MARÇO - 10 - Foi criada a primeira Escola Primária na povoação da HUÍLA.
-- 1919 - AGOSTO - 23 - Autorizada a instalação de "ESCOLAS PRIMÁRIAS SUPERIORES" em : BENGUELA, HUÍLA e MOÇÂMEDES.
-- 1920 - DEZEMBRO - 8 - Portaria que aprova o Regulamento da "ESCOLA SUPERIOR DA HUILA"
------ (Foto nº 40 /4º Vol. Pg. 199) -- (ESCOLA SUPERIOR DA HUILA)
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-- 1921 - MARÇO - 21 - Decreto do Alto Comissário que cria a AGÊNCIA GERAL DE ANGOLA, em LISBOA, com competências sobre a colonização.
-- 1921 - Em 16 de Agosto foi efectuada a bênção da nova capela pelo padre DOURADO. No dia 15 de Agosto de 1922 as "Festas de Nossa Senhora do Monte" foram presididas pelo Vigário Geral da CHELA, Padre BENEDITO BONNEFOUX.
-- 1921 - NOVEMBRO - 10 - Criação do "Subsídio de Família" destinado aos funcionários públicos.
Ainda em 1922 foi criada a Intendência da BAÍA DOS TIGRES, desanexada do Concelho de MOÇAMEDES(?).
-- 1922 - NOVEMBRO - (?) - Faleceu em COIMBRA o DR.MANUEL DA COSTA ALEMÃO (1833/1922),natural de COIMBRA, onde desempenhou as mais altas funções (3º Director/Administrador dos HUC (1903/1910). Presidente da Câmara de Coimbra, Governador do respectivo Distrito... ("Foi então,aí por 1902 mais coisa menos coisa,que Costa Alemão,ao tempo Administrador dos Hospitais,começou a deitar aqui uma parede a terra e levantar acolá um tabique,rasgar uma janela à esquerda e entaipar uma porta à direita,arranjando para estas obras,feitas um pouco ao acaso,dinheiro com prodígios duma economia por vezes cruel. Tinha uma vontade de ferro. Metera-se-lhe na cabeça que havia de reconstruir o Hospital e não descansou enquanto não deu começo à tarefa, que minuciosamente dirigiu como mestre de obras poupado. Não pensava noutra coisa..." -- "...Mas o Hospital de Coimbra não seria certamente o que hoje é se Costa Alemão não tivesse começado a sua reforma.Muito se ficou devendo afinal a este homem severo,activo e persistente (Alberto Pessoa)"... (transcrição parcial da obra "OS DIRECTORES DOS HOSPITAIS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA", de JOSÉ LOPES CAVALEIRO (Médico) - Edição da Universidade de Coimbra - 1997 - pgs.25/26 --
-- MANUEL DA COSTA ALEMÃO era irmão de JOSÉ DA COSTA ALEMÃO ("COIMBRA"), também natural de COIMBRA, que partira para o BRASIL e depois para ANGOLA (1860) com a sua família. --
-- 1923 - JANEIRO - 13 - Portaria Provincial nº 14 sobre a protecção dos colonos instalados em ANGOLA.
-- 1923 - FEVEREIRO - 1 - Portaria Provincial nº 32 - sobre a construção de casas (com mobiliário) destinadas aos servidores do Estado.
-- 1923 - MAIO - 31 - A povoação do LUBANGO passava a cidade com a designação de SÁ DA BANDEIRA. Ainda nesse ano chegara ao LUBANGO o "CAMINHO-DE-FERRO DE MOSSAMEDES", enquanto(?) a HUMPATA e CHIBIA ascendem a vila e sede do Concelho. Na CHIBIA e margens do seu rio TCHIMPUMPUHIME as Fazendas agrícolas mais importantes eram as de : ALFREDO DA COSTA ALEMÃO COIMBRA,(no CHAUNGO),JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA (em Santa Emília) e PEDRO AUGUSTO CHAVES; na HUILA era a de BASÍLIO CORREIA. Ali havia então 108 carros boers.
-- 1923 - SETEMBRO - 24 - Portaria Provincial sobre a Organização da SECRETARIA DE COLONIZAÇÃO.
-- 1925 - DEZEMBRO - 23 - D.L. nº 90 - Estabelece providências sobre o estabelecimento de colónias de povoamento em ANGOLA.
-- 1926 - MARÇO - 3 - Portaria Provincial (P.P.)nº 22 sobre o desembarque de colonos trabalhadores.
-- 1926 - Diploma Legislativo nº 590 - Criação da Divisão dos Serviços de Fixação de Dunas para protecção da vila de PORTO ALEXANDRE contra as areias do deserto.
-- 1927 - Em 23 de Maio a povoação da CHIBIA passa a vila e sede do concelho.
-- 1928 - MARÇO - 9 - D.L. nº 704 - Cria o ESTATUTO ORGÂNICO DOS SERVIÇOS DE COLONIZAÇÃO
-- 1928 - JULHO - 13 - Publicação da Portaria nº 150 que criou o FUNDO DE COLONIZAÇÃO.
-- 1928 - NOVEMBRO - 20 - A Portaria nº 217 cria as MISSÕES RURAIS DE COLONIZAÇÃO.
-- 1928 - DEZEMBRO -19 - Portaria nº 247 - Concede 2 mil contos ao FUNDO PERMANENTE DE COLONIZAÇÃO.
-- 1928 - Muitos dos colonos boers abandonaram o planalto da HUILA.
-- 1928 - Início da plantação da "cortina verde", naquela vila, com 325.000 casuarinas "equise-tifólia" sob a orientação do engenheiro BENTO ALVES, com uma barragem de silvas mortas para as proteger, numa extensão de 6 Kms.
-- 1929 - FEVEREIRO - 27 - D.L. nº 19 - Manda extinguir a Repartição dos Serviços de Colonização, substituíndo - a pelas MISSÕES RURAIS.
-- 1929 - ABRIL - 6 - Foi extinta a "ESCOLA SUPERIOR DA HUILA" e criado o "LICEU NACIONAL".
-- 1930 - JUNHO - 14 - Casamento de meus pais (PEDRO AUGUSTO COIMBRA CORREIA, natural da HUILA e IRENE DE SOUSA CORREIA - ou IRENE DOS SANTOS DE SOUSA, natural de LUANDA), na igreja de S. JOSÉ, naquela povoação (HUILA) e sendo ainda bastante novos (nos alvores dos seus vinte e dezoito anos, respectivamente). O celebrante foi o padre FÉLIX VILLAN, sendo testemunhas : JOAQUIM AFONSO LAGE, ALICE DE SOUSA LAGE (irmã de minha mãe), JOAQUIM SEVERINO DE MEDEIROS PORTELA (solteiro) e sua mãe, D. MARIA IRENE BETTENCOURT DE MEDEIROS PORTELA, viúva,(era a primeira professora primária vinda de PORTUGAL e que, chegada a MOÇAMEDES, teve de subir a grandiosa CHELA numa tipóia, com diversos carregadores que se iam revezando! Tomara posse em LUANDA em 14(4/1902, seguindo depois ao seu destino e chegando ao LUBANGO em Outubro de 1906).Meus pais residiam então numa casa junto ao "Colégio das Madres", no LUBANGO; ali existia, numa grande propriedade com vacarias, galinheiros e horta, a modesta habitação do meu bisavô JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA. Era também conhecida por "QUINTA DE S. JOSÉ".
-- 1930 - NOVEMBRO - 5 - P.P. nº 676 - Fixa as condições da imigração em ANGOLA.
-- 1930 - NOVEMBRO - Nessa sua primeira residência nasceu o meu irmão mais velho, RENATO.
-- 1931 - FEVEREIRO - 5 - Decreto 19310 - Doação da "Assistência da Colónia Portuguesa do BRASIL" do seu património ao governo português como HOSPITAL-SANATÓRIO" --
(Fonte a Consultar : http://old.cho.min-saude.pt/hg/hgapres.htm ) --
-- 1931 - DEZEMBRO - 24 - Despacho Ministerial proíbe a ida de degredados do Continente para as colónias.
-- 1932 - D.L. nº 337 - Estabelece os requisitos para a fixação de estrangeiros em ANGOLA.
-- 1932 - Em meados desse ano meus pais seguiram para MOÇÂMEDES), instalando-se numa casa de TITA INÁCIO (no Bairro da AGUADA ??),onde nasci (21 de Dezembro de 1932). Para ali seguiu então minha tia GABRIELA (LILI). Algum tempo depois (fins de Fevereiro de 1933,tendo eu pouco mais de dois meses e estando ainda com tosse convulsa) meu pai, funcionário dos Correios, foi transferido para PORTO ALEXANDRE. A viagem foi efectuada no navio "ZAIRE" que transportava água directamente para abastecer a população da BAÍA DOS TIGRES, situada mais ao sul, a caminho da "misteriosa" foz do rio CUNENE, tendo permanecido nessa imensa baía durante dois dias; o nome atribuído à Baía baseou-se na semelhança das ondulações da areia em pleno deserto com as da pele daquele felino.
Na viagem de regresso fundeou então ao largo da baía de PORTO ALEXANDRE, sendo o acesso à praia efectuado por pequenas embarcações.
O edifício dos Correios tinha uma residência anexa destinada ao seu Chefe, ficando situado na rua principal (então única) que serpenteava toda a vila; ao lado direito ficava a Administração do Concelho em que se encontravam o Administrador ARROBAS DA SILVA e o seu Secretário, MIRANDA. Do lado esquerdo era a residência do Chefe da Fazenda Pública, JOSÉ DE SEIXAS PEYROTEU, (irmão de FERNANDO PEYROTEU e de mais alguns outros, naturais da HUMPATA); ainda do lado direito da Administração era o edifício da Repartição e Recebedoria de Fazenda e depois dum largo encontravam-se ainda as residências do Administrador e do Secretário (já citados). Logo de frente, depois da rua, estendia-se a praia até chegar às primeiras pescarias e salgas de peixe. Na parte anterior dessa mesma rua, depois do Jardim e antes duma curva que conduzia ao centro da vila, encontravam-se algumas "casas do Estado", onde residiam os restantes (e poucos) funcionários; por detrás das mesmas existia então um antigo Pavilhão de madeira que servia de Hospital, muito antiquado, sendo esta construção e as anteriores fruto da iniciativa do Governador e Alto-Comissário, general NORTON DE MATOS.
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-- (Em PORTO ALEXANDRE : - ROBERTO e sua Mãe - Um apoio para o equilíbrio de toda a vida...) -- ... (clicar para aumentar).
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-- Em Fevereiro de 1933, JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA,fora visitado por um jornalista do "NOTÍCIAS DA HUILA", Z.D'ALMEIRIM, acompanhado por um vizinho, ROSA DE AVELAR, encontrando-se então na sua residência - "Quinta de S. José"), --(próxima do "Colégio das Madres") -- ,situada nos arredores de SÁ DA BANDEIRA. Estava retido na cama, quase impossibilitado de andar em virtude duma queda num carro boer.
-- Teve então a oportunidade de relatar toda a sua vida (militar e civil) durante os largos anos passados em África (já mencionados) e o facto de ter recebido em sua casa algumas destacadas personalidades, tais como : SERPA PINTO, BRITO CAPELO, ROBERTO IVENS, CARLOS MARIA e outras, não deixando de fazer sobressair o seu orgulho familiar pelo valor e renome da também respeitável figura de seu tio, MANUEL DA COSTA ALEMÃO, nascido em COIMBRA em 27 de Novembro de 1833 e que ali estudou na Faculdade de Medicina, falecido a 13 de Novembro de 1922, após ter exercido diversos altos cargos oficiais e sociais : - formado pela Faculdade de Filosofia em Julho de 1860 e pela de Medicina em 1866 ,foi doutorado em 29 de Junho de 1868. Em 1871 foi nomeado lente e em 1873 catedrático naquela Universidade onde exerceu durante 40 anos; foi Director da Faculdade de Medicina e do Asilo da Infância Desvalida, Administrador dos HUC durante o período de 1902 a 31 de Outubro de 1910 (no antigo Real Colégio das Artes que mandou remodelar por completo), Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Governador Civil, além de ter sido ainda Chefe do Partido Progressista e do Partido Monárquico em COIMBRA. Por toda essa sua interferência política e social havia merecido a Grã-Cruz da "Ordem de Santiago de Espada", tendo ainda recusado o título de "Conde de Vila Franca"(arredores de COIMBRA) que lhe fora oferecido pelo rei D. CARLOS I, de quem fora Conselheiro.
Relatava ainda, com entusiasmo, uma intervenção em COIMBRA de seu tio MANUEL durante a Feira de Santa Clara num desfile sobre a ponte de "ÁGUAS DA MAIA"; tinha então 15 anos e socorria um seu colega estudante contra uns..." campinos embriagados " ..., vencendo-os com um dos seus varapaus que lhes tirara após terem dado algumas "pauladas", perante a admiração de muitos dos presentes !
-- Quanto ao seu filho, TITO LÍVIO DA COSTA ALEMÃO (COIMBRA), residente na N'GIVA, esclarecia que seguira parte da sua vida como militar; era neto materno de MANUEL DE ALMEIDA SOARES DE ARAÚJO LIMA BASTO que também viera do BRASIL e colaborara na fundação da "Colónia de MOSSAMEDES". TITO LÍVIO casara com MARIA DO CARMO, filha de DOMINGOS NOGUEIRA MACHADO (o "CANGIMBE" ou "CANGUINHA") que foi morto no CUANGAR pelas tropas alemãs depois do desastre de NAULILA(verificado em 1914). Foi voluntário nas Campanhas do Sul de Angola, servindo de intérprete da língua Cuanhama e acompanhara o General PEREIRA D' EÇA; tomou parte nos combates pela ocupação das Cacimbas da MÔNGUA (em 1915); sobre um outro filho, ÂNGELO COSTA ALEMÃO COIMBRA, salientara a sua força física e a bravura, tendo chegado ao ponto de matar uma onça numa luta corporal ! -- (ver uma transcrição parcial inserida neste mesmo blog). -- Quanto aos filhos : MANUEL e CARLOS COSTA ALEMÃO,como dissemos, foram mortos em 1919 (Batalhas de MIRANDELA e de VILA REAL,respectivamente.
-- 1932 - Em meados desse ano meus pais seguiram para MOÇÂMEDES), instalando-se numa casa de TITA INÁCIO (no Bairro da AGUADA ??),onde nasci (21 de Dezembro de 1932). Para ali seguiu então minha tia GABRIELA (LILI). Algum tempo depois (fins de Fevereiro de 1933,tendo eu pouco mais de dois meses e estando ainda com tosse convulsa) meu pai, funcionário dos Correios, foi transferido para PORTO ALEXANDRE. A viagem foi efectuada no navio "ZAIRE" que transportava água directamente para abastecer a população da BAÍA DOS TIGRES, situada mais ao sul, a caminho da "misteriosa" foz do rio CUNENE, tendo permanecido nessa imensa baía durante dois dias; o nome atribuído à Baía baseou-se na semelhança das ondulações da areia em pleno deserto com as da pele daquele felino.
Na viagem de regresso fundeou então ao largo da baía de PORTO ALEXANDRE, sendo o acesso à praia efectuado por pequenas embarcações.
O edifício dos Correios tinha uma residência anexa destinada ao seu Chefe, ficando situado na rua principal (então única) que serpenteava toda a vila; ao lado direito ficava a Administração do Concelho em que se encontravam o Administrador ARROBAS DA SILVA e o seu Secretário, MIRANDA. Do lado esquerdo era a residência do Chefe da Fazenda Pública, JOSÉ DE SEIXAS PEYROTEU, (irmão de FERNANDO PEYROTEU e de mais alguns outros, naturais da HUMPATA); ainda do lado direito da Administração era o edifício da Repartição e Recebedoria de Fazenda e depois dum largo encontravam-se ainda as residências do Administrador e do Secretário (já citados). Logo de frente, depois da rua, estendia-se a praia até chegar às primeiras pescarias e salgas de peixe. Na parte anterior dessa mesma rua, depois do Jardim e antes duma curva que conduzia ao centro da vila, encontravam-se algumas "casas do Estado", onde residiam os restantes (e poucos) funcionários; por detrás das mesmas existia então um antigo Pavilhão de madeira que servia de Hospital, muito antiquado, sendo esta construção e as anteriores fruto da iniciativa do Governador e Alto-Comissário, general NORTON DE MATOS.
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-- (Em PORTO ALEXANDRE : - ROBERTO e sua Mãe - Um apoio para o equilíbrio de toda a vida...) -- ... (clicar para aumentar).
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-- Em Fevereiro de 1933, JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA,fora visitado por um jornalista do "NOTÍCIAS DA HUILA", Z.D'ALMEIRIM, acompanhado por um vizinho, ROSA DE AVELAR, encontrando-se então na sua residência - "Quinta de S. José"), --(próxima do "Colégio das Madres") -- ,situada nos arredores de SÁ DA BANDEIRA. Estava retido na cama, quase impossibilitado de andar em virtude duma queda num carro boer.
-- Teve então a oportunidade de relatar toda a sua vida (militar e civil) durante os largos anos passados em África (já mencionados) e o facto de ter recebido em sua casa algumas destacadas personalidades, tais como : SERPA PINTO, BRITO CAPELO, ROBERTO IVENS, CARLOS MARIA e outras, não deixando de fazer sobressair o seu orgulho familiar pelo valor e renome da também respeitável figura de seu tio, MANUEL DA COSTA ALEMÃO, nascido em COIMBRA em 27 de Novembro de 1833 e que ali estudou na Faculdade de Medicina, falecido a 13 de Novembro de 1922, após ter exercido diversos altos cargos oficiais e sociais : - formado pela Faculdade de Filosofia em Julho de 1860 e pela de Medicina em 1866 ,foi doutorado em 29 de Junho de 1868. Em 1871 foi nomeado lente e em 1873 catedrático naquela Universidade onde exerceu durante 40 anos; foi Director da Faculdade de Medicina e do Asilo da Infância Desvalida, Administrador dos HUC durante o período de 1902 a 31 de Outubro de 1910 (no antigo Real Colégio das Artes que mandou remodelar por completo), Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Governador Civil, além de ter sido ainda Chefe do Partido Progressista e do Partido Monárquico em COIMBRA. Por toda essa sua interferência política e social havia merecido a Grã-Cruz da "Ordem de Santiago de Espada", tendo ainda recusado o título de "Conde de Vila Franca"(arredores de COIMBRA) que lhe fora oferecido pelo rei D. CARLOS I, de quem fora Conselheiro.
Relatava ainda, com entusiasmo, uma intervenção em COIMBRA de seu tio MANUEL durante a Feira de Santa Clara num desfile sobre a ponte de "ÁGUAS DA MAIA"; tinha então 15 anos e socorria um seu colega estudante contra uns..." campinos embriagados " ..., vencendo-os com um dos seus varapaus que lhes tirara após terem dado algumas "pauladas", perante a admiração de muitos dos presentes !
-- Quanto ao seu filho, TITO LÍVIO DA COSTA ALEMÃO (COIMBRA), residente na N'GIVA, esclarecia que seguira parte da sua vida como militar; era neto materno de MANUEL DE ALMEIDA SOARES DE ARAÚJO LIMA BASTO que também viera do BRASIL e colaborara na fundação da "Colónia de MOSSAMEDES". TITO LÍVIO casara com MARIA DO CARMO, filha de DOMINGOS NOGUEIRA MACHADO (o "CANGIMBE" ou "CANGUINHA") que foi morto no CUANGAR pelas tropas alemãs depois do desastre de NAULILA(verificado em 1914). Foi voluntário nas Campanhas do Sul de Angola, servindo de intérprete da língua Cuanhama e acompanhara o General PEREIRA D' EÇA; tomou parte nos combates pela ocupação das Cacimbas da MÔNGUA (em 1915); sobre um outro filho, ÂNGELO COSTA ALEMÃO COIMBRA, salientara a sua força física e a bravura, tendo chegado ao ponto de matar uma onça numa luta corporal ! -- (ver uma transcrição parcial inserida neste mesmo blog). -- Quanto aos filhos : MANUEL e CARLOS COSTA ALEMÃO,como dissemos, foram mortos em 1919 (Batalhas de MIRANDELA e de VILA REAL,respectivamente.
.............................. ................(ver transcrição parcial dessa entrevista a seguir à sua foto, amavelmente cedida pelo seu bisneto MARCELO CORREIA RIBEIRO) .....................................
-- 1933 - MARÇO - 3 - Chegamos a PORTO ALEXANDRE onde o meu pai assumiu as funções de Chefe da Estação dos Correios.
-- Ainda nesse ano foi sagrada solenemente a Catedral da HUILA.
Quase um ano depois de ali termos chegado (e em 24 de Dezembro de 1933) fui baptizado na Igreja Paroquial de "Nossa Senhora do Rosário de Porto Alexandre", tendo sido meus padrinhos o casal, MARIA ALICE e JOSÉ DE SEIXAS PEYROTEO, realizando essa pequena cerimónia o pároco, padre JOÃO DOMINGUES DA ROCHA ZAGALO.
PORTO ALEXANDRE era um importante centro piscatório onde existiam, como nos referimos, muitos pescadores algarvios, vivendo normalmente em instalações anexas às próprias pescarias; estas tinham já bastante movimento, destinando-se a maioria do pescado às salgas e ao embarque para outras zonas angolanas, para o seu interior e exterior, por ser um dos produtos básicos na alimentação das populações nativas e mesmo apreciado por muitos dos europeus e seus descendentes. Estendiam-se por alguns quilómetros, dispersos, ao longo da praia, numa estreita estrada serpenteando pelas acaloradas areias. A toda volta da povoação, além do mar, estendia-se o imenso deserto do NAMIBE, para o norte até MOÇAMEDES (a cerca duns 100 quilómetros de distância) e para o sul, ultrapassando a BAÍA DOS TIGRES, até à foz do rio CUNENE e, mais além, a caminho de WELLIS BAY, ou seja, dum lado era o imenso Atlântico e dos restantes o escaldante deserto.A meio deste, em direcção a MOÇAMEDES encontra-se a zona designada "BURACO", numa parte mais baixa do que o restante e com a extensão de alguns quilómetros, como sendo uma pequena espécie do "GRAND CANYON" do COLORADO. A escassa e rasteira vegetação surgia nalgumas partes mais húmidas e, a grandes espaços, uma celebérrima e rara planta, qual imenso polvo à busca de água, só existente nessa região e numa dada zona no então Sudoeste Africano, descoberta em 1854 pelo sábio e cientista FREDERICO WELWITSCH que a classificou então como "TUMBOA ANGOLESIS" e que mais tarde veio a merecer o seu nome.
----- ( Igreja Paroquial de "NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE PORTO ALEXANDRE" --- (Foto cedida por "ADIMO" - AMIGOS DO DISTRITO DE MOÇAMEDES-ANGOLA --.............................. ........................
--------- (- "Welwitsh Mirabilis" - (Planta macho) - Deserto do NAMIBE - (Foto cedida por "ADIMO" - "AMIGOS DO DISTRITO DE MOÇAMEDES - ANGOLA")--
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-- PORTO ALEXANDRE teve a sua primeira autoridade oficial em 1887, representada pelo regedor DOLBETH E COSTA. Mais tarde, em 1893, foi nomeado o seu Delegado do Governo, o tenente GUALDINO MARTINS MEDEIROS. Em 1895, tendo já uma população de uns 200 europeus, foi criado o seu Concelho que abrangia a BAÍA DOS TIGRES, chefiada pelo primeiro-tenente JOÃO FONSECA PEREIRA DE MELO que foi depois,em 10 de Junho de 1896, substituído pelo tenente ARTUR MORAIS. Nesta altura, foi ali construída a primeira casa de madeira destinada ao chefe do Concelho mas situada em cima de uma duna e afastada da povoação pelo que não chegara a ser utilizada. Em 1899 foram instaladas algumas casas do Estado(em madeira), construídas em LISBOA : residência para o Administrador, Administração, Secretaria, Fazenda Pública e Correios. Substituíam as vinte "casas de pau-a-pique" construídas poucos anos antes, havendo mesmo algumas com caniços e capim com portas de esteiras ! Foi então edificada a residência paroquial que serviria ainda de Escola Primária. Em 1911, com a nova Divisão Administrativa, passou o Concelho a circunscrição civil.
No dia 3 de Outubro desse mesmo ano, ali chegara ainda o caíque "MENSAGEIRO", de 49 toneladas e que havia saído de OLHÃO com alguns povoadores, demorando 38 dias nessa aventurosa viagem; era comandada pelo piloto SEBASTIÃO MAGANO e pertencia à firma FERREIRA, PESSOA & amp; MANITA. Em Dezembro de 1919 fora fundada a Companhia do Sul de Angola. Depois de 1920 e com a nova orientação governativa do general NORTON DE MATOS, registou um acentuado desenvolvimento. No dia 15 de Março de 1921 chegara uma nova colónia com 62 poveiros. Ainda durante esse ano, em 22 de Novembro chegaram mais 35 novos colonos, ficando instalados no Bairro Poveiro. Em 1923 (Decreto nº 238) fora canalizada a água do rio CUROCA, a cerca de 15 Kms de distância, para abastecer toda essa população e construído o seu Hospital.
Próximo de PORTO ALEXANDRE, situa-se também o CABO NEGRO (PINDA) onde DIOGO CÃO colocara em 1485 o último Padrão da costa angolana.Também ali se foram instalando alguns pescadores.
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----(Meu bisavô paterno, JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA, natural de BELO HORIZONTE -- (em MINAS GERAIS (BRASIL)-(1849)- e que faleceu em SÁ DA BANDEIRA (11-03-1934) --
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-- Ainda nesse ano foi sagrada solenemente a Catedral da HUILA.
Quase um ano depois de ali termos chegado (e em 24 de Dezembro de 1933) fui baptizado na Igreja Paroquial de "Nossa Senhora do Rosário de Porto Alexandre", tendo sido meus padrinhos o casal, MARIA ALICE e JOSÉ DE SEIXAS PEYROTEO, realizando essa pequena cerimónia o pároco, padre JOÃO DOMINGUES DA ROCHA ZAGALO.
PORTO ALEXANDRE era um importante centro piscatório onde existiam, como nos referimos, muitos pescadores algarvios, vivendo normalmente em instalações anexas às próprias pescarias; estas tinham já bastante movimento, destinando-se a maioria do pescado às salgas e ao embarque para outras zonas angolanas, para o seu interior e exterior, por ser um dos produtos básicos na alimentação das populações nativas e mesmo apreciado por muitos dos europeus e seus descendentes. Estendiam-se por alguns quilómetros, dispersos, ao longo da praia, numa estreita estrada serpenteando pelas acaloradas areias. A toda volta da povoação, além do mar, estendia-se o imenso deserto do NAMIBE, para o norte até MOÇAMEDES (a cerca duns 100 quilómetros de distância) e para o sul, ultrapassando a BAÍA DOS TIGRES, até à foz do rio CUNENE e, mais além, a caminho de WELLIS BAY, ou seja, dum lado era o imenso Atlântico e dos restantes o escaldante deserto.A meio deste, em direcção a MOÇAMEDES encontra-se a zona designada "BURACO", numa parte mais baixa do que o restante e com a extensão de alguns quilómetros, como sendo uma pequena espécie do "GRAND CANYON" do COLORADO. A escassa e rasteira vegetação surgia nalgumas partes mais húmidas e, a grandes espaços, uma celebérrima e rara planta, qual imenso polvo à busca de água, só existente nessa região e numa dada zona no então Sudoeste Africano, descoberta em 1854 pelo sábio e cientista FREDERICO WELWITSCH que a classificou então como "TUMBOA ANGOLESIS" e que mais tarde veio a merecer o seu nome.
----- ( Igreja Paroquial de "NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE PORTO ALEXANDRE" --- (Foto cedida por "ADIMO" - AMIGOS DO DISTRITO DE MOÇAMEDES-ANGOLA --..............................
--------- (- "Welwitsh Mirabilis" - (Planta macho) - Deserto do NAMIBE - (Foto cedida por "ADIMO" - "AMIGOS DO DISTRITO DE MOÇAMEDES - ANGOLA")--
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-- PORTO ALEXANDRE teve a sua primeira autoridade oficial em 1887, representada pelo regedor DOLBETH E COSTA. Mais tarde, em 1893, foi nomeado o seu Delegado do Governo, o tenente GUALDINO MARTINS MEDEIROS. Em 1895, tendo já uma população de uns 200 europeus, foi criado o seu Concelho que abrangia a BAÍA DOS TIGRES, chefiada pelo primeiro-tenente JOÃO FONSECA PEREIRA DE MELO que foi depois,em 10 de Junho de 1896, substituído pelo tenente ARTUR MORAIS. Nesta altura, foi ali construída a primeira casa de madeira destinada ao chefe do Concelho mas situada em cima de uma duna e afastada da povoação pelo que não chegara a ser utilizada. Em 1899 foram instaladas algumas casas do Estado(em madeira), construídas em LISBOA : residência para o Administrador, Administração, Secretaria, Fazenda Pública e Correios. Substituíam as vinte "casas de pau-a-pique" construídas poucos anos antes, havendo mesmo algumas com caniços e capim com portas de esteiras ! Foi então edificada a residência paroquial que serviria ainda de Escola Primária. Em 1911, com a nova Divisão Administrativa, passou o Concelho a circunscrição civil.
No dia 3 de Outubro desse mesmo ano, ali chegara ainda o caíque "MENSAGEIRO", de 49 toneladas e que havia saído de OLHÃO com alguns povoadores, demorando 38 dias nessa aventurosa viagem; era comandada pelo piloto SEBASTIÃO MAGANO e pertencia à firma FERREIRA, PESSOA & amp; MANITA. Em Dezembro de 1919 fora fundada a Companhia do Sul de Angola. Depois de 1920 e com a nova orientação governativa do general NORTON DE MATOS, registou um acentuado desenvolvimento. No dia 15 de Março de 1921 chegara uma nova colónia com 62 poveiros. Ainda durante esse ano, em 22 de Novembro chegaram mais 35 novos colonos, ficando instalados no Bairro Poveiro. Em 1923 (Decreto nº 238) fora canalizada a água do rio CUROCA, a cerca de 15 Kms de distância, para abastecer toda essa população e construído o seu Hospital.
Próximo de PORTO ALEXANDRE, situa-se também o CABO NEGRO (PINDA) onde DIOGO CÃO colocara em 1485 o último Padrão da costa angolana.Também ali se foram instalando alguns pescadores.
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----(Meu bisavô paterno, JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA, natural de BELO HORIZONTE -- (em MINAS GERAIS (BRASIL)-(1849)- e que faleceu em SÁ DA BANDEIRA (11-03-1934) --
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--- Também consta da referida entrevista : ..."Era um modestíssimo aposento, quase quadrangular,pobremente e mobilado, tendo pelas paredes várias fotografias de pessoas íntimas e de família que demonstravam bem o quanto de opulenta tinha sido,noutros tempos,aquela família pois entre essas fotografias viam-se algumas de governadores gerais,governadores de distrito,militares de altas patentes e outras personalidades em destaque nessas eras que dobraram e todas elas com dedicatórias muito amistosas a esse ancião quando ele tinha sido,em verdade,José da Costa Alemão Coimbra..." --- ..."Sou filho de José da Costa Alemão Coimbra e de sua esposa D. Maria do Carmo e nasci na cidade de Minas,Brasil, no ano de 1849.Meu pai era português e oriundo da cidade de Coimbra,linda Pátria do Mondego, sendo por isso que adoptou, na América do Sul,o apelido de Coimbra, e pertencia à família Costa Alemão na qual houve o lente da Universidade e conselheiro, Dr.Manuel da Costa Alemão,que era meu tio. Minha mãe era brasileira. Com 11 anos de idade vim do Brasil para Mossamedes em companhia dos meus pais e irmãos a bordo da corveta "Bartolomeu Dias",onde chegámos em 1860,permanecendo ali cerca de um ano,indo depois para Coimbra estudar. Lá me conservei três anos onde fiz o sexto ano do liceu,ao fim dos quais regressei a Mossamedes por falta de recursos, em virtude de meu pai ter falecido, empregando-me nessa ocasião como escriturário em Capangombe, circunscrição do Bumbo,para poder fazer face às despesas de minha família e pagar umas dívidas que meu finado pai havia deixado. Mas como ao fim dum ano me oferecessem mais dinheiro pelos meus serviços, fui para Novo Redondo onde vivi como empregado comercial três anos"...
..."Foi esta relíquia,esta figura prestigiosa neste Planalto, meia dúzia de amigos acompanharam ao cemitério desta cidade,no dia 11 de Março de 1934, testemunhando--lhe assim a amizade e prestando-lhe as últimas homenagens a que tinha jús, como bom e leal português que foi,enquanto aqueles que tinham por direito fazê-lo,e,o dever e obrigação, não compareceram por se tratar dum funeral modesto. E ainda tu, ó louco Camões, ó grande visionário te lembraste de escrever" : -- "E julgareis que é mais excelente"...
Miséria das misérias !!... Sá da Bandeira,Maio de 1944 " --- (transcrição parcial da entrevista do jornalista Z.D´ALMEIRIM, publicada no jornal "NOTÍCIAS DA HUÍLA"- nº 1223, de 20/5/1944)--, com a colaboração dos Srs.ROSA DE AVELAR e de PIETER JACOB VAN-DER-KELLEN (este falecido na "COVA DO LEÃO", em 24 de Outubro de 1933)-
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---- (Obs. - Ainda sobre a presença e intervenção de JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA em terras do Sul de ANGOLA, consultar na INTERNET,com mais detalhes :
--- pt.pt.connect.facebook. com/group.php?gid
.............................. .............................. ..
--- (ALGUNS FAMILIARES RESIDENTES NO ESTRANGEIRO) : ----
---- 1) - ISAAC RODRIGUES JÚNIOR (com sua família), residentes em FRANÇA (LA QUEUE EN BRIE).- Filho de ISAAC RODRIGUES e GUILHERMINA LOURDES CORREIA (residente em ANGOLA); neto de JOÃO RODRIGUES (natural da HUILA)
---- 2) - GUILHERMINA LOURDES CORREIA - residente em ANGOLA (?) - filha de JOSÉ CORREIA (antigo residente na LOLA) e neta de ÂNGELO DA COSTA ALEMÃO COIMBRA - (filho de JOSÉ DA COSTA ALEMÃO, natural de BELO HORIZONTE (MINAS GERAIS - BRASIL)e de EMÍLIA ADELAIDE LIMA BASTO(S), natural de MOÇÂMEDES). --
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..."Foi esta relíquia,esta figura prestigiosa neste Planalto, meia dúzia de amigos acompanharam ao cemitério desta cidade,no dia 11 de Março de 1934, testemunhando--lhe assim a amizade e prestando-lhe as últimas homenagens a que tinha jús, como bom e leal português que foi,enquanto aqueles que tinham por direito fazê-lo,e,o dever e obrigação, não compareceram por se tratar dum funeral modesto. E ainda tu, ó louco Camões, ó grande visionário te lembraste de escrever" : -- "E julgareis que é mais excelente"...
Miséria das misérias !!... Sá da Bandeira,Maio de 1944 " --- (transcrição parcial da entrevista do jornalista Z.D´ALMEIRIM, publicada no jornal "NOTÍCIAS DA HUÍLA"- nº 1223, de 20/5/1944)--, com a colaboração dos Srs.ROSA DE AVELAR e de PIETER JACOB VAN-DER-KELLEN (este falecido na "COVA DO LEÃO", em 24 de Outubro de 1933)-
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---- (Obs. - Ainda sobre a presença e intervenção de JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA em terras do Sul de ANGOLA, consultar na INTERNET,com mais detalhes :
--- pt.pt.connect.facebook.
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--- (ALGUNS FAMILIARES RESIDENTES NO ESTRANGEIRO) : ----
---- 1) - ISAAC RODRIGUES JÚNIOR (com sua família), residentes em FRANÇA (LA QUEUE EN BRIE).- Filho de ISAAC RODRIGUES e GUILHERMINA LOURDES CORREIA (residente em ANGOLA); neto de JOÃO RODRIGUES (natural da HUILA)
---- 2) - GUILHERMINA LOURDES CORREIA - residente em ANGOLA (?) - filha de JOSÉ CORREIA (antigo residente na LOLA) e neta de ÂNGELO DA COSTA ALEMÃO COIMBRA - (filho de JOSÉ DA COSTA ALEMÃO, natural de BELO HORIZONTE (MINAS GERAIS - BRASIL)e de EMÍLIA ADELAIDE LIMA BASTO(S), natural de MOÇÂMEDES). --
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-------------- 2) -- (MOÇAMEDES / PORTO ALEXANDRE / LUBANGO ) -----
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-- 1934 - SETEMBRO - 28 - O "LICEU NACIONAL DA HUÍLA" passa a designar-se "DIOGO CÃO". A sua Biblioteca foi considerada "pública".
-- Em 10 de Dezembro daquele ano(1934) meu pai foi transferido para SÁ DA BANDEIRA, talvez pela nova gravidez de minha mãe e indo morar no Bairro de Santo António, onde já se encontrava a avó HERMÍNIA; com ela estava um nosso primo, ZECA CURADO, então estudante numa Escola próxima. Aí nasceu (12/1/1935) meu irmão, mais novo, RUI.
Posteriormente mudámos para a cidade, na chamada "Rua dos Professores" a qual, no seu prolongamento passava nuns terrenos da parte superior aos do "Colégio das Madres", próximo da residências das famílias, ANGELINO GOMES, ROSA DE AVELAR e dos terrenos pertencentes à casa onde residiram anteriormente com o meu bisavô (COSTA ALEMÃO COIMBRA). No prolongamento dessa estrada situava-se, mais alguns quilómetros adiante, o Bairro da MAPUNDA.
Os meus pais mudaram-se depois para uma casa do Sr.GUARDADO,(BAIRRO DO BENFICA) atrás do seu Campo de Futebol; ali passou a residir também a minha avó EMÍLIA, reformada dos Serviços de Saúde, viúva de JOAQUIM MARIA DE SOUSA, falecido(quando minha mãe tinha apenas 14 meses de idade, assim como aconteceu com o meu avô paterno,BASÍLIO CORREIA, conforme já foi referido; ali viviam também seus filhos : GABRIELA (LILI) e HUMBERTO (este um pouco mais velho do que os sobrinhos). Esta minha avó trabalhara no Hospital D.MARIA PIA, em LUANDA, vivendo então numa sua casa, ali muito próximo, na parte lateral onde se encontrava a Casa Mortuária e que dava acesso ao Bairro da MAIANGA, havendo defronte dessa residência uma Quinta e a casa do Sr. RAPOSO.
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-- 1935 - FEVEREIRO - 2 - Inauguração da Biblioteca do Liceu "DIOGO CÃO".
-- Em 1935 foi estabelecida uma Nova Divisão Administrativa em ANGOLA criando 5 Províncias. A da HUILA, com a capital em SÁ DA BANDEIRA, englobava então os distritos de : HUILA, MOÇAMEDES e do CUNENE bem como ainda as zonas de : CACONDA, QUILENGUES, GAMBOS e outras. Nessa nova orgânica PORTO ALEXANDRE volta a ser sede do Concelho e tendo um posto administrativo na FOZ DO CUNENE , as povoações de IONA, CUROCA NORTE e SÃO MARTINHO DOS TIGRES.
-- Dessa casa do Sr.GUARDADO, fomos morar para uma outra nesse mesmo Bairro (BENFICA), mas próxima da rua que passava do outro lado desse seu Campo de Futebol, em direcção ao Matadouro, sendo proprietária D. ROSA SANTANA. Esta nossa senhoria tinha então a sua residência e um extenso pomar situado na parte superior do referido Campo, com o qual limitava através duma grande e larga sebe de " bungavílias " ; o mesmo acontecia à volta dos restantes lados, onde e apesar da sua largura, existiam alguns buracos nas partes mais baixas que permitiam o nosso acesso "à borla" ou para fazermos disputados desafios com bolas de trapos. Ao fundo do campo, num das pontas, existia a mencionada casa do Sr. GUARDADO e, na outra, uma "quermesse"; esta servia também de vestiário em dias de jogos com outros clubes, até porque era então o único da cidade. Na sua parte superior encontravam-se uns modestos" camarotes" para as entidades desportivas, particulares ou oficiais e, mais em baixo, existiam algumas bancadas de madeira apoiadas em partes de troncos de árvores. Na sebe que limitava uma estreita rua e a propriedade de D. ROSA SANTANA (com seu irmão MARTINS) também existiam alguns buracos, não só para de vez em quando irmos buscar a bola que algum jogador de pontapé mais potente para lá lançava, como ainda também para fazermos umas visitas às escondidas e, apanharmos alguma da muita fruta que ali havia ou que ia caindo por estar bastante madura, abanada pelos ventos ou porque essas árvores eram mais velhas, mas muitas vezes sob a ameaçadora vigilância dos proprietários ou dos seus empregados; no entanto a nossa senhoria até costumava oferecer "quindas" (cestos de fabrico local) bem fornecidas de variada fruta !
A nossa casa era bastante comprida, tipo "comboio", toda pintada de cal branca e coberta com chapas de zinco e telhas; a parte traseira era um pouco mais elevada, tendo no centro uma varanda larga e com alguns degraus para o pátio e quintal onde havia ainda alguns anexos e vários "cobertos" destinados à instalação dos criados e para coelheiras, capoeiras e diversas aves : patos, galinhas, galinhas do mato("capotas" ou dita "galinha de Angola"), perus, pombas e alguns pequenos animais. Depois desse quintal e das citadas instalações estendia-se uma enorme horta, com muitas árvores de fruta, prolongando-se até ao rio (MAPUNDA) que passava ao fundo e a menos dum quilómetro da Ponte "RAIMUNDO SERRÃO". Na parte da frente da casa também havia bastantes espaços com jardim, diversas árvores e algumas partes livres.
Em nossa casa viviam também : as minhas avós (EMÍLIA e HERMÍNIA) e os meus tios (HUMBERTO e GABRIELA). A avó EMÍLIA já se encontrava paralisada dos braços e pernas, passando grande parte do tempo sentada numa cadeira de verga ou deitada na sua cama, sendo tratada e cuidada pela tia LILI, com uma dedicação extrema.
Do lado direito desse nosso prédio e ali próximo estava a residência da família do Sr. GUILHERME CALDEIRA e D. JÚLIA com seus filhos : MADALENO, JÚLIO, JOSÉ, RODRIGO e GABRIEL. Logo a seguir era a residência de seus familiares, Sr. JORDÃO CALDEIRA e D. CÂNDIDA, com seus filhos : ANTERO, MANUELA e HORTENSE. Um pouco mais afastada estava a residência da família NÓBREGA (FRANCISCO /GABRIELA) e seus filhos : OLGÁRIA, GABRIELA, RUI, ODETE, ADRIANO, JUDITE, MANUELA e ADRIANA. Entre as nossas casas e o Campo de Futebol passava uma estreita rua e mais para baixo, do nosso lado, eram as hortas daquelas famílias; já ao fundo da vedação do Campo, numa curva, estava instalado um antigo chafariz de ferro fundido onde, depois dos nossos renhidos jogos (alguns contra outros bairros) nos íamos refrescar e matar a sede. Mesmo em frente ao chafariz, do outro lado da rua, era a casa da família do tenente HORTA/ILDA - , com os filhos : MÁRIO (ZITO), LINO, RUI, JOÃO; um pouco mais para baixo as residências do tenente PERES (MANUEL DOMINGUES - D.MARIA) e filhos: MARIANA, CACILDA, CARMEM, MÁRIO, RAÚL, MANUEL e FERNANDO. Já quase ao fundo da referida rua morava a família do sargento GASPAR (MANUEL PINTO)/MARIA DA CONCEIÇÃO, com o filho ALBERTO (mais conhecido por "CUANHAMA" e que era o nosso guarda-redes; depois morava ainda a família SAMUEL MATIAS (?) e os VILARES (AUZENDA) com : CREMILDE - FLÁVIA - CACIANO - EDMUNDO - HILÁRIO. Essa rua terminava no Matadouro Municipal e aí próximo morava o "PAGA-TODOS".
Numa outra rua perpendicular à que passava ao lado do campo de futebol e mais acima, vivia a família CALÇAS(da Metalúrgica da Huíla),com seus filhos EDUARDO e..( ? ) ; existia a loja do Sr. DIOGO onde fazíamos diversas compras. Alguns destes vizinhos mais novos eram nossos companheiros na Escola nº 60 ("LUIS DE CAMÕES - já citada).
------ Foto nº 48 / 4º Vol. Pg.234) - ESCOLA PRIMÁRIA "LUIS DE CAMÕES" - Nº 60 - LUBANGO -
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-- Na rua existente por detrás do campo de futebol e que terminava nas casas do Sr. GUARDADO existia uma correnteza doutras casas,onde moravam: Sargento PEREIRA (com os filhos ? PATILHAS e ROSA); JOÃO DE ALMEIDA -?-; família FARIA(JOÃO / ERNESTINA) com : - MARÍLIA - FERNANDA - GILOCA - HELDER - RUTE - CARLOS - NONÓ - VICTOR - BETO; - a família FERRÃO DE PAIVA (OCTÁVIO ? ).Depois já mais adiante a caminho da "FAVORITA", a família PORTELA(RAQUEL - LEOPOLDINA)... Família NOVO (?). -- (Ver LISTA GERAL - na 6ª parte desta rúbrica) --
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-- São desta época as minhas mais distantes recordações : - ali a rapaziada da vizinhança e do restante Bairro juntava-se no campo de futebol ou no nosso quintal, na parte traseira da casa, onde havia um espaço bastante grande, plano e livre de obstáculos que era então utilizado nas nossas brincadeira, correrias e jogos com bola feita duma meia velha, cheia de trapos e sobras das costuras caseiras; muitas dessas vezes andávamos descalços (de "pata rapada") que até dava mais jeito e não aleijávamos tanto os adversários! De vez em quando a bola ficava presa nas chapas de zinco da cobertura e era preciso puxá-la com grandes caniços, o que não nos faltava nas diversas valas que limitavam as hortas de cada família.
Dum modo geral o entendimento era sempre bom, qualquer que fosse o resultado dos aguerridos encontros. Outra ocupação habitual era a caça aos pássaros, utilizando as velhas fisgas ("chifutas") ou fazendo armadilhas com redes colocadas em arcos dos barris ou grandes cabaças; a peça principal da fisga era a estaca (forquilha -?), normalmente cortada duma pernada de goiabeira. Isso deu motivo a uma grande queda do JÚLIO CALDEIRA por se ter apoiado do lado contrário à parte mais forte da árvore. O resultado foi ter ficado muito afectado das pernas. Os pássaros mais vulgares que por ali andavam eram, além das já referidas rolas,pardais, zanguínhas, "fueriri" (talvez os mais pequenos de todos), bicos de lacre, bituites (catuites) - "(Katwi-twi)" -, bengalinhas, bigodinhos, viúvinhas, (muitos deles em bandos) e os cardeais (nas canas à beira dos rios). Essas "caçadas" aos pássaros eram feitas mesmo perto das nossas casas, onde havia bastantes árvores e porque ali se juntavam e recolhiam muitos e diversos cereais, principalmente o milho de que, ainda meio verde (mesmo sem estar desenvolvido), íamos colhendo algumas espigas ("maçarocas") para assar nas brasas e esfregadas em sal. Depois de já estarem secas eram então recolhidas na sua totalidade para se estenderem ao sol e depois descamisadas, ás vezes em alegres reuniões da família e com alguns vizinhos; depois da palha estar amontoada durante algum tempo, de preferência ao sol) e desprovida dos nós servia para renovar o recheio dos nossos colchões.
Outras "caçadas" eram feitas com ramos de árvores secas, disfarçadas com folhas e cobertas de visgo (uí), onde a passarada ficava presa; esse visco era extraído de certas mulembas.
Mas essas diversões às vezes também originavam alguns problemas quando se acertava nalgum parceiro mais distraído ou até na cabeça dalgum estranho àquela brincadeira, como foi no caso de numa delas ter partido a cabeça do senhor JORDÃO, o que me valeu uma grande "surra" !; noutras, eram os vidros das janelas que sofriam o embate. De resto caçávamos a passarada nas hortas e nas árvores mais afastadas, ao fundo, já perto do rio; algumas dessas árvores (ou plantas)tinham frutos "selvagens", comestíveis, que atraíam os pássaros, a miudagem e até mesmo os adultos, principalmente quando se tratava de "frutinha", "mirangolos", matipa-tipa (cassu-ssua), amoras, mangas, goiabas, tabaibos, etc. Nesse rio também nos divertíamos por ser pouco fundo e dali recolhíamos bonitas pedras, boas para "pisa-papéis" ou lançando as mais planas rasando as águas e dando alguns saltos. Além das árvores de fruta das hortas e quintais, havia bastantes na parte de frente da casa, como: mangueiras, pereiras, etc.; destas, as que nos despertavam mais interesse, eram as de "S.João" mas, para não prejudicarmos essas árvores, estávamos proibidos de as apanhar à cacetada, tendo de aguardar por outra pessoa mais velha ou então ir recolhendo as que caíam, principalmente durante a noite ou com as ventanias e as chuvas, por estarem já bem maduras. Eram grandes correrias logo de manhã cedo para conseguir recolher as melhores (ou maiores), até porque havia muita miudagem interessada. Além dos meus tios, às vezes também viviam connosco alguns primos e primas de BENGUELA, filhos da tia ALICE e JOAQUIM LAGE :- ALDA (QUITA), HERNÂNI, NINA e mais tarde a MIMI, tendo de contar ainda com alguns vizinhos que, sorrateiramente ultrapassavam os limites territoriais e faziam a recolha fora das suas zonas de acção! O mais interessante é que não nos faltava fruta em casa mas, aquela assim recolhida, sabia melhor !
-- Com o resultado das "caçadas" dos pássaros fazíamos depois uns cozinhados utilizando as pequenas latas de conservas de sardinhas ou de atum, normalmente acrescentando um pouco de arroz, tomate e cebola; obtínhamos assim um delicioso petisco; quando eram rolas ("rolínhas da Madeira"), pombos verdes ou mesmo pombas caseiras, eram então assadas em cima de brasas. Essas últimas eram capturadas em armadilhas, não com redes mas com finos fios a que se prendia um pequeno grão de milho furado e misturado com outros soltos mas fixado ao chão por uma cavilha, pau ou pedra; depois de engolirem os referidos milhos presos já não conseguiam libertarem-se por ficarem estrangulados no bico e enquanto assim tentavam levantar voo aproximávamo-nos para as apanhar. É claro que esta actividade era praticada às escondidas dos mais idosos mas, ás vezes, com a ajuda ou colaboração de algum deles ou dos criados! Noutras ocasiões eram as rolas que embatiam a alta velocidade contra as brancas paredes da casa, talvez descontroladas por uma rajada de vento ou perseguidas por aves de rapina (milhafres) que por ali andavam vigiando as ninhadas de pintos que sempre havia nas capoeiras ou nos pátios Por outro lado também caçávamos, por brincadeira, os morcegos que à tardinha esvoaçavam rápidos dum lado para o outro ao longo de toda a parede da parte frontal da casa, certamente para apanharem os desprevenidos insectos; utilizávamos então uns varapaus que eram movimentados constantemente para cima e para baixo, encostados à dita parede até que volta e meia conseguíamos acertar nalgum, contrariando assim os seus "radares" e com grande regozijo da malta miúda.
Com as "folhas" grandes das tabaibeiras fazíamos os nossos carros para brincadeiras, assim como com as caixas de madeira que traziam as barras de sabão (azul ou outro) e que tinham um razoável tamanho, permitindo que lá nos introduzíssemos depois de aplicadas umas rodas também de madeira ou, ainda melhor, uns pequenos rolamentos usados nos automóveis e que as oficinas deitavam fora depois de muito desgastados ou já quase sem esferas ! Também fazíamos uns carros mais pequenos com umas tábuas ou caixas de cartão usadas pelas sapatarias e às vezes adicionando pedaços de folhas de zinco; aplicavam-se uns cordéis aos eixos da frente e controlados por "guiador" (um pau ou cana com um pedaço transversal) permitindo as suas manobras à nossa vontade em verdadeiras e entusiásticas corridas; algumas vezes o seu vencedor recebia uma "taça" feita com latas ou qualquer outro ornamento adequado. E eram esses, muitas vezes, os nossos brinquedos mais preferidos ou dos poucos que estavam ao alcance das magras carteiras.
Em alguns aspectos a vida não era fácil e surgiam faltas e dificuldades que tinham de ser supridas ou contornadas. Isto principalmente no que se relacionava com o vestuário e calçado; usavam-se os mais acessíveis e os tecidos mais resistentes ou económicos (caqui, ganga, zuartes, etc.).Algumas das peças de roupa eram confeccionadas em casa e iam passando dos mais velhos ou mais encorpados para os mais novos ou com menos físico. A roupa usada passava a nova! Para isso havia na maioria das casas as necessárias máquinas de costura (as velhas Singer, Huscuvarna (?)ou Oliva), exigindo uma certa prática e mesmo habilidade, desde o introduzir da linha nos pequenos carretos (bobinas) e na agulha, como no pedalar bem sincronizado com o manejar das peças; volta e meia lá se soltava a correia (corrente) que ligava a roda grande com a mais pequena, situada no corpo principal e do lado oposto ao da cabeça da máquina; outras vezes lá se partia uma agulha !
Os criados de casa, quase sempre ainda novos à excepção do cozinheiro e do encarregado das hortas, ficavam instalados em anexos junto ao quintal (até porque muitas vezes suas famílias residiam em zonas muito afastadas da cidade) e participavam nalgumas das nossas brincadeiras e tropelias, ocultando-as quando as coisas não corriam pelo melhor, beneficiando de vantagens e regalias a que nem estavam habituados. Até mesmo nas suas refeições, geralmente de "pirão" com peixe seco e óleo de palmeira (dêm-dêm), o que preferiam mais do que algumas das nossas comidas; também lhes fazíamos companhia e sociedade, sentados no chão ou em pequenos bancos ou pedras à volta da fogueira, assando e pisando tiras de carne seca ou umas apetitosas maçarocas! Ficávamos bem felizes e eles também com essas reuniões camufladas ou sob os mais variados pretextos. Entretanto também nos divertíamos jogando com eles,sentados no chão, a "uela" (uma espécie de gamão)nuns tantos buracos, em 4 filas e com uma certa quantidade de pequenas pedras.
Como havia quase sempre instalações adequadas para a criação dalgumas aves : - galinhas, patos, "capotas" (galinhas do mato), perus ou mesmo para os coelhos e cabritos, tínhamos o tempo bem preenchido e divertido. Recordo-me de uma vez e ainda bastante novo, ter metido a cabeça numa grande "manilha" usada na reprodução dos coelhos para observar uns que haviam nascido recentemente e depois tive bastante dificuldade de a retirar, tendo sido necessária uma boa ajuda exterior com uns esticões pelos pés !
Mas,talvez a minha recordação mais antiga (ou apenas por influência fotográfica) seja a de, ainda com muito pouca idade, estar de pé numa cadeira, baloiçando, junto duma mesa sobre a qual minha mãe ia enchendo uns frascos com doce que acabara de fazer. Tanto fiz que fui parar ao chão e com a cabeça partida. Porém esse "acidente" ainda havia de se repetir algumas vezes ! Segundo diziam as "más línguas" eu era bastante rebelde e agitado !
Tínhamos então uma inesquecível companhia de todas as horas e de todas movimentações: era o nosso cão "Estrela" : todo preto e com uma mancha branca na cabeça donde lhe veio o nome por nós atribuído. A certa altura e, talvez desviado por algum anterior trabalhador da horta, desapareceu ; só muito mais tarde regressou mas com o aspecto de ter sofrido muitas privações e o que deve ter contribuído para reduzir a sua existência. Esse facto causou-nos uma imensa tristeza só ultrapassada com a sua substituição pelo "Pinóquio"; este era todo branco e muito cabeludo, mas uma boa alternativa para diminuir o desgosto provocado pelo desaparecimento definitivo do "Estrela".
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Toda a vizinhança do pequeno Bairro do Benfica mantinha boas relações e um clima agradável, além das diversas festas que se realizavam durante o ano e em que nos juntávamos sem cerimónias : - assaltos de Carnaval, baile da "Pinhata" ("Micareme" ?) ,Páscoa, festas dos santos populares com as habituais fogueiras, bailaricos e petiscadas. No Campo de Futebol do Benfica também se realizavam as Festas Anuais com diversas barracas de diversões e utilizando a quermesse. Antes do Carnaval começavam os "assaltos" que eram organizados pelos mais idosos, combinando previamente e em segredo com alguém da casa a ser visitada; os restantes faziam os preparativos e abastecimentos, por vezes com a conivência desse membro dos "assaltados" para que não houvessem falhas. Chegada a hora combinada os "assaltantes" avançavam em silêncio até próximo da porta de entrada que deveria estar meio aberta; logo ali começava a paródia, com música, cantigas e batidas com as tampas das panelas. Tudo isso era considerado normal e ninguém se aborrecia, prolongando-se a festa quase até ao sol nascente ! A música era então de gramofone(gira-discos),banjo, viola, guitarra, concertina ou obtida com alguns rudimentares ou improvisados instrumentos; nem faltavam os habituais "churrascos", doces variados e diversos petiscos já antes preparados; no ano seguinte já seriam efectuados noutras residências.
-- Em 1935 foi fundada a Missão do LUBANGO.
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-- 1936 - JANEIRO - 22 - Decreto nº 26.250 - Estabelece um Acordo com o CAMINHO DE FERRO DE BENGUELA sobre a colonização em ANGOLA.
-- 1936 - OUTUBRO - 4 - Todos os nossos alegres e divertidos eventos foram, inesperada e assustadoramente, interrompidos por um acontecimento também difícil de esquecer! Relativamente perto de nossa casa e dos vizinhos, a algumas centenas de metros da Ponte "RAIMUNDO SERRÃO", por onde transitavam os transportes rodoviários com destino a um outro Bairro (LALULA ? e "ALTO DO CONCEIÇÃO") e ao interior distante, existia o Paiol Militar, sendo parte dele subterrâneo :- uma tremenda e estrondosa explosão durante o dia provocou uma enorme chuva de granadas, diversos materiais de guerra e pedras, lançadas com violência pelos ares e atingindo na sua distante queda os diversos edifícios daquela zona, nas coberturas ou mesmo contra as portas ou janelas. Sobre a nossa casa, numa parte coberta com chapas de zinco, o barulho era ainda mais assustador; algumas dessas grandes cápsulas de cobre fumegantes, foram mesmo parar lá dentro; uma delas, ainda intacta, ficara alojada milagrosamente junto da cama de minha avó EMÍLIA! Outras espalharam-se pelos pátios e hortas.
Toda a gente ficou alvoraçada e logo tratou de reunir à pressa algumas roupas e alimentos para se refugiar em local mais seguro; recordo-me de ter sido levado pela mão do ANTERO, nosso vizinho, correndo pelo Campo de Futebol a caminho da casa do Sr. GUARDADO que ficava no lado oposto, quase escondida por frondosas árvores e enormes tabaibeiras ; sempre era mais uma centena de metros afastada da nossa casa e onde estaríamos talvez mais protegidos. Foi difícil a deslocação com a avó EMÍLIA na sua cadeira de verga. Nem sei bem quanto tempo estivemos ali "refugiados" mas certamente o necessário até haver a certeza de não surgirem novos perigos e de resolverem os estragos sofridos; tudo isso não foi esquecido com facilidade. Além da sentinela que estava de serviço, nem havia a certeza da possibilidade da existência doutras vítimas directas. Ali ficou um enorme buracão que passou a ser visitado por muitos curiosos admirados e outros mais interessados em tirar algum proveito daqueles materiais espalhados numa extensa área fumegante1 Pelo menos alguns dos invólucros metálicos (cobre ou bronze ?) serviram para serem transformados em vistosas e pesadas jarras; os mais pequenos e que não foram directamente afectados serviriam para outros fins menos sentimentais !
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---- HERMÍNIA (COSTA ALEMÃO) COIMBRA CORREIA(avó paterna) -- UMA AMIGA DA FAMÍLIA -- GABRIELA (LILI - irmã de m/Mãe)-- ALICE SOUSA LAGE (irmã de m/Mãe) -- GEORGINA (AMIGA DA FAMÍLIA) -- IRENE SOUSA CORREIA (m/Mãe) --- (mais em baixo : - ROBERTO -- ALDA LAGE (prima) -- RENATO (irmão)-- EMÍLIA DE SOUSA (avó materna) -- RUI (irmão) -- JEANINE (NINA) LAGE (prima) -- HERNÂNI LAGE (primo) ---- (em frente à casa de D. ROSA SANTANA) ----
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-- 1938 - MARÇO - 12 - Publicação da Lista das Estações Telegrafo-Postais de ANGOLA.-
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-- 1938 - AGOSTO - Penso que já depois de ter entrado para o Ensino Infantil, anexo à Escola Primária nº "60" de "LUÍS DE CAMÕES", sendo minha professora a saudosa D. HENRIQUETA), o Presidente da República Portuguesa, General (Marechal??) ÓSCAR DE FRAGOSO CARMONA e sua família, visitaram ANGOLA.
Um Despacho Oficial de 30 de Julho concedera licenças aos funcionários que desejassem deslocarem a MOÇÂMEDES para assistirem às respectivas cerimónias. Assim, com os meus pais e alguns familiares, fomos de comboio até MOÇÂMEDES, para assistir às grandes festas então ali realizadas, estando presentes alguns milhares de crianças das mais variadas idades, incluindo as de muitos locais do distrito da HUILA. Nessa altura residiam em MOÇAMEDES os meus tios, ALICE( irmã de minha mãe, funcionária dos Correios e JOAQUIM LAGE, funcionário da Fazenda Pública, descendente dum muito ilustre Chefe Civil e Militar, com diversas intervenções nas Campanhas do Sul).
Os compridos jardins, no centro da cidade, estavam repletos de mesas cobertas de doçarias e brinquedos que iam sendo distribuídos pela digna primeira-dama. Além dos muitos residentes ali estavam também bastantes civis e militares doutras localidades, não faltando muitas representações nativas dos mais longínquos terras, com suas danças, vestes e armas características, em especial os "Cuanhamas". Achei na verdade um espectáculo inesquecível, embora a minha pouca idade. Também nem me posso esquecer de ter dado uma grande queda na estação ferroviária do LUBANGO quando aguardávamos a partida no comboio e em que, tendo resolvido andar de marcha à ré até à beira do passeio, fui parar sobre os carris que estavam ainda bastante abaixo!.
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Durante a nossa permanência na casa do Bairro do BENFICA e, por mais de uma vez, surgiram no LUBANGO as pragas de gafanhotos vermelhos e enormes, em verdadeiras nuvens que toldavam o céu e que logo eram detectados no horizonte; faziam uma tremenda razia em tudo o que fosse verde, devorando até as cascas das árvores. Tentávamos então espantá-los ou eliminá-los, com pequenas fogueiras de palha, fazendo rápidos fumos e batendo com as tampas de panelas, o que pouco adiantava, tal era a sua concentração ! Enquanto guardávamos alguns exemplares para lhes tirar as patas grandes, com serrilhas e amarrá-los com linhas a pequenas caixas ou latas, fazendo de carros de carga, os criados os metiam em panelas ou outros esconderijos para depois os cozinharem, dizendo que eram um bom petisco ! Após a sua passagem ficava o terreno limpo de culturas e também cheio de muitos dos seus cadáveres.
........... -- Posteriormente voltamos a mudar de casa e de Bairro, o que tinha uma forte influência nas nossas habituais e antigas amizades mas, assim sucedia certamente porque havia outras vantagens. Era uma casa maior, também com um grande quintal (todo com um alto muro e um portão de chapas de zinco), porém sem horta, sem água correndo nas valas, nem árvores de fruta! Uma das vantagens seria a de estar próximo da casa do tio (paterno) JOÃO CORREIA, empregado na grande empresa VENÂNCIO GUIMARÃES.
Também era mais fácil o acesso à nossa Escola (nº 60 - "LUÍS DE CAMÕES") e para os Serviços (Correios) do nosso pai, colocado na chefia da Secção Postal em 14 de Junho de 1939. Desse modo também a avó, HERMÍNIA, estava mais perto desses dois filhos, já que um outro nosso tio materno, JOSÉ ALEXANDRE DA CRUZ, (pai do JORGE) vivia mais afastado, na parte oposta do rio (Bairro da LALULA ?). Na mesma empresa trabalhavam, além desse nosso tio, o primo VICTOR CORREIA e também os senhores MATEUS e GORDON BLACK (este fazia as "carreiras" para o ROÇADAS, via CHIBIA).
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---- HERMÍNIA (COSTA ALEMÃO) COIMBRA CORREIA(avó paterna) -- UMA AMIGA DA FAMÍLIA -- GABRIELA (LILI - irmã de m/Mãe)-- ALICE SOUSA LAGE (irmã de m/Mãe) -- GEORGINA (AMIGA DA FAMÍLIA) -- IRENE SOUSA CORREIA (m/Mãe) --- (mais em baixo : - ROBERTO -- ALDA LAGE (prima) -- RENATO (irmão)-- EMÍLIA DE SOUSA (avó materna) -- RUI (irmão) -- JEANINE (NINA) LAGE (prima) -- HERNÂNI LAGE (primo) ---- (em frente à casa de D. ROSA SANTANA) ----
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-- 1938 - MARÇO - 12 - Publicação da Lista das Estações Telegrafo-Postais de ANGOLA.-
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-- 1938 - AGOSTO - Penso que já depois de ter entrado para o Ensino Infantil, anexo à Escola Primária nº "60" de "LUÍS DE CAMÕES", sendo minha professora a saudosa D. HENRIQUETA), o Presidente da República Portuguesa, General (Marechal??) ÓSCAR DE FRAGOSO CARMONA e sua família, visitaram ANGOLA.
Um Despacho Oficial de 30 de Julho concedera licenças aos funcionários que desejassem deslocarem a MOÇÂMEDES para assistirem às respectivas cerimónias. Assim, com os meus pais e alguns familiares, fomos de comboio até MOÇÂMEDES, para assistir às grandes festas então ali realizadas, estando presentes alguns milhares de crianças das mais variadas idades, incluindo as de muitos locais do distrito da HUILA. Nessa altura residiam em MOÇAMEDES os meus tios, ALICE( irmã de minha mãe, funcionária dos Correios e JOAQUIM LAGE, funcionário da Fazenda Pública, descendente dum muito ilustre Chefe Civil e Militar, com diversas intervenções nas Campanhas do Sul).
Os compridos jardins, no centro da cidade, estavam repletos de mesas cobertas de doçarias e brinquedos que iam sendo distribuídos pela digna primeira-dama. Além dos muitos residentes ali estavam também bastantes civis e militares doutras localidades, não faltando muitas representações nativas dos mais longínquos terras, com suas danças, vestes e armas características, em especial os "Cuanhamas". Achei na verdade um espectáculo inesquecível, embora a minha pouca idade. Também nem me posso esquecer de ter dado uma grande queda na estação ferroviária do LUBANGO quando aguardávamos a partida no comboio e em que, tendo resolvido andar de marcha à ré até à beira do passeio, fui parar sobre os carris que estavam ainda bastante abaixo!.
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Durante a nossa permanência na casa do Bairro do BENFICA e, por mais de uma vez, surgiram no LUBANGO as pragas de gafanhotos vermelhos e enormes, em verdadeiras nuvens que toldavam o céu e que logo eram detectados no horizonte; faziam uma tremenda razia em tudo o que fosse verde, devorando até as cascas das árvores. Tentávamos então espantá-los ou eliminá-los, com pequenas fogueiras de palha, fazendo rápidos fumos e batendo com as tampas de panelas, o que pouco adiantava, tal era a sua concentração ! Enquanto guardávamos alguns exemplares para lhes tirar as patas grandes, com serrilhas e amarrá-los com linhas a pequenas caixas ou latas, fazendo de carros de carga, os criados os metiam em panelas ou outros esconderijos para depois os cozinharem, dizendo que eram um bom petisco ! Após a sua passagem ficava o terreno limpo de culturas e também cheio de muitos dos seus cadáveres.
........... -- Posteriormente voltamos a mudar de casa e de Bairro, o que tinha uma forte influência nas nossas habituais e antigas amizades mas, assim sucedia certamente porque havia outras vantagens. Era uma casa maior, também com um grande quintal (todo com um alto muro e um portão de chapas de zinco), porém sem horta, sem água correndo nas valas, nem árvores de fruta! Uma das vantagens seria a de estar próximo da casa do tio (paterno) JOÃO CORREIA, empregado na grande empresa VENÂNCIO GUIMARÃES.
Também era mais fácil o acesso à nossa Escola (nº 60 - "LUÍS DE CAMÕES") e para os Serviços (Correios) do nosso pai, colocado na chefia da Secção Postal em 14 de Junho de 1939. Desse modo também a avó, HERMÍNIA, estava mais perto desses dois filhos, já que um outro nosso tio materno, JOSÉ ALEXANDRE DA CRUZ, (pai do JORGE) vivia mais afastado, na parte oposta do rio (Bairro da LALULA ?). Na mesma empresa trabalhavam, além desse nosso tio, o primo VICTOR CORREIA e também os senhores MATEUS e GORDON BLACK (este fazia as "carreiras" para o ROÇADAS, via CHIBIA).
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-- Esta nossa casa estava situada para as bandas do antigo Quartel e Administração do Concelho (um pouco mais para baixo, depois de uma estreita rua que ao fundo fazia um cotovelo e passava à sua frente, onde existia uma fila de altos eucaliptos, verdadeiros pára-raios durante as temidas descargas atmosféricas em que todo o céu ficava instantaneamente iluminado ! Tinha então um largo e comprido corredor com quartos dos dois lados, dando, depois duns degraus, para a sala de jantar. Nessa parte traseira tinha ainda outras divisões e ao fundo desse quintalão (usado como nosso campo de futebol) havia, no canto, um grande forno destinado à cozedura do pão e capaz de assar um leitão por ocasião de certas festas. O pão era preparado com a ajuda de todos, desde a operação na "masseira", onde fazíamos batota, abrindo e fechando as mãos já dentro da massa e que, depois de retiradas, sempre vinham com alguma agarrada; era logo raspada para fazermos uns biscoitos, indo depois também ao forno. Ao fundo e por detrás do nosso conjunto de casas passava uma funda vala, a mesma que já vinha do quintal do tio JOÃO e dessa, uma outra, perpendicular, para as regas e que escoava os excessos em direcção ao rio MAPUNDA, como geralmente acontecia em todas as outras propriedades. Do mesmo modo também, nessas valas "pescávamos" caranguejos; a sua captura era sempre pelo mesmo sistema : um fio pendurado com um isco amarrado na ponta, deixando deslizar até ao fundo para chegar à frente dos seus buracos, donde espreitavam atentos ao menor movimento; depois de segurarem o isco com suas fortes tenazes era só puxar o fio pois já não o largavam! Aí e nessas paródias costumava ter a companhia de dois amigos e colegas : o EDUARDO CALÇAS e o JÚLIO (irmão do SECUNDINO).
Além da casa do tio JOÃO, do lado direito da nossa e ali perto, vivia uma sua cunhada (irmã de minha tia EUDÓXIA), DULCE BARATA FEIO, casada com o senhor tenente COSTA; tinham uma filha, da nossa idade, MARIA LUIZA, (a ZITA). Por detrás da nossa casa e ao comprido, estendia-se o restante prédio do senhorio e onde habitava a família BORGES ALEXANDRINO (com seus filhos : ÁLVARO, INÊS, JAIME, JORGE, JOSÉ, MÁRIO, RUI, TEREZA) e numa outra (??), logo a seguir, a família PEREIRA (ÁLVARO, LILA, ??). Do nosso lado esquerdo, logo junto ao quintalão e um pouco afastada da estrada, era a casa do senhor RAIMUNDO, pedreiro de profissão, mas que resolveu largá-la (assim como sua família) quando certa vez acertou numa lotaria ! Porém passado pouco tempo viu-se obrigado a regressar por já ter esbanjado todo o dinheiro. Até ficamos satisfeitos com essa sua ausência; é que a sua casa ficava precisamente no enfiamento duma das nossas balizas e de cada vez que uma bola ultrapassava o alto muro e ia lá parar em resultado dalgum remate mais forte, tínhamos problemas em recuperá-la; só o fazíamos quando havia a certeza que o referido senhor não estava em casa; contornávamos o nosso muro e parte do seu e, de gatas, no meio das árvores e do capim, tentávamos essa recuperação.
Esse nosso grande quintal, sem árvores, sem pássaros, era o local indicado para lançar as "joeiras" (papagaios de papel com várias cores, colado numa leve armação de tiras de canas) e grandes rabos enfeitados com laços de papel e que serviam para as equilibrar; com uma pequena corrida e vento favorável lá iam elas para o alto, balançando, dançando, querendo subir ainda mais ! Então a malta assistente, fazendo claque, gritava para o lançador : " dá-lhe guita, dá-lhe guita "...! Mas quando a guita rebentava logo a joeira se descontrolava, perdia o compasso da dança, volteava e desaparecia para onde o vento mais soprava. Geralmente fazíamos despiques para ver qual delas subia mais ou se aguentava mais tempo e, entretanto, metíamos pela ponta do fio uns pequenos pedaços de papel com um furo ao centro; logo subiam vertiginosamente em direcção à joeira, o que, dizíamos então, serem telegramas!
Depois da nossa casa, seguindo a rua frontal, havia ainda a residência de uma outra família (com duas filhas: ADELAIDE e ISMÉNIA, mais conhecidas por "CALUQUEMBES" por terem residido antes nessa zona do interior). A seguir era a residência da família MOURA(conhecido por "MOURA MICRÓBIO", atendendo à sua baixa estatura) com seus filhos : AURORA, GINA (?) - que namorava com o DINO, guarda-redes do BENFICA), HEITOR, MARGARIDA.
Existia ainda uma rua muito inclinada que ia até à beira do rio MAPUNDA; nessa rua principal e, mais afastado, havia um prédio de primeiro andar (por concluir) que era propriedade dum indivíduo (MARQUES ?) de "poucas falas" e talvez mesmo de poucos amigos; à sua frente e do outro lado da rua existiam mais algumas residências antigas das famílias : - sargento(?) ALVES (AURÉLIO, CARMINDA ?) e uma outra (?) família ALVES : - ARMINDO, MÁRIO, NATÁLIA ?) ; depois, um pouco mais à frente : do CARLOS DA CORTE (com sua mãe e uma irmã -) ; - PELEIRA (EUGÉNIA) com seus filhos (CUCA e FARRUSCA) e o sobrinho, CLÁUDIO SENA FERNANDES; - fechando o Bairro estava a família COUCEIRO (com os filhos: - CARLOS, ISABEL e VICTOR.
A estreita rua que dali prosseguia finalizava numa estrada principal, depois da Metalúrgica (do lado de cima) e seguindo (para o lado de baixo) pela ponte "RAIMUNDO SERRÃO" a caminho do "ALTO DO CONCEIÇÃO"; passava assim mesmo ao lado da zona do grande buraco aberto pela explosão do paiol (em Outubro de 1936). Essa rua estreita, seguindo em frente, ia dar ao Bairro do Benfica. Descendo a referida rua inclinada, a seguir à casa da família MOURA, atingia-se o rio e nessa zona existia então uma estreita "ponte pensil", como era designada, suspensa por cabos de aço e feita de arame, com travessas metálicas e de madeira, dando acesso à conhecida "QUINTA DO VALADARES"; balançava com facilidade o que servia de pretexto para algumas brincadeiras ou partidas quando alguém a atravessava.
Ainda nessa mesma rua (principal) desse Bairro, mas do lado oposto e já próximo da casa do tio JOÃO, vivia a família LEITÃO, sendo bem conhecida a simpática e bem pesada D. NANJALA e seus filhos : ANTÓNIO(TONICO), JAIME e MANUEL. O senhor LEITÃO estivera naquela zona como militar mas regressara a PORTUGAL, onde tinha uma outra família. Mais tarde voltara com alguns desses filhos. Por trás dessa casa residia uma outra família. Do outro lado da estreita rua era a casa do senhor LEANDRO e D. LUZ, com seus filhos : ARMANDO, JORGE(JOCA) e MARIAZINHA. No prolongamento do jardim frontal à casa do tio JOÃO e para o seu lado direito, residia a família CUNHA PEREIRA (com : LAURA (?), MARIA EDUARDA, MARIA JOÃO, OCTÁVIO, ROGÉRIO (GIGICA ?) e RUI ( ?). Era a última casa existente nesse extremo; mais afastado estava um grande imóvel da "Fábrica do PINTO" como era então designado. Era uma enorme serração com um imponente portão de entrada, em ferro e, a sua parte posterior, dava para o rio MAPUNDA. Ali trabalhava então, talvez como gerente ou guarda-livros, o Sr. MANUEL DE JESUS PINTO, conhecido por "JOÃO DA CHELA", pseudónimo que utilizava nas suas crónicas para o Jornal de BENGUELA ou noutros locais e pai dum nosso colega.
Na zona donde partia a dita rua estreita, no alto, existia o Largo da Administração, à frente da qual se encontravam diversas residências de militares, integradas num extenso quarteirão que englobava também o Quartel e alguns dos Serviços Militares; do outro lado era a loja de RAÚL DA CONCEIÇÃO com seus irmãos : ALFREDO, CARLOS, DANIEL, MÁRIO, ZECA (?). Seu pai possuía uma fazenda situada no local designado por "ALTO DO CONCEIÇÃO". A meio dessa rua estreita e iniciando o "nosso bairro" havia ainda : do lado direito a residência da família PAULO DA SILVA(? do HOQUE),com seus filhos CÉZAR, VIRGÍLIO, (e CARMINDA?); do lado esquerdo a família PEREIRA, cabo da Manutenção Militar e encarregado da respectiva Padaria, tendo um filho (ALBERTO), nosso colega (- Ver em : LISTA GERAL).
A primitiva casa do tio JOÃO era então bastante pequena e antiga, tendo grandes espaços livres à sua volta: - à frente e dos lados era o jardim, para a parte de trás um imenso quintalão e mais abaixo uma não menos extensa horta e pomar, indo mesmo e também até ao rio (MAPUNDA). Sendo assim a avó HERMÍNIA tinha de permanecer em nossa casa, embora fossemos bastantes, mas sempre ficava já com os dois filhos mais perto; isso até que meu tio conseguisse ampliar a sua, conforme estava projectado. Com esse objectivo íamos dando uma ajuda na preparação (fabrico) de blocos de cimento e areia necessários às obras programadas; não era difícil pois tinha um bom "terreiro" servido por uma funda vala com água corrente; ali o tio mandara abrir um enorme tanque, como se fosse uma autêntica piscina e que servia como reserva de águas para as regas, vinda talvez dalgum ponto do rio situado mais acima, continuando depois pelas partes mais baixas das restantes casas do bairro. A ampliação da casa foi iniciada com paredes exteriores às existentes, que se mantinham até à conclusão daquelas e à cobertura total da nova área; para a parte de trás também foram construídas algumas divisões e anexos destinadas a : capoeiras, oficina, arrumos e alguns muros. Ele tinha feito uma grande roda de madeira para movimentar uma bomba manual que puxava a água da vala para um pequeno tanque a um nível mais elevado. Era com grande entusiasmo que colaborávamos, incluindo nas "rodadas" dessa bomba; esses blocos eram feitos no chão em caixas de madeira desmontáveis cheias com a massa preparada mesmo ao lado e que se retiravam algum tempo depois para continuar essa produção a "céu aberto".
Tínhamos a ajuda de alguns companheiros da vizinhança que também colaboravam de boa vontade na colheita dos "tabaibos", existindo em quantidade nesse quintal; isso era conseguido com a ajuda de compridas canas com um grande prego na ponta; depois de espetado no alto e centro do fruto, dava-se-lhe uma "torcidela" com todo o jeito para não o estragar nem deixar cair e ser logo atacado pelas galinhas que sempre por ali andavam! Depois eram esfregados com o pé (calçado) sobre o capim para lhes retirar os malfadados picos, muito finos e curtos, difíceis de serem removidos dos dedos e ainda pior quando chegavam aos lábios ou à língua!
O projecto do tio JOÃO incluía a construção dum extenso e alto muro limitando toda a área do enorme quintal, com um grande portão de chapas de zinco para a entrada de viaturas e, do outro lado, ao fundo, um mais pequeno que dava acesso à horta e ao pomar e, deste, ao rio.
-- Entretanto, nessa nova casa também se juntava a malta miúda em renhidos jogos de futebol ou ainda num outro grande espaço que ficava em frente da casa, do outro lado da rua ladeada pelos eucaliptos. Por sua vez também "os mais velhos" se reuniam numa dessas casas, muitas vezes na nossa, em divertidas partidas de sueca, jogo do loto e, na rua ou no quintal, ao jogo da malha. As noites de "loto" eram bastante concorridas e com certa frequência. Havia sempre alguma petiscada e bom entendimento, mas já não era tão divertido como no saudoso "Bairro do Benfica". Ainda assim, de vez em quando se improvisava uma festa ou um bailarico, juntando diversos rapazes e raparigas, além dos seus familiares, mas também se reuniam para prestar as colaborações que se entendiam necessárias.
Neste Bairro recordo principalmente determinada época em que surgiram certas dificuldades em PORTUGAL, motivadas pela situação que a EUROPA atravessava e em que foi considerado conveniente fazer remessas de certos artigos de primeira necessidade para as respectivas famílias. Então juntavam-se, geralmente em nossa casa (talvez por estar mais central ou de haver bastantes espaços e ainda pelo estado de saúde da avó EMÍLIA, impossibilitada de se movimentar ) ; as senhoras cortavam o pano-cru dos grandes sacos de açúcar para confeccionar outros muito mais pequenos (apenas para um quilo desse produto), aos quais era logo cozido um cartão para servir de etiqueta; à malta miúda cabia o papel de encher e pesar esses pequenos sacos para depois serem fechados por algumas das senhoras; entretanto os homens ocupavam-se mais em escrever algumas cartas ou preencher as papeladas necessárias para os seus despachos pelos Correios e, certamente, também nuns jogos de sueca.
Os meus padrinhos, ALICE e JOSÉ PEYROTEO, moravam então num Bairro próximo do antigo Rádio Clube da Huíla, no LUBANGO, ou seja num extremo da cidade oposto ao nos-so e ainda bastante distanciado; mesmo assim e sem utilizar qualquer transporte, o que ainda era muito raro, deslocavam-se com certa frequência a nossa casa com os seus filhos, HERLANDER e EDNA e, por vezes, também ainda tomavam parte nas referidas reuniões e nas nossas diversões. No meio do largo corredor central da casa, havia duas portas envidraçadas, com molas, (basculantes), o que fazia parte das brincadeiras; certa vez eu andava perseguindo a EDNA numa correria e com um sapato erguido na mão para a atingir, só que ela escapou-se pela referida porta que continuou oscilando e eu bati em cheio num dos vidros, ficando logo todo em pedaços ! A EDNA escapou-se mas, eu, é que não escapei de levar a respectiva surra, provavelmente com o mesmo sapato!
Não posso deixar de recordar ainda as imensas horas em que o amigo CLÁUDIO SENA FERNANDES, um bom estudante no liceu, residente no bairro, dispensava em nossa casa ao nosso pai em explicações para adquirir outras habilitações que lhe facultassem o acesso a concursos e à possibilidade de promoção na carreira que tinha iniciado num modesto cargo e só com a sua grande vontade e dedicação tinha conseguido uma melhor situação.
. Devo ainda relembrar a presença em nossa casa do amigo "JUCA" (HERMENEGILDO MALVA). Ali esteve durante um certo período para frequentar o Liceu, porquanto seus pais residiam em MOÇÂMEDES. Ainda nesta moradia, por diversas vezes, íamos dar uma ajuda ao amigo EVARISTO, com gosto e habilidade para a fotografia, que se instalava numa dependência da Cadeia e onde se concentravam os trabalhadores destinados "ao contrato" e mesmo alguns presos, para serem fotografados com uma grande placa pendurada ao pescoço com um número de identificação; essas fotos destinavam-se às suas cadernetas pessoais, pois ainda não possuíam bilhete de identidade! A seguir dávamos-lhe jeito ao passar os seus negativos pelos líquidos "revelador" e "fixador" e era com satisfação que víamos surgirem as imagens dos fotografados que se colocavam-se ainda num vidro para secarem completamente antes da entrega.
Nesse quintal da Cadeia e mesmo em certas ruas da cidade viam-se então alguns camelos, pastando ou passeando. Tinham sido utilizados noutras épocas em campanhas militares.
.............................. .............................. .........................
--- SÁ DA BANDEIRA (LUBANGO) -- Um Jardim cheio de flores (fixas e móveis. Em primeiro plano, à esquerda o "HOTEL DO PADRE", ao centro a CÂMARA MUNICIPAL e à direita a firma "PEREIRA SIMÕES" --- (clicar para aumentar) ---
Além da casa do tio JOÃO, do lado direito da nossa e ali perto, vivia uma sua cunhada (irmã de minha tia EUDÓXIA), DULCE BARATA FEIO, casada com o senhor tenente COSTA; tinham uma filha, da nossa idade, MARIA LUIZA, (a ZITA). Por detrás da nossa casa e ao comprido, estendia-se o restante prédio do senhorio e onde habitava a família BORGES ALEXANDRINO (com seus filhos : ÁLVARO, INÊS, JAIME, JORGE, JOSÉ, MÁRIO, RUI, TEREZA) e numa outra (??), logo a seguir, a família PEREIRA (ÁLVARO, LILA, ??). Do nosso lado esquerdo, logo junto ao quintalão e um pouco afastada da estrada, era a casa do senhor RAIMUNDO, pedreiro de profissão, mas que resolveu largá-la (assim como sua família) quando certa vez acertou numa lotaria ! Porém passado pouco tempo viu-se obrigado a regressar por já ter esbanjado todo o dinheiro. Até ficamos satisfeitos com essa sua ausência; é que a sua casa ficava precisamente no enfiamento duma das nossas balizas e de cada vez que uma bola ultrapassava o alto muro e ia lá parar em resultado dalgum remate mais forte, tínhamos problemas em recuperá-la; só o fazíamos quando havia a certeza que o referido senhor não estava em casa; contornávamos o nosso muro e parte do seu e, de gatas, no meio das árvores e do capim, tentávamos essa recuperação.
Esse nosso grande quintal, sem árvores, sem pássaros, era o local indicado para lançar as "joeiras" (papagaios de papel com várias cores, colado numa leve armação de tiras de canas) e grandes rabos enfeitados com laços de papel e que serviam para as equilibrar; com uma pequena corrida e vento favorável lá iam elas para o alto, balançando, dançando, querendo subir ainda mais ! Então a malta assistente, fazendo claque, gritava para o lançador : " dá-lhe guita, dá-lhe guita "...! Mas quando a guita rebentava logo a joeira se descontrolava, perdia o compasso da dança, volteava e desaparecia para onde o vento mais soprava. Geralmente fazíamos despiques para ver qual delas subia mais ou se aguentava mais tempo e, entretanto, metíamos pela ponta do fio uns pequenos pedaços de papel com um furo ao centro; logo subiam vertiginosamente em direcção à joeira, o que, dizíamos então, serem telegramas!
Depois da nossa casa, seguindo a rua frontal, havia ainda a residência de uma outra família (com duas filhas: ADELAIDE e ISMÉNIA, mais conhecidas por "CALUQUEMBES" por terem residido antes nessa zona do interior). A seguir era a residência da família MOURA(conhecido por "MOURA MICRÓBIO", atendendo à sua baixa estatura) com seus filhos : AURORA, GINA (?) - que namorava com o DINO, guarda-redes do BENFICA), HEITOR, MARGARIDA.
Existia ainda uma rua muito inclinada que ia até à beira do rio MAPUNDA; nessa rua principal e, mais afastado, havia um prédio de primeiro andar (por concluir) que era propriedade dum indivíduo (MARQUES ?) de "poucas falas" e talvez mesmo de poucos amigos; à sua frente e do outro lado da rua existiam mais algumas residências antigas das famílias : - sargento(?) ALVES (AURÉLIO, CARMINDA ?) e uma outra (?) família ALVES : - ARMINDO, MÁRIO, NATÁLIA ?) ; depois, um pouco mais à frente : do CARLOS DA CORTE (com sua mãe e uma irmã -) ; - PELEIRA (EUGÉNIA) com seus filhos (CUCA e FARRUSCA) e o sobrinho, CLÁUDIO SENA FERNANDES; - fechando o Bairro estava a família COUCEIRO (com os filhos: - CARLOS, ISABEL e VICTOR.
A estreita rua que dali prosseguia finalizava numa estrada principal, depois da Metalúrgica (do lado de cima) e seguindo (para o lado de baixo) pela ponte "RAIMUNDO SERRÃO" a caminho do "ALTO DO CONCEIÇÃO"; passava assim mesmo ao lado da zona do grande buraco aberto pela explosão do paiol (em Outubro de 1936). Essa rua estreita, seguindo em frente, ia dar ao Bairro do Benfica. Descendo a referida rua inclinada, a seguir à casa da família MOURA, atingia-se o rio e nessa zona existia então uma estreita "ponte pensil", como era designada, suspensa por cabos de aço e feita de arame, com travessas metálicas e de madeira, dando acesso à conhecida "QUINTA DO VALADARES"; balançava com facilidade o que servia de pretexto para algumas brincadeiras ou partidas quando alguém a atravessava.
Ainda nessa mesma rua (principal) desse Bairro, mas do lado oposto e já próximo da casa do tio JOÃO, vivia a família LEITÃO, sendo bem conhecida a simpática e bem pesada D. NANJALA e seus filhos : ANTÓNIO(TONICO), JAIME e MANUEL. O senhor LEITÃO estivera naquela zona como militar mas regressara a PORTUGAL, onde tinha uma outra família. Mais tarde voltara com alguns desses filhos. Por trás dessa casa residia uma outra família. Do outro lado da estreita rua era a casa do senhor LEANDRO e D. LUZ, com seus filhos : ARMANDO, JORGE(JOCA) e MARIAZINHA. No prolongamento do jardim frontal à casa do tio JOÃO e para o seu lado direito, residia a família CUNHA PEREIRA (com : LAURA (?), MARIA EDUARDA, MARIA JOÃO, OCTÁVIO, ROGÉRIO (GIGICA ?) e RUI ( ?). Era a última casa existente nesse extremo; mais afastado estava um grande imóvel da "Fábrica do PINTO" como era então designado. Era uma enorme serração com um imponente portão de entrada, em ferro e, a sua parte posterior, dava para o rio MAPUNDA. Ali trabalhava então, talvez como gerente ou guarda-livros, o Sr. MANUEL DE JESUS PINTO, conhecido por "JOÃO DA CHELA", pseudónimo que utilizava nas suas crónicas para o Jornal de BENGUELA ou noutros locais e pai dum nosso colega.
Na zona donde partia a dita rua estreita, no alto, existia o Largo da Administração, à frente da qual se encontravam diversas residências de militares, integradas num extenso quarteirão que englobava também o Quartel e alguns dos Serviços Militares; do outro lado era a loja de RAÚL DA CONCEIÇÃO com seus irmãos : ALFREDO, CARLOS, DANIEL, MÁRIO, ZECA (?). Seu pai possuía uma fazenda situada no local designado por "ALTO DO CONCEIÇÃO". A meio dessa rua estreita e iniciando o "nosso bairro" havia ainda : do lado direito a residência da família PAULO DA SILVA(? do HOQUE),com seus filhos CÉZAR, VIRGÍLIO, (e CARMINDA?); do lado esquerdo a família PEREIRA, cabo da Manutenção Militar e encarregado da respectiva Padaria, tendo um filho (ALBERTO), nosso colega (- Ver em : LISTA GERAL).
A primitiva casa do tio JOÃO era então bastante pequena e antiga, tendo grandes espaços livres à sua volta: - à frente e dos lados era o jardim, para a parte de trás um imenso quintalão e mais abaixo uma não menos extensa horta e pomar, indo mesmo e também até ao rio (MAPUNDA). Sendo assim a avó HERMÍNIA tinha de permanecer em nossa casa, embora fossemos bastantes, mas sempre ficava já com os dois filhos mais perto; isso até que meu tio conseguisse ampliar a sua, conforme estava projectado. Com esse objectivo íamos dando uma ajuda na preparação (fabrico) de blocos de cimento e areia necessários às obras programadas; não era difícil pois tinha um bom "terreiro" servido por uma funda vala com água corrente; ali o tio mandara abrir um enorme tanque, como se fosse uma autêntica piscina e que servia como reserva de águas para as regas, vinda talvez dalgum ponto do rio situado mais acima, continuando depois pelas partes mais baixas das restantes casas do bairro. A ampliação da casa foi iniciada com paredes exteriores às existentes, que se mantinham até à conclusão daquelas e à cobertura total da nova área; para a parte de trás também foram construídas algumas divisões e anexos destinadas a : capoeiras, oficina, arrumos e alguns muros. Ele tinha feito uma grande roda de madeira para movimentar uma bomba manual que puxava a água da vala para um pequeno tanque a um nível mais elevado. Era com grande entusiasmo que colaborávamos, incluindo nas "rodadas" dessa bomba; esses blocos eram feitos no chão em caixas de madeira desmontáveis cheias com a massa preparada mesmo ao lado e que se retiravam algum tempo depois para continuar essa produção a "céu aberto".
Tínhamos a ajuda de alguns companheiros da vizinhança que também colaboravam de boa vontade na colheita dos "tabaibos", existindo em quantidade nesse quintal; isso era conseguido com a ajuda de compridas canas com um grande prego na ponta; depois de espetado no alto e centro do fruto, dava-se-lhe uma "torcidela" com todo o jeito para não o estragar nem deixar cair e ser logo atacado pelas galinhas que sempre por ali andavam! Depois eram esfregados com o pé (calçado) sobre o capim para lhes retirar os malfadados picos, muito finos e curtos, difíceis de serem removidos dos dedos e ainda pior quando chegavam aos lábios ou à língua!
O projecto do tio JOÃO incluía a construção dum extenso e alto muro limitando toda a área do enorme quintal, com um grande portão de chapas de zinco para a entrada de viaturas e, do outro lado, ao fundo, um mais pequeno que dava acesso à horta e ao pomar e, deste, ao rio.
-- Entretanto, nessa nova casa também se juntava a malta miúda em renhidos jogos de futebol ou ainda num outro grande espaço que ficava em frente da casa, do outro lado da rua ladeada pelos eucaliptos. Por sua vez também "os mais velhos" se reuniam numa dessas casas, muitas vezes na nossa, em divertidas partidas de sueca, jogo do loto e, na rua ou no quintal, ao jogo da malha. As noites de "loto" eram bastante concorridas e com certa frequência. Havia sempre alguma petiscada e bom entendimento, mas já não era tão divertido como no saudoso "Bairro do Benfica". Ainda assim, de vez em quando se improvisava uma festa ou um bailarico, juntando diversos rapazes e raparigas, além dos seus familiares, mas também se reuniam para prestar as colaborações que se entendiam necessárias.
Neste Bairro recordo principalmente determinada época em que surgiram certas dificuldades em PORTUGAL, motivadas pela situação que a EUROPA atravessava e em que foi considerado conveniente fazer remessas de certos artigos de primeira necessidade para as respectivas famílias. Então juntavam-se, geralmente em nossa casa (talvez por estar mais central ou de haver bastantes espaços e ainda pelo estado de saúde da avó EMÍLIA, impossibilitada de se movimentar ) ; as senhoras cortavam o pano-cru dos grandes sacos de açúcar para confeccionar outros muito mais pequenos (apenas para um quilo desse produto), aos quais era logo cozido um cartão para servir de etiqueta; à malta miúda cabia o papel de encher e pesar esses pequenos sacos para depois serem fechados por algumas das senhoras; entretanto os homens ocupavam-se mais em escrever algumas cartas ou preencher as papeladas necessárias para os seus despachos pelos Correios e, certamente, também nuns jogos de sueca.
Os meus padrinhos, ALICE e JOSÉ PEYROTEO, moravam então num Bairro próximo do antigo Rádio Clube da Huíla, no LUBANGO, ou seja num extremo da cidade oposto ao nos-so e ainda bastante distanciado; mesmo assim e sem utilizar qualquer transporte, o que ainda era muito raro, deslocavam-se com certa frequência a nossa casa com os seus filhos, HERLANDER e EDNA e, por vezes, também ainda tomavam parte nas referidas reuniões e nas nossas diversões. No meio do largo corredor central da casa, havia duas portas envidraçadas, com molas, (basculantes), o que fazia parte das brincadeiras; certa vez eu andava perseguindo a EDNA numa correria e com um sapato erguido na mão para a atingir, só que ela escapou-se pela referida porta que continuou oscilando e eu bati em cheio num dos vidros, ficando logo todo em pedaços ! A EDNA escapou-se mas, eu, é que não escapei de levar a respectiva surra, provavelmente com o mesmo sapato!
Não posso deixar de recordar ainda as imensas horas em que o amigo CLÁUDIO SENA FERNANDES, um bom estudante no liceu, residente no bairro, dispensava em nossa casa ao nosso pai em explicações para adquirir outras habilitações que lhe facultassem o acesso a concursos e à possibilidade de promoção na carreira que tinha iniciado num modesto cargo e só com a sua grande vontade e dedicação tinha conseguido uma melhor situação.
. Devo ainda relembrar a presença em nossa casa do amigo "JUCA" (HERMENEGILDO MALVA). Ali esteve durante um certo período para frequentar o Liceu, porquanto seus pais residiam em MOÇÂMEDES. Ainda nesta moradia, por diversas vezes, íamos dar uma ajuda ao amigo EVARISTO, com gosto e habilidade para a fotografia, que se instalava numa dependência da Cadeia e onde se concentravam os trabalhadores destinados "ao contrato" e mesmo alguns presos, para serem fotografados com uma grande placa pendurada ao pescoço com um número de identificação; essas fotos destinavam-se às suas cadernetas pessoais, pois ainda não possuíam bilhete de identidade! A seguir dávamos-lhe jeito ao passar os seus negativos pelos líquidos "revelador" e "fixador" e era com satisfação que víamos surgirem as imagens dos fotografados que se colocavam-se ainda num vidro para secarem completamente antes da entrega.
Nesse quintal da Cadeia e mesmo em certas ruas da cidade viam-se então alguns camelos, pastando ou passeando. Tinham sido utilizados noutras épocas em campanhas militares.
..............................
--- SÁ DA BANDEIRA (LUBANGO) -- Um Jardim cheio de flores (fixas e móveis. Em primeiro plano, à esquerda o "HOTEL DO PADRE", ao centro a CÂMARA MUNICIPAL e à direita a firma "PEREIRA SIMÕES" --- (clicar para aumentar) ---
-- 1940 - Falecimento em SILVA PORTO do major ARTUR E MORAIS.
-- 1940 - Nesta época rebentava a "Guerra dos Mucubais".
-- 1940 - DEZEMBRO - 11 - Portaria nº 3.578 - (B.O. nº 49) - Autoriza a criação do INTERNATO DO LICEU "DIOGO CÃO".
-- 1940 - Nesta época rebentava a "Guerra dos Mucubais".
-- 1940 - DEZEMBRO - 11 - Portaria nº 3.578 - (B.O. nº 49) - Autoriza a criação do INTERNATO DO LICEU "DIOGO CÃO".
-- 1941 - JULHO - - Portaria nº 3.732 (B.O. nº 26)que aprova a Lista das cidades, vilas e povoações de ANGOLA.
-- 1941 - JULHO - 16 - Portaria nº 3.742, publicada no B.O. nº 29 - A ESTAÇÃO DOS CORREIOS DA CHIBIA passa a 1ª classe.
-- Ali foi colocado o nosso pai como Chefe da Estação. Era uma vila situada na estrada que ligava SÁ DA BANDEIRA ao 79++interior (CUANHAMA). A nossa mudança deve ter tido lugar durante um período de "férias", ou já nas chamadas "férias grandes" (entre Janeiro e Março), para não prejudicar a frequência na Escola nº 60 ("LUIS DE CAMÕES"); a minha outra professora nessa Escola foi a D.ANA COSTA, mãe da SARA e da LUCÍLIA e o director era o professor SILVA, pai do ANÍBAL, nosso colega; era muito ríspido e de "poucos amigos", não se descuidando com o uso da sua grossa palmatória (a "menina de cinco olhos").Por vezes também gostava de nos atingir com um pontapé quando algum metia água na chamada ao quadro; este era montado num cavalete, com um tripé. Certo dia um dos castigados desviou-se do pontapé, mesmo junto duma das pernas do cavalete e o resultado foi o Sr. SILVA ter de andar com o pé engessado uma data de tempo; talvez lhe tenha servido de emenda! No entanto, a "ESCOLA CAMÕES", onde tivemos bastantes e bons amigos, ficou para sempre guardada na memória. Como a casa do tio JOÃO já tinha mais espaço e melhores condições minha avó HERMÍNIA ficara ali instalada, assim como o tio HUMBERTO, o primo VICTOR, o JUCA, (estudante e filho dum colega de nosso pai) e o meu irmão mais velho que começaria a frequentar o Liceu, seguindo para a CHIBIA nós com a avó EMÍLIA que continuava paralisada dos membros superiores e inferiores e com muitas deficiências de comunicação, passando a maior parte do tempo na cadeira de verga ou mesmo deitada sob a vigilância e cuidados constantes da incansável e dedicada tia LILI). Assim, a avó EMÍLIA só podia contactar-nos através dela, que conseguia decifrar as fracas e reduzidas palavras que ainda articulava, mas nunca se esquecia dos nossos aniversários e da sua habitual prenda : uma nota de cinco angolares. Numa dessas ocasiões, ainda no LUBANGO, fui logo à loja do Senhor PALHOTA, bastante longe, já próxima da Rotunda e do Banco de Angola, para comprar uma pequena boneca que vira na sua montra e oferecê-la à minha mãe pelo Natal.
A avó HERMÍNIA era também uma fervorosa benfiquista, indo muitas vezes assistir aos desafios de futebol, até porque o meu pai havia jogado durante alguns anos; creio que foi durante um desses encontros em que um jogador adversário o terá carregado além das marcas e um assistente ali próximo, talvez "sportinguísta", ainda gozou com essa atitude. Minha avó não gostou nada e "descarregou" o seu chapéu-de-chuva no entusiasmado manifestante que logo desapareceu daquela perigosa área de ataque ! Nossa avó HERMÍNIA era muito comunicativa e sempre nos deliciava com as histórias doutros tempos ou ainda com as inesquecíveis aventuras de "Texas Jack" e do "Conde de Monte Cristo",estando todos muito atentos, sentados à sua volta, enquanto roíamos uma saborosa maçaroca ou bocados de jinguba (amendoim) torrada, que era comprada na loja do senhor ABEL TAVARES, ou, no "tasco" ao lado, do senhor SÃO ROQUE.
Recordo essa primeira viagem que fizemos para a CHIBIA, num percurso ainda desconhecido e que constituiu uma pequena aventura; durante quase todo aquele mau trajecto não existiam residentes mas apenas bastantes matas e alguma bicharada pelas árvores e pequenos montes e que por vezes atravessavam a estrada quase na altura de passarem os carros.
A primeira casa onde nos instalámos na CHIBIA pertencia à família FREITAS e situava-se ao longo da rua principal, num seu quarteirão, incluindo a sede do Sporting local e que terminava na residência da família VIEIRA MONTEIRO que ficava em frente da Escola Primária. Ao nos-so lado direito havia uma estreita travessa, a seguir o Jardim Público, quase em frente, estava a Estação dos Correios, mais acima a Administração e residência do Secretário Administrativo. Nessa travessa e mesmo junto ao prédio existia uma enorme e funda vala com água corrente, parcialmente aberta e constituindo um sério perigo. Essa foi também uma das razões que levaram meus pais a mudarem para outra casa com mais espaços. Mas, em cada mudança, em cada casa, ficava um pouco de nós !
Pertencia então ao casal MENDES, sendo a mulher mais conhecida por "D.CHAPICA" e a renda mensal era de cinquenta angolares. Embora não fosse muito maior do que a anterior, tinha as necessárias divisões. Na parte da frente, junto à rua, havia uma grande sala e um quarto; depois para trás e a um nível mais baixo, com acesso por alguns degraus, uma outra sala e quarto; mais ao fundo estava a "casa de banho", despensa e cozinha de piso térreo. Tinha um razoável quintal com alguns anexos, forno e capoeiras e, mais para baixo, estendia-se uma horta que era limitada por grandes pessegueiros e uma "caudalosa" levada, proveniente dum desvio (na zona da "FAZENDA AMÉLIA"- TCHINQUERÉRE) localizado a partir do rio TCHIMPUMPUNHIME.
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++++++ -- Foto nº 8 / 5º Vol. Pg. 30/31 - RIO TCHIMPUMPUNHIME - (HUILA/CHIBIA) - (MAIO) - 30/31 -
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Nessa zona e muitos anos antes (1893), tinham sido concedidos 300 hectares de terrenos ao nosso bisavô COSTA ALEMÃO em reconhecimento pelas suas colaborações prestadas às entidades superiores e em diversas campanhas militares.
Essa levada era um dos locais preferidos, pois, quando havia cheias, trazia muitos peixes arrastados pela corrente e ali tínhamos então oportunidade de os apanhar com uns cestos de vime. Noutras alturas por ali "pescávamos" caranguejos e sapos. Como noutros locais essa levada atravessava toda a vila, ao fundo dos seus quintais e hortas das habitações. Do seu lado inferior existia então um enorme pomar de citrinos que se estendia até ao rio e que pertencia aos nossos vizinhos, D. LUÍSA e senhor GUILHERME TEIXEIRA. Tinham bastantes filhos, alguns ainda em casa, (mesmo já adultos) : ALDINA, ALFREDO, GUILHERME, INÊS, JULIETA, LÚCIA, MARIAZINHA, QUISITA, e às vezes também alguns dos seus familiares, senhor VICTORINO e filhas : - CLOTILDE, IRENE, MARIA ANTÓNIA, OLGA e RAQUELINHA; ali residiam ainda os filhos dum comerciante e amigo do interior (ANTÓNIO e ARMANDO CHAVES). Do lado esquerdo da nossa casa vivia o senhor enfermeiro CARRACINHA (?) com sua família, também com uma filha. Numa outra casa, um pouco mais afastada, depois duma rua bastante inclinada e com poucas habitações prolongando-se até ao rio, estava o casal TELES (MANUEL) e seus filhos : ADÉLIA, ÁLVARO, FERNANDO, JOSÉ, FILOMENA e (?). Assim, tínhamos ali logo dos dois lados uns novos companheiros, alguns, colegas de escola e todos futuros amigos. Mais abaixo existia uma casa com alguns funcionários solteiros e a seguir alguns pomares.
Fui matriculado na 3ª classe da Escola Primária nº 67, de "PINHEIRO CHAGAS", situada perto do largo da igreja, sendo minha professora D. RAQUEL RIPPERT MENDES, mãe da LOURDES, NATÉRCIA, JOÃO AURÉLIO E JOSÉ ÂNGELO, também meus colegas nessa escola (eram sobrinhos da D. CHAPICA MENDES, nossa senhoria). O Director da mesma era o senhor ARAÚJO, havendo ainda como professores sua esposa D. ILDA e o senhor MASCARENHAS; este era natural do Oriente, tendo ainda uma certa dificuldade em se expressar em português, pelo que era o primeiro a cometer deslizes. Numa dessas vezes e depois do professor ARAÚJO ter estado a explicar como se devia formar uma certa frase, surgira à porta o professor MASCARENHAS aplicando-a erradamente : "...óh Áraujo, eu vou no Hospital"...), o que serviu de galhofa geral ! Além disso tinha o desagradável hábito de bater nas orelhas dos alunos com uma fina e comprida cana de bambu (talvez nalguma reminiscência de sua terra natal). Essa Escola mista, criada em 1888, tinha um agradável ambiente, registando-se um convívio franco e respeitado. Nos intervalos das aulas e junto às sebes de buganvílias existentes à volta de quase todo o pátio, eram instaladas as "casinhas", com simulação da preparação e consumo de refeições domésticas em que mesmo os rapazes também colaboravam. Em frente à Igreja e à Escola, num grande espaço livre, jogávamos à bola nos intervalos ou noutras horas. -- (- Consultar "LISTA GERAL" na parte final desta rúbrica)-
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-- 1941 - A dita "GUERRA DOS MUCUBAIS" tomara grandes proporções e danadas consequências. Nela se destacou a figura de TYINDUKUTU.
Para um melhor esclarecimento desse terrível conflito tomámos a liberdade de transcrever, um excerto de : RUY DUARTE DE CARVALHO na sua esplêndida obra "VOU LÁ VISITAR PASTORES" - Pg. 79 - (ed. Julho 2000 - CÍRCULO DE LEITORES - :
..."A guerra dos Mucubais, para os Portugueses, terá sido o remate de um processo de eliminação de um obstáculo à sua plena soberania e a um arbítrio que remontava às primeiras questões e acções de razia e contra-razia, sensivelmente e meados do século passado, portanto. Para os Kuvale ela revelou-se uma razia final contra eles desencandeada, já que 95% do gado que detinham lhes foi extorquido, e sobretudo, talvez, uma rusga despropositadamente devastadora. Foi uma guerra que arrancou tudo, gado e gente, e por isso é referida como a guerra de "Kakombola" : kakombola é arrancar uma coisa, arrancar tudo, não deixar nada. Morreu muita pessoa. Aqueles que iam sendo agarrados eram depois conduzidos presos, aquele que estava cansado era morto, aquele que não andava depressa era morto também. Chegavam aqui, amanhã tiravam um grupo, matavam. às mulheres,matavam só as que não queriam dormir com eles. As tropas estavam estacionadas no Kamukuio, no Xingo, em Campamgombe, no Tyakutu. Nesses tyilongo é que concentravam os homens, daí tiravam os que iam ser mortos, os outros saíam para trabalhar, os dias todos, na estrada. Essas tropas eram soldados indígenas comandados pelos Brancos, e eram muitos. Havia Tyimbundu (Munanos),Mwílas, Tyilengue-Humbe. Eles é que apanhavam os bois, sim, mas parece que estavam a trabalhar na conta dos Brancos, ou se era na conta deles,isso não podemos saber. Depois quando a guerra acabou é que as pessoas começaram a ser mandadas para S.Tomé, para o Príncipe,para a Damba, para a Lunda. Primeiro éramos conduzidos a pé, ou de comboio, ou nos camions até Mossamedes, depois íamos de barco até Luanda, daí é que se dividíamos."...
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-- 1942 - NOVEMBRO - - Publicação no B.O. do D.L. nº 1.299 que regulamenta o "SELO DE ASSISTÊNCIA" em ANGOLA
-- 1944 - A dada altura verificou-se a recepção na CHIBIA, dum ilustre visitante nacional: o senhor Cardeal CEREJEIRA, com uma grande e vistosa comitiva. Fomos colocados todos em fila à entrada da vila, ainda antes do velho Hospital, na rua do cemitério e da serração do senhor FIGUEIREDO,(D.JUSTINA e filhos : EURICO e EUNICE) e da casa do Administrador do Concelho, HERBET DE AZEVEDO (pai do ARMANDO ou SOUSA DIAS(??); eu era o porta-bandeira da Escola tendo ao lado a colega TEREZA VAN DER KELLEN e todos os professores da Escola. Tantas manobras fiz que se desprendeu a parte superior do pau da bandeira (a ponta) indo parar em cima dum colega, no preciso momento em que o visitante se aproximava, a pé, abençoando a extensa fila !
A CHIBIA tivera uma razoável evolução e já fora base e palco de importantes movimentações militares, até pela sua posição estratégica entre o LUBANGO e o CUANHAMA, a caminho do SUDOESTE AFRICANO. Tornara-se numa vila interessante, com uma vida social alicerçada nas suas Associações Recreativas e Desportivas (Grémio e Sporting) com as respectivas sedes, onde periodicamente efectuavam Festas Anuais e os bailes de fins-de-semana. Havia sempre mais raparigas do que rapazes, sentadas à volta do grande salão com a respectiva "fiscalização" à sua retaguarda, sendo uma atracção para os citadinos do LUBANGO, prolongando-se pela noite fora até de manhã..." com o sol a dar pelos joelhos"...e, ainda mais, continuando depois nas tardes de Domingo ("matineés dançantes"). Durante esses bailes não faltavam os habituais "quinos" e um pequeno bar; a música era com discos e gramofone, necessitando de "maniveladas" quase permanentes, assim como a mudança de agulhas ! No salão do Grémio essa assistência era de conta do senhor PASSINHAS ou de algum catraio, como eu ou outro, que se oferecesse para o fazer. Mais famosos eram ainda os bailes de "Fim de Ano" em que havia uma renhida e sadia disputa entre os dois clubes, com "espiões" vigiando-se mutuamente durante a noitada a ver quem aguentava mais tempo; geralmente acabavam empatados e então, já todos juntos, no "corte de ténis" do Jardim Público continuava ainda por mais umas horas, com o tal sol já bem "acima dos joelhos"! Mas, não ficando por aí, em seguida ainda havia as visitas às "lapinhas" particulares, nem faltando uns petiscos e as respectivas bebidas! À noite já estava tudo afinado para continuar a farra num ou noutro dos salões de dança!
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-- Periodicamente o meu pai tinha de se deslocar à Direcção dos Correios (dita REGIONAL), em SÁ DA BANDEIRA, apenas mantendo-se na Estação da CHIBIA um seu auxiliar (guarda-fios) e com pouca prática no restante serviço; então normalmente eu ficava como que fazendo de substituto do "chefe" e, lá ia atendendo os poucos e habituais clientes, colaborando ainda na obtenção das ligações telefónicas com o LUBANGO ou outras estações do interior, o que não era nada fácil dadas as fracas condições e ao material então existente. Por vezes também fazia algum uso do aparelho de "Morse" ali existente para certas situações e cujo uso havia aprendido com o meu pai. Ficava todo radiante quando ele regressava já de noite e lhe relatava o resultado do meu "trabalho".
O rio TCHIMPUMPUNHIME, com origem nos rios NENE e NEVE (sendo um só), percorre uma boa extensão dentro da vila, paralelamente à sua rua principal, ou seja ao fundo dos quintais e hortas, para as quais tinha grande utilização por intermédio da levada, bem como ainda para os pomares que se situavam logo abaixo, até chegarem ao rio. Do nosso lado este era alcançado percorrendo a rua que separava as casas dos vizinhos TELES e CARRACINHA, até ao fim da descida onde se encontrava uma antiga ponte, partida e já meio tombada em virtude de anteriores cheias. Mesmo assim ainda era utilizada quando o rio levava menos água, descendo nesse ponto da quebra, seguros nos seus ferros e contornando o pilar em toda a sua largura pelo lado de baixo, até alcançar, já do outro lado, as areias da margem direita ou, então, para os mais ousados, saltando directamente do final do tabuleiro, quebrado e plano, para essas areias, sendo até uma aventura com que nos divertíamos frequentemente!
Foi nesse local que um belo dia se registou um interessante episódio : - andávamos num habitual jogo de futebol na nossa rua, defronte das casas e com os vários rapazes vizinhos, incluindo ainda alguns, mais afastados, da família BETTENCOURT (JOÃO) : - ALBERTO, ANGELO, RAÚL(ZURITO), RUCA (ZÉ MARIA), SÉRGIO, além das moças : - ALDINA e MARIA LUISA,); moravam na rua de cima, em frente à casa do Administrador mas tinham um quintalão que terminava em frente à nossa e com um portão de acesso. De repente vemos passar um "bâmbi" em correria por essa descida em direcção à ponte; como sabíamos que a mesma estava interrompida, logo concluímos que dali não passaria e seria o sítio ideal para o caçar ! O que nos valeu foi a presença do nosso trabalhador (da horta), NYANGA, por ter ouvido o alarido da perseguição ao animal. Já estávamos sobre a ponte com o bichinho encurralado e fechando o cerco para o apanharmos, quando ele gritou para pararmos. Aproximou-se cautelosamente, de "porrinho" na mão e quando o animal se acalmou e ficou imóvel, lançou-o num golpe certeiro que o atingiu na cabeça, deitando-o logo por terra. Depois, mostrou-nos então o perigo em que estávamos correndo : - o "inocente" bicho tinha nas patas traseiras umas autênticas lâminas com que se defenderia se fosse agarrado ! Ele mesmo o transportou ás costas perante satisfação geral e, já no nosso quintal, o esfolou e repartiu entre todos.
Nalgumas ocasiões contava-nos "histórias" sobre os animais selvagens por ali existentes, com alguma fantasia à mistura! Uma delas era sobre as hienas que, à noite, além de imitarem os choros de crianças, também se punham de pé, próximo duma possível vítima, para lhe medir a altura, só atacando as que fossem mais baixas... Então os nativos quando andavam nessas zonas usavam uma vara com um chapéu no alto !
Um outro episódio interessante que ali se registou foi o do aparecimento duma onça empoleirada numa árvore, bem próximo do Hospital; um nativo resolveu afugentá-la à pedrada ! A sua sorte foi estar ali perto um bom atirador (talvez o Senhor FIGUEIREDO, da Serração), livrando-o dum perigo certo!
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Não posso deixar de recordar outros colegas, amigos e algumas famílias então residentes na CHIBIA, além das já mencionadas, o que constará em lista própria na 6ª parte, final deste trabalho, agradecendo a necessária colaboração dos interessados.
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Aos sábados, domingos e feriados, lá íamos com o nosso pai, rio abaixo ou acima, às vezes até longas distâncias em demoradas pescarias, quase sempre compensadas por razoáveis bagres, apesar dos difíceis acessos até à sua beira ou dos possíveis riscos que nos podiam surpreender; esse pescado era um bom componente para uma saborosa caldeirada ("muqueca")! Em certas zonas do rio havia uns já bem conhecidos e perigosos "poços" (como o "BUNDO-MA-INE" - ou "BUNDO - MAIMO" -?? ("barriga grande") mas, sempre com outros companheiros, andávamos mais descansados.
-- No LUBANGO o tio JOÃO passara a fazer viagens semanais com uma camioneta "DIAMOND", mista, para passageiros e carga, da mesma empresa e percorrendo o trajecto entre SÁ DA BANDEIRA e NOVA LISBOA. Um seu colega e amigo, GORDON BLACK, costumava fazer a viagem entre SÁ DA BANDEIRA e o ROÇADAS; assim, todas semanas (à Segunda-feira de manhã cedo), transitava pela CHIBIA e, como também era conhecido dos meus pais, parava em nossa casa para o "mata-bicho". Mas, geralmente, não era só ele pois alguns passageiros, conhecidos ou não, tinham igual benefício (à borla). Minha mãe, já especialista em aperitivos, doces, bebidas caseiras (licores, sumos, etc.), esmerava-se em atender toda gente e também assim fomos ganhando novos conhecimentos e mesmo amizades.
Na época das grandes cheias nos diversos rios da zona e nas suas mulolas, principalmente já no CUNENE e seus afluentes, registavam-se bastantes dificuldades de abastecimentos básicos ou porque muitas produções eram completamente arrasadas, lançando o espectro da fome sobre diversas populações. A certa altura do ano aparece de frente da nossa casa uma camioneta bem carregada com sacos de milho e outros produtos, vinda de SÁ DA BANDEIRA com destino à zona do ROÇADAS. O condutor não era o habitual, Sr. GORDON, nem pertencia à mencionada empresa (talvez fosse MANUEL VITÓRIA (?) ; então, da cabine, saltou um outro indivíduo, atarracado, com traje africanista : meias altas, calções, "balalaika" (tudo de caqui) e com capacete colonial. Bateu à porta pois pretendiam tomar o "mata-bicho", talvez com a informação que era habitual fazerem-no ali, quando na vila existia, pelo menos, a "PENSÃO CAMÕES" ! Ainda maior foi o nosso espanto e admiração, quando soubemos que o ilustre desconhecido "africanista" era o Governador da HUÍLA, capitão SILVA CARVALHO ! Ia então, pessoalmente e naquele transporte, percorrer algumas centenas de quilómetros, para prestar socorro às populações mais necessitadas. E, para rematar, não se esqueceu efectivamente de aceitar o convite de por ali passar no seu regresso. Era assim a nossa ANGOLA!
-- Para me habilitar à admissão ao Liceu frequentei durante algum tempo (em SÁ DA BANDEIRA) as explicações da "MENINA AIDA" (da família GARCEZ - com seus filhos : FERNANDO, MARIA JOÃO(?) PEDRO, JOSÉ...) em sua casa, próximo da Igreja da Missão da HUÍLA. Tinha uns bancos compridos que por vezes instalava no quintal por serem muitos os candidatos. A sua "palmatória" eram os dois dedos da sua mão direita batendo nos nossos braços, mas que ninguém os desejava !
-- No 1º ano do Liceu "DIOGO CÃO" fui incluído na turma A, onde havia diversas raparigas (em maioria) e, como tinha dificuldades visuais, fiquei sentado numa das carteiras da frente, normalmente destinadas às moças. O ambiente era bastante agradável e depressa se estabeleceram boas relações e mesmo algumas sentimentais. Recordo alguns dos seus nomes : - ALICE GERALDES, ANA TAVARES, ANTÓNIA, "CHALECA" GUIMARÃES, LEDA, LINA ARMADA DE MENEZES, MARIA ALBERTINA COELHO, MARIA LUIZA T. CERVEIRA, MARIA LUÍSA FERREIRA, MARIA OCTÁVIA BURNAY, RAMIRA... Quanto aos rapazes : - AMADOR - BAPTISTA COELHO, CARIA, DIAS FERREIRA, EDUARDO CALÇAS, FERRAZ DA SILVA(ANTÓNIO), FLÁVIO GERALDES, IVO PINHEIRO, JUVENAL N. MOITA, LOURENÇO BASTOS (?), MANUEL T.PENA, MAXIMINO BORGES, CARLOS JÚLIO MELO E CASTRO, NARCISO CERVEIRA, NÉLINHO, ÓSCAR GIL AZEVEDO(?),ROLDÃO, VIVALDO G.TEIXEIRA. (- Ver LISTA GERAL (4) anexa) -............................. ................ ......................
Dos nossos professores, nessa altura, recordo-me dos seguintes : - ALBINO FERNANDES SÁ (Religião e Moral), dr.TEIXEIRA LUCAS (Português) e esposa D. REGINA (Matemática), ARNALDO CORREIA (Ginástica),BRILHANTE DE PAIVA, JOSÉ FREITAS (Desenho ?), dr. ALMEIDA (LAVRADIO)- (História), PITA SIMÕES (Canto Coral), dr. CARLOS NEGRÃO (Desenho ?), dr. MIRANDA (Francês)...(?), (ALBUQUERQUE -?), GASTÃO DE SOUSA DIAS (Desenho ?),WALTER (?). A sala estava situada no piso superior, ao centro. - (Ver "LISTA GERAL") -
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dightonrock.com/diogocaoi1.htm
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-- Como os nossos pais ainda continuavam na CHIBIA, só lá regressava nas férias, embora a distância do LUBANGO não fosse muito grande. Geralmente utilizávamos a boleia da camioneta do Sr. ANTÓNIO DE ALMEIDA, mais conhecido por "ANTÓNIO MALUCO", pai dos colegas (LÉLÉ, MARIANA e HELDER). Era um indivíduo alto, um tanto franzino, mas cheio de energias, enfrentando todos problemas com a maior das calmas e boa disposição. Íamos então sobre a carga da sua viatura, em grupos razoáveis de rapazes e raparigas e no melhor dos pagodes; essas cargas tanto podiam ser de sacos de batatas, como de milho, farinha, conforme o destino. Essas viagens normalmente demoravam bastantes horas, terminando ao fim do dia e, por vezes, completávamos o último percurso com uma boa caminhada a pé, porque já não havia hipóteses de resolver as inúmeras avarias que iam surgindo, a maior parte delas por causa do estado desgraçado dos pneus. Havia então muita dificuldade em adquiri-los no mercado legal, tanto mais que eram ainda de importação. Levavam remendos a fogo, quase uns em cima de outros, havendo quem, para remedeio, os enchesse com capim !Mas isso constituía um facto habitual e com a boa disposição do senhor ALMEIDA e com os diversos farnéis que nos acompanhavam, até se tornava numa paródia; o "almoço piquenique" realizava-se geralmente na chamada "Curva da Morte",que era bem apertada e muitos já ali se tinham despistado ou "virado de cangalhas".
A nossa estadia em casa do tio JOÃO tornara-se um tanto complicada porque às vezes éramos bastantes, como já mencionei. O tio estava fora quase toda a semana com a sua "carreira" habitual para NOVA LISBOA. Iniciava-a geralmente à Segunda-feira, logo bem cedo; de casa nós ouvíamos o "roncar" da sua DIAMOND trepando a subida no Bairro de SANTO ANTÓNIO, a caminho para o "16", cruzamento onde a estrada bifurcava, seguindo para : CHIBIA e ROÇADAS; - para QUILENGUES, CACONDA e NOVA LISBOA, ou ainda para BENGUELA. Ele era um condutor calmo; bem, nesse tempo não havia hipóteses de grandes velocidades, não só pelas pesadas viaturas, como pelo habitual mau estado de conservação das estradas. Isso ainda se tornava muito mais complicado quando havia grandes chuvadas, tornando-as em verdadeiros lamaçais e ratoeiras para os menos cuidadosos. Era viagem para demorar também um dia inteiro, com bastantes paragens obrigatórias para o serviço de passageiros, cargas, correios, além das necessárias para as refeições em locais já previamente determinados. O tio JOÃO era assim bem conhecido e até estimado em todo esse trajecto, não só pelos comerciantes, hospedeiros e já por muitos dos passageiros habituais, incluindo os estudantes de NOVA LISBOA que se deslocavam várias vezes a SÁ DA BANDEIRA para ali efectuarem os seus exames do 5º ano, no Liceu "DIOGO CÃO" ou, para depois continuarem os estudos liceais (no 6º e 7º anos), ainda só ali existentes e em LUANDA.
-- Havia assim um franco e agradável convívio entre aquelas duas cidades do planalto, às vezes com certas rivalidades !
Uma das facetas mais interessantes nas viagens para NOVA LISBOA era a paixão do meu tio pela caça ! Nessa época era quase vulgar encontrarem-se algumas peças ("animais bravios"), às vezes mesmo durante o dia, ou então já quando a noite descia; se lhe agradavam, parava a DIAMOND e com o ajudante carregando uma bateria de 12 (ou 6 ?) volts e com um bom farolim, lá seguia em sua perseguição; era um bom atirador e acabava conseguindo os seus objectivos. No seu regresso, os passageiros que haviam ficado à espera na viatura, logo se entusiasmavam ou até ajudavam no carregamento, consoante as dimensões do "bicho". Desse tamanho e do êxito alcançado dependia também o nosso abastecimento caseiro ! No entanto, mesmo sendo uma carne fresca (de início agradável), podia tornar-se degradada e desaconselhável quando durava tempo demais, se não fosse bem tratada. Não havia então sistemas frigoríficos domésticos e a solução era a de tentar secar a carne cortada em finas tiras, expostas ao sol, de que resultava a famosa "carne seca" ("carne de sol" como dizem os brasileiros); portanto aquela era a nossa base de alimentação quotidiana, apoiada com batatas cozidas e algumas hortaliças da própria horta e às vezes complementada com alguma fruta de igual origem (até os tabaibos e as goiabas eram abençoadas), nem que fossem surripiados às vistas da tia, no que às vezes tomavam parte os seus sobrinhos directos, (filhos de suas irmãs EDITE, DULCE e do irmão "ZÉ POCOLO");
A "peça" de caça era depois dependurada numa divisão dos anexos ao lado de cachos de bananas ainda verdes e dos cordões de cebolas.
Da CHIBIA, pelo seu colega GORDON BLACK, da carreira do ROÇADAS, chegavam todas semanas cestos com frutas e outros "mimos" que nossa mãe nunca se esquecia de enviar; ali era terra de muita e boa fruta e o nosso pai, Chefe da Estação dos Correios, tinha sempre a casa cheia dessas ofertas, mais por amizade do que por interesses. No entanto, o que acontecia era que só "víamos" algumas dessas "novidades" no dia da sua chegada. De resto, a seguir, tudo ficava armazenado de maneira estratégica a cargo da sua "afilhada" (MADALENA). Com tudo isso as refeições nem sempre eram suficientes nem variadas; as ordens, irrevogáveis, eram transmitidas diariamente ao velho cozinheiro : - " o que há de ser, PACHECO, ?... !"- (com a dita carne), de Janeiro a Dezembro, porque doutra nem havia venda e o "mar estava longe"! Todas as noites, depois do jantar, era feita a prévia distribuição do pão e do açúcar destinado ao café da manhã. Eram os efeitos da crise ! Meu tio, como passava os dias de trabalho fora de casa, aproveitava os fins-de-semana para se desforrar no descanso desde que não tivesse qualquer obra para dar andamento. Desse modo nem se apercebia bem das falhas que se iam passando por casa, que já eram normais, mesmo com os mais idosos, como acontecia com minha avó e ainda com o tio JOSÉ DA CRUZ, quando também por lá permanecia.
.............................. .............................. ................ No meio dessas contrariedades ainda assim tivemos ali alguns tempos bem passados, tanto pelo espírito calmo e alegre do tio JOÃO, como ainda do tio ZÉ, sempre pronto para piadas e historietas, e, principalmente, pela santa, imensa e dedicada paciência de nossa avó HERMÍNIA, que sempre nos ia contando inesgotáveis e prolongadas histórias do "TEXAS JACK" e de outras aventuras, algumas dos nossos próprios antepassados. Eu e o RUI, dormíamos então no seu quarto e na sua grande cama de ferro; eu, deitado ao fundo, atravessado e com uma cadeira e almofada servindo de cabeceira, pois já era bem comprido ! De resto, nesse mesmo quarto eu estudava sentado numa ponta da minha mala de madeira (das roupas, livros e artigos pessoais) tendo na outra ponta uma caixa (das que vinham com barras de sabão ou garrafas de algum vinho importado), servindo-me de secretária! Quanto à iluminação, era a dum candeeiro de petróleo ou mesmo à luz duma vela. Nem por isso deixara de ter bons resultados nos estudos. Minha avó tinha ainda no seu quarto uma velha máquina de costura HUSCUVARNA que servia de secretária do RUI, uma enorme mala onde guardava as suas relíquias doutros tempos e ainda secretas guloseimas com que de vez em quando nos surpreendia. O HUMBERTO, VICTOR e o RENATO ficavam num outro quarto e o tio ZÉ num canto da despensa.
Também não era nada fácil a nossa caminhada desde casa até ao Liceu, a uma grande distância, dum extremo ao outro da cidade, tantas vezes com muita chuva; para encurtar esse trajecto passávamos pela "Fábrica do PINTO" e depois por uns terrenos de culturas, saltando valas, já próximos do rio MAPUNDA, indo apanhar a estrada mais à frente, abaixo da Missão; a seguir passávamos pela Central Eléctrica, numa outra rua sem trânsito automóvel, paralela à mulola, ainda toda descoberta e onde corria apenas um fio de água; bem próximo morava o ciclista "FAÍSCA", vencedor duma "Volta a Angola". Por ali seguíamos até ao alto. O liceu ficava ainda mais para cima, depois da Rotunda (grande Largo do Palácio e do Banco de Angola), depois ainda a casa do Engenheiro GUIMARÃES e o Grande Hotel da Huíla. Nos dias em que havia ginástica antes das outras aulas e em que tínhamos de sair mais cedo de casa, comprávamos um angolar de pequenas bananas (umas 10 a 12) próximo da casa dos SOUSAS, quase no cruzamento duma rua que ia ter à parte central do Colégio das Madres, ou ainda, muito antes, na taberna do SÃO ROQUE, ao lado da loja do senhor ABEL TAVARES, um pouco depois da cadeia. Era a forma de aguentar o balanço!
No bairro onde estava a casa do tio JOÃO, também havia bastantes rapazes e raparigas, logo se estabelecendo novas amizades e que estavam sempre presentes,além das "primas" FÁTIMA e a "TITI" VAN-DER-KELLEN,que residiam no Bairro da MACHIQUEIRA mas não faltavam a essas divertidas reuniões familiares ! O tio JOÃO era um óptimo "viola" e "arranhava" alguma coisa na guitarra, sendo algumas vezes procurado por artistas que passavam pelo LUBANGO para os acompanhar; um de que melhor me lembro pelas suas sonoras e sentimentais actuações foi o cantor CHICO VIEIRA. Um dos seus parceiros na guitarra era então o MOREIRA. Outras vezes também o meu pai dava um jeito (caseiro) na viola. Como meu tio gostava imenso de música tinha adquirido uma boa aparelhagem e bastantes discos, em especial dos velhos tangos de FRANCISCO CANARO e do imortal CARLOS GARDEL (e alguns outros), de que recordo apenas alguns : - "ADIOS PAMPA MIA" - "ARRABAL AMARGO" - "CAMINITO" (*) - "CUESTA ABAJO" - "EL DIA QUE ME QUIERAS" - "LA CUMPARSITA" - "LEGUISAMO SOLO" - "YRA-YRA" - "MANO A MANO" - "MI BUENOS AIRES QUERIDO" - "PALERMO" - "PAQUETIN, PAQUETON" - "POR UNA CABEZA" - "POR TUA BOCA ROJA" - "SILÊNCIO" - "SOY UNA FIERA" - "SUS OJOS SE CERRARON" - "TOMO Y OBLIGO" - "UNO Y UNO" -... e tantos outros, que também eram dos nossos mais preferidos.
--- Por agora, de tantos e belos tangos, parcialmente citados e "clicando" abaixo, recordemos :
--- www.brasilwiki.com.br/ noticia.php?id_noticia=29315
--- www.youtube.com/watch?v= lJjiFp2Vv4M&feature=player_ embedded
--- www.brasilwiki.com.br/ noticias.php?id_noticia=10151
--- (*) - "CAMINITO" --- www.laventanaweb.com
--- OS COMPASSOS DO TANGO :...
--- www.tangobeat.com/buenos- aires/tango.../laventana.html
--- www.tangobeat.com/index. php
--- www.tangomuse.com/canaro. html
--- www.umich.edu/-umtango/ events/festival...instrutors. html
--- www.entusbrazos.fr/
--- www.elportaltango.com
--- www.lastfm.com.br/music/ Carlos+Gardel/_/Tango+ Argentino
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--- www.yotube.com/watch?v=
--- www.letras.com.br/carlos- gardel/arrabal-amargo
--- www.letras.com/br/carlos- gardel/arrabal-amargo
--- www.letras.com.br/carlos- gardel/la-mariposa
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-- www.buy.com/prod/entre- tangos-y-mariachi/9/loc/109/ 60477135.html
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=== Sempre que surgia uma data festiva (Natal, Fim de Ano, Carnaval, Páscoa e outras), ou apenas nalgumas tardes dos Domingos, havia grande bailarico em sua casa com a presença das moças da vizinhança e restante família; de rapazes não era necessário pois já éramos bastantes; então dançávamos desde a tarde até à noite, só fazendo intervalos para as refeições que, quando se tornavam mais prolongadas, logo arranjámos maneira de escapar, dando prioridade à "farra". Meu pai que era um óptimo dançarino, assim como a tia LILI, também alinhavam com a rapaziada, até ensinando-nos alguns dos seus passes mais complicados.
Nessas alturas ou aos fins-de-semana, enquanto nos entretínhamos com as danças os mais velhos sentavam-se à volta duma mesa, enfrentando-se numa aguerrida "suecada", sempre intercalada por uns acepipes e respectivos acompanhamentos. Tudo isso se prolongava pela noite dentro e, em certas datas, continuando no dia seguinte. Desse modo, bastantes e agradáveis recordações ficaram gravadas para sempre. Boas amizades se consolidaram.
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Desde o início do 2º ano liceal passei a figurar na turma B; talvez tenha sido considerado pouco recomendável para continuar na turma A, com a presença de tantas raparigas! A turma B era normalmente um tanto indisciplinada, registando-se por vezes alguns desentendimentos com professores ou mesmo desacatos entre os alunos; várias vezes fui vítima dessas situações por causa da minha ascendência africana(angolana) e ainda brasileira, chegando ao ponto de alguns colegas (pensando serem "brancos de primeira") me chamarem "negro". Mas nesse aspecto, como noutros, não me deixava ficar pelas ofensas verbais e logo lhes marcava um "encontro" fora dos muros que limitavam a imensa área pertencente ao Liceu. Sempre adoptei o sistema de que o primeiro "murro" seria meu e o mais forte possível para marcar posição; assim, derrubando logo o adversário, conquistava alguns pontos valiosos, alterando a "opinião" dalguns assistentes e até o apoio feminino! A receita deu sempre resultado !
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Em casa, ao fim de uma tarde de estudo obrigatório, vigiados pela avó HERMÍNIA, surgia então a hora da paródia, do encontro com os amigos, os pontapés na bola de trapo e, a mais esperada, a oportunidade de contactar com as vizinhas e de avançar uns passos em direcção duma desejada e sonhada relação : - a família (GOUVEIA) havia ali chegado há pouco tempo do interior por causa dos estudos dos vários filhos (NATÉRCIA, IRIA, HEITOR, ARMANDO, ELDER e TIMÓTEO) que logo passaram a fazer parte das nossas amizades.
Como acontecia noutros casos, sempre que surgiam moças novas num bairro, logo a rapaziada da sua "área" ou mesmo de outros bairros e ainda "os da cidade", iniciavam as suas rondas; davam-se até disputas entre uns e outros, cada qual tentando ganhar terreno e "os da casa" defendendo os seus domínios contra as estranhas presenças. Necessitava de tempo, reserva e "estudo do terreno", até porque logo constou que esse chefe da família não era para graças; mas, com uma certa e preciosa colaboração e conivência infantil, acabei concretizando a desejada relação sentimental, o que não passava porém de alguns fugidios e inocentes encontros.Estes novos vizinhos depressa entraram também para a lista dos convites e das festas lá de casa, especialmente das danças, aumentando assim as hipóteses e os tempos dos desejados encontros, enquanto continuavam as passeatas de estranhos pelo nosso bairro. Com o alargar e cimentar dessas amizades volta e meia realizavam-se outras diversões; era o caso dos tradicionais "assaltos" de Carnaval e dos festejos dos santos populares, em que não faltava o "pular" das fogueiras, tanto por crianças como por alguns adultos !
Nessas épocas de Carnaval,nossa mãe era então procurada por diversos organizadores nativos e citadinos ou grupos de danças, para pintar as suas bandeiras; era bastante habilidosa e habitualmente fazia algumas pinturas para nossa casa. Essas encomendas até chegavam a ficar reservadas dum ano para outro. Conhecíamos bem esse bairro pois já lá havíamos morado antes de termos ido para a CHIBIA; alguns dos seus moradores ainda eram os mesmos e já habituais, assim como os seus clientes das pinturas das bandeiras.
.............................. .............................. .............. Quanto ao Liceu e, por algumas das razões já referidas, esse ano lectivo não decorreu tão bem como o primeiro e acabei tendo certas dificuldades com as disciplinas de "Português" e "Matemática". Entretanto e ainda na CHIBIA, havia falecido a avó EMÍLIA que nunca recuperara da sua grave dependência. Lá ficou para sempre, como acontecera com alguns outros nossos ascendentes.A avó HERMÍNIA continuaria em casa do tio JOÃO.
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+++++ (Foto nº 89 / 5º Vol. Pg.351 - LICEU "DIOGO CÃO" - LUBANGO --
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Algum tempo depois, o nosso pai fora transferido mais uma vez para MOÇÂMEDES e, para finalizar esse ano, acabei por ter uma grave doença pulmonar (Pleurisia). Nas deslocações que fazia entre casa e o Liceu e, no mesmo regresso, apanhava muitas chuvadas sem estar talvez bem resguardado. Por outro lado, nosso tio tinha mandado abrir o imenso tanque para acumular as águas excedentes da sua vala e ainda as das chuvas, para as regas das hortas e do grande pomar que logo começámos a utilizá-lo como se fosse uma verdadeira piscina, com entretimentos prolongados; talvez, por alguma dessas razões, tivesse apanhado um grave resfriado que depressa se acentuara, aproveitando-se da minha fraca constituição física. Fui levado ao Dispensário para uma consulta, pensando ser de rotina, mas a situação era já bem mais complicada ! Extraíram-me líquido dum pulmão (pleura) e recebi ordem de baixa para o Hospital. Como nossos pais já estivessem em MOÇÂMEDES, a avó HERMÍNIA foi fazer-me companhia; por sorte conseguira um quarto, mas, como já tínhamos entrado à tarde, não estávamos incluídos na lista dos doentes para efeitos de alimentação nesse dia, conforme entenderam os "entendidos"! Burocracias ou más intenções ?! Como pouco havia comido durante esse dia, foi uma noite danada, rebolando-me com fome ! A avó ainda conseguiu que alguma alma caridosa desviasse um pedaço de pão para entreter o meu estômago vazio. Só depois viemos a saber uma das razões desse "económico aperto hospitalar"! Um dos seus responsáveis, com uma grande família, vivia dentro daquelas instalações e manobrava como melhor entendia!
.............................. .............................. ......................... Alguns dias depois nossa mãe regressara de MOÇAMEDES e ficou a substituir a avó HERMÍNIA no Hospital. Ali passei um mês que não deu para esquecer ! O que valia ainda era então algum apoio caseiro que o meu irmão mais velho conseguia fazer introduzir por uma janela do quarto, situada nas suas traseiras. Lá diz o ditado popular..."mais vale na cadeia do que no hospital"...bem, felizmente, não conheci essa alternativa !
Meu irmão, RUI, terminado o ensino primário na CHIBIA e, feita a admissão, ingressara também no mesmo Liceu, onde passávamos a estar os três ao mesmo tempo. Por todas essas razões e porque também já éramos muitas bocas em casa do tio JOÃO, e eu necessitava dum apoio mais cuidado, nossos pais decidiram alugar uma casa no LUBANGO e que ficasse muito mais próxima do Liceu. Após ter tido alta e ainda de regresso a casa do tio, instalaram-me na sua sala com a recomendação de evitar certos contactos com outras pessoas ali residentes ou visitantes e de fazer um prolongado repouso. Era, pois, urgente arranjar uma alternativa.
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Também não nos foi muito fácil todo esse período e a transição inicial para a nova moradia acabada de se alugar no Bairro do "Colégio das Madres"; pertencia à família MELO, pais de dois jogadores do BENFICA, (ISIDORO e MANECAS). Eram então uns anexos da sua residência, situados mais em baixo, num seu quintal com uma parte destinada a jardim. Em vista de toda essa complicada situação o nosso pai conseguira regressar para o LUBANGO, reunindo-se mais uma vez o agregado familiar.
.............................. .............................. ......................... Por coincidência e ao fim de bastantes anos, regressavam ao Bairro do "Colégio das Madres" e próximo do local onde haviam iniciado a sua nova vida familiar, ainda no tempo do seu avô, COSTA ALEMÃO COIMBRA ! Esses anexos, "tipo comboio", tinham apenas dois quartos, ligados interiormente a uma grande sala comum e uma despensa, servindo ainda de casa de banho com ligação pelo exterior; defronte existia um pequeno quintal e do lado oposto à sala existia uma divisão destinada a cozinha, por trás da qual havia um "quintalito" com uma capoeira; entre a despensa e a cozinha situava-se uma pequena cobertura de zinco sob a qual, no canto, havia um forno onde a senhoria cozia o seu pão e os bolos que habitualmente fazia para venda por intermédio dum quitandeiro. Dali um portão de zinco dava acesso para o lado de trás, onde corria uma extensa levada vinda do rio MAPUNDA e que servia as grandes hortas e pomares dalguns vizinhos situados mais acima e dos nossos senhorios; dessa sua zona ainda nos cederam uma pequena parte para nosso uso. Lá estava sempre o eterno rio MAPUNDA, (também conhecido por "RIO DAS PEDRAS") limitando os nossos quintais ou hortas! Essa vala ficava logo a seguir a uma estreita faixa de terreno com uma romãzeira e algumas canas que nos davam algum refúgio e um pequeno espaço com certa privacidade.
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Nessa vala, bastante mais baixa, também nos entretínhamos a "pescar" sapos e caranguejos. Na citada divisão destinada a despensa e casa de banho existia uma pequena fossa, quadrada, com meio metro de profundidade, cimentada, servindo de banheira; uma outra hipótese utilizada nessa época era a "selha" (metade dum barril de madeira). O chuveiro "de lata" ficava pendurado por intermédio duma corda e com uma roldana que permitia subir ou descer para ser atestado convenientemente ao gosto do "cliente"; a sua torneira era "comandada" por dois fios ou arames para "abrir ou fechar". Como em muitas outras casas de banho, não existiam sanitários, entrando ao serviço os pequenos bacios de esmalte (para as crianças) ou o "chapéu alto", do mesmo material (para os mais velhos)! Voltando aos quartos, eu e o RUI dormíamos no mesmo da tia LILI, ligado ao dos nossos pais, com uma passagem pelo interior para a sala; um pouco mais afastado havia um outro, em separado, onde ficaram o HUMBERTO e o RENATO; ao lado deste existia ainda mais um já ocupado pelo QUEIRÓZ, colega do nosso pai. A seguir a esse quarto estava um poço fundo onde os restantes inquilinos também se abasteciam de água para certos usos através dum balde munido de uma corda.
Os nossos senhorios, possuíam nessa rua uma correnteza de casas, logo a seguir à sua, principal, onde residiam. Tinham uma filha, duas netas (LIZETE e LUCY) e um neto, NÉLINHO; na sua casa vivia então um outro neto, mais velho, o BEN-HUR, da parte dum dos seus filhos, já falecidos. Essa sua filha e os outros netos moravam numa residência, na zona superior do Bairro do "Colégio das Madres", mas todas as tardes iam fazer-lhes companhia.
Aos poucos fomos estabelecendo amizades com as duas moças, ao princípio mesmo ali em frente dessas casas, numa ponta mais elevada do passeio que nos servia de banco, com as senhoras à janela voltada para a rua, junto ao portão que dava acesso ao nosso quintal e anexos; era então ali que íamos passando o fim das tardes em amenas conversas e divertimentos até ao anoitecer, quando seu pai as ia buscar.
Como disse, sua avó fazia bolos, bem excelentes, no forno bem próximo da nossa cozinha, destinados a venda pelas ruas, ou de porta em porta (por um quitandeiro cujo nome já não me recordo); deixavam um agradável cheiro que nos despertava a gulodice! No nosso pequeno quintal, por trás da cozinha, existiam dois grandes mamoeiros, dos quais colhíamos saborosos frutos; estava situado dentro dum outro quintal maior, também com capoeiras, pertencente aos senhorios. Algum tempo depois de ali estarmos então e a pedido dos nossos pais, os senhorios mandaram construir um outro forno nesse seu quintal, sendo o anterior, debaixo do telheiro, demolido para dar lugar a um novo quarto, junto à nossa cozinha. Para ali mudei com o RUI, passando então a termos um quarto só nosso, depois de muitos anos de espaços comuns; tínhamos também uma secretária para os nossos estudos, o que, antes disso, tinha de ser na sala, com certos inconvenientes. Assim, a tia LILI ficou com o seu quarto, onde algum tempo depois tinha a companhia da nossa prima ALDA (QUITA), chegada de BENGUELA.
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Como acontecia então noutras casas havia uma nativa que periodicamente nos fornecia lenha e carvão para o uso doméstico, sempre acompanhada de alguns filhos ainda pequenos que assim iam comendo mais alguma coisa fora do habitual. Passado pouco tempo pediu para que um deles, certamente o mais velho, quase da nossa idade, ficasse lá em casa. Pouco mais podia fazer do que companhia nas habituais brincadeiras, enquanto nossa mãe lhe iria ensinando certos serviços domésticos. Ficou a dormir numa pequena cama instalada na cozinha e foi apelidado de "MIÚDO".
As duas netas (LIZETE e LUCY) e os netos (BEN-HUR e NÉLINHO) da senhoria, começaram frequentando a nossa casa durante muitas das tardes em que iam visitar à avó. A tia LILI tinha muita paciência com a pequenada, ajudando nalguns divertimentos e mesmo em "aulas de dança". Nessa altura havia uma emissora, talvez a de SILVA PORTO, que transmitia bons programas musicais durante as tardes. Assim foram também progredindo nessas danças, para nós já habituais em casa do tio JOÃO, e também numa relação de franca amizade, quase familiar. Uma outra diversão preferida era o "jogo da sardinha" e o "jogo das pedrinhas", estando sentados no sofá da sala e, assim, tendo sempre mais oportunidades para contactos de nossas mãos. Até arranjei uns versos, em trocadilho (se a memória não me falha), assim :
..... "ora nas tuas e nas minhas,
..... as pedras e as tuas mãos;
..... nas tuas ou nas minhas
..... aquelas cinco pedrinhas,
..... nesses momentos nada vãos,
..... tanto eram tuas como minhas "...
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O nosso pai ocupava o tempo dividido pelo serviço (Correios) e pelo seu Benfica, sendo dirigente, treinador e o que fosse necessário para o bem do clube, enquanto minha mãe passava-o em casa, tratando dos mais variados serviços domésticos e das suas pinturas, com a pronta ajuda da nossa tia LILI.
Sem termos desconfiado de nada, a certa altura acabámos por saber que a nossa mãe estava grávida há algum tempo! Era uma verdadeira surpresa para a família tanto mais que o meu irmão mais novo já estava no Liceu!
Assim, com alegria, surgiu mais um novo membro na família; mais um rapaz, talvez contrariando os desejos de todos! Foi baptizado com o nome de ROGÉRIO, seguindo a tradição dos RR e talvez pela influência futebolística do grande jogador que então tinha o BENFICA DE LISBOA! Por certo provocou algumas alterações ao ritmo normal caseiro já desabituado dessa situação há bastantes anos.
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O primo VICTOR, continuando em casa do tio JOÃO e ao serviço da mesma empresa, namorava então a ALCINA BRAGA,(irmã do meu colega CUSTÓDIO), residente na povoação da HUILA, a uns 20 Kms do LUBANGO, ali se deslocando aos fins de semana, pois ainda lá vivia também sua mãe. Mas fazia todo esse trajecto a pé, sem qualquer arma e com duas pedras nas mãos ou no bolso! Porém, quando começavam a incomodá-lo, acabava por deitá-las fora mesmo quando, por vezes, já chegava ao destino sendo noite fechada; o mesmo acontecendo no seu regresso, situação com que nos divertíamos !
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Vencida a "barreira" do meu 2º ano liceal, e mais recomposto da minha saúde, iniciara o 3º, também na turma B. Os estudos passaram a correr da melhor forma, até porque também as nossas condições de habitabilidade já eram bem diferentes das anteriores, assim como o tratamento e o ambiente familiar que nos rodeava. Com novas disciplinas, mais interessantes e alguns novos professores, passei a conseguir melhores resultados; continuava uma outra razão que me estimulara sempre : era uma questão de brio, quase de vingança, que me animava para conseguir alcançar notas mais altas do que a maioria, especialmente de alguns que muitas vezes tentaram inferiorizarem-me com a referida posição discriminatória e racista ! E assim, fui de facto conseguindo, em especial na "Secção de Ciências"; na disciplina de Físico-Química passei mesmo a ser o melhor, não apenas da minha turma, como de todas as outras desse Ciclo. No final das aulas de entrega dos exercícios tornou-se habitual todos colegas formarem duas filas, do lado de fora, pelo meio das quais passavam os que tivessem as melhores notas, levando então umas "pancaditas" na cabeça; desse modo, nessa disciplina e mesmo às vezes também noutras (como História), passei a ser uma "vítima" permanente ! Já me ia sentindo mais "vingado". Era a minha prova "provada" de que a ascendência nada tinha a ver com a "sapiência", podendo ser conseguida pelo esforço e a dedicação de cada um; talvez se tivessem deixado influenciar por teses ou teorias seculares de alguns povos europeus, tentando desfazerem dos restantes, em especial dos situados fora das suas zonas ditas "civilizadas"!
Desenvolvi o gosto ou paixão pela leitura e escrita; já nesse campo comecei também a obter boas notas; nascera em mim a "doença jornalística", já prevista numa paródia alguns anos antes por meus familiares, talvez mais por nossa mãe e a LILI; num certo Carnaval resolveram mascararem-me de "ardina". Pela cara que eu apresentava na respectiva fotografia não me parece que tenha gostado muito desse facto e se calhar fiquei a remoer a ideia de que queria ser mais do que um ardina ! Não é que essa antiga e quase desaparecida profissão não fosse tão digna como muitas outras, só que eu ambicionava bem mais do que isso !
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Nesse novo ano liceal (3º- turma B - só de rapazes) também surgiram alguns novos colegas e mantinham-se outros antigos, mesmo desde a Escola Primária ("LUÍS DE CAMÕES", no LUBANGO -- e da "PINHEIRO CHAGAS", na CHIBIA). Na outra turma, A, o mesmo se dava, estando as raparigas em maioria e existindo sempre uma ou outra que nos despertava novos interesses.
As relações no nosso bairro também iam aumentando e algumas consolidando; como acontecera no Bairro do Benfica, passamos a integrar os habituais grupos dos "farristas", tomando parte nos assaltos de Carnaval, festejos populares e outros, sem deixar de continuar a fazer também os que se realizavam em casa do tio JOÃO, naquele Bairro que, se calhar, ficou sem direito a nome especial.
Nossa avó HERMÍNIA, todas as semanas, à Quarta ou à Quinta-feira, deslocava-se sozinha, a pé, desde a casa do tio JOÃO até esta nossa casa; ia cedo, pela fresca e lá passava o dia; à tardinha eu acompanhava-a no seu regresso. A partir de uma certa altura passou a fazer num outro dia, uma deslocação até casa da prima GLÓRIA, há pouco chegada de LUANDA e a residir junto às firmas SEABRA DE AZEVEDO e NUNO PEDROSA; era filha de uma irmã (CASTORINA COSTA ALEMÃO)de minha avó e casada com o topógrafo principal PROCÓPIO DA COSTA que fora colocado na chefia da Repartição dos Serviços Cadastrais da HUILA, sendo seus filhos : JOSÉ LUÍS, JOÃO e VIRGÍLIO. A tia CASTORINA era casada com o capitão ALBERTO ABREU COUCEIRO, em serviço em LUANDA, tendo sido Comandante da Fortaleza de S.MIGUEL; os outros filhos eram: ALBERTO, ANITA. "MENICHA" e o VIRGÍLIO.
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Ali próximo dessa casa da prima GLÓRIA existia o velho Cinema da família ALMEIDA. Era um salão plano e, na parte da frente, mais próxima do palco (com um "écran"), situava-se a chamada "geral", instalada em compridos bancos de madeira, custando cada lugar a importância de cinco angolares. Mais atrás existiam algumas filas de desengonçadas cadeiras de madeira e ferro e ainda algumas "frisas" para as pessoas mais "finas" da terra. Por vezes havia filmes que eram projectados durante duas sessões nocturnas seguidas (1ª e 2ª partes); só que também acontecia, uma vez ou outra, trocarem as "bobines" e só depois de bastante tempo decorrido davam pelo engano, sob protestos ruidosos da assistência! Quando eram filmes de "cow-boyadas" ou portugueses (sem necessidade de legendas), a sala ficava repleta, alguns até se sentavam pelos corredores laterais. Numas dessas sessões, quando chegou a hora do intervalo, o malandro do CARLOS VICTÓRIA PEREIRA, aluno veterano do Liceu, empoleirou-se num dos bancos e, chamando a atenção da assistência declarou, a gozar :..."agora no intervalo há gasosas e bolos"... Muitos ficaram de nariz no ar à espera dessa generosa oferta que na verdade não surgiu! Certa vez um responsável pelas projecções, durante um dos intervalos declarara :..." amanhã, quinta-feira, não há sessão por ser Sexta-feira da Paixão"... É claro que houve uma risada geral e alguns assobios da malta jovem !
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No referido Bairro do "Colégio das Madres" eram vizinhos, entre outras, além da família MELO(ADELINO)(nossos senhorios, já mencionados, que ali possuíam uma correnteza de casas junto à sua residência), ainda as seguintes : - GARCÊZ PALHA, (com os filhos : - DIOGO (então já estudante universitário (Medicina), em COIMBRA) e que, quando ali se deslocava de férias, andava pela nossa vala "pescando" sapos para os dissecar), irmão da PIEDADE e da - ? -); - a seguir a família MORAIS (com filhos ainda pequenos); - a família GUERREIRO (LUÍS), funcionário dos Correios, ainda nosso familiar; - nuns quartos a seguir, separados por uma viela, vivia o senhor ANTÓNIO (da família MELO). Do outro lado da rua, começando numa ponta e situada num plano mais elevado, vivia a família SILVEIRA(MÁRIO) (com seus filhos : CARLOTA, (... ?) - HUMBERTO - MÁRIO - CÉZAR); - noutro prédio mais afastado, os ANDRADES ("PATUSCOS") - com : FRANCISCO - ABEL - ), seguidos duma outra família ANDRADE (motorista do Governo Civil ?, com uma filha, ALICE - ?) ; - a família CARNEIRO - (com a filha RAQUEL - ........- ). Ao fim dessa rua. já na curva e numa bonita residência, morava a família BARRETO e, à sua frente, do outro lado dessa rua, a família ALVES(JOSÉ / ISABEL) - LOURDES - HORÁCIO - HELENA - MARIA ARMANDA); ao seu lado esquerdo havia mais algumas casas, não me recordando os nomes dos seus residentes(que me perdoem essa falha). Por detrás desta nossa casa e, também numa parte baixa, estava a família GIESTAS(ARMANDO / ANGELINA) , parentes da nossa senhoria, com os filhos : LICÍNIO e "QUIREDAS" e, na parte superior, a família MATEUS(PAULO), com duas filhas (CARMO e PALMIRA; um pouco mais abaixo (ainda na mesma rua), fazendo gaveto no já referido largo e numa casa do senhor GIESTAS, residia a família CASMARRINHA (com sua filha LÍDIA (?) e também ainda seus parentes, bem como da referida família ALVES ( V. "LISTA GERAL" - na parte final desta rubrica)-.
Era assim, quase tudo da mesma família ! Desse largo seguia uma rua para a "PONTE DO CHOURIÇO", sobre o rio MAPUNDA, assim designada por ali existir a Salsicharia da firma "PEREIRA SIMÕES". Era uma ligeira descida que aproveitávamos para ensaiar os treinos de bicicleta, sendo para mim uma nova experiência : - nunca tive nenhuma, mesmo em criança (nem sequer um modesto triciclo). Ultrapassada essa ponte, uma grande subida dava acesso ao novo cemitério e a outros bairros, já a caminho da BIBALA e SERRA DA CHELA.
Para o lado oposto do referido largo, subindo, alcançava-se o "Colégio das Madres", com uma imensa área murada a toda volta. Aí perto havia a casa do médico RICARDO SIMÕES (natural do LUBANGO) e à sua frente, noutra gémea, a de seu cunhado, capitão TELO, Presidente da Câmara Municipal; tinham ambas a frente arredondada e interessante ; como tivesse demorado muito tempo a sua completa conclusão, foram servindo de esconderijos de namoros ou mesmo de encontros mais escabrosos ! Logo à frente, por baixo, numa viela para-lela ao grande muro do Colégio, morava a família FREITAS (fora meu professor no 1º ano do Liceu, casado com a professora primária, CORA ONDINA PENA, ex-estudante do mesmo, irmã do meu colega MANUEL e do médico JACQUES, todos estes naturais do LUBANGO)e onde estavam hospedadas algumas estudantes liceais ; logo a seguir, morava ainda a família BAPTISTA COELHO, com os filhos (?),um, meu colega e suas irmãs). Estes eram os principais residentes da parte inferior do citado Colégio. Na rua que passava pela parte de cima desse quintalão, morava a família ESPINHA (com DÉCIO, DIDO (?) - - CÉLIO (colega do liceu) e a família ANGELINO GOMES (com : D. LOLA, as filhas : LIZETE e LUCÍLIA, o filho, NÉLINHO, netos da já mencionada nossa senhoria (Ver Lista Geral).
.............................. .............................. ......................... Por detrás destas duas casas havia então um carreiro inclinado que dava aceso directo ao grande parque de manobras da Estação do Caminho-de-Ferro e, por onde passavam quase todos os residentes do Bairro, seguindo em direcção aos Correios, Alfândega e a caminho do Liceu, o mesmo se dando com algumas alunas (6º e 7º anos) do Colégio das Madres. Era um percurso comum, habitual e até divertido.
No jardim da senhoria, em frente a uma parte da nossa casa, existiam uns baloiços de cordas suspensos dumas altas árvores e que eram então bastante utilizados pelos seus jovens inquilinos, em especial por suas netas, netos, a vizinha PIEDADE e por nós. As moças nem se incomodavam muito com a altura que conseguiam atingir, estando os rapazes lá por baixo !
No final do 3º ano liceal acabei por não ter qualquer exame como seria normal, em virtude duma recente alteração oficial que os transferira para o 2º ano, fechando o 1º ciclo. Foi um bónus interessante pois assim escapara a ambos !
O meu irmãozito ROGÉRIO (GÉRINHO) que "surgira" um pouco mais tarde, desenvolvera-se com normalidade. Como não tivessem nenhuma rapariga, nossos pais decidiram deixar-lhe crescer o cabelo, encaracolado, e, de facto, com seu bonito rosto parecia mesmo uma me-nina. Era uma criança maravilhosa, a alegria da família e amigos mais próximos, tendo assim todos mimos habituais e mais alguns.
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Infelizmente não duraria muito toda essa nossa felicidade. A certa altura começou a ter estranhas febres; consultados os habituais médicos, foram de opinião que deveria ser hospitalizado; pouco se alimentava e perdeu rapidamente bastante peso; assim chegou a triste notícia, que nos foi transmitida pela "tia" DULCE. Foi uma dura cacetada nas nossas vidas, o que deixara marcas profundas; nem há palavras para descreverem tamanho desgosto e desilusão !
Todos nós fomos bastante afectados, principalmente a nossa mãe, "recolhida" em casa, fechada na sua dor, e nosso pai, embora refugiando-se no seu Benfica, nos amigos, no café e no tabaco; a sua saúde foi-se abalando, sem remédios que lhe valessem; começou a sentir diversos sintomas, dores, provocando-lhe noites mal dormidas e uma péssima disposição de que sofríamos algumas consequências!
Havia em diversos locais de ANGOLA alguns médicos missionários (talvez mais os canadianos) a quem recorriam milhares de doentes, muitos mesmo de localidades bastante distantes, em virtude da fama e popularidade que haviam alcançado; como, infelizmente, havia poucos especialistas portugueses a quem recorrer, insistimos na sua deslocação à Missão do BONGO, onde o seu dirigente, doutor PARSON atendia diversos doentes ao mesmo tempo e à volta da sua secretária, coberta de imensa papelada, caixas e frascos de medicamentos gratuitos (amostras); as confusas salas e corredores estavam cheios de doentes, alguns sentados no chão, à espera de vez. Não havia "listas de espera" e todos eram atendidos consoante se iam metendo nas "bichas". Noutra Missão, situada na CATABOLA (NOVA SINTRA) e dirigida pelo Dr. STRANGWAY, não acontecia porém como na do BONGO, em que uma médica, dinâmica, era um tanto agressiva para os doentes "brancos" que, quando estavam sentados, mandava-os levantar e fazia sentar alguns nativos que estivessem por perto, independentemente dos seus estados de saúde; a sua política social era de há muito considerada um tanto duvidosa.
No entanto, em geral, nessas missões, doentes que necessitassem de mais urgência ou cuidados especiais eram atendidos dentro da possível oportunidade; havia alguns "auxiliares", adestrados pelo "mestre" que também iam fazendo certas intervenções cirúrgicas.
Nosso pai lá acabou por aceitar a sugestão e insistência para ali se deslocar. A sua consulta foi relativamente simples e rápida, como muitas outras; o conceituado médico, sem ter à mão quaisquer documentos ou exames anteriores, e, mediante uma breve troca de palavras, logo se apercebeu do problema e impôs a sua drástica decisão : "...nem mais um cigarro, nem mais um café"..., sem recurso a medicamentos e sem dietas, antes pelo contrário, devia passar a comer o que melhor lhe apetecesse, recomendando-lhe de seguida uma passagem pela pensão mais próxima para comer um bom bife, porque a partir dali já se ia sentir muito melhor! Seria aconselhável cumprir à risca aquela sentença.
Foi uma consulta e uma decisão com um resultado espantoso! Nosso pai passou a seguir a sério aquelas recomendações, abandonando todos medicamentos que andava acumulando no seu organismo; em breve recuperou a boa disposição e o seu peso habitual, voltando a utilizar a sua bicicleta normal, pois, nos últimos meses até tivera de lhe adaptar um pequeno motor que lhe desgastava o pneu traseiro em pouco tempo! Voltava assim à sua plena actividade física, em especial com o entusiasmo futebolístico, chegando ao ponto de ir buscar a casa, de bicicleta, um ou outro jogador para que não tivesse desculpas das faltas aos treinos ou a jogos, invocando a distância a que se encontrava e ou a de não possuir qualquer meio de transporte! Durante esses treinos ou desafios, acompanhava as jogadas percorrendo toda a linha lateral posterior, dando o seu apoio e instruções e, às vezes, bem zangadas, prosseguindo ainda nos improvisados balneários (anteriormente quermesse durante as festas).
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-- Quanto à minha actividade liceal, então já no 4º ano lectivo, prosseguia bem encaminhada e mantendo os bons resultados nas minhas disciplinas mais preferidas. O choque do desaparecimento do GÉRINHO afectou-me durante bastante tempo, até tomar consciência que a nossa vida tinha de continuar como antes, na esperança de que tudo se normalizaria. Habitualmente passava a maior parte do meu tempo de folga permanecendo em casa e, a partir daquele momento, ainda mais, na principal intenção de dar um maior apoio a nossa mãe, enquanto meu pai se socorria do futebol para tentar esquecer os maus momentos. Como a LIZETE e a LUCY continuavam com as visitas quase diárias a casa de sua avó e ao nosso contacto, também nos dispensavam o seu agradável e inesquecível apoio, reduzindo o tremendo efeito negativo que muito nos afectara. Talvez tenha sentido mais esse golpe por ter surgido a hipótese médica da causa daquele triste desenlace ter sido originada em consequência da minha anterior doença (pleurisia). Era uma dor muito pesada! Fui-me refugiando naquelas amizades, nos estudos, na leitura de algumas obras mais desejadas (JORGE AMADO, EURICO VERÍSSIMO, as de alguns autores mais tradicionais, em prosa e poesia). Nunca tive inclinação para as chamadas "histórias aos quadradinhos", independentemente do valor que pudessem ter; interessavam-me também os temas históricos, em especial aos relativos ao centro e sul de ANGOLA, talvez pela influência das narrativas de nossa avó HERMÍNIA e do tio ZÉ DA CRUZ; este ainda teve certa interferência no sector dos transportes rodoviários para o interior de militares e suas cargas.
Havia ainda a influência e a curiosidade de aprofundar o passado militar e civil de diversos ascendentes com intervenções e colaborações mais ousadas e valiosas contempladas com honrarias oficiais; ao nosso bisavô, JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA foram atribuídas as condecorações :- "Medalha de Valor Militar" de D.LUIS I , a "Medalha das Campanhas de África" de D. MARIA PIA e concedidos 300 hectares de terras no TCHINQUÉRERE, área da CHIBIA, pelo desempenho de cargos militares e civis de relevo, como aconteceu ainda com outros membros : - avô BASÍLIO CORREIA, nossos tios ALEXANDRE DA CRUZ (e seu pai), o tio TITO LÍVIO COSTA ALEMÃO e outros familiares (PEDRO AUGUSTO CHAVES, AFONSO LAGE, etc.).
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-- Na pequena Biblioteca do Liceu "DIOGO CÃO" à responsabilidade duma familiar (D. JÚLIA - filha do capitão, professor e historiador, GASTÃO DE SOUSA DIAS; fui alimentando a minha curiosidade e adquirindo mais conhecimentos sobre o passado de ANGOLA e dos seus territórios vizinhos. Paralelamente desenvolvera o gosto pela escrita e decidira mesmo atrever-me a "escrever para os jornais" e de vir a publicar oportunamente um livro já em projecto.
-- Na esquina da firma "PEREIRA SIMÕES" com a rua que passava em frente da Câmara Municipal do LUBANGO, descendo depois pela frente da Padaria daquela mesma firma, a caminho do nosso bairro, funcionava a Oficina Gráfica e "Redacção" do Jornal "A HUILA", um "bi-semanário" independente, com velhas tradições, fundado em / /1930 -- então sob a dedicada e sábia direcção do seu proprietário, senhor tenente-coronel-farmacêutico (reformado),CARLOS ALBERTO CACELLA DE VICTÓRIA PEREIRA; um pouco mais abaixo, na rua principal, possuía uma veneranda Farmácia, onde trabalhou o amigo TELES, ainda de calções. O Director do referido Jornal, era um antigo residente no LUBANGO, militar (oficial reformado) que ali constituíra um agregado familiar com uma respeitável senhora, nativa, Dona EMILIA, muito considerada e estimada na cidade, sem que lhe fosse permitido "legalizar" o seu casamento, pois não o era a qualquer oficial com uma africana (segundo a legislação então vigente!).Tinham diversos filhos, muito bem "vistos" no meio social, com muitos amigos e colegas : - CARLOS - EVA - EDUARDO - FREDERICO - JORGE - JÚLIO - RUTH - VICTOR. O JORGE, meu colega do Liceu, tinha a fama (e talvez proveito) de ser capaz de comer um leitão! Mas, era tradição os membros desta família (futebolistas da JUVENTUDE), não se entenderem bem com os duma outra família, LEITÃO, jogadores do SPORTING ! Uma questão de tradição que só se verificava mesmo durante os jogos!
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-- Resolvi, a data altura, começar a escrever alguns artigos para o referido Jornal, indo metê-los por debaixo da porta da dita "redacção",às escondidas, sem que fosse detectado. Talvez um desses primeiros teve uma razão e uma consequência inesperada e muito interessante: - estávamos na Quadra do Natal e eu sabia que o meu pai, nessas alturas nunca se esquecia e, fazia mesmo com alegria interior, de ir entregar aos presos da Cadeia Civil uma cesta preparada por minha mãe, com diversos artigos dessa época e mesmo algumas "guloseimas". Escrevi o artigo : "O NATAL DOS SEM NATAL" (+) e lá fui, mais uma vez às escondidas, introduzir o meu envelope debaixo da porta. Para meu contentamento, o artigo foi logo publicado e com honras de primeira página (com o meu pseudónimo "SOURREIA") e em completo segredo familiar. No dia de NATAL, à hora do almoço, estávamos todos, como habitualmente nessas ocasiões, em casa do tio JOÃO, num anexo mais espaçoso, quando meu pai "saca" do seu bolso o Jornal e, sem saber da origem daquele artigo, tratou de o ler em voz alta. Tive de escapar dali antes dele completar, refugiando-me no quarto de minha avó lavado em lágrimas; quando me encontraram tive de revelar o motivo, sendo assim divulgado aquele meu precioso segredo; meu pai também se emocionou bastante, embora aparentasse às vezes ser "um cara dura"; meu tio JOÃO, então de lágrima fácil, fez-me companhia! Para mim foi um momento inesquecível.
Em sua casa, como certamente em muitas outras, o NATAL era mesmo uma data sagrada, sem que nunca o visse numa igreja! Ainda na véspera, dia de "consoada", ele tivera de se deslocar com uma camioneta da firma VENÂNCIO GUIMARÃES, para ir em socorro dum colega que tinha ficado retido e impedido de regressar duma viagem a MOÇÂMEDES, onde fora buscar uma carga de artigos para aquela Quadra, em virtude de grandes cheias no rio BERO. Tiveram de proceder ao seu transbordo por várias fases, o que demorou muito mais tempo do que o previsto. Assim, só chegou a casa já depois da meia-noite sem que ninguém tivesse iniciado a respectiva "ceia", mesmo a rapaziada ali presente! A nossa desforra foi, uma vez mais, a dança na sala, com alguma doçaria "fanada" às escondidas.
.............................. .............................. ......................... -..... (+) --(Ver a transcrição total do referido artigo na rubrica onde se encontram todos os artigos então publicados no referido Jornal "a HUILA") ----- CLICAR PARA VER A 2ª PARTE ---
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-- 1941 - JULHO - 16 - Portaria nº 3.742, publicada no B.O. nº 29 - A ESTAÇÃO DOS CORREIOS DA CHIBIA passa a 1ª classe.
-- Ali foi colocado o nosso pai como Chefe da Estação. Era uma vila situada na estrada que ligava SÁ DA BANDEIRA ao 79++interior (CUANHAMA). A nossa mudança deve ter tido lugar durante um período de "férias", ou já nas chamadas "férias grandes" (entre Janeiro e Março), para não prejudicar a frequência na Escola nº 60 ("LUIS DE CAMÕES"); a minha outra professora nessa Escola foi a D.ANA COSTA, mãe da SARA e da LUCÍLIA e o director era o professor SILVA, pai do ANÍBAL, nosso colega; era muito ríspido e de "poucos amigos", não se descuidando com o uso da sua grossa palmatória (a "menina de cinco olhos").Por vezes também gostava de nos atingir com um pontapé quando algum metia água na chamada ao quadro; este era montado num cavalete, com um tripé. Certo dia um dos castigados desviou-se do pontapé, mesmo junto duma das pernas do cavalete e o resultado foi o Sr. SILVA ter de andar com o pé engessado uma data de tempo; talvez lhe tenha servido de emenda! No entanto, a "ESCOLA CAMÕES", onde tivemos bastantes e bons amigos, ficou para sempre guardada na memória. Como a casa do tio JOÃO já tinha mais espaço e melhores condições minha avó HERMÍNIA ficara ali instalada, assim como o tio HUMBERTO, o primo VICTOR, o JUCA, (estudante e filho dum colega de nosso pai) e o meu irmão mais velho que começaria a frequentar o Liceu, seguindo para a CHIBIA nós com a avó EMÍLIA que continuava paralisada dos membros superiores e inferiores e com muitas deficiências de comunicação, passando a maior parte do tempo na cadeira de verga ou mesmo deitada sob a vigilância e cuidados constantes da incansável e dedicada tia LILI). Assim, a avó EMÍLIA só podia contactar-nos através dela, que conseguia decifrar as fracas e reduzidas palavras que ainda articulava, mas nunca se esquecia dos nossos aniversários e da sua habitual prenda : uma nota de cinco angolares. Numa dessas ocasiões, ainda no LUBANGO, fui logo à loja do Senhor PALHOTA, bastante longe, já próxima da Rotunda e do Banco de Angola, para comprar uma pequena boneca que vira na sua montra e oferecê-la à minha mãe pelo Natal.
A avó HERMÍNIA era também uma fervorosa benfiquista, indo muitas vezes assistir aos desafios de futebol, até porque o meu pai havia jogado durante alguns anos; creio que foi durante um desses encontros em que um jogador adversário o terá carregado além das marcas e um assistente ali próximo, talvez "sportinguísta", ainda gozou com essa atitude. Minha avó não gostou nada e "descarregou" o seu chapéu-de-chuva no entusiasmado manifestante que logo desapareceu daquela perigosa área de ataque ! Nossa avó HERMÍNIA era muito comunicativa e sempre nos deliciava com as histórias doutros tempos ou ainda com as inesquecíveis aventuras de "Texas Jack" e do "Conde de Monte Cristo",estando todos muito atentos, sentados à sua volta, enquanto roíamos uma saborosa maçaroca ou bocados de jinguba (amendoim) torrada, que era comprada na loja do senhor ABEL TAVARES, ou, no "tasco" ao lado, do senhor SÃO ROQUE.
Recordo essa primeira viagem que fizemos para a CHIBIA, num percurso ainda desconhecido e que constituiu uma pequena aventura; durante quase todo aquele mau trajecto não existiam residentes mas apenas bastantes matas e alguma bicharada pelas árvores e pequenos montes e que por vezes atravessavam a estrada quase na altura de passarem os carros.
A primeira casa onde nos instalámos na CHIBIA pertencia à família FREITAS e situava-se ao longo da rua principal, num seu quarteirão, incluindo a sede do Sporting local e que terminava na residência da família VIEIRA MONTEIRO que ficava em frente da Escola Primária. Ao nos-so lado direito havia uma estreita travessa, a seguir o Jardim Público, quase em frente, estava a Estação dos Correios, mais acima a Administração e residência do Secretário Administrativo. Nessa travessa e mesmo junto ao prédio existia uma enorme e funda vala com água corrente, parcialmente aberta e constituindo um sério perigo. Essa foi também uma das razões que levaram meus pais a mudarem para outra casa com mais espaços. Mas, em cada mudança, em cada casa, ficava um pouco de nós !
Pertencia então ao casal MENDES, sendo a mulher mais conhecida por "D.CHAPICA" e a renda mensal era de cinquenta angolares. Embora não fosse muito maior do que a anterior, tinha as necessárias divisões. Na parte da frente, junto à rua, havia uma grande sala e um quarto; depois para trás e a um nível mais baixo, com acesso por alguns degraus, uma outra sala e quarto; mais ao fundo estava a "casa de banho", despensa e cozinha de piso térreo. Tinha um razoável quintal com alguns anexos, forno e capoeiras e, mais para baixo, estendia-se uma horta que era limitada por grandes pessegueiros e uma "caudalosa" levada, proveniente dum desvio (na zona da "FAZENDA AMÉLIA"- TCHINQUERÉRE) localizado a partir do rio TCHIMPUMPUNHIME.
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++++++ -- Foto nº 8 / 5º Vol. Pg. 30/31 - RIO TCHIMPUMPUNHIME - (HUILA/CHIBIA) - (MAIO) - 30/31 -
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Nessa zona e muitos anos antes (1893), tinham sido concedidos 300 hectares de terrenos ao nosso bisavô COSTA ALEMÃO em reconhecimento pelas suas colaborações prestadas às entidades superiores e em diversas campanhas militares.
Essa levada era um dos locais preferidos, pois, quando havia cheias, trazia muitos peixes arrastados pela corrente e ali tínhamos então oportunidade de os apanhar com uns cestos de vime. Noutras alturas por ali "pescávamos" caranguejos e sapos. Como noutros locais essa levada atravessava toda a vila, ao fundo dos seus quintais e hortas das habitações. Do seu lado inferior existia então um enorme pomar de citrinos que se estendia até ao rio e que pertencia aos nossos vizinhos, D. LUÍSA e senhor GUILHERME TEIXEIRA. Tinham bastantes filhos, alguns ainda em casa, (mesmo já adultos) : ALDINA, ALFREDO, GUILHERME, INÊS, JULIETA, LÚCIA, MARIAZINHA, QUISITA, e às vezes também alguns dos seus familiares, senhor VICTORINO e filhas : - CLOTILDE, IRENE, MARIA ANTÓNIA, OLGA e RAQUELINHA; ali residiam ainda os filhos dum comerciante e amigo do interior (ANTÓNIO e ARMANDO CHAVES). Do lado esquerdo da nossa casa vivia o senhor enfermeiro CARRACINHA (?) com sua família, também com uma filha. Numa outra casa, um pouco mais afastada, depois duma rua bastante inclinada e com poucas habitações prolongando-se até ao rio, estava o casal TELES (MANUEL) e seus filhos : ADÉLIA, ÁLVARO, FERNANDO, JOSÉ, FILOMENA e (?). Assim, tínhamos ali logo dos dois lados uns novos companheiros, alguns, colegas de escola e todos futuros amigos. Mais abaixo existia uma casa com alguns funcionários solteiros e a seguir alguns pomares.
Fui matriculado na 3ª classe da Escola Primária nº 67, de "PINHEIRO CHAGAS", situada perto do largo da igreja, sendo minha professora D. RAQUEL RIPPERT MENDES, mãe da LOURDES, NATÉRCIA, JOÃO AURÉLIO E JOSÉ ÂNGELO, também meus colegas nessa escola (eram sobrinhos da D. CHAPICA MENDES, nossa senhoria). O Director da mesma era o senhor ARAÚJO, havendo ainda como professores sua esposa D. ILDA e o senhor MASCARENHAS; este era natural do Oriente, tendo ainda uma certa dificuldade em se expressar em português, pelo que era o primeiro a cometer deslizes. Numa dessas vezes e depois do professor ARAÚJO ter estado a explicar como se devia formar uma certa frase, surgira à porta o professor MASCARENHAS aplicando-a erradamente : "...óh Áraujo, eu vou no Hospital"...), o que serviu de galhofa geral ! Além disso tinha o desagradável hábito de bater nas orelhas dos alunos com uma fina e comprida cana de bambu (talvez nalguma reminiscência de sua terra natal). Essa Escola mista, criada em 1888, tinha um agradável ambiente, registando-se um convívio franco e respeitado. Nos intervalos das aulas e junto às sebes de buganvílias existentes à volta de quase todo o pátio, eram instaladas as "casinhas", com simulação da preparação e consumo de refeições domésticas em que mesmo os rapazes também colaboravam. Em frente à Igreja e à Escola, num grande espaço livre, jogávamos à bola nos intervalos ou noutras horas. -- (- Consultar "LISTA GERAL" na parte final desta rúbrica)-
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-- 1941 - A dita "GUERRA DOS MUCUBAIS" tomara grandes proporções e danadas consequências. Nela se destacou a figura de TYINDUKUTU.
Para um melhor esclarecimento desse terrível conflito tomámos a liberdade de transcrever, um excerto de : RUY DUARTE DE CARVALHO na sua esplêndida obra "VOU LÁ VISITAR PASTORES" - Pg. 79 - (ed. Julho 2000 - CÍRCULO DE LEITORES - :
..."A guerra dos Mucubais, para os Portugueses, terá sido o remate de um processo de eliminação de um obstáculo à sua plena soberania e a um arbítrio que remontava às primeiras questões e acções de razia e contra-razia, sensivelmente e meados do século passado, portanto. Para os Kuvale ela revelou-se uma razia final contra eles desencandeada, já que 95% do gado que detinham lhes foi extorquido, e sobretudo, talvez, uma rusga despropositadamente devastadora. Foi uma guerra que arrancou tudo, gado e gente, e por isso é referida como a guerra de "Kakombola" : kakombola é arrancar uma coisa, arrancar tudo, não deixar nada. Morreu muita pessoa. Aqueles que iam sendo agarrados eram depois conduzidos presos, aquele que estava cansado era morto, aquele que não andava depressa era morto também. Chegavam aqui, amanhã tiravam um grupo, matavam. às mulheres,matavam só as que não queriam dormir com eles. As tropas estavam estacionadas no Kamukuio, no Xingo, em Campamgombe, no Tyakutu. Nesses tyilongo é que concentravam os homens, daí tiravam os que iam ser mortos, os outros saíam para trabalhar, os dias todos, na estrada. Essas tropas eram soldados indígenas comandados pelos Brancos, e eram muitos. Havia Tyimbundu (Munanos),Mwílas, Tyilengue-Humbe. Eles é que apanhavam os bois, sim, mas parece que estavam a trabalhar na conta dos Brancos, ou se era na conta deles,isso não podemos saber. Depois quando a guerra acabou é que as pessoas começaram a ser mandadas para S.Tomé, para o Príncipe,para a Damba, para a Lunda. Primeiro éramos conduzidos a pé, ou de comboio, ou nos camions até Mossamedes, depois íamos de barco até Luanda, daí é que se dividíamos."...
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-- 1942 - NOVEMBRO - - Publicação no B.O. do D.L. nº 1.299 que regulamenta o "SELO DE ASSISTÊNCIA" em ANGOLA
-- 1944 - A dada altura verificou-se a recepção na CHIBIA, dum ilustre visitante nacional: o senhor Cardeal CEREJEIRA, com uma grande e vistosa comitiva. Fomos colocados todos em fila à entrada da vila, ainda antes do velho Hospital, na rua do cemitério e da serração do senhor FIGUEIREDO,(D.JUSTINA e filhos : EURICO e EUNICE) e da casa do Administrador do Concelho, HERBET DE AZEVEDO (pai do ARMANDO ou SOUSA DIAS(??); eu era o porta-bandeira da Escola tendo ao lado a colega TEREZA VAN DER KELLEN e todos os professores da Escola. Tantas manobras fiz que se desprendeu a parte superior do pau da bandeira (a ponta) indo parar em cima dum colega, no preciso momento em que o visitante se aproximava, a pé, abençoando a extensa fila !
A CHIBIA tivera uma razoável evolução e já fora base e palco de importantes movimentações militares, até pela sua posição estratégica entre o LUBANGO e o CUANHAMA, a caminho do SUDOESTE AFRICANO. Tornara-se numa vila interessante, com uma vida social alicerçada nas suas Associações Recreativas e Desportivas (Grémio e Sporting) com as respectivas sedes, onde periodicamente efectuavam Festas Anuais e os bailes de fins-de-semana. Havia sempre mais raparigas do que rapazes, sentadas à volta do grande salão com a respectiva "fiscalização" à sua retaguarda, sendo uma atracção para os citadinos do LUBANGO, prolongando-se pela noite fora até de manhã..." com o sol a dar pelos joelhos"...e, ainda mais, continuando depois nas tardes de Domingo ("matineés dançantes"). Durante esses bailes não faltavam os habituais "quinos" e um pequeno bar; a música era com discos e gramofone, necessitando de "maniveladas" quase permanentes, assim como a mudança de agulhas ! No salão do Grémio essa assistência era de conta do senhor PASSINHAS ou de algum catraio, como eu ou outro, que se oferecesse para o fazer. Mais famosos eram ainda os bailes de "Fim de Ano" em que havia uma renhida e sadia disputa entre os dois clubes, com "espiões" vigiando-se mutuamente durante a noitada a ver quem aguentava mais tempo; geralmente acabavam empatados e então, já todos juntos, no "corte de ténis" do Jardim Público continuava ainda por mais umas horas, com o tal sol já bem "acima dos joelhos"! Mas, não ficando por aí, em seguida ainda havia as visitas às "lapinhas" particulares, nem faltando uns petiscos e as respectivas bebidas! À noite já estava tudo afinado para continuar a farra num ou noutro dos salões de dança!
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-- Periodicamente o meu pai tinha de se deslocar à Direcção dos Correios (dita REGIONAL), em SÁ DA BANDEIRA, apenas mantendo-se na Estação da CHIBIA um seu auxiliar (guarda-fios) e com pouca prática no restante serviço; então normalmente eu ficava como que fazendo de substituto do "chefe" e, lá ia atendendo os poucos e habituais clientes, colaborando ainda na obtenção das ligações telefónicas com o LUBANGO ou outras estações do interior, o que não era nada fácil dadas as fracas condições e ao material então existente. Por vezes também fazia algum uso do aparelho de "Morse" ali existente para certas situações e cujo uso havia aprendido com o meu pai. Ficava todo radiante quando ele regressava já de noite e lhe relatava o resultado do meu "trabalho".
O rio TCHIMPUMPUNHIME, com origem nos rios NENE e NEVE (sendo um só), percorre uma boa extensão dentro da vila, paralelamente à sua rua principal, ou seja ao fundo dos quintais e hortas, para as quais tinha grande utilização por intermédio da levada, bem como ainda para os pomares que se situavam logo abaixo, até chegarem ao rio. Do nosso lado este era alcançado percorrendo a rua que separava as casas dos vizinhos TELES e CARRACINHA, até ao fim da descida onde se encontrava uma antiga ponte, partida e já meio tombada em virtude de anteriores cheias. Mesmo assim ainda era utilizada quando o rio levava menos água, descendo nesse ponto da quebra, seguros nos seus ferros e contornando o pilar em toda a sua largura pelo lado de baixo, até alcançar, já do outro lado, as areias da margem direita ou, então, para os mais ousados, saltando directamente do final do tabuleiro, quebrado e plano, para essas areias, sendo até uma aventura com que nos divertíamos frequentemente!
Foi nesse local que um belo dia se registou um interessante episódio : - andávamos num habitual jogo de futebol na nossa rua, defronte das casas e com os vários rapazes vizinhos, incluindo ainda alguns, mais afastados, da família BETTENCOURT (JOÃO) : - ALBERTO, ANGELO, RAÚL(ZURITO), RUCA (ZÉ MARIA), SÉRGIO, além das moças : - ALDINA e MARIA LUISA,); moravam na rua de cima, em frente à casa do Administrador mas tinham um quintalão que terminava em frente à nossa e com um portão de acesso. De repente vemos passar um "bâmbi" em correria por essa descida em direcção à ponte; como sabíamos que a mesma estava interrompida, logo concluímos que dali não passaria e seria o sítio ideal para o caçar ! O que nos valeu foi a presença do nosso trabalhador (da horta), NYANGA, por ter ouvido o alarido da perseguição ao animal. Já estávamos sobre a ponte com o bichinho encurralado e fechando o cerco para o apanharmos, quando ele gritou para pararmos. Aproximou-se cautelosamente, de "porrinho" na mão e quando o animal se acalmou e ficou imóvel, lançou-o num golpe certeiro que o atingiu na cabeça, deitando-o logo por terra. Depois, mostrou-nos então o perigo em que estávamos correndo : - o "inocente" bicho tinha nas patas traseiras umas autênticas lâminas com que se defenderia se fosse agarrado ! Ele mesmo o transportou ás costas perante satisfação geral e, já no nosso quintal, o esfolou e repartiu entre todos.
Nalgumas ocasiões contava-nos "histórias" sobre os animais selvagens por ali existentes, com alguma fantasia à mistura! Uma delas era sobre as hienas que, à noite, além de imitarem os choros de crianças, também se punham de pé, próximo duma possível vítima, para lhe medir a altura, só atacando as que fossem mais baixas... Então os nativos quando andavam nessas zonas usavam uma vara com um chapéu no alto !
Um outro episódio interessante que ali se registou foi o do aparecimento duma onça empoleirada numa árvore, bem próximo do Hospital; um nativo resolveu afugentá-la à pedrada ! A sua sorte foi estar ali perto um bom atirador (talvez o Senhor FIGUEIREDO, da Serração), livrando-o dum perigo certo!
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Não posso deixar de recordar outros colegas, amigos e algumas famílias então residentes na CHIBIA, além das já mencionadas, o que constará em lista própria na 6ª parte, final deste trabalho, agradecendo a necessária colaboração dos interessados.
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Aos sábados, domingos e feriados, lá íamos com o nosso pai, rio abaixo ou acima, às vezes até longas distâncias em demoradas pescarias, quase sempre compensadas por razoáveis bagres, apesar dos difíceis acessos até à sua beira ou dos possíveis riscos que nos podiam surpreender; esse pescado era um bom componente para uma saborosa caldeirada ("muqueca")! Em certas zonas do rio havia uns já bem conhecidos e perigosos "poços" (como o "BUNDO-MA-INE" - ou "BUNDO - MAIMO" -?? ("barriga grande") mas, sempre com outros companheiros, andávamos mais descansados.
-- No LUBANGO o tio JOÃO passara a fazer viagens semanais com uma camioneta "DIAMOND", mista, para passageiros e carga, da mesma empresa e percorrendo o trajecto entre SÁ DA BANDEIRA e NOVA LISBOA. Um seu colega e amigo, GORDON BLACK, costumava fazer a viagem entre SÁ DA BANDEIRA e o ROÇADAS; assim, todas semanas (à Segunda-feira de manhã cedo), transitava pela CHIBIA e, como também era conhecido dos meus pais, parava em nossa casa para o "mata-bicho". Mas, geralmente, não era só ele pois alguns passageiros, conhecidos ou não, tinham igual benefício (à borla). Minha mãe, já especialista em aperitivos, doces, bebidas caseiras (licores, sumos, etc.), esmerava-se em atender toda gente e também assim fomos ganhando novos conhecimentos e mesmo amizades.
Na época das grandes cheias nos diversos rios da zona e nas suas mulolas, principalmente já no CUNENE e seus afluentes, registavam-se bastantes dificuldades de abastecimentos básicos ou porque muitas produções eram completamente arrasadas, lançando o espectro da fome sobre diversas populações. A certa altura do ano aparece de frente da nossa casa uma camioneta bem carregada com sacos de milho e outros produtos, vinda de SÁ DA BANDEIRA com destino à zona do ROÇADAS. O condutor não era o habitual, Sr. GORDON, nem pertencia à mencionada empresa (talvez fosse MANUEL VITÓRIA (?) ; então, da cabine, saltou um outro indivíduo, atarracado, com traje africanista : meias altas, calções, "balalaika" (tudo de caqui) e com capacete colonial. Bateu à porta pois pretendiam tomar o "mata-bicho", talvez com a informação que era habitual fazerem-no ali, quando na vila existia, pelo menos, a "PENSÃO CAMÕES" ! Ainda maior foi o nosso espanto e admiração, quando soubemos que o ilustre desconhecido "africanista" era o Governador da HUÍLA, capitão SILVA CARVALHO ! Ia então, pessoalmente e naquele transporte, percorrer algumas centenas de quilómetros, para prestar socorro às populações mais necessitadas. E, para rematar, não se esqueceu efectivamente de aceitar o convite de por ali passar no seu regresso. Era assim a nossa ANGOLA!
-- Para me habilitar à admissão ao Liceu frequentei durante algum tempo (em SÁ DA BANDEIRA) as explicações da "MENINA AIDA" (da família GARCEZ - com seus filhos : FERNANDO, MARIA JOÃO(?) PEDRO, JOSÉ...) em sua casa, próximo da Igreja da Missão da HUÍLA. Tinha uns bancos compridos que por vezes instalava no quintal por serem muitos os candidatos. A sua "palmatória" eram os dois dedos da sua mão direita batendo nos nossos braços, mas que ninguém os desejava !
-- No 1º ano do Liceu "DIOGO CÃO" fui incluído na turma A, onde havia diversas raparigas (em maioria) e, como tinha dificuldades visuais, fiquei sentado numa das carteiras da frente, normalmente destinadas às moças. O ambiente era bastante agradável e depressa se estabeleceram boas relações e mesmo algumas sentimentais. Recordo alguns dos seus nomes : - ALICE GERALDES, ANA TAVARES, ANTÓNIA, "CHALECA" GUIMARÃES, LEDA, LINA ARMADA DE MENEZES, MARIA ALBERTINA COELHO, MARIA LUIZA T. CERVEIRA, MARIA LUÍSA FERREIRA, MARIA OCTÁVIA BURNAY, RAMIRA... Quanto aos rapazes : - AMADOR - BAPTISTA COELHO, CARIA, DIAS FERREIRA, EDUARDO CALÇAS, FERRAZ DA SILVA(ANTÓNIO), FLÁVIO GERALDES, IVO PINHEIRO, JUVENAL N. MOITA, LOURENÇO BASTOS (?), MANUEL T.PENA, MAXIMINO BORGES, CARLOS JÚLIO MELO E CASTRO, NARCISO CERVEIRA, NÉLINHO, ÓSCAR GIL AZEVEDO(?),ROLDÃO, VIVALDO G.TEIXEIRA. (- Ver LISTA GERAL (4) anexa) -.............................
Dos nossos professores, nessa altura, recordo-me dos seguintes : - ALBINO FERNANDES SÁ (Religião e Moral), dr.TEIXEIRA LUCAS (Português) e esposa D. REGINA (Matemática), ARNALDO CORREIA (Ginástica),BRILHANTE DE PAIVA, JOSÉ FREITAS (Desenho ?), dr. ALMEIDA (LAVRADIO)- (História), PITA SIMÕES (Canto Coral), dr. CARLOS NEGRÃO (Desenho ?), dr. MIRANDA (Francês)...(?), (ALBUQUERQUE -?), GASTÃO DE SOUSA DIAS (Desenho ?),WALTER (?). A sala estava situada no piso superior, ao centro. - (Ver "LISTA GERAL") -
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dightonrock.com/diogocaoi1.htm
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-- Como os nossos pais ainda continuavam na CHIBIA, só lá regressava nas férias, embora a distância do LUBANGO não fosse muito grande. Geralmente utilizávamos a boleia da camioneta do Sr. ANTÓNIO DE ALMEIDA, mais conhecido por "ANTÓNIO MALUCO", pai dos colegas (LÉLÉ, MARIANA e HELDER). Era um indivíduo alto, um tanto franzino, mas cheio de energias, enfrentando todos problemas com a maior das calmas e boa disposição. Íamos então sobre a carga da sua viatura, em grupos razoáveis de rapazes e raparigas e no melhor dos pagodes; essas cargas tanto podiam ser de sacos de batatas, como de milho, farinha, conforme o destino. Essas viagens normalmente demoravam bastantes horas, terminando ao fim do dia e, por vezes, completávamos o último percurso com uma boa caminhada a pé, porque já não havia hipóteses de resolver as inúmeras avarias que iam surgindo, a maior parte delas por causa do estado desgraçado dos pneus. Havia então muita dificuldade em adquiri-los no mercado legal, tanto mais que eram ainda de importação. Levavam remendos a fogo, quase uns em cima de outros, havendo quem, para remedeio, os enchesse com capim !Mas isso constituía um facto habitual e com a boa disposição do senhor ALMEIDA e com os diversos farnéis que nos acompanhavam, até se tornava numa paródia; o "almoço piquenique" realizava-se geralmente na chamada "Curva da Morte",que era bem apertada e muitos já ali se tinham despistado ou "virado de cangalhas".
A nossa estadia em casa do tio JOÃO tornara-se um tanto complicada porque às vezes éramos bastantes, como já mencionei. O tio estava fora quase toda a semana com a sua "carreira" habitual para NOVA LISBOA. Iniciava-a geralmente à Segunda-feira, logo bem cedo; de casa nós ouvíamos o "roncar" da sua DIAMOND trepando a subida no Bairro de SANTO ANTÓNIO, a caminho para o "16", cruzamento onde a estrada bifurcava, seguindo para : CHIBIA e ROÇADAS; - para QUILENGUES, CACONDA e NOVA LISBOA, ou ainda para BENGUELA. Ele era um condutor calmo; bem, nesse tempo não havia hipóteses de grandes velocidades, não só pelas pesadas viaturas, como pelo habitual mau estado de conservação das estradas. Isso ainda se tornava muito mais complicado quando havia grandes chuvadas, tornando-as em verdadeiros lamaçais e ratoeiras para os menos cuidadosos. Era viagem para demorar também um dia inteiro, com bastantes paragens obrigatórias para o serviço de passageiros, cargas, correios, além das necessárias para as refeições em locais já previamente determinados. O tio JOÃO era assim bem conhecido e até estimado em todo esse trajecto, não só pelos comerciantes, hospedeiros e já por muitos dos passageiros habituais, incluindo os estudantes de NOVA LISBOA que se deslocavam várias vezes a SÁ DA BANDEIRA para ali efectuarem os seus exames do 5º ano, no Liceu "DIOGO CÃO" ou, para depois continuarem os estudos liceais (no 6º e 7º anos), ainda só ali existentes e em LUANDA.
-- Havia assim um franco e agradável convívio entre aquelas duas cidades do planalto, às vezes com certas rivalidades !
Uma das facetas mais interessantes nas viagens para NOVA LISBOA era a paixão do meu tio pela caça ! Nessa época era quase vulgar encontrarem-se algumas peças ("animais bravios"), às vezes mesmo durante o dia, ou então já quando a noite descia; se lhe agradavam, parava a DIAMOND e com o ajudante carregando uma bateria de 12 (ou 6 ?) volts e com um bom farolim, lá seguia em sua perseguição; era um bom atirador e acabava conseguindo os seus objectivos. No seu regresso, os passageiros que haviam ficado à espera na viatura, logo se entusiasmavam ou até ajudavam no carregamento, consoante as dimensões do "bicho". Desse tamanho e do êxito alcançado dependia também o nosso abastecimento caseiro ! No entanto, mesmo sendo uma carne fresca (de início agradável), podia tornar-se degradada e desaconselhável quando durava tempo demais, se não fosse bem tratada. Não havia então sistemas frigoríficos domésticos e a solução era a de tentar secar a carne cortada em finas tiras, expostas ao sol, de que resultava a famosa "carne seca" ("carne de sol" como dizem os brasileiros); portanto aquela era a nossa base de alimentação quotidiana, apoiada com batatas cozidas e algumas hortaliças da própria horta e às vezes complementada com alguma fruta de igual origem (até os tabaibos e as goiabas eram abençoadas), nem que fossem surripiados às vistas da tia, no que às vezes tomavam parte os seus sobrinhos directos, (filhos de suas irmãs EDITE, DULCE e do irmão "ZÉ POCOLO");
A "peça" de caça era depois dependurada numa divisão dos anexos ao lado de cachos de bananas ainda verdes e dos cordões de cebolas.
Da CHIBIA, pelo seu colega GORDON BLACK, da carreira do ROÇADAS, chegavam todas semanas cestos com frutas e outros "mimos" que nossa mãe nunca se esquecia de enviar; ali era terra de muita e boa fruta e o nosso pai, Chefe da Estação dos Correios, tinha sempre a casa cheia dessas ofertas, mais por amizade do que por interesses. No entanto, o que acontecia era que só "víamos" algumas dessas "novidades" no dia da sua chegada. De resto, a seguir, tudo ficava armazenado de maneira estratégica a cargo da sua "afilhada" (MADALENA). Com tudo isso as refeições nem sempre eram suficientes nem variadas; as ordens, irrevogáveis, eram transmitidas diariamente ao velho cozinheiro : - " o que há de ser, PACHECO, ?... !"- (com a dita carne), de Janeiro a Dezembro, porque doutra nem havia venda e o "mar estava longe"! Todas as noites, depois do jantar, era feita a prévia distribuição do pão e do açúcar destinado ao café da manhã. Eram os efeitos da crise ! Meu tio, como passava os dias de trabalho fora de casa, aproveitava os fins-de-semana para se desforrar no descanso desde que não tivesse qualquer obra para dar andamento. Desse modo nem se apercebia bem das falhas que se iam passando por casa, que já eram normais, mesmo com os mais idosos, como acontecia com minha avó e ainda com o tio JOSÉ DA CRUZ, quando também por lá permanecia.
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Também não era nada fácil a nossa caminhada desde casa até ao Liceu, a uma grande distância, dum extremo ao outro da cidade, tantas vezes com muita chuva; para encurtar esse trajecto passávamos pela "Fábrica do PINTO" e depois por uns terrenos de culturas, saltando valas, já próximos do rio MAPUNDA, indo apanhar a estrada mais à frente, abaixo da Missão; a seguir passávamos pela Central Eléctrica, numa outra rua sem trânsito automóvel, paralela à mulola, ainda toda descoberta e onde corria apenas um fio de água; bem próximo morava o ciclista "FAÍSCA", vencedor duma "Volta a Angola". Por ali seguíamos até ao alto. O liceu ficava ainda mais para cima, depois da Rotunda (grande Largo do Palácio e do Banco de Angola), depois ainda a casa do Engenheiro GUIMARÃES e o Grande Hotel da Huíla. Nos dias em que havia ginástica antes das outras aulas e em que tínhamos de sair mais cedo de casa, comprávamos um angolar de pequenas bananas (umas 10 a 12) próximo da casa dos SOUSAS, quase no cruzamento duma rua que ia ter à parte central do Colégio das Madres, ou ainda, muito antes, na taberna do SÃO ROQUE, ao lado da loja do senhor ABEL TAVARES, um pouco depois da cadeia. Era a forma de aguentar o balanço!
No bairro onde estava a casa do tio JOÃO, também havia bastantes rapazes e raparigas, logo se estabelecendo novas amizades e que estavam sempre presentes,além das "primas" FÁTIMA e a "TITI" VAN-DER-KELLEN,que residiam no Bairro da MACHIQUEIRA mas não faltavam a essas divertidas reuniões familiares ! O tio JOÃO era um óptimo "viola" e "arranhava" alguma coisa na guitarra, sendo algumas vezes procurado por artistas que passavam pelo LUBANGO para os acompanhar; um de que melhor me lembro pelas suas sonoras e sentimentais actuações foi o cantor CHICO VIEIRA. Um dos seus parceiros na guitarra era então o MOREIRA. Outras vezes também o meu pai dava um jeito (caseiro) na viola. Como meu tio gostava imenso de música tinha adquirido uma boa aparelhagem e bastantes discos, em especial dos velhos tangos de FRANCISCO CANARO e do imortal CARLOS GARDEL (e alguns outros), de que recordo apenas alguns : - "ADIOS PAMPA MIA" - "ARRABAL AMARGO" - "CAMINITO" (*) - "CUESTA ABAJO" - "EL DIA QUE ME QUIERAS" - "LA CUMPARSITA" - "LEGUISAMO SOLO" - "YRA-YRA" - "MANO A MANO" - "MI BUENOS AIRES QUERIDO" - "PALERMO" - "PAQUETIN, PAQUETON" - "POR UNA CABEZA" - "POR TUA BOCA ROJA" - "SILÊNCIO" - "SOY UNA FIERA" - "SUS OJOS SE CERRARON" - "TOMO Y OBLIGO" - "UNO Y UNO" -... e tantos outros, que também eram dos nossos mais preferidos.
--- Por agora, de tantos e belos tangos, parcialmente citados e "clicando" abaixo, recordemos :
--- www.brasilwiki.com.br/
--- www.youtube.com/watch?v=
--- www.brasilwiki.com.br/
--- (*) - "CAMINITO" --- www.laventanaweb.com
--- OS COMPASSOS DO TANGO :...
--- www.tangobeat.com/buenos-
--- www.tangobeat.com/index.
--- www.tangomuse.com/canaro.
--- www.umich.edu/-umtango/
--- www.entusbrazos.fr/
--- www.elportaltango.com
--- www.lastfm.com.br/music/
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--- www.yotube.com/watch?v=
--- www.letras.com.br/carlos-
--- www.letras.com/br/carlos-
--- www.letras.com.br/carlos-
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-- www.buy.com/prod/entre-
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=== Sempre que surgia uma data festiva (Natal, Fim de Ano, Carnaval, Páscoa e outras), ou apenas nalgumas tardes dos Domingos, havia grande bailarico em sua casa com a presença das moças da vizinhança e restante família; de rapazes não era necessário pois já éramos bastantes; então dançávamos desde a tarde até à noite, só fazendo intervalos para as refeições que, quando se tornavam mais prolongadas, logo arranjámos maneira de escapar, dando prioridade à "farra". Meu pai que era um óptimo dançarino, assim como a tia LILI, também alinhavam com a rapaziada, até ensinando-nos alguns dos seus passes mais complicados.
Nessas alturas ou aos fins-de-semana, enquanto nos entretínhamos com as danças os mais velhos sentavam-se à volta duma mesa, enfrentando-se numa aguerrida "suecada", sempre intercalada por uns acepipes e respectivos acompanhamentos. Tudo isso se prolongava pela noite dentro e, em certas datas, continuando no dia seguinte. Desse modo, bastantes e agradáveis recordações ficaram gravadas para sempre. Boas amizades se consolidaram.
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Desde o início do 2º ano liceal passei a figurar na turma B; talvez tenha sido considerado pouco recomendável para continuar na turma A, com a presença de tantas raparigas! A turma B era normalmente um tanto indisciplinada, registando-se por vezes alguns desentendimentos com professores ou mesmo desacatos entre os alunos; várias vezes fui vítima dessas situações por causa da minha ascendência africana(angolana) e ainda brasileira, chegando ao ponto de alguns colegas (pensando serem "brancos de primeira") me chamarem "negro". Mas nesse aspecto, como noutros, não me deixava ficar pelas ofensas verbais e logo lhes marcava um "encontro" fora dos muros que limitavam a imensa área pertencente ao Liceu. Sempre adoptei o sistema de que o primeiro "murro" seria meu e o mais forte possível para marcar posição; assim, derrubando logo o adversário, conquistava alguns pontos valiosos, alterando a "opinião" dalguns assistentes e até o apoio feminino! A receita deu sempre resultado !
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Em casa, ao fim de uma tarde de estudo obrigatório, vigiados pela avó HERMÍNIA, surgia então a hora da paródia, do encontro com os amigos, os pontapés na bola de trapo e, a mais esperada, a oportunidade de contactar com as vizinhas e de avançar uns passos em direcção duma desejada e sonhada relação : - a família (GOUVEIA) havia ali chegado há pouco tempo do interior por causa dos estudos dos vários filhos (NATÉRCIA, IRIA, HEITOR, ARMANDO, ELDER e TIMÓTEO) que logo passaram a fazer parte das nossas amizades.
Como acontecia noutros casos, sempre que surgiam moças novas num bairro, logo a rapaziada da sua "área" ou mesmo de outros bairros e ainda "os da cidade", iniciavam as suas rondas; davam-se até disputas entre uns e outros, cada qual tentando ganhar terreno e "os da casa" defendendo os seus domínios contra as estranhas presenças. Necessitava de tempo, reserva e "estudo do terreno", até porque logo constou que esse chefe da família não era para graças; mas, com uma certa e preciosa colaboração e conivência infantil, acabei concretizando a desejada relação sentimental, o que não passava porém de alguns fugidios e inocentes encontros.Estes novos vizinhos depressa entraram também para a lista dos convites e das festas lá de casa, especialmente das danças, aumentando assim as hipóteses e os tempos dos desejados encontros, enquanto continuavam as passeatas de estranhos pelo nosso bairro. Com o alargar e cimentar dessas amizades volta e meia realizavam-se outras diversões; era o caso dos tradicionais "assaltos" de Carnaval e dos festejos dos santos populares, em que não faltava o "pular" das fogueiras, tanto por crianças como por alguns adultos !
Nessas épocas de Carnaval,nossa mãe era então procurada por diversos organizadores nativos e citadinos ou grupos de danças, para pintar as suas bandeiras; era bastante habilidosa e habitualmente fazia algumas pinturas para nossa casa. Essas encomendas até chegavam a ficar reservadas dum ano para outro. Conhecíamos bem esse bairro pois já lá havíamos morado antes de termos ido para a CHIBIA; alguns dos seus moradores ainda eram os mesmos e já habituais, assim como os seus clientes das pinturas das bandeiras.
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+++++ (Foto nº 89 / 5º Vol. Pg.351 - LICEU "DIOGO CÃO" - LUBANGO --
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Algum tempo depois, o nosso pai fora transferido mais uma vez para MOÇÂMEDES e, para finalizar esse ano, acabei por ter uma grave doença pulmonar (Pleurisia). Nas deslocações que fazia entre casa e o Liceu e, no mesmo regresso, apanhava muitas chuvadas sem estar talvez bem resguardado. Por outro lado, nosso tio tinha mandado abrir o imenso tanque para acumular as águas excedentes da sua vala e ainda as das chuvas, para as regas das hortas e do grande pomar que logo começámos a utilizá-lo como se fosse uma verdadeira piscina, com entretimentos prolongados; talvez, por alguma dessas razões, tivesse apanhado um grave resfriado que depressa se acentuara, aproveitando-se da minha fraca constituição física. Fui levado ao Dispensário para uma consulta, pensando ser de rotina, mas a situação era já bem mais complicada ! Extraíram-me líquido dum pulmão (pleura) e recebi ordem de baixa para o Hospital. Como nossos pais já estivessem em MOÇÂMEDES, a avó HERMÍNIA foi fazer-me companhia; por sorte conseguira um quarto, mas, como já tínhamos entrado à tarde, não estávamos incluídos na lista dos doentes para efeitos de alimentação nesse dia, conforme entenderam os "entendidos"! Burocracias ou más intenções ?! Como pouco havia comido durante esse dia, foi uma noite danada, rebolando-me com fome ! A avó ainda conseguiu que alguma alma caridosa desviasse um pedaço de pão para entreter o meu estômago vazio. Só depois viemos a saber uma das razões desse "económico aperto hospitalar"! Um dos seus responsáveis, com uma grande família, vivia dentro daquelas instalações e manobrava como melhor entendia!
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Meu irmão, RUI, terminado o ensino primário na CHIBIA e, feita a admissão, ingressara também no mesmo Liceu, onde passávamos a estar os três ao mesmo tempo. Por todas essas razões e porque também já éramos muitas bocas em casa do tio JOÃO, e eu necessitava dum apoio mais cuidado, nossos pais decidiram alugar uma casa no LUBANGO e que ficasse muito mais próxima do Liceu. Após ter tido alta e ainda de regresso a casa do tio, instalaram-me na sua sala com a recomendação de evitar certos contactos com outras pessoas ali residentes ou visitantes e de fazer um prolongado repouso. Era, pois, urgente arranjar uma alternativa.
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Também não nos foi muito fácil todo esse período e a transição inicial para a nova moradia acabada de se alugar no Bairro do "Colégio das Madres"; pertencia à família MELO, pais de dois jogadores do BENFICA, (ISIDORO e MANECAS). Eram então uns anexos da sua residência, situados mais em baixo, num seu quintal com uma parte destinada a jardim. Em vista de toda essa complicada situação o nosso pai conseguira regressar para o LUBANGO, reunindo-se mais uma vez o agregado familiar.
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Nessa vala, bastante mais baixa, também nos entretínhamos a "pescar" sapos e caranguejos. Na citada divisão destinada a despensa e casa de banho existia uma pequena fossa, quadrada, com meio metro de profundidade, cimentada, servindo de banheira; uma outra hipótese utilizada nessa época era a "selha" (metade dum barril de madeira). O chuveiro "de lata" ficava pendurado por intermédio duma corda e com uma roldana que permitia subir ou descer para ser atestado convenientemente ao gosto do "cliente"; a sua torneira era "comandada" por dois fios ou arames para "abrir ou fechar". Como em muitas outras casas de banho, não existiam sanitários, entrando ao serviço os pequenos bacios de esmalte (para as crianças) ou o "chapéu alto", do mesmo material (para os mais velhos)! Voltando aos quartos, eu e o RUI dormíamos no mesmo da tia LILI, ligado ao dos nossos pais, com uma passagem pelo interior para a sala; um pouco mais afastado havia um outro, em separado, onde ficaram o HUMBERTO e o RENATO; ao lado deste existia ainda mais um já ocupado pelo QUEIRÓZ, colega do nosso pai. A seguir a esse quarto estava um poço fundo onde os restantes inquilinos também se abasteciam de água para certos usos através dum balde munido de uma corda.
Os nossos senhorios, possuíam nessa rua uma correnteza de casas, logo a seguir à sua, principal, onde residiam. Tinham uma filha, duas netas (LIZETE e LUCY) e um neto, NÉLINHO; na sua casa vivia então um outro neto, mais velho, o BEN-HUR, da parte dum dos seus filhos, já falecidos. Essa sua filha e os outros netos moravam numa residência, na zona superior do Bairro do "Colégio das Madres", mas todas as tardes iam fazer-lhes companhia.
Aos poucos fomos estabelecendo amizades com as duas moças, ao princípio mesmo ali em frente dessas casas, numa ponta mais elevada do passeio que nos servia de banco, com as senhoras à janela voltada para a rua, junto ao portão que dava acesso ao nosso quintal e anexos; era então ali que íamos passando o fim das tardes em amenas conversas e divertimentos até ao anoitecer, quando seu pai as ia buscar.
Como disse, sua avó fazia bolos, bem excelentes, no forno bem próximo da nossa cozinha, destinados a venda pelas ruas, ou de porta em porta (por um quitandeiro cujo nome já não me recordo); deixavam um agradável cheiro que nos despertava a gulodice! No nosso pequeno quintal, por trás da cozinha, existiam dois grandes mamoeiros, dos quais colhíamos saborosos frutos; estava situado dentro dum outro quintal maior, também com capoeiras, pertencente aos senhorios. Algum tempo depois de ali estarmos então e a pedido dos nossos pais, os senhorios mandaram construir um outro forno nesse seu quintal, sendo o anterior, debaixo do telheiro, demolido para dar lugar a um novo quarto, junto à nossa cozinha. Para ali mudei com o RUI, passando então a termos um quarto só nosso, depois de muitos anos de espaços comuns; tínhamos também uma secretária para os nossos estudos, o que, antes disso, tinha de ser na sala, com certos inconvenientes. Assim, a tia LILI ficou com o seu quarto, onde algum tempo depois tinha a companhia da nossa prima ALDA (QUITA), chegada de BENGUELA.
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Como acontecia então noutras casas havia uma nativa que periodicamente nos fornecia lenha e carvão para o uso doméstico, sempre acompanhada de alguns filhos ainda pequenos que assim iam comendo mais alguma coisa fora do habitual. Passado pouco tempo pediu para que um deles, certamente o mais velho, quase da nossa idade, ficasse lá em casa. Pouco mais podia fazer do que companhia nas habituais brincadeiras, enquanto nossa mãe lhe iria ensinando certos serviços domésticos. Ficou a dormir numa pequena cama instalada na cozinha e foi apelidado de "MIÚDO".
As duas netas (LIZETE e LUCY) e os netos (BEN-HUR e NÉLINHO) da senhoria, começaram frequentando a nossa casa durante muitas das tardes em que iam visitar à avó. A tia LILI tinha muita paciência com a pequenada, ajudando nalguns divertimentos e mesmo em "aulas de dança". Nessa altura havia uma emissora, talvez a de SILVA PORTO, que transmitia bons programas musicais durante as tardes. Assim foram também progredindo nessas danças, para nós já habituais em casa do tio JOÃO, e também numa relação de franca amizade, quase familiar. Uma outra diversão preferida era o "jogo da sardinha" e o "jogo das pedrinhas", estando sentados no sofá da sala e, assim, tendo sempre mais oportunidades para contactos de nossas mãos. Até arranjei uns versos, em trocadilho (se a memória não me falha), assim :
..... "ora nas tuas e nas minhas,
..... as pedras e as tuas mãos;
..... nas tuas ou nas minhas
..... aquelas cinco pedrinhas,
..... nesses momentos nada vãos,
..... tanto eram tuas como minhas "...
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O nosso pai ocupava o tempo dividido pelo serviço (Correios) e pelo seu Benfica, sendo dirigente, treinador e o que fosse necessário para o bem do clube, enquanto minha mãe passava-o em casa, tratando dos mais variados serviços domésticos e das suas pinturas, com a pronta ajuda da nossa tia LILI.
Sem termos desconfiado de nada, a certa altura acabámos por saber que a nossa mãe estava grávida há algum tempo! Era uma verdadeira surpresa para a família tanto mais que o meu irmão mais novo já estava no Liceu!
Assim, com alegria, surgiu mais um novo membro na família; mais um rapaz, talvez contrariando os desejos de todos! Foi baptizado com o nome de ROGÉRIO, seguindo a tradição dos RR e talvez pela influência futebolística do grande jogador que então tinha o BENFICA DE LISBOA! Por certo provocou algumas alterações ao ritmo normal caseiro já desabituado dessa situação há bastantes anos.
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O primo VICTOR, continuando em casa do tio JOÃO e ao serviço da mesma empresa, namorava então a ALCINA BRAGA,(irmã do meu colega CUSTÓDIO), residente na povoação da HUILA, a uns 20 Kms do LUBANGO, ali se deslocando aos fins de semana, pois ainda lá vivia também sua mãe. Mas fazia todo esse trajecto a pé, sem qualquer arma e com duas pedras nas mãos ou no bolso! Porém, quando começavam a incomodá-lo, acabava por deitá-las fora mesmo quando, por vezes, já chegava ao destino sendo noite fechada; o mesmo acontecendo no seu regresso, situação com que nos divertíamos !
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Vencida a "barreira" do meu 2º ano liceal, e mais recomposto da minha saúde, iniciara o 3º, também na turma B. Os estudos passaram a correr da melhor forma, até porque também as nossas condições de habitabilidade já eram bem diferentes das anteriores, assim como o tratamento e o ambiente familiar que nos rodeava. Com novas disciplinas, mais interessantes e alguns novos professores, passei a conseguir melhores resultados; continuava uma outra razão que me estimulara sempre : era uma questão de brio, quase de vingança, que me animava para conseguir alcançar notas mais altas do que a maioria, especialmente de alguns que muitas vezes tentaram inferiorizarem-me com a referida posição discriminatória e racista ! E assim, fui de facto conseguindo, em especial na "Secção de Ciências"; na disciplina de Físico-Química passei mesmo a ser o melhor, não apenas da minha turma, como de todas as outras desse Ciclo. No final das aulas de entrega dos exercícios tornou-se habitual todos colegas formarem duas filas, do lado de fora, pelo meio das quais passavam os que tivessem as melhores notas, levando então umas "pancaditas" na cabeça; desse modo, nessa disciplina e mesmo às vezes também noutras (como História), passei a ser uma "vítima" permanente ! Já me ia sentindo mais "vingado". Era a minha prova "provada" de que a ascendência nada tinha a ver com a "sapiência", podendo ser conseguida pelo esforço e a dedicação de cada um; talvez se tivessem deixado influenciar por teses ou teorias seculares de alguns povos europeus, tentando desfazerem dos restantes, em especial dos situados fora das suas zonas ditas "civilizadas"!
Desenvolvi o gosto ou paixão pela leitura e escrita; já nesse campo comecei também a obter boas notas; nascera em mim a "doença jornalística", já prevista numa paródia alguns anos antes por meus familiares, talvez mais por nossa mãe e a LILI; num certo Carnaval resolveram mascararem-me de "ardina". Pela cara que eu apresentava na respectiva fotografia não me parece que tenha gostado muito desse facto e se calhar fiquei a remoer a ideia de que queria ser mais do que um ardina ! Não é que essa antiga e quase desaparecida profissão não fosse tão digna como muitas outras, só que eu ambicionava bem mais do que isso !
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Nesse novo ano liceal (3º- turma B - só de rapazes) também surgiram alguns novos colegas e mantinham-se outros antigos, mesmo desde a Escola Primária ("LUÍS DE CAMÕES", no LUBANGO -- e da "PINHEIRO CHAGAS", na CHIBIA). Na outra turma, A, o mesmo se dava, estando as raparigas em maioria e existindo sempre uma ou outra que nos despertava novos interesses.
As relações no nosso bairro também iam aumentando e algumas consolidando; como acontecera no Bairro do Benfica, passamos a integrar os habituais grupos dos "farristas", tomando parte nos assaltos de Carnaval, festejos populares e outros, sem deixar de continuar a fazer também os que se realizavam em casa do tio JOÃO, naquele Bairro que, se calhar, ficou sem direito a nome especial.
Nossa avó HERMÍNIA, todas as semanas, à Quarta ou à Quinta-feira, deslocava-se sozinha, a pé, desde a casa do tio JOÃO até esta nossa casa; ia cedo, pela fresca e lá passava o dia; à tardinha eu acompanhava-a no seu regresso. A partir de uma certa altura passou a fazer num outro dia, uma deslocação até casa da prima GLÓRIA, há pouco chegada de LUANDA e a residir junto às firmas SEABRA DE AZEVEDO e NUNO PEDROSA; era filha de uma irmã (CASTORINA COSTA ALEMÃO)de minha avó e casada com o topógrafo principal PROCÓPIO DA COSTA que fora colocado na chefia da Repartição dos Serviços Cadastrais da HUILA, sendo seus filhos : JOSÉ LUÍS, JOÃO e VIRGÍLIO. A tia CASTORINA era casada com o capitão ALBERTO ABREU COUCEIRO, em serviço em LUANDA, tendo sido Comandante da Fortaleza de S.MIGUEL; os outros filhos eram: ALBERTO, ANITA. "MENICHA" e o VIRGÍLIO.
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Ali próximo dessa casa da prima GLÓRIA existia o velho Cinema da família ALMEIDA. Era um salão plano e, na parte da frente, mais próxima do palco (com um "écran"), situava-se a chamada "geral", instalada em compridos bancos de madeira, custando cada lugar a importância de cinco angolares. Mais atrás existiam algumas filas de desengonçadas cadeiras de madeira e ferro e ainda algumas "frisas" para as pessoas mais "finas" da terra. Por vezes havia filmes que eram projectados durante duas sessões nocturnas seguidas (1ª e 2ª partes); só que também acontecia, uma vez ou outra, trocarem as "bobines" e só depois de bastante tempo decorrido davam pelo engano, sob protestos ruidosos da assistência! Quando eram filmes de "cow-boyadas" ou portugueses (sem necessidade de legendas), a sala ficava repleta, alguns até se sentavam pelos corredores laterais. Numas dessas sessões, quando chegou a hora do intervalo, o malandro do CARLOS VICTÓRIA PEREIRA, aluno veterano do Liceu, empoleirou-se num dos bancos e, chamando a atenção da assistência declarou, a gozar :..."agora no intervalo há gasosas e bolos"... Muitos ficaram de nariz no ar à espera dessa generosa oferta que na verdade não surgiu! Certa vez um responsável pelas projecções, durante um dos intervalos declarara :..." amanhã, quinta-feira, não há sessão por ser Sexta-feira da Paixão"... É claro que houve uma risada geral e alguns assobios da malta jovem !
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No referido Bairro do "Colégio das Madres" eram vizinhos, entre outras, além da família MELO(ADELINO)(nossos senhorios, já mencionados, que ali possuíam uma correnteza de casas junto à sua residência), ainda as seguintes : - GARCÊZ PALHA, (com os filhos : - DIOGO (então já estudante universitário (Medicina), em COIMBRA) e que, quando ali se deslocava de férias, andava pela nossa vala "pescando" sapos para os dissecar), irmão da PIEDADE e da - ? -); - a seguir a família MORAIS (com filhos ainda pequenos); - a família GUERREIRO (LUÍS), funcionário dos Correios, ainda nosso familiar; - nuns quartos a seguir, separados por uma viela, vivia o senhor ANTÓNIO (da família MELO). Do outro lado da rua, começando numa ponta e situada num plano mais elevado, vivia a família SILVEIRA(MÁRIO) (com seus filhos : CARLOTA, (... ?) - HUMBERTO - MÁRIO - CÉZAR); - noutro prédio mais afastado, os ANDRADES ("PATUSCOS") - com : FRANCISCO - ABEL - ), seguidos duma outra família ANDRADE (motorista do Governo Civil ?, com uma filha, ALICE - ?) ; - a família CARNEIRO - (com a filha RAQUEL - ........- ). Ao fim dessa rua. já na curva e numa bonita residência, morava a família BARRETO e, à sua frente, do outro lado dessa rua, a família ALVES(JOSÉ / ISABEL) - LOURDES - HORÁCIO - HELENA - MARIA ARMANDA); ao seu lado esquerdo havia mais algumas casas, não me recordando os nomes dos seus residentes(que me perdoem essa falha). Por detrás desta nossa casa e, também numa parte baixa, estava a família GIESTAS(ARMANDO / ANGELINA) , parentes da nossa senhoria, com os filhos : LICÍNIO e "QUIREDAS" e, na parte superior, a família MATEUS(PAULO), com duas filhas (CARMO e PALMIRA; um pouco mais abaixo (ainda na mesma rua), fazendo gaveto no já referido largo e numa casa do senhor GIESTAS, residia a família CASMARRINHA (com sua filha LÍDIA (?) e também ainda seus parentes, bem como da referida família ALVES ( V. "LISTA GERAL" - na parte final desta rubrica)-.
Era assim, quase tudo da mesma família ! Desse largo seguia uma rua para a "PONTE DO CHOURIÇO", sobre o rio MAPUNDA, assim designada por ali existir a Salsicharia da firma "PEREIRA SIMÕES". Era uma ligeira descida que aproveitávamos para ensaiar os treinos de bicicleta, sendo para mim uma nova experiência : - nunca tive nenhuma, mesmo em criança (nem sequer um modesto triciclo). Ultrapassada essa ponte, uma grande subida dava acesso ao novo cemitério e a outros bairros, já a caminho da BIBALA e SERRA DA CHELA.
Para o lado oposto do referido largo, subindo, alcançava-se o "Colégio das Madres", com uma imensa área murada a toda volta. Aí perto havia a casa do médico RICARDO SIMÕES (natural do LUBANGO) e à sua frente, noutra gémea, a de seu cunhado, capitão TELO, Presidente da Câmara Municipal; tinham ambas a frente arredondada e interessante ; como tivesse demorado muito tempo a sua completa conclusão, foram servindo de esconderijos de namoros ou mesmo de encontros mais escabrosos ! Logo à frente, por baixo, numa viela para-lela ao grande muro do Colégio, morava a família FREITAS (fora meu professor no 1º ano do Liceu, casado com a professora primária, CORA ONDINA PENA, ex-estudante do mesmo, irmã do meu colega MANUEL e do médico JACQUES, todos estes naturais do LUBANGO)e onde estavam hospedadas algumas estudantes liceais ; logo a seguir, morava ainda a família BAPTISTA COELHO, com os filhos (?),um, meu colega e suas irmãs). Estes eram os principais residentes da parte inferior do citado Colégio. Na rua que passava pela parte de cima desse quintalão, morava a família ESPINHA (com DÉCIO, DIDO (?) - - CÉLIO (colega do liceu) e a família ANGELINO GOMES (com : D. LOLA, as filhas : LIZETE e LUCÍLIA, o filho, NÉLINHO, netos da já mencionada nossa senhoria (Ver Lista Geral).
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No jardim da senhoria, em frente a uma parte da nossa casa, existiam uns baloiços de cordas suspensos dumas altas árvores e que eram então bastante utilizados pelos seus jovens inquilinos, em especial por suas netas, netos, a vizinha PIEDADE e por nós. As moças nem se incomodavam muito com a altura que conseguiam atingir, estando os rapazes lá por baixo !
No final do 3º ano liceal acabei por não ter qualquer exame como seria normal, em virtude duma recente alteração oficial que os transferira para o 2º ano, fechando o 1º ciclo. Foi um bónus interessante pois assim escapara a ambos !
O meu irmãozito ROGÉRIO (GÉRINHO) que "surgira" um pouco mais tarde, desenvolvera-se com normalidade. Como não tivessem nenhuma rapariga, nossos pais decidiram deixar-lhe crescer o cabelo, encaracolado, e, de facto, com seu bonito rosto parecia mesmo uma me-nina. Era uma criança maravilhosa, a alegria da família e amigos mais próximos, tendo assim todos mimos habituais e mais alguns.
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Infelizmente não duraria muito toda essa nossa felicidade. A certa altura começou a ter estranhas febres; consultados os habituais médicos, foram de opinião que deveria ser hospitalizado; pouco se alimentava e perdeu rapidamente bastante peso; assim chegou a triste notícia, que nos foi transmitida pela "tia" DULCE. Foi uma dura cacetada nas nossas vidas, o que deixara marcas profundas; nem há palavras para descreverem tamanho desgosto e desilusão !
Todos nós fomos bastante afectados, principalmente a nossa mãe, "recolhida" em casa, fechada na sua dor, e nosso pai, embora refugiando-se no seu Benfica, nos amigos, no café e no tabaco; a sua saúde foi-se abalando, sem remédios que lhe valessem; começou a sentir diversos sintomas, dores, provocando-lhe noites mal dormidas e uma péssima disposição de que sofríamos algumas consequências!
Havia em diversos locais de ANGOLA alguns médicos missionários (talvez mais os canadianos) a quem recorriam milhares de doentes, muitos mesmo de localidades bastante distantes, em virtude da fama e popularidade que haviam alcançado; como, infelizmente, havia poucos especialistas portugueses a quem recorrer, insistimos na sua deslocação à Missão do BONGO, onde o seu dirigente, doutor PARSON atendia diversos doentes ao mesmo tempo e à volta da sua secretária, coberta de imensa papelada, caixas e frascos de medicamentos gratuitos (amostras); as confusas salas e corredores estavam cheios de doentes, alguns sentados no chão, à espera de vez. Não havia "listas de espera" e todos eram atendidos consoante se iam metendo nas "bichas". Noutra Missão, situada na CATABOLA (NOVA SINTRA) e dirigida pelo Dr. STRANGWAY, não acontecia porém como na do BONGO, em que uma médica, dinâmica, era um tanto agressiva para os doentes "brancos" que, quando estavam sentados, mandava-os levantar e fazia sentar alguns nativos que estivessem por perto, independentemente dos seus estados de saúde; a sua política social era de há muito considerada um tanto duvidosa.
No entanto, em geral, nessas missões, doentes que necessitassem de mais urgência ou cuidados especiais eram atendidos dentro da possível oportunidade; havia alguns "auxiliares", adestrados pelo "mestre" que também iam fazendo certas intervenções cirúrgicas.
Nosso pai lá acabou por aceitar a sugestão e insistência para ali se deslocar. A sua consulta foi relativamente simples e rápida, como muitas outras; o conceituado médico, sem ter à mão quaisquer documentos ou exames anteriores, e, mediante uma breve troca de palavras, logo se apercebeu do problema e impôs a sua drástica decisão : "...nem mais um cigarro, nem mais um café"..., sem recurso a medicamentos e sem dietas, antes pelo contrário, devia passar a comer o que melhor lhe apetecesse, recomendando-lhe de seguida uma passagem pela pensão mais próxima para comer um bom bife, porque a partir dali já se ia sentir muito melhor! Seria aconselhável cumprir à risca aquela sentença.
Foi uma consulta e uma decisão com um resultado espantoso! Nosso pai passou a seguir a sério aquelas recomendações, abandonando todos medicamentos que andava acumulando no seu organismo; em breve recuperou a boa disposição e o seu peso habitual, voltando a utilizar a sua bicicleta normal, pois, nos últimos meses até tivera de lhe adaptar um pequeno motor que lhe desgastava o pneu traseiro em pouco tempo! Voltava assim à sua plena actividade física, em especial com o entusiasmo futebolístico, chegando ao ponto de ir buscar a casa, de bicicleta, um ou outro jogador para que não tivesse desculpas das faltas aos treinos ou a jogos, invocando a distância a que se encontrava e ou a de não possuir qualquer meio de transporte! Durante esses treinos ou desafios, acompanhava as jogadas percorrendo toda a linha lateral posterior, dando o seu apoio e instruções e, às vezes, bem zangadas, prosseguindo ainda nos improvisados balneários (anteriormente quermesse durante as festas).
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-- Quanto à minha actividade liceal, então já no 4º ano lectivo, prosseguia bem encaminhada e mantendo os bons resultados nas minhas disciplinas mais preferidas. O choque do desaparecimento do GÉRINHO afectou-me durante bastante tempo, até tomar consciência que a nossa vida tinha de continuar como antes, na esperança de que tudo se normalizaria. Habitualmente passava a maior parte do meu tempo de folga permanecendo em casa e, a partir daquele momento, ainda mais, na principal intenção de dar um maior apoio a nossa mãe, enquanto meu pai se socorria do futebol para tentar esquecer os maus momentos. Como a LIZETE e a LUCY continuavam com as visitas quase diárias a casa de sua avó e ao nosso contacto, também nos dispensavam o seu agradável e inesquecível apoio, reduzindo o tremendo efeito negativo que muito nos afectara. Talvez tenha sentido mais esse golpe por ter surgido a hipótese médica da causa daquele triste desenlace ter sido originada em consequência da minha anterior doença (pleurisia). Era uma dor muito pesada! Fui-me refugiando naquelas amizades, nos estudos, na leitura de algumas obras mais desejadas (JORGE AMADO, EURICO VERÍSSIMO, as de alguns autores mais tradicionais, em prosa e poesia). Nunca tive inclinação para as chamadas "histórias aos quadradinhos", independentemente do valor que pudessem ter; interessavam-me também os temas históricos, em especial aos relativos ao centro e sul de ANGOLA, talvez pela influência das narrativas de nossa avó HERMÍNIA e do tio ZÉ DA CRUZ; este ainda teve certa interferência no sector dos transportes rodoviários para o interior de militares e suas cargas.
Havia ainda a influência e a curiosidade de aprofundar o passado militar e civil de diversos ascendentes com intervenções e colaborações mais ousadas e valiosas contempladas com honrarias oficiais; ao nosso bisavô, JOSÉ DA COSTA ALEMÃO COIMBRA foram atribuídas as condecorações :- "Medalha de Valor Militar" de D.LUIS I , a "Medalha das Campanhas de África" de D. MARIA PIA e concedidos 300 hectares de terras no TCHINQUÉRERE, área da CHIBIA, pelo desempenho de cargos militares e civis de relevo, como aconteceu ainda com outros membros : - avô BASÍLIO CORREIA, nossos tios ALEXANDRE DA CRUZ (e seu pai), o tio TITO LÍVIO COSTA ALEMÃO e outros familiares (PEDRO AUGUSTO CHAVES, AFONSO LAGE, etc.).
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-- Na pequena Biblioteca do Liceu "DIOGO CÃO" à responsabilidade duma familiar (D. JÚLIA - filha do capitão, professor e historiador, GASTÃO DE SOUSA DIAS; fui alimentando a minha curiosidade e adquirindo mais conhecimentos sobre o passado de ANGOLA e dos seus territórios vizinhos. Paralelamente desenvolvera o gosto pela escrita e decidira mesmo atrever-me a "escrever para os jornais" e de vir a publicar oportunamente um livro já em projecto.
-- Na esquina da firma "PEREIRA SIMÕES" com a rua que passava em frente da Câmara Municipal do LUBANGO, descendo depois pela frente da Padaria daquela mesma firma, a caminho do nosso bairro, funcionava a Oficina Gráfica e "Redacção" do Jornal "A HUILA", um "bi-semanário" independente, com velhas tradições, fundado em / /1930 -- então sob a dedicada e sábia direcção do seu proprietário, senhor tenente-coronel-farmacêutico (reformado),CARLOS ALBERTO CACELLA DE VICTÓRIA PEREIRA; um pouco mais abaixo, na rua principal, possuía uma veneranda Farmácia, onde trabalhou o amigo TELES, ainda de calções. O Director do referido Jornal, era um antigo residente no LUBANGO, militar (oficial reformado) que ali constituíra um agregado familiar com uma respeitável senhora, nativa, Dona EMILIA, muito considerada e estimada na cidade, sem que lhe fosse permitido "legalizar" o seu casamento, pois não o era a qualquer oficial com uma africana (segundo a legislação então vigente!).Tinham diversos filhos, muito bem "vistos" no meio social, com muitos amigos e colegas : - CARLOS - EVA - EDUARDO - FREDERICO - JORGE - JÚLIO - RUTH - VICTOR. O JORGE, meu colega do Liceu, tinha a fama (e talvez proveito) de ser capaz de comer um leitão! Mas, era tradição os membros desta família (futebolistas da JUVENTUDE), não se entenderem bem com os duma outra família, LEITÃO, jogadores do SPORTING ! Uma questão de tradição que só se verificava mesmo durante os jogos!
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-- Resolvi, a data altura, começar a escrever alguns artigos para o referido Jornal, indo metê-los por debaixo da porta da dita "redacção",às escondidas, sem que fosse detectado. Talvez um desses primeiros teve uma razão e uma consequência inesperada e muito interessante: - estávamos na Quadra do Natal e eu sabia que o meu pai, nessas alturas nunca se esquecia e, fazia mesmo com alegria interior, de ir entregar aos presos da Cadeia Civil uma cesta preparada por minha mãe, com diversos artigos dessa época e mesmo algumas "guloseimas". Escrevi o artigo : "O NATAL DOS SEM NATAL" (+) e lá fui, mais uma vez às escondidas, introduzir o meu envelope debaixo da porta. Para meu contentamento, o artigo foi logo publicado e com honras de primeira página (com o meu pseudónimo "SOURREIA") e em completo segredo familiar. No dia de NATAL, à hora do almoço, estávamos todos, como habitualmente nessas ocasiões, em casa do tio JOÃO, num anexo mais espaçoso, quando meu pai "saca" do seu bolso o Jornal e, sem saber da origem daquele artigo, tratou de o ler em voz alta. Tive de escapar dali antes dele completar, refugiando-me no quarto de minha avó lavado em lágrimas; quando me encontraram tive de revelar o motivo, sendo assim divulgado aquele meu precioso segredo; meu pai também se emocionou bastante, embora aparentasse às vezes ser "um cara dura"; meu tio JOÃO, então de lágrima fácil, fez-me companhia! Para mim foi um momento inesquecível.
Em sua casa, como certamente em muitas outras, o NATAL era mesmo uma data sagrada, sem que nunca o visse numa igreja! Ainda na véspera, dia de "consoada", ele tivera de se deslocar com uma camioneta da firma VENÂNCIO GUIMARÃES, para ir em socorro dum colega que tinha ficado retido e impedido de regressar duma viagem a MOÇÂMEDES, onde fora buscar uma carga de artigos para aquela Quadra, em virtude de grandes cheias no rio BERO. Tiveram de proceder ao seu transbordo por várias fases, o que demorou muito mais tempo do que o previsto. Assim, só chegou a casa já depois da meia-noite sem que ninguém tivesse iniciado a respectiva "ceia", mesmo a rapaziada ali presente! A nossa desforra foi, uma vez mais, a dança na sala, com alguma doçaria "fanada" às escondidas.
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