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I)- CITAÇÕES(30); - II)- EXPOSIÇÕES(1); - III)- FACTOS(21); - IV) - OPINIÕES(3); - V)- RECLAMAÇÕES(5); - VI) - RECURSOS; - VII) - TRANSCRIÇÕES (PARCIAIS)(49): --
----- (ver também nalguns dos artigos já publicados noutra rubrica) --
--- Esta rubrica ficará também à disposição dos nossos estimados leitores, podendo assim manifestarem-se publicamente sobre o assunto em causa. Dada a extensão da matéria, solicitamos que
as suas colaborações sejam sucintas e objectivas,dando oportunidade de muitos outros se manifestarem.
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-- Sabendo que a dita "DESCOLONIZAÇÃO" provocou imensas e tremendas situações de injustiça, muitas irreparáveis e irreversíveis, pretendemos deste modo dar uma maior e necessária cobertura contra os (i)responsáveis das tantas desgraças surgidas em consequência da terrível e malfadada forma como foi executada por uma meia dúzia de pretensiosos e "iluminados políticos de ocasião", dos quais alguns não foram senão os oportunistas que devoraram a carne e os ossos das suas indefesas vítimas e passaram a ser uns "grandes e nababos senhores", uns "bochechudos",outros mais franzinos, mas, uma grande parte, camaleões na primeira oportunidade ou quando lhes surgiram apetecíveis e vaidosos tachos.!
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------- I) -- CITAÇÕES : ------- (Títulos e desenvolvimentos por ordem cronológica) :
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--- 0)- "HISTÓRIA BREVE DA COLONIZAÇÃO PORTUGUESA" -- 1)- "MIGUEL TORGA" -- 1/A) -- "Os ingleses" -- 2)- "ANGOLA - o fim do mito dos mercenários" -- 3)- "O ALMIRANTE ROSA COUTINHO" -- 4)- "A COLONIZAÇÃO DE ANGOLA E O SEU FRACASSO" -- 4/A) - "O SEU DESEJO FEIO" -- 5)- "TIMOR" -- 6)- "MONUMENTO AOS COMBATENTES DO ULTRAMAR" -- 7)- "A REVOLUÇÃO..." -- 8)- "CIA" -- 9)- "SALAZAR E A "DITADURA FINANCEIRA" -- 10)- "...E OS ABUTRES VIERAM" -- 11)- "A REVOLUÇÃO DE ABRIL" -- 11/A)- "O ESTADO PORTUGUÊS" -- 12)- "EXEMPLAR DESCOLONIZAÇÃO" -- 13)- "Militares, Políticos e Outros Mágicos" -- 13/A)- VARIEDADES ULTRAMARINAS" -- 14)- "INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA DE ANGOLA" -- 15)- "GUERRA CIVIL" -- 16)- "DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR..." -- 17)- "DIVERSAS" -- 17/A)- "O EQUÍVOCO DO 25 DE ABRIL" -- 18)- "MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO - Prefácio" (Ver o seu desenvolvimento no "sítio" http://angola-brasil-portugal.blogspot.com/ -- 19)- "GUERRAS E CAMPANHAS MILITARES..." -- 19/A) -- "MEMÓRIAS DE ANGOLA" -- 20)- "O ÚLTIMO ANO EM LUANDA" -- 21)- "25 DE ABRIL DE 1974 - A REVOLUÇÃO DA PERFÍDIA" -- 22)- "O 25 DE ABRIL DE 1974" -- 23)- ""O ÚLTIMO ANO EM LUANDA" -- 24) - "O DIA 25 DE ABRIL DE 1974" -- 25) - "EM NOME DA PÁTRIA" -- 26)-- "AS VERDADES DO 25 DE ABRIL" -(A VERDADE VERDADEIRA...DO 25 DE ABRIL...")-- 27) -"UM DILEMA POLÍTICO ? " -- 28)- "O 4 DE FEVEREIRO DE 1961 - Opinião de diversos autores" -- 29)- -- "ESPAÇO PÚBLICO" - "Retornados : a palavra possível nasceu há 35 anos
(I)" -- ("Foi uma das maiores pontes aéreas mundiais para evacuação de refugiados. Mas eles não retornavam. Eles fugiam.")... 30) - "04 DE FEVEREIRO DE 1975" ---
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..... 0) -- "HISTÓRIA BREVE DA COLONIZAÇÃO PORTUGUESA" -- .....
..."Na maior parte das histórias de Portugal a actividade colonizadora dos portugueses aparece como acidente mal ligado,na sucessão dos factos, às outras acções internas consideradas fundamentais. Agora,nesta breve história da colonização portuguesa, procede-se ao invés, tomando como essenciais à missão de Portugal na história do Mundo os Descobrimentos e a consequente acção civilizadora.
"O autor não pretende,desta forma,escrever propriamente uma História de Portugal; mas sem se despedir de o fazer um dia procura recolher brevemente as mais recentes contribuições dos investigadores nacionais ou estrangeiros,que nos últimos anos têm ido buscar aos arquivos muitos documentos esquecidos para com eles esclarecerem factos duvidosos.
"O seu intento consistiu em fazer desenvolver os acontecimentos de maneira que surjam presos naturalmente aos que se sucediam na Mãe-Pátria,donde partiam quase sempre os impulsos e onde se decidiam as mais das vezes os planos de acção ultramarina.
"Mas propriamente da história de Portugal no pequeno rectângulo europeu,onde se criaram e o educaram os marinheiros dos Descobrimentos,os colonos,os missionários,os mercadores,os soldados,apenas se quiseram apontar os factos e lembrar os homens que mais contribuíram,uns e outros,para o desenvolvimento da acção colonizadora.
-- "Pretende-se dar a linha geral da acção colonizadora dos portugueses ; mas nem esquecer que,nesta primeira tentativa,abundariam,até por ser primeira,as dificuldades -- e,decerto, as insuficiências. E embora se procurasse vencê-las lançando mão das melhores informações, o Autor ficaria bem compensado se o seu esforço desse margem a que outros,depois,pudessem e quisessem fazer melhor." (de : MANUEL MÚRIAS -- (cont.) --- (pg . 11) --
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.................. "1 - ALGARVE DE ALÉM-MAR" ...............
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..."Não foi difícil ver que a conquista de Ceuta só poderia trazer vantagens para toda a Península.A cidade africana fazia frente a Gibraltar e a posse de amas as posições dava aos mouros verdadeiramente a fiscalização do Estreito. Daqui vinha de resto a importância visível da cidade marroquina; mas sabia-se também que Ceuta era a testa de uma da grandes estradas do comércio com o norte da África e com o deserto,até ao Golfo da Guiné.Acresce que,por não estar ainda completada a Reconquista e por não serem poucas as ocasiões em que de África chegavam aos mouros da Península reforços e socorros,era por Ceuta que vinham,por ser o porto de onde mais facilmente podia responder-se a uma chamada de auxílio. Além disso, não se perdera naturalmente a lembrança de que a conquista moura da Península começara pela entrega de Ceuta, senão pela traição do Conde de Ceuta. Nem seria difícil compreender que a sua posse,já com os visigodos guardada como essencial à defesa da Hispânia,seria ainda então um elemento de segurança peninsular,logo que viesse à posse de Portugal."...-- (o.c.) - pgs. 26/27 -
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.."Os factos demonstraram que se não enganavam os conselheiros de D. João I e os infantes,que propuseram e defenderam a ida a Ceuta. Mais de uma vez então,até que,com a trágica jornada de Alcácer,verdadeiramente terminasse a acção portuguesa em Marrocos, se invocaram razões de defesa da Península para justificar a continuação da empresa africana.E,efectivamente,em Ceuta colocou-se a primeira pedra da prodigiosa expansão dos portugueses. Mas é impossível,ainda assim,que se pudesse antever o alcance daquela jornada magnífica.
"Não é crível , com efeito,como se pretendeu, que o Infante tivesse na mente,ao embarcar para Ceuta,o plano de expansão que havia de consagrar a vida. Mais natural seria que,em Ceuta,ao saber melhor da importância do comércio que os mouros mantinham com o interior da África até ao Golfo,pensasse em realizar a exploração da costa africana e buscasse para isso todos os elementos de informação que,em Ceuta, melhor que em Lisboa, poderia obter."... -- pg. 29 -- (o.c.) -
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............" 5 - a herança do infante" - ..............
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..."Como quer que seja,mal assentaram as pazes com Castela e ainda antes de subir definitivamente ao trono,logo D. João II começou a obra dos Descobrimentos,num esforço admirável que levaria o reconhecimento da costa africana desde o Cabo de Santa Catarina até ao Rio de Janeiro.
"Logo no princípio de 1482 partia Diogo Cão para a sua primeira viagem, em que ergueria na Ponta do Zaire o padrão de S. Jorge -- começa então o descobrimento da costa de Angola,ao sul do Rio Congo. Ainda nesta viagem,Diogo Cão levanta no Cabo de Santa Maria o padrão de Santo Agostinho.
---"Noutra viagem (1485/1486),entra pelo Congo dentro, talvez à procura de saída para o Índico. Navegando até às quedas de Ielala, aí inscreveu na rocha viva a famosa inscrição,que marca o desfecho dos seus esforços para o interior do continente africano.
--"Impossibilitado de prosseguir,em virtude das cataratas,desceu de novo o Rio Congo,voltou ao mar,seguiu a costa para o sul,cravou o seu terceiro padrão no Cabo Negro e,mais ao sul ainda,no Cabo do Padrão,o quarto.
"Continuando a sua rota,atingiu,pelo menos a Serra Parda,defronte da qual, no mar,veio a morrer depois de haver preparado as condições para se alcançar a ponta sul da África."...(pgs. 49/50) --
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. ............."SEGUNDA PARTE" ---- OS DOIS IMPÉRIOS" --- .........
--------- " 2 . nova terra,nova gente" .........
..."Do Brasil -- que por muito tempo ficava com o nome de Vera Cruz,como lhe chamou Cabral, ou de Santa Cruz -- restava,entretanto uma visão admirável ,em que se registavam vivamente as surpresas encantadas com a gente, que então se encontrou.Não é possível descrever melhor este primeiro contacto cm a terra descoberta e com gente de que seguindo os dizeres de Pêro Vaz de Caminha,que nos dá a impressão ingénua,mas vivacíssima dos descobridores... E dali avistámos homens que andavam pela praia,uns sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos que chegaram primeiro."... "Pardos,nus,sem coisa alguma que lhes cobrisse as vergonhas.Traziam arcos nas mãos, e suas setas.Vinham todos rijamente em direcção ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os depuseram."... - pgs.74/75) --
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................"QUINTA PARTE" ......... "O IMPÉRIO AFRICANO" .............
............"1 - A formação de um estado de espírito"....................
..."Com a separação do Brasil não poderia evitar-se a mais profunda perturbação na vida e na administração ultramarina de Portugal. Com efeito, o Brasil concentrava,como se viu,desde o século XVII todas as preocupações dos reis e dos povos -- e os estabelecimentos de África,apesar dos esforços realizados a partir de D. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho e de seu filho,o Conde de Linhares,eram principalmente encarados como dependências do Brasil.
"Pode,todavia,crer-se que fosse possível,mau grado mesmo a cisão brasileira, reconduzir à África todas as possibilidades colonizadoras de Portugal, se ela não fosse acompanhada das lutas políticas,em que se desperdiçaram as melhores energias e as mais vivas inteligências. É quando, em 1834,se havia de julgar liquidada a guerra -- o que realmente não aconteceu --,um dos primeiros actos do novo regime consistiu em extinguir o velho Conselho Ultramarino, a admirável criação seiscentista do Portugal Restaurado que até à saída do Príncipe Regente e da Família Real para o Brasil concentrou em si todos os estudos e todas as iniciativas tendentes ao desenvolvimento do Império".
"Verdadeiramente,o que valeu então foram os esforços isolados e,a bem dizer, abandonados,dos governadores,dos capitães e dos colonos,cujo instinto nacional supriu, em grande parte,a carência da metrópole,onde de todo se ia perdendo o sentido universalista da nossa missão histórica" ... (.o.c.) - (pg. 139/140) --
"Foi necessário aguardar que nalguns espíritos mais nobres esmorecessem as paixões políticas para iniciar um persistente esforço de reeducação sistemática dos portugueses no sentido de os devolver à consciência das suas obrigações além-mar. E dentre os obreiros dessa grande obra, que abriu à Nação Portuguesa novos destinos,é de justiça destacar,em primeiro lugar,o nome de Sá da Bandeira,o primeiro estadista da nova ordem política que teve uma larga visão imperial e soube acomodar a sua acção fundamental de governante ao seu pensamento de engrandecimento ultramarino."
"É,com efeito, através de Sá da Bandeira que o esforço antigo se prolonga e enaltece; e é do seu que,na verdade,sai o primeiro delineamento do Império de África" -- (pg. 140) --
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------- Transcrição da Introdução e,ainda, parcial de alguns textos constantes da enorme obra : "HISTÓRIA BREVE DA COLONIZAÇÃO PORTUGUESA" - de MANUEL MÚRIAS - pg. 11 - EDITORA VERBO,LDA - LISBOA -- 1961 --
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............ 1) -- "MIGUEL TORGA" ............
- ..."Fomos descobrir o mundo em caravelas e regressámos dele em traineiras. A fanfarronice de uns,a incapacidade de outros e a irresponsabilidade de todos deu este resultado : o fim sem a grandeza de uma grande aventura.
Metade de Portugal a ser o remorso da outra metade."...
--- (transcrição parcial de uma opinião de MIGUEL TORGA - (Junho de 1975) --
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.......... 1/A)- "Os ingleses..." ...............
..."Os ingleses não reconheceram o novo regime senão depois de terem falado comigo".
-- (De : MÁRIO SOARES, em : ("TEMPO" - 15.4.1976, pg. 16) ----
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--- 2)- "ANGOLA - O FIM DOS MERCENÁRIOS"... (N "6 -- AS VERSÕES AFRICANA E LATINO-AMERICANA") ---
..."A UNITA nasceu em 13 de Março de 1966, com o objectivo único de vir a proceder, em tudo, ao contrário do que proclamava.
Em nenhum outro país do mundo se pintaram possivelmente tantas inscrições(15)nas ruas, em cada casa e em cada muro, como aquelas que vinculavam Savimbi e a sua UNITA com a independência, a liberdade, a justiça, a aliança operário-camponesa, a prosperidade, a revolução e o socialismo.
Os estatutos da UNITA estão próximos dos estatutos de um Partido marxista-leninista.
O seu programa (ainda com algumas bajulações, como a que fala em "relações privilegiadas com Portugal", como assinalou o presidente Sekou Touré), é na generalidade democrático, nacional-libertador, progressista e anti-imperialista.
Jonas Savimbi criou a UNITA como uma terceira força,nem rival do MPLA nem da FNLA, partindo dos seguintes princípios :
1 -- Necessidade de fomentar a luta no interior do território angolano, contra o exército colonial;
2 -- Essa luta ter de ser uma luta armada;
3 -- Repudiar o capitalismo(programa final da FNLA ) e o comunismo (objectivo estratégico atribuído ao MPLA)e aderir ao socialismo, ainda que uma forma vaga e nebulosa;
4 -- Unir todas as forças anticolonialistas, incluindo o MPLA e a FNLA, depois de alcançada a independência, através de idílicas eleições democráticas, nas quais o povo viesse a decidir "se preferia Neto, Holden ou Savimbi" (sic);
5 -- Lutar contra o racismo e o tribalismo."
..."No entanto, a cópia de uma mensagem datada de Dezembro de 1974. enviada pelo chefe da polícia secreta portuguesa em Angola e que passou pelas minhas mãos,pouco tempo após ter sido libertada Huambo, (a antiga Nova Lisboa) pelas FAPLA -- mensagem essa destinada a Lisboa --, depois de enumerar os postulados que reproduzimos, cinco pontos que não representam a imagem verdadeira de Savimbi e da UNITA, afirma que esta representa para o Sul o mesmo que a FNLA representa para o Norte -- uma força útil a Portugal, ao opor-se ao seu inimigo principal, o MPLA.
..."O dirigente da PIDE, conhecedor perfeito de Savimbi desde os longínquos tempo em que era um do seus agentes locais, confirmava assim as indicações fornecidas pelas estatísticas. De mês para mês, diminuíam os ataques da UNITA contra os portugueses e aumentavam os dirigidos contra o MPLA.
..."Quando Savimbi se reconciliou com Holden(16)e, em comum iniciaram a sua actuação contra a jovem República Popular de Angola, quando Kissinger admitiu que a UNITA e a FNLA eram "os aliados do Ocidente",toda a sua demagogia ficou patente de uma vez para sempre.
..."Os milhares de cadáveres de patriotas angolanos, assassinados em conjunto pelos esbirros de Savimbi e pelos invasores sul-africanos, assassinados em nome do racismo e tribalismo e descobertos nas cidades e aldeias por aqueles antes controladas, nem por serem mudas deixaram de ser testemunhas dessa terrível verdade"...(pgs. 60 a 62)-
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..."A partir de 25 de Abril de 1974, data em que corroído pela persistente resistência de três povos africanos e derrubado por militares progressistas e pelo levantamento do povo português, caiu enfim o velho regime fascista de Lisboa, nem um só dia foi perdido. Imediatamente os próceres neo-colonialistas, propuseram-se(17) afastar a única força que de facto tinha lutado contra Portugal e se opunha a todo e qualquer arranjo neo-colonial -- o MPLA de Agostinho Neto."
..."Tentando atingir o ponto mais fraco das forças armadas nativas -- a sua consciência ideológica -- utilizaram as designações atraentes de Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), ao mesmo tempo que agitavam programas demagógicos, a fim de conseguirem os seus objectivos"...(Pg. 62) --
..."Não faltaram também os certificados de "revolucionarismo", atribuídos pelos maoístas de Pequim a todos os que, como a FNLA e a UNITA, estão dispostos a oporem-se,a na prática, à União Soviética e ao socialismo, utilizando para o efeito uma fraseologia de esquerda.
..."Mas que haveria a fazer, se em Angola e à semelhança do que aconteceu em Cuba, os mercenários "nativos" não viessem a dar conta do recado?.
..."Restaria o recurso à solução tantas vezes já posta em prática em África : o mercenário ocidental, o branco, o "James Bond" em carne e osso"...(Pg. 63 ) --
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--- (15) - Em 30 de Abril de 1974,portanto apenas cinco dias após a queda de Marcelo Caetano e somente numa noite, surgiram nas paredes de Luanda, milhares de inscrições, executadas por jovens fascistas portugueses. Sem comentários -
--- (16) - Na sua edição de 20 de Dezembro de 1975, noticiava o New York Times, baseando-se em confidências de altos funcionários do Departamento de Estado e da CIA : "O dirigente da FNLA, Holden Roberto, é agente da CIA desde 1961, a troco de um pagamento de 10.000 dólares por ano, pagos para obter e transmitir informações. Em Janeiro de 1975, o "Comité dos Quarenta" da CIA, presidido por Henry Kissinger, forneceu a Holden, 300.000 dólares, a fim de o auxiliar a combater o MPLA. Alguns meses depois, foi a vez do dirigente da UNITA, Jonas Savimbi, receber avultados fundos, remetidos através da Zâmbia e do Zaire." --
---(17) - -- Um dos primeiros passos nesse sentido, foi o famoso encontro entre Spínola e Mobutu na Ilha do Sal. Spínola terá projectado a retirada maciça dos portugueses em Outubro, a fim de contar com o seu apoio em Portugal, tencionando obter o regresso desses portugueses a Angola em Novembro, depois de Luanda ter sido recuperada das mãos patrióticas do MPLA. Como é do conhecimento geral, a fase final desse plano fracassou".
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--- Extraído de "ANGOLA : fim do mito dos mercenários", Pgs. 60 a 63 -- RAUL VALDES VIVO -- PAVEL - Dezembro de 1976 --
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..."Aqui vos digo, solenemente,que pela minha honra posso afirmar-vos que ninguém em Portugal, ao nível do Governo de que faço parte, jamais pensou, ou jamais pensará, abandonar Timor"...
-- (de : ANTÓNIO DE ALMEIDA SANTOS -- em : "O DIABO" -18/10/1977- pg.12 ) --
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-- ------------ 3)- O ALMIRANTE ROSA COUTINHO ---------------
..."Uma das dificuldades que se apresentou para a descolonização de Angola foi o facto de militarmente a guerra colonial não apresentar ali, em 25 de Abr., as mesmas condições que se verificavam em Moçambique ou na Guiné. Assim, em Angola, as forças portuguesas dominavam praticamente quase todo o território. Os movimentos, de certo modo, estavam a ser batidos, excepto na região de Cabinda, e o movimento que mais sofreu com isso foi exactamente o MPLA.
Dada a acção das guerras coloniais portuguesas, o MPLA, no dia 25 de Abr., estava
praticamente destroçado sob o ponto de vista militar. Naturalmente que esta situação veio a complicar o problema da descolonização, já que o movimento com maior representação política era, na altura, o militarmente mais fraco"...
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------ Extraído duma entrevista de ROSA COUTINHO ao Diário de Notícias, de 10 de Novembro de 1975 ------
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--- 4)- "A COLONIZAÇÃO DE ANGOLA E O SEU FRACASSO" -- (PREFÁCIO) ---
..."Angola ficou profundamente ligada à vida nacional. Se a Índia alimentou principalmente a saudade do período heróico da expansão,Angola constituiu uma alternativa para a independência do Brasil,já pelas esperanças postas nela como lugar de recepção da emigração portuguesa(alguns refugiados "reinóis" aí tentaram fortuna),já pelas riquezas potenciais que o fomento bem conduzido ia permitindo valorizar. Uns viam nela "a nossa mais importante e mais rica província africana" (Andrade Corvo,1883),o "coração do Império" (A.C.Valdez Thomas dos Santos,1945)... Angola teria assim um destino português naquela "unidade de sentimento e de cultura" (Gilberto Freyre) com que a nossa expansão cinturou metade do mundo" ... (Pg. 15 ) --
..."Uns imaginavam uma grande comunidade lusíada a que caberia,pelo enorme peso demográfico e potencial económico, a "liderança" ao Brasil (Aroldo de Azevedo)..."outros ainda anteviam em Angola um novo Brasil (Cardeal Cerejeira, tingido de mestiçagem mas fiel à sua formação portuguesa.
..."No entanto, os acontecimentos dos últimos anos levam outro caminho.A sorridente incompetência de um governador e o cinismo de pretensos acordos fizeram com que Portugal se retira-se deixando Angola mergulhada na guerra civil e aberta às rivalidades do neocolonialismo. Os "retornados",impropriamente chamados assim porque a maioria talvez seja de brancos nascidos em África,alguns de famílias aí estabelecidas há duas ou três gerações,e outros são pretos e mestiços,constituíram a mísera debandada dos que se sentiam ameaçados na vida,mesmo depois de perderem os bens.E neste cerca de meio milhão de desgraçados se extinguiu a esperança de um século de numa Angola multirracial. Resta saber se as tensões,já manifestadas,entre a elite mestiça e a maioria preta não se virão a agravar com o tempo; assim como persistirão provavelmente os conflitos entre três partidos,em luta desde a independência e apoiados em fortes e bem individualizadas maioria étnicas.
..."A colonização portuguesa de Angola saldou-se por um fracasso que é necessário não iludir para tentar compreender e explicar.A comparação com o Brasil forneceu-me -- creio não me enganar -- a mais forte linha interpretativa : outra conjuntura, sobretudo outra dimensão histórica,em certos aspectos reduzida a alguns decénios, em Angola,a despeito de os portugueses a terem abordado antes da América. Esta a razão porque o leitor de um livro sobre Angola encontra muitos exemplos americanos que,de caso pensado,nele introduzi"... (Pgs. 16/17) --
..."As longas transcrições constituem aclaramento vantajoso e procuram dar ideia da variedade e movimentos de opinião indispensáveis à compreensão do texto.O leitor verá assim reunidas coisas dispersas e que nem sempre lhe seria fácil encontrar."... "A autora de um compêndio elementar de Geografia,angolana branca e nossa antiga aluna,conhece bem Luanda,onde nasceu,e as áreas próximas,mas não pôde visitar a maior parte do seu país,onde reina a insegurança e só de avião se comunica entre as cidades principais"... -(Pg. 19/20) --
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..."Sinto não ter podido voltar a Angola independente. Se nos ominosos tempos do colonialismo andei por onde me apeteceu e interroguei quem quis,tenho a certeza de que hoje não poderia fazê-lo. Além de que a guerra não acabou e tomou o carácter feroz e doloroso de se fazer entre irmãos de raça. A única desculpa para o Governo Português foi que talvez a pudesse adiar mas não evitar. Em África o poder não se partilha, as intervenções estranhas são inumanas e deliberadas, os interesses económicos aliciantes e tudo a eles se subordina. Mas afinal não foi também prolongada e dolorosa a gestação de tantas nações europeias ?! ..." - (pág. 27) --
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..."Resta explicar-me sobre longos excursos brasileiros,que entram sempre a título de confronto e de esclarecimento..."A comparação é a alma da Geografia",...disse R.Blanchard. E da História também. Porque tudo o que é humano procede de um fluxo no tempo : "O presente provém do passado",,,,ensina Leite de Vasconcelos,meu mestre de sempre..." - (pág. 27) --
..."Adiante discutirei as impossibilidades de uma Angola portuguesa. Para além da conjuntura em que os homens intervêm com esperança de inflecti-la segundo os seus desejos,há uma estrutura profunda e imutável. Se a Europa transpôs para a América os seus modos de pensar e de sentir, a África negra é um mundo e outro cariz,outra origem,outro destino. Impõe-se assim um rápido confronto,a que se dedicará o capítulo seguinte..." -- (pág.28) --
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----- "Em torno da emancipação do Ultramar " ----
..."O Governo saído do movimento do 25 de Abril de 1974 defrontou-se com o mais grave problema nacional depois da Restauração, que se arrastava há treze anos e que o imobilismo autoritário nunca tinha podido encarar com visão realista. Se os dirigentes persistiam numa situação condenada ao fracasso,a Nação estava exausta de uma guerra em três frentes "que nos tinha sido imposta",como repetidamente Salazar pretendeu fazer crer. "Nem mais um soldado para o Ultramar",lia-se na literatura de parede,que logo proliferou em dísticos violentos e contraditórios,dentro da contestação e retaliação política que a "liberdade" fez surgir.O problema foi encerrado em bloco,quando as soluções podiam ser diversas,segundo a índole das diferentes províncias províncias ultramarinas..."
..."Houve discretos contactos entre os Governos de Lisboa e de Dakar e entre o presidente Senghor,a mais prestigiosa figura de dirigente africano,e o governador português,general Spínola,que tinha sobre o futuro do Ultramar ideias diferentes da monolítica posição do Governo da Metrópole. Nas mais altas esferas parece que chegou a admitir-se uma derrota com "honra",desde que ela não comprometesse a posição,militarmente menos crítica,de Angola e Moçambique.
..."Dificilmente escapariam estes dois vastos territórios à conjuntura da emancipação da África negra,feita paradoxalmente dentro dos quadros rígidos da partilha colonial. Aumentando substancialmente o potencial militar (mas até que ponto podia o Governo fazê-lo se ele já onerava em cerca de 40% o orçamento nacional),Angola e Moçambique poderiam fazer corpo com os estados da África austral,onde uma poderosa minoria de brancos detém a máxima força do poder político. Com a diferença em desfavor de Portugal de essa minoria ser percentualmente muito inferior à da União de África do Sul e mesmo da Rodésia,em Angola e ainda mais em Moçambique". "Uma solução federalista,preconizada pelo general Spínola,prestigioso chefe militar, que teve o mérito de compreender que as guerras se ganham ou se perdem mas não se eternizam,era já inviável na altura em que ele lhe deu publicidade, embora ainda escandalizando o Governo e atraindo as censuras e sanções..." - (pág.31) --
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--- "A abdicação" -- Após o 25 de Abril de 1974, a política de "coordenação inter-territorial(nome do Ministério que sucedeu ao do Ultramar) e as conferências em que se multiplicou o ministro dos Negócios Estrangeiros conduziram rapidamente a uma solução em bloco que se aproximou muito mais de uma abdicação do que de uma negociação onde Portugal figuraria como parte interessada.Os políticos de várias cores quiseram ver-se livres o mais depressa possível do pesadelo de uma guerra em três frentes que se arrastava há treze anos. A Nação aceitou com agrado o fim do pesado sacrifício dos seus filhos. Parte da "inteligência" juvenil,exilada para escapar a uma luta cuja motivação rejeitava,volta à pátria,a ocupar afanosamente lugares que a compensassem desse duros anos"...(Pg.36) --.
..."O governo,no caso da Guiné com Cabo Verde e de Moçambique,entregou o poder ao partido único,promovendo um acordo entre os três por que se repartia Angola(1975).Quando eles vieram às mãos,pedindo ou aceitando a intervenção estrangeira, não fez sequer um gesto simbólico em favor de manter a palavra empenhada por quatro partes interessadas nos Acordos de Alvor. "Mal acabou o colonialismo português começou o russo e o cubano. Nenhum referendo apoiou a transmissão de poderes,que nunca se fez ao povo mas a partidos não consagrados por qualquer eleição"... (Pg. 37) --
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..." Neste sentido,os chefes políticos africanos inserem-se na tradição do poder que se não partilha e que tira o direito e a aceitação dos actos de força por que afirma o seu prestígio;só outro acto de força o consegue derrubar. Nos sobressaltos das jovens nações africanas alguma coisa persiste de tipicamente local : a consolidação do mando pela violência,com a liquidação implacável de inimigos ou concorrentes,não deixa de recordar o regicídio ritual de quem se tornou velho,incapaz ou execrado e as hecatombes dinásticas que marcavam a ascensão ao poder de um novo monarca." (Pg. 37)-- ...........................................................
-----..."A tragédia de Timor"... -----
..."Timor é um caso estranho,que um jovem e brilhante historiador acaba de elucidar : Luís Filipe Thomaz. Nada mais de essencial sobre o assunto. Era a nossa colónia mais distante e desprezada,sujeita a uma economia depredadora que Raquel Soeiro de Brito estigmatizou com vigor. Mas o catolicismo implantou-se solidamente numa minoria significativa pela posição social,o islame quase não tem representação,a aristocracia dos seus régulos guardou uma fidelidade comovente a Portugal,eles e os seus súbditos prestam à bandeira portuguesa veneração que é quase um culto (as bandeiras são em geral um símbolo sagrado).As opiniões repartiam-se entre a independência e a vinculação a Portugal,sendo geral o desinteresse pela integração na Indonésia,com a sua maioria muçulmana e o predomínio dos maus na administração,detestados fora da sua ilha,portanto em Timor,como o são também os chineses que aí detêm quase todo o comércio. A Indonésia, que reiterou a Portugal o reconhecimento da soberania e sempre praticou uma política de boa vizinhança,acabou por ter de aceitar um presente não cobiçado. Senhora de três mil ilhas,que lhe importa metade de mais uma -- com problemas específicos e embaraçantes !.... " -- pág. 38/39) --
..."O autor citado compara,muito finamente,a situação de Timor em relação à Indonésia não com a de Portugal frente à Espanha mas a Marrocos muçulmano. Nos sobressaltos de uma situação confusa que nenhum dos nossos políticos desejou classificar,deu-se um massacre de vinte e três portugueses ,tendo o tenente-coronel Maggiolo de Gouveia,pela sua fé,coragem e dignidade em frente do pelotão que os executou resgatado a cobardia,das autoridades que se refugiaram na pequena Ilha de Ataúro,lavando as mãos do sangue que pudesse correr e fugindo para a Austrália logo que puderam.Entretanto os nossos ministros passeavam-se pelas assembleias internacionais e nenhum se preocupou em evitar um destino que se podia prever como sinistro. Multiplicaram-se as consagrações à memória do "General Sem Medo" e da camponesa alentejana Catarina Eufémia, cobardemente assassinados ela repressão salazarista, mas sobre a tragédia de Timor correu-se um véu de esquecimento e de indiferença. Triste epílogo de uma dominação de mais de quatro séculos e meio...
..."Se a Indonésia acabou por aceitar Timor, a China continua interessada em manter Hong Kong nas mãos da Inglaterra,Macau nas de Portugal e a Formosa nas dos herdeiros políticos dessa figura quase lendária que foi Chiang-Kai-Chek. A suprema irrisão do destino faz com que, à ilharga de um dos maiores e do mais populoso Estado do Mundo,reste apenas do último império colonial um território inerme de 15,5 Km/2 e 270.000 habitantes !" ---- (pág.39/40) --
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------ "A ACTUAL CRISE NACIONAL" : - Reacções perante a perda do Ultramar : em alguns,o saudosismo de uma história heróica,amassada de grandeza humana e também de crueldade,à qual de modo nenhum é possível voltar; noutros, lavar as mãos com total desinteresse pelo destino da terra e da gente onde durante cinco séculos flutuou orgulhosamente a nossa bandeira..." (pág. 46) --
..."Quanto aos problemas do País,está a braços com uma inflação que arrasta os pobres para a miséria e os remediados para a pobreza,e o Governo anda esmolando empréstimos que vão onerar por muito tempo a nossa economia,colocando-nos na dependência cada vez mais estreita dos poderosos..."
..." Quando o País se debate com a falta de divisas e se restringem a quantidades ridículas a exportação dos que precisam dos que precisam de sair,ministros e quejandos,com as suas comitivas masculinas e femininas,pavoneiam-se pelo estrangeiro ao mínimo pretexto,nas barbas de quem devia viajar trabalhando ou instruindo-se. A nossa moeda, que uma antiga enérgica política financeira manteve,durante decénios,entre as mais sólidas da Europa,é hoje a mais aviltada. A educação debate-se no caos,na improvisação,há professores por colocar e alunos sem aulas,recorre-se a expedientes grosseiros de mistificação de um ensino que as escolas não estão em condições de ministrar; desapareceram dela formas de cortesia ,que são um requinte de antigas e prestigiosas civilizações;abolidas no ensino como hão-de manter na vida ?! Por tudo e por nada se fazem greves (a moda que se seguiu ao 25 de Abril foi significativa de um desejo de regabofe !)a avidez nos salários e no azedume por quem eles não acompanham a subida em flecha do custo da vida mostram um desejo premente da promoção social,sem que as pessoas pensem que o trabalho é a única forma de sustentá-la..." - (pág.47/48) --
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-- (Transcrito de : "A COLONIZAÇÃO DE ANGOLA E O SEU FRACASSO", de ORLANDO RIBEIRO - 1977/78 --- "Estudos Portugueses" -- (Imprensa Nacional - Casa da Moeda -- 1977/78 -
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------------ 4/A) - "EU E O CROCODILO" ------------
..."O 25 de Abril foi um dos grandes sonhos de toda a minha vida.Alvorada da esperança,recebida com lágrimas de alegria. Mas tudo se desfez mais depressa que um sonho. Transformou-se num pesadelo.Num túnel com fantasmas e miasmas"...
..."Tive de abandonar o "Diário Popular",como quem abandona a sua própria casa. Tive de recomeçar a minha actividade profissional. Tive de ir para outro jornal. Ajudar a fundar um novo jornal porque o assalto aos órgãos de comunicação foi de tal maneira que não havia qualquer hipótese de erguer a voz em defesa da liberdade. Tudo fizeram para amordaçar. Tudo,absolutamente tudo. Não emigrei. Não fugi. O meu lugar foi e é aqui. Não tinha (não tenho)nada a esconder no passado.Não sou filha de legionários nem de pides (e se fosse,isso não seria razão para me vender à Cambada)."
..."O Tempo" foi um sinal de esperança. Nele depositei os meus sonhos.Para que se tornasse um jornal livre e digno sacrifiquei-me. Vivi horas de angústia. Voltei a dar a cara. Não sou de meias tintas. Nunca optei por uma no cravo e outra na ferradura. Porque nunca tive medo.Porque nunca me faltou a coragem e a autoridade moral de afirmar o que penso e o que sinto."
..."Infelizmente tudo foi uma desilusão.Infelizmente pensei uma coisa e saiu-me outra. Tudo o que escrevia saía mutilado.Entretanto o PREC avançava. Avançava e devastava o País."...
..."Saí ! Era contra os meus princípios.Era contra as minhas forças. Era contra tudo o que herdei da memória sagrada de meu Pai,tudo aquilo porque sempre me bati de mãos limpas e de cabeça erguida. De cara levantada. Quem não deve,não teme." - pgs.(16/18) --
- -------------- "A CAMBADA" ---------------
..."Ouçam bem,amigos recentes,amigos antigos que continuam a sê-lo e amigos que perdi : não sou de direita,por formação. Mas -- e isto queria que todos soubessem -- se esquerda é aquilo em que vivemos,então, declaro declaro que não sou de esquerda. Se esquerda é aquela infâmia que vota outra infâmia na fantochada em que se tornou a Assembleia da República, eu nunca mais serei de esquerda. Porca miséria !"...
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..."Revejo o meu País,o que dele resta e o que encontro ?
-" Uma tremendíssima falta de respeito para com o Povo,em nome do qual se cometem os maiores dislates. O povo tão falado,tão evocado,mas tão humilhado.
..."Que se depara a cada passo ? À minha frente uma cambada. Nas minhas costas outra cambada. De ambos os lados mais outra cambada,ainda.
..."Irresistivelmente acodem-me à memória os versos trágicos de António Nobre :
..."Olha em redor,poisa os teus olhos !
O que vês ? O tédio,o tédio,oh sobretudo o tédio !
O mês em estamos,igual ao mês passado e ao que há-de vir.
Ódios,ambições,faltas de Honra,vaidade..."
..."Quem pôs o País em ruínas a partir do 25 de Abril ? Quem nos arrasou,criou e cria um clima constante de intranquilidade ? Quem desestabiliza ? Quem todos os dias faz comícios, "festas",gritaria demagógica ? Penso que se esses "patriotas" amassem o seu país,punham de parte toda a tagarelice,os comícios,a berraria e iam pura e simplesmente trabalhar. Trabalhando é que se ajuda a salvar o país. Mas não é isso que está dentro dos planos de quem os comanda. Mas não é só isso. É isso e muito mais ! É a intriga, é a calúnia,é o ódio,é a mediocridade (volto a António Nobre, pois antes "Só" do que mal acompanhada)"...:
..."Quanta injustiça ! Quanta dor !
..."Quantas desgraças ! Quantos suores sem
..."proveito ! Quantas taças a transbordar
..."veneno em espumantes bocas !
..."Quantos martírios,ai,quantas cabeças loucas !"...
..."Culpas têm os governos que nos têm desgovernado e que têm passado a vida a apontar o papão do fascismo. Já cansa."... -- (pgs. 31-33-34) ---
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..."Revejo o meu País. Junho de 1978. Dia 13,dia fatídico. Fatídica notícia. Foi instaurada a pena de morte em Angola. Pena de morte que já existia,mas apenas para militares e que agora abrangerá também os civis. E aos civis estrangeiros que residam naquele "país",agora satélite da URSS e de Cuba.
..."Portugal que foi uma das primeiras nações a abolir a pena de morte,tem hoje um governo que se ufana das relações com um regime totalitário,escravo de Moscovo,que tem por símbolo a morte.-- (Pgs. 37) --
..."Portugal tem hoje um governo(é bom lembrar que os direitos humanos são também aqui atropelados) que,sabendo embora que o MPLA não representa senão uma minoria de fanáticos agentes comunistas,pretende legislar de modo a que a resistência à tirania em Angola seja por todos os modos impedida no nosso país."...( pgs.38) -
..."Revejo o meu País. Aparecem todos nas recepções das embaixadas. E quem vai a essas recepções ? Ora todos os de antigamente e os de agora.Isso mesmo. A nova burguesia toda de vestido comprido.Todos se odeiam e se cumprimentam ternamente. Alguns mesmo aos beijinhos..."
..."Plumas,senhoras que foram pegas e agora são intelectuais (está muito na moda ser-se intelectual e toda a gente escreve um livro contando o seu passado anti-fascista)..." - (Pgs. 38-42)--
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------------ 4/A ) - "O SEU DESEJO FEIO" - ---------------
......"Não creais ,ninfas,não,que fama desse
...... a quem ao bem comum e do seu rei
...... antepusesse seu próprio interesse,
...... inimigo da divina e humana lei.
...... Nenhum ambicioso que quisesse
...... subir grandes cargos cantarei,
...... só por poder com torpes exercícios
...... usar mais largamente de seus vícios."
...... "Nenhum que use de seu poder bastante
...... para servir o seu desejo feio"(...)
----- (Camões, "Lusíadas Canto XII -----
..."Agora que Camões depois de saneado, e celebrado em Portugal,agora é oportuno mencioná-lo.Camões que não cantava quem "quisesse subir a grandes cargos, só por poder com torpes exercícios, usar mais largamente de seus vícios" estaria, se fosse vivo, a caminho da cadeia. Perdão,já lá estava. E da cadeia leria, Leria a minha recusa em cantar,eu também,quem use do "seu poder bastante para servir o se desejo feio". E não só eu. Muitos mais. Muitos mais se recusam a cantar os ambiciosos do poder.Os"intocáveis".Os que,apregoando-se democratas, em nome dessa democracia metem quem os critica na prisão. Pois Camões lá estaria".... E quem mostra o seu desacordo ´todo um povo. O tal povo maduro e consciente" de que fala Ramalho Eanes. Mas o povo arreceia-se O povo espera uma palavra de ordem O povo começa, sim,a estar cansado de esperar"
..."E quem é a voz desse povo ? Quem lhe descreve a miséria,a angústia, a indignação ? Alguém que,tendo um jornal à disposição e não estando enfeudado a quem quer "servir o seu desejo feio", vem à liça arriscando a sua liberdade.Esse alguém é o jornalista. O jornalista que,depois do advento da democracia,corre os maiores riscos em Portugal.
..."Em nome da democracia". É assim que se começa. Que se começa e acaba numa ditadura. Pois, não será uma ditadura que lhe preserve o poder,o que deseja o primeiro ministro ? Pois não acabámos de ver condenado a trezentos contos (ou à cadeia)um director de jornal que demonstra que...M.S. é "mentiroso", "relapso" e "contumaz" ?...
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----- (Transcrições parciais da obra : "A CAMBADA", de VERA LAGOA" - (Caça às Bruxas" -- EDITORIAL INTERVENÇÃO,LDA -1978 - pg. 279/280) --
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----- 4/A)- "MENSAGEM DE ESPERANÇA E DE FÉ PARA O ANO DE 1979" -----
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..."A nossa luta conheceu já quatro (4) etapas distintas. A primeira etapa vai de Fevereiro de 1976 a Março de 1977, aquando do IV Congresso do Partido.Esta etapa foi a mais difícil de todas,porque foi preciso vencer dois grandes obstáculos : a estupefacção do Povo face à máquina monstruosa de guerra dos cubanos, que criou nele cepticismo quanto à capacidade de Resistência Popular; e o abalo profundo que sofreram as Forças Armadas da UNITA, desprovidas de equipamento adequado.
..."A decisão da Direcção da UNITA de apelar à consciência nacional para se resistir ao invasor cubano, parecia utopia para alguns e aventura para outros. Devemos notar aqui que a própria Direcção da UNITA ponderou longamente na tomada dessa única decisão que se impunha de recorrer às guerrilhas,pesando os duros sacrifícios que essa decisão implicaria para o Povo, porquanto se tratava de um desafio histórico ao imperialismo soviético. As consequências de um tal apelo eram totalmente imprevisíveis. Mas, uma vez tomada essa decisão,a Direcção da UNITA viu-se na obrigação de tomar a dianteira da Resistência Popular. A resposta do Povo angolano afecto à UNITA foi pronta e generosa. Porém, só com o tempo e as condições de opressão impostas pelo invasor ao Povo, se iriam esclarecer melhor as atitudes da população angolana, passando de adesão subjectiva à adesão consciente"... - pgs. 7)--
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--- (Transcrição parcial de : "ANGOLA - a resistência em busca de uma nova nação" -- JONAS SAVIMBI -- 1979 --
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----------- 5)- "TIMOR ...(ABANDONO...EM VEZ DE DESCOLONIZAÇÃO)" ------------
..."PORTUGAL, não descolonizou, abandonou territórios"...
-- (Afirmação do Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Dr. DURÃO BARROSO, no American Club, segundo citação do "Diário de Notícias" , em 17 de Abril de 1990) ---
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------- 6)- "MONUMENTO AOS COMBATENTES DO ULTRAMAR" -------
..."Depois, foi ele, mais do que outros, quem se empenhou em, rapidamente, desembaraçar-se das incómodas posições que defendíamos em África" ..."os combatentes não podem aceitar de forma alguma que a cerimónia de inauguração desse Monumento seja presidida por alguém que tenha estado comprometido, primeiro, com aqueles contra quem os homenageados se bateram,e, depois, que, de alguma forma tenha estado empenhado com a consumação do projecto de destruição integral do enorme esforço de defesa do País (...)essa eventual presença será um insulto a todos aqueles que, com grande sacrifício pessoal, peregrinaram de 1961 a 1974, batendo-se por Portugal, por terras da Guiné, de Angola ou de Moçambique.Mas, mais do que um insulto (...) será um verdadeiro escarro na memória sagrada daqueles que tombaram no cumprimento do seu dever".
---(de : MIGUEL DE LUCENA E LEME CORTE REAL em :(Semanário, 8.1.1994, p. 17. ----
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---------- 7)- "A REVOLUÇÃO..." ------------
..."Foi uma revolução generosa, sem efusão de sangue, determinada, que espantou a Europa e o Mundo"...
---(De : MÁRIO SOARES em entrevista a "O Dia" - 2-12-1995 -- pg. 12 ---
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------------------- 8)- A CIA ---------------------
-- "...Os soviéticos estão a rondar em Angola e pensa-se que a agência tem de impedi-los. Estamos a programar em conjunto a forma de dar apoio a Savimbi e Roberto. Isto é em grande, a maior coisa da Divisão para África desde o Congo. Temos 14 milhões de dólares e já começámos a enviar algumas armas por via aérea. Estamos a enviar armas apenas para Kinshasa a fim de substituir o equipamento que Mobutu está a enviar para Angola dos seus próprios stocks. A ideia é neutralizar militarmente o MPLA, até à realização das eleições em Outubro."...(afirmações de GEORGE COSTELLO, chefe de operações da Divisão da CIA para África ) --
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..."As relações turvas dos Estados Unidos com o Zaire também estimularam o desejo de Kissinger em actuar em Angola. Tanto o Zaire como a Zâmbia receavam a perspectiva de um governo apoiado pelos soviéticos nos seus flancos, controlando o Caminho de Ferro de Benguela.O Presidente Mobutu receava, particularmente,os soviéticos. Por duas vezes desde 1960 que rompeu as relações com a União Soviética e, embora as relações tivessem sido restabelecidas de cada uma das vezes,mais recentemente ele andara a fazer a corte aos Chineses, à custa tanto dos Soviéticos como dos Americanos. Na primavera de 1975 os problemas internos do Zaire tinham-se agravado e o regime de Mobutu tinha sido ameaçado pelo descontentamento.
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..."Eu estava familiarizado com a colónia portuguesa da costa Atlântica no Atlântico Sul através de viagens feitas na infância e na idade adulta. Nós visitámos os portos angolanos de Luanda e do Lobito e tivéramos encontros com missionários americanos que contavam histórias alarmantes sobre as autoridades portuguesas no interior de Angola. Em 1961 um navio da marinha norte-americana, no qual eu me encontrava como elemento da informação dos Fuzileiros Navais aportou em Luanda para uma breve visita. Tarefas e missões de serviço temporárias da CIA tinham-me levado para perto de Angola, por exemplo, Lubumbashi, no Zaire, em 1967, quando o grupo de Bob Denard, composto de 16 mercenários invadiu a partir da fronteira angolana.
A minha última experiência directa com as questões angolanas tinha sido em Fevereiro de 1969 quando me dirigi de automóvel de Lubumbashi para visitar um acampamento da FNLA perto da fronteira com Angola. Constatar a indolência e indisciplina e talvez a experiência me tivesse levado a subestimar a tenacidade do movimento nacionalista Angolano, alguns anos mais tarde. Alguns soldados sem líder, fardas esfarrapadas e mulheres e crianças semi-nuas arrastavam-se por entre edifícios de tijolos delapidados, os quais eram o resto de um acampamento da Force Publique colonial belga. Sem instalações nem condições sanitárias, pouco diferia de uma aldeia africana primitiva, com as pequenas casas de tijolo a substituir as palhotas de colmo e espingardas ferrugentas a substituírem armas ainda primitivas."...
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..."Durante muitos anos os Portugueses propagandearam um sucesso exemplar na assimilação de negros para uma sociedade colonial dita isenta de barreiras raciais. Até 1974 eles pareciam acreditar que mantinham uma relação permanente com as colónias. Nos serviços clandestinos da CIA, estávamos inclinados a aceitar as declarações dos portugueses, de uma sociedade aberta, do ponto de vista racial,em Angola e aceitava-se tacitamente que a agitação comunista era em grande parte responsável pela resistência contínua dos negros ao governo português. A razão era de base. Sendo uma organização essencialmente conservadora, a CIA mantém ligação secreta com serviços de segurança locais onde quer que actue"...
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"...Em relação a Angola dizíamos normalmente... "os Portugueses estabeleceram uma sociedade anti-racial,miscegenaram-se"..."Na realidade, o papel dos Portugueses em Angola foi historicamente o da exploração e brutal repressão. Tendo iniciado em 1498, Portugal conquistou e subjugou os três reinos tribais dominantes : -- os Bakongo, os Mbundu e os Ovimbundo -- e exportou mais de três milhões de escravos, deixando vastas extensões da colónia sub-povoada. A sociedade colonial achava-se dividida em seis categorias raciais definidas pela quantidade de sangue branco em cada uma delas, com duas categorias de pretos puros, na base da escala. Os privilégios de cidadania, económicos e legais, resultavam apenas a favor dos 600.000 brancos, mulatos e assimilados ou pretos legalmente aceites entre a elite da sociedade. Os 90% da população classificados de indígenas sofreram todo o tipo de discriminação -- incluindo trabalho forçado,pancada,prisões arbitrárias e condenações sem julgamento às mãos das autoridades coloniais."...
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..."A desintegração da sociedade tradicional levou ao aumento da desorientação, desespero, e à preparação para um protesto violento"... "Por volta de 1961, Angola era um barril de pólvora negra com três grupos étnicos mais significativos organizados para a revolta.
..."A 15 de Março de 1961 as guerrilhas da FNLA realizaram um ataque em 50 pontos ao longo do rio Congo, numa frente de 640 kms., matando indiscriminadamente tanto homens Africanos e Portugueses, como mulheres e crianças.Imediatamente aviões da Força Aérea Portuguesa trouxeram reforços, utilizando armas da NATO, destinadas à defesa da área do Atlântico Norte, e começaram a atacar com uma fúria indiscriminada, bombardeando mesmo áreas que não tinham sido afectadas pela sublevação nacionalista. A política portuguesa prendeu nacionalistas, protestantes, comunistas e eliminou sistematicamente líderes negros executando-os ou utilizando métodos terroristas. Ao reagir e reprimir indiscriminadamente, os Portugueses ajudavam a garantir que a insurreição não seria localizada ou suprimida"...
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..."O golpe do 25 de Abril de 1974 em Portugal apanhou os Estados Unidos de surpresa, sem alternativas políticas à altura e sem contacto com os revolucionários africanos. A CIA não actuava no interior de Angola desde o final dos anos 50, até 1975."...
..."Apenas em Março de 1975, quando os portugueses estavam a desligar-se e a perder o controle, é que finalmente reabrimos a delegação de Luanda . Antes disso, a maior parte das informações locais da CIA sobre o interior de Angola vinham de Holden Roberto que era o líder, desde 1960, do movimento revolucionário Bakongo, chamado FNLA. Operando a partir de Kinshasa (então chamado Leopoldville), estabeleceu laços com a CIA"...
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-- Transcrições recolhidas em : "A CIA CONTRA ANGOLA" - de JOHN STOCKELL, ex. Chefe da Força de Intervenção da CIA em ANGOLA )-- pgs. 31- 39 - 44 - 46 - 47/8 - 49 -- (1ª edição - Setembro de 1979) --
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----------------------- 8)- CIA ---------------------
.."Nessa altura (do PREC) foi dito que a CIA financiou o PS. Mário Soares desmentiu.Mas hoje eu confirmo tudo.Acontece que sem esses financiamentos o regime teria sucumbido"...
--- RUI MATEUS - entrevista ao Diário de Notícias, em 28/1/1996 ---
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----------- 9)- "Salazar e a "Ditadura Financeira" ----------
..."No preâmbulo do orçamento 1928-1929 está estabelecida a nova ordem de prioridades : acabar com o défice orçamental, estabelecer o câmbio, consolidar a dívida, reorganizar o crédito, em último lugar, promover o fomento. Um dos primeiros passos é a reforma do sistema das contas do Estado, que mais uma vez dá um aspecto técnico a um problema político"...(Pg. 49) --
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..."Em resumo, podemos dizer que na segunda fase da obra de Salazar, em 19929-1930, este se preocupa em consolidar os resultados anteriores e passa a adoptar as primeiras medidas no campo económico, viradas sobretudo para reduzir a oposição dos sectores mais afectados pelas dificuldades e incentivar um processo modesto de substituição de importações na agricultura. Não são ainda as medidas de fundo no campo económico, pois estas só podem ser lançadas com o retorno dos capitais, mas sim meras soluções de emergência ou balões de ensaio. Todas vão no sentido de uma crescente organização e regulamentação da produção, com subordinação ao Estado, num processo que começa justamente pelos sectores mais críticos.
..." Nesta fase cresce o apoio de significativos sectores sociais a Salazar devido a uma obra financeira e económica, ou seja, devido a uma actividade aparentemente não política, onde os anteriores factores ideológicos de clivagem social perdem importância e se esbatem."
..."A balança de pagamentos é beneficiada por diminuição da fuga de capitais, crescimento das exportações e aumento da emigração e das remessas dos emigrantes.Com a reforma financeira do Estado consolidada, Salazar lança-se na alteração do sistema bancário"...(Pg. 52) --
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..."A evolução da crise internacional facilita a obra financeira de Salazar e permite levá-la à sua conclusão lógica : a adopção do padrão-ouro. Os relatórios do Banco de Portugal permitem seguir os grandes passos deste processo : o de 1931 mostra-se preocupado pelo efeito da crise na balança de pagamentos portuguesa, referindo nomeadamente a que das remessas dos emigrantes e a quebra das exportações".
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..."O relatório do Banco de Portugal para 1932 é optimista. Refere-se à cabeça que os efeitos da crise internacional em Portugal são pequenos, e que a balança de pagamentos está equilibrada, facto que atribui expressamente ao retorno de capitais. Na realidade, este fenómeno, juntamente com a falta de oportunidades de investimento nas condições de crise e condicionamento, provoca uma forte subida dos depósitos bancários, criando uma conjuntura financeira muito particular nos anos 30. O Banco de Portugal, por exemplo, pode dar-se ao luxo de aumentar muito a reserva-ouro, "enquanto os novos fundos externos aumentam em 30% a cotação na bolsa. O próprio Banco de Portugal é o primeiro a estranhar os resultados positivos obtidos numa altura em que as remessas de emigrantes estão reduzidas a cerca de metade do normal".
O relatório do banco emissor para 1933 afirma que ..."regressou comprovadamente ao seu equilíbrio a balança de pagamentos portuguesa", atribuindo tal facto à repatriação dos capitais e ao turismo"...
..." Conclusões "
..." Em 1932, quando passa a chefiar o gabinete, Salazar, pode gabar-se de ter conseguido alcançar os mais ambiciosos objectivos da "parte financeira" da estratégia política, embora tal tivesse implicado uma alteração da "parte económica". A nova conjuntura internacional, que era difícil de conceber antes de 1929, não permitia pensar em substanciais investimentos nem renovação significativa da atrasada estrutura tecnológica portuguesa. Assim, uma parte dos capitais regressou, mas não encontrou no essencial aplicação produtiva. Serviu para o aumento da reservas de ouro e da liquidez do sistema financeiro. No processo, e de forma inesperada, Salazar eliminou, antes do que pensava, os principais focos de resistência no nível económico, e edificou um novo modelo político-económico, que se manteve sem crises graves nos quinze anos seguintes." --(Pg. 54/55) --
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---(Extracção parcial do artigo "Salazar e a "Ditadura Financeira", publicado na Revista "HISTÓRIA" (então sob direcção de FERNANDO ROSAS e com a colaboração de MIGUEL PORTAS) -- nº 1 (Nova Série -- ANO XX -- ABRIL de 1998 -- e da autoria de ANTÓNIO JOSÉ TELO (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) ---
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---------- 10)- "...E OS ABUTRES VIERAM" ----------
..."A avaliar pelo que era dado observar após a entrada em Angola dos três Movimentos de Libertação lógico era concluir que o primordial objectivo da sua auto-determinação era destruir indiscriminadamente -- bem e depressa -- o património que, de um dia para o outro, lhes fora oferecido sem nenhuma contrapartida por mentes ensandecidas que haviam tomado de assalto o poder em Portugal e manejavam as rédeas da governação a seu belo prazer."...
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..."Todo este conjunto de circunstâncias gerava nos espíritos mais esclarecidos a revolta perante a tragédia que sobre eles se abatera e que o senso comum podia e devia ter evitado! Esse repúdio, porque lógico e natural, fervilhava no cérebro das vítimas directas do holocausto -- os brancos -- mas, surpreendentemente, atingia alguns negros mais esclarecidos ao assistirem, estupefactos, à delapidação sistemática e irresponsável do valioso património construído e ampliado ao longo doe séculos e que, apesar das vertentes negativas de que enfermara, colocara a colónia de Angola -- por mérito próprio -- entre as sociedades mais evoluídas do continente africano.
"Na Sé Catedral da Huíla, em Sá da Bandeira, o templo estava repleto de fiéis quando numa manhã de Domingo se cumpria o ritual da missa. Diversas raças, classes sociais e escalões etários integravam os frequentadores do templo. Oficiava nesse dia um padre de raça negra, pessoa afável e de relacionamento fácil, credor da geral simpatia e respeito dos seus paroquianos :" ...
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..."Eu,como qualquer nativo desta terra, vivo a satisfação decorrente da liberdade. Mas, estimados irmãos, estou profundamente angustiado com o que sou obrigado a ver, a cada passo e dia após dia ! Refiro-me à euforia irresponsável que conduz, incompreensivelmente, à destruição do que nos foi legado e á perseguição injusta e desumana feita aos que, à custa do seu esforço, do admirável saber, da sua dedicação, da sua perseverança, do seu destemor e da sua iniciativa, conseguiram realizar, a partir do nada, esta obra grandiosa que é Angola civilizada em que nos habituámos a viver. Em vez de agradecermos a Deus e aos homens a dávida da obra realizada e de nos empenharmos não só em conservar,mas inclusivamente desenvolver ainda mais o que existe -- pergunto eu -- que atitude tomamos, meus irmãos ? Perseguimos, maltratamos e escurraçamos os autores daquilo que foi realizado ao longo dos séculos, e incompreensivelmente destruímos aquilo que não fizemos e que -- o que ainda é pior -- não sabemos nem estamos dispostos a reconstruir. Porque, irmãos, não tenhamos ilusões... Deus lá, no Céu, deve estar arrepiado com o nosso comportamento"...
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..." Perante os desmandos das forças de ocupação e a cumplicidade passiva do exército português a gerarem um clima de instabilidade e terror, depois de cuidadosamente ponderada a situação e o evoluir da mesma, a família Candeias, desencantada, chegou à conclusão de que seria mais prudente viverem no Grande Hotel da Huila, e, ali, com a ponderação exigida, gizarem o plano que lhes permitisse o abandono de Angola, terra a que se haviam entregue de corpo e alma."...
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..."No Grande Hotel, onde todos estavam hospedados, António Candeias promoveu uma reunião com os seus colaboradores. Dirigiu-se aos motoristas dizendo : -- Vocês, melhor do que eu, sabem que as coisas não estão bem para os brancos e que é natural que venham a complicar-se ainda mais,obrigando-nos, de um momento para outro, a abandonar -- a bem ou a mal -- tudo aquilo que cá temos e tanto trabalho nos deu a realizar. Embora tudo pudesse ter sido resolvido de outra maneira, as coisas são o que são, e nesse caso, a solução é enfrentar a situação com realismo. É do meu conhecimento que os Movimentos se preparam para ocupar as roças.Vocês não ignoram como as coisas se costumam passar e, então, pensei que, antes que as propriedades sejam saqueadas e danificadas, poderia, de certo modo evitar a destruição, tomando as providências possíveis.Para isso oficializei a minha decisão no notário, através destes documentos que aqui tenho... Com esta minha decisão, vocês poderão beneficiar daquilo que, de certo modo, ajudaram a construir e evitar que outros delas se apropriem e destruam, como, infelizmente, vemos todos os dias fazer"...
-- De : RAUL FERNANDES -- em : "...E OS ABUTRES VIERAM" -- 2005 -- pgs. 269/271 -- 273/275 --
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---------- 11)- "A REVOLUÇÃO DE ABRIL" ----------
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.."A verdade é que cada vez mais me interrogo sobre se terá mesmo valido a pena fazer o 25 de Abril. Não sei, tenho muitas dúvidas...Ando aí pelo país e vejo como o povo está descontente. A verdade é que, sob muitas perspectivas, as pessoas consideram que se vive pior agora do que antes de 1974".
-- (De JAIME NEVES em : "24 Horas", 19.4.1999,pg. 10). --
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----- 11/A)- "O ESTADO PORTUGUÊS ARRISCA-SE A TER DE ASSUMIR A RESPONSABILIDADE HISTÓRICA !!! " ----
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..."3. - Durante anos e anos Soares e o filho insultaram o Estado angolano e os seus governantes ? Bons ou maus, mas legítimos João Soares passeou-se pelo território angolano como desprezo pelas autoridades legítimas do pais, como se fosse terra de ninguém e ainda hoje continua a conspirar em Lisboa contra o governo Angolano. Mário Soares, esquecendo-se que o actual governo de Angola resulta de eleições declaradas livres e justas pela ONU (ao contrário do que sucede em muitos países contra os quais não diz uma palavra), chamou ladrões e corruptos aos seus governantes, mas não teve um gesto de condenação a Betino Craxi ou aos corruptos políticos italianos a contas com a lei."...
..."Angola é um país para o qual Portugal tem dívidas que demorarão séculos a saldar. No entanto, ninguém se indignou nem ninguém exigiu a Soares provas das acusações caluniosas contra os governantes angolanos"...
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..."
Durante anos a UNITA e seus apoiantes exigiram eleições e quando elas se fizeram, Savimbi deu a sua verdadeira noção de democracia : como perdeu não aceitou o resultados (mais ao menos como Soares fizera com as votações dos órgãos dirigentes do PS em 1980 a propósito de Ramalho Eanes e Soares Carneiro) e voltou a impor a guerra ao povo angolano"...
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---- (Transcrição parcial do artigo de António Marinho, publicado em : "Diário do Centro", 15 de Março de 2000) ---
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-------- 12)- 1)- A "EXEMPLAR DESCOLONIZAÇÃO" -----------
..."A decantada "exemplar descolonização" objecto de exaltação tamanha pelos próceres do poder mais não fora do que uma ignóbil deserção das responsabilidades políticas, económicas e sociais auridas ao longo de mais de cinco séculos de administração de um território com características singulares sob qualquer dos prismas. E o reflexo de uma má consciência que importaria dissimular em jeito de causa justificante para consumo tanto intra como extra muros.
As contradições pela palavra e pela acção de que tão notável trabalho nos dá mostras representam, afinal, na filtragem dos tempos, o libelo acusatório de quantos vilipendiaram a História, precipitando soluções e lançando povos inocentes em lutas intestinais cujas consequências se descobrem à vista desarmada e que o fluir dos tempos, na sua marcha incessante, jamais logrará atenuar ou reparar.
O crime do abandono, porque de clamoroso crime se trata, de autêntico crime contra a humanidade se pode conceituar, ante os catastróficos resultados a que conduziu. Quem detinha no terreno o domínio da transição sem sobressalto que cumpriria assegurar"... - ("Prolegómeno" (parcial) de MÁRIO FROTA em : "ANGOLA - DATAS E FACTOS - 6º Volume (1975/2002) - 2005 - fls. .5 - do autor -- INTERNET :
http://angola-brasil.blogspot.com/
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-------- 13)- "MILITARES, POLÍTICOS E OUTROS MÁGICOS..." --------
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..."Antes de entrar no assunto propriamente dito, comecemos por prestar homenagem a um trabalho que está longe de ser perfeito ou inocente -- quem pode almejar a perfeição em historiografia ? --, mas que representa um esforço enorme (mais de 1600 páginas) e é de uma utilidade incontestável. Os cinco volumes de Angola,Datas e Factos (1), de Roberto Correia, são obra de um amador repatriado de Angola e nostálgico da obra portuguesa em África. Optou por um sistema que certos historiadores podem considerar obsoleto, mas que lhes prestará grandes serviços : a elaboração de uma cronologia extremamente detalhada da história angolana de 1482 a 1975, com anotação de todas as datas que conseguiu encontrar na literatura e em periódicos (incluindo as publicações oficiais) quase exclusivamente portugueses. Assim, a guerra colonial e os seus prenúncios ou prolongamentos ocupam algumas dezenas de páginas do vol, 4 e uma centena do vol. 5, tendo este sido completado por vários índices e listas de personagens. É claro que o autor não aprova de forma alguma os responsáveis pela descolonização nem os partidos africanos que arruinaram o seu país. Está no seu direito. Apesar destas opções, a obra é uma autêntica mina de dados em bruto, cronologicamente referenciáveis. Factos insignificantes ou importantes. Eis a razão por que estes cinco volumes deveriam existir em todas as bibliotecas públicas portuguesas dedicadas à expansão ultramarina.O facto é que, tanto quanto se sabe, não existe nenhum estudo "profissional" da guerra em Angola após 1964. "........
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(1) --- (de : RENÉ PELISSIER - publicado na "ANÁLISE SOCIAL" - vol.XXXVIII (166), 2003, 157-173.)-- (Esta sua apreciação foi baseada na consulta das obras de cerca de 50 autores nacionais e estrangeiros) ---
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---- (Para consultar directamente na NET ,clicar em :
www.analisesocial.ics.ul.pt/?no=101000100022
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------- 13/A)- "VARIEDADES ULTRAMARINAS - doces e amargas" ------
..."O 6º Volume de ANGOLA,DATAS E FACTOS traça a cronologia de Roberto Correia de 1975 a 2002 (final da guerra civil) e comporta (pp. 149 - 281) um suplemento (1561 - 1975) sobre as datas esquecidas nos cinco primeiros volumes.
A mesma orientação política, as mesmas acusações, a mesma utilidade para o historiador"...
--- Em : "ANÁLISE SOCIAL" ISSN - 0003 - 2573 - Vol. XLI (178),2006, 225/241 -- de RENÉ PELISSIER --
--- INTERNET - a consultar : http://www.scielo.oces.mctes.pt/ ---
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-----~ 14)- "3. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA DE ANGOLA ---- 3.8 - Tanta História Ainda por Contar" .... ---- 6. Trabalhos importantes Sobre a História de Angola " ---
"Outros estudiosos da História de Angola mais recentes que são leitura obrigatória para uma melhor compreensão incluem : Alfredo Trony, Visconde Paiva Manso, Alberto de Almeida Teixeira, Monsenhor Alves da Cunha, Alfredo de Albuquerque Felner, Padre Ruela Pombo, Francisco Castelbranco, Gastão de Sousa Dias, Alberto Ferreira de Lemos, Henrique Galvão, Ralph Delgado,Marcelo Caetano, António Brásio, Fernando Batalha, António da Silva Rego, José Gonçalo Santa-Rita, Hélio Felgas, Walter Marques, Manuel da Silva Cunha, Eduardo dos Santos, Martins dos Santos, Júlio de Castro Lobo, Carlos Alberto Garcia, Carlos Couto, José de Almeida Santos, Manuel da Costa Lobo, Norberto Gonzaga, Mário António Fernando de Oliveira, Manuel Nunes Gabriel, Cervino Padrão, Roberto Correia, e Maria Emília Madeira dos Santos, alguns dos quais requerendo um esforço de tradução mais acentuado para balançar a perspectiva um tanto euro-cêntrica e colonial das suas obras" --
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--- ( de : HELDER PONTE "XINGUILA"), residente em CRANBROOK - COLÔMBIA BRITÂNICA (CANADÁ)-- em :http://introestudohistangola.blogspot.com/ --
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---------------- 15)- "GUERRA CIVIL" --------------
--..."A "Guerra Civil" em que logo mergulhou ANGOLA não terminou com a grande e pretensa desculpa com que o "Movimento dos Capitães" e outros, alguns políticos de "fim de semana", se alicerçaram para justificarem as posições que assumiram como se fossem os "donos da verdade e da sabedoria" internacional ! Muito pelo contrário, passou a atingir dimensões nunca antes constatadas, tornando-se numa tremenda tragédia para as suas populações. Afinal, aqueles que serviam de "bandeira" para a "Revolução", acabaram por ser as suas maiores e desgraçadas vítimas. Só os "grandes, os tubarões", é que então lucravam com a obcecada, precipitada e incoerente mudança!
Como é que, mentes que se propagandeavam de competentes, de evoluídas, foram capazes de cometer erros tremendos, quando, para quem conhecesse um pouco a realidade africana (a realidade angolana neste caso), eram bem evidentes os enormes e insensatos riscos que sobreviriam do processo adoptado !? Por desconhecimento ou por disfarçada má fé ?! "Autodeterminar", "Descolonizar", não era o mesmo que entregar, negociar sem escrúpulos, trocar por um prato de "lentilhas" ou vender "por trinta dinheiros", nem muito menos desprezar por completo a opinião e a vontade da maioria dos interessados!...(em "ANGOLA -DATAS E FACTOS - 6º Vol. (1975/2002), (Nota Prévia do Autor).
-- Consulte na INTERNET : "MORTOS NO ULTRAMAR" --
http://www.ligacombatentes.org.pt/
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--- 16)- "DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR OU GAIVOTAS QUE VOAM (RETORNADOS DAS EX-COLÓNIAS" ---
-- "...Eram seres com as suas vidas desfeitas pela tal descolonização exemplar. Um deles tinha sido metido, na ilha do Sal, num avião, por militares revolucionários portugueses, e abandonado, horas depois,no aeroporto da Portela de Sacavém, com apenas vinte escudos nos bolsos e sem bagagens, pois não as tinha trazido, tal a pressa havida em despachá-lo para Portugal "...
--- (de ADRIANO DE ALMEIDA GOMINHO - adriano.gominho@sapo.pt) ---
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------------ 17)- "DIVERSAS : ----------------
..." Sobre a descolonização foi decidido arranjar umas frases que não comprometessem a nível de Governo. Foi marcado um plenário para se discutir e assinar o Programa, tendo-se escolhido para o efeito uma sala da Sinase... "Nesse plenário estiveram presentes 195 oficiais representantes de todas as regiões militares do país, dos quais apenas faziam parte dois ou três da Força Aérea e dois ou três da Marinha. Devo frisar que nem a Força aérea nem a Marinha tinham uma participação activa no Movimento. Havia conversações nesse sentido conduzidas por Vítor Alves e, na noite desse plenário, a Marinha estava ali apenas como observadora"...
-- em "O EQUÍVOCO DO 25 DE ABRIL" - de : SANCHES OSÓRIO - (pg. 21/22 - "INTERLÚDIO" -
..."Era ponto assente no Movimento das Forças Armadas, antes do "25 de Abril", de que não seriam permitidos partidos políticos mas sim associações ou movimentos políticos dos quais nasceriam mais tarde os partidos. Esse ponto, aliás, está bem claro no Programa... "Ao contrário dos arquivos da PIDE, os da Mocidade Portuguesa não interessavam ao MDP/CDE. Por razões óbvias. Já imaginaram uma fotografia de um dirigente do MDP/CDE fardado de "chefe de Quina" ou "chefe de Castelo", fazendo a continência à bandeira da Juventude "fascista" ? Pois essas fotografias existiam... e às centenas."...
------------ (da mesma obra acima mencionada - pgs. 47/48 ------------
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-------- 17/A)- "EQUÍVOCO DO 25 DE ABRIL -- "ENCONTRO SPÍNOLA-MOBUTU" --------
..."O encontro secreto na ilha do Sal entre o Gen. Spínola e o Presidente Mobutu do Zaire foi longamente preparado pelo Ten.Cor. Dias de Lima. A intenção do Gen. Spínola era a de evitar para o processo de descolonização de Angola os mesmos erros que tinham sido cometidos em Moçambique. Na realidade a descolonização estava a ser (e foi) mal executada. Com efeito Moçambique havia sido entregue a uma facção, injusta e erradamente, pois havia outras facções com legitimidade para negociar.
"Pretendia-se fazer o mesmo com Angola. Aliás, ainda hoje o Governo de Lisboa pretende entregar Angola a uma única e determinada facção o que, necessariamente, leva a convulsões internas. Concretamente o Governo de Lisboa pretende entregar Angola *a facção comunista representada pelo MPLA (71). O Gen. Spínola pretendia arranjar uma solução de equilíbrio entre as várias facções, incluindo o MPLA e a população branca a qual, atingindo cerca de 800.000 pessoas, tem também uma palavra a dizer. Daí o encontro com o Presidente Mobutu, ao qual assistiram os Ten.Cor. Rubim de Andrade, Dias de Lima e Firmino Miguel. Era perfeitamente legítima a preocupação do Gen. Spínola em querer controlar a descolonização de Angola pois que, no caso de Moçambique, nem sequer o Ministro dos Negócios Estrangeiros Mário Soares e o Ministro da Administração Inter-territorial Almeida Santos aí puderam fazer fosse o que fosse. De facto, quando estes dois Ministros chegaram a Lusaka, já os Acordos para a independência de Moçambique estavam praticamente elaborados por Melo Antunes e a Frelimo. Parece inconcebível que assim tenha sido mas foi. Na verdade é de admitir que Melo Antunes tenha sido colocado perante uma derrota militar de facto, dado que as unidades militares de Moçambique se haviam rendido. É difícil negociar a independência de um território quando as tropas portuguesas estacionadas nesse território se recusavam a dar um tiro"... "É triste dizê-lo, mas o que aconteceu em Moçambique e na Guiné foram duas derrotas militares. Com o 25 de Abril pretendíamos, de facto, dar a paz àqueles territórios, negociando com justiça e bom senso a sua independência. A paz aconteceu, mas porque perdemos a guerra".
..........."
um dos argumentos utilizados pelos descolonizadores era o da "exportação ignóbil" da mão-de-obra moçambicana para a África do Sul. Mais tarde, e depois de tudo consumado, Aquino de Bragança, porta-voz da Frelimo, afirmou o seguinte ao jornal Expresso do dia 10 de Maio : "É de bom senso pensar-se que não se poderá acabar de um dia para o outro com esta exportação de mão-de-obra. A Frelimo não tem uma política suicida. É preciso primeiro criar estruturas para absorver toda esta gente"...
..."A Frelimo não tem uma "política suicida"... E Melo Antunes e Vasco Gonçalves com que direito a podem ter ? Custa-me a acreditar, porém, no boato que correu insistentemente em Lisboa -- e em certos meios da Europa -- de que a Frelimo teria comprado a "boa vontade" de certos negociadores portugueses. Mas quando as coisas são feitas precipitadamente e sem dar explicações, correm-se estes riscos de interpretação"...
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-- em "O EQUÍVOCO DO 25 DE ABRIL" - de : SANCHES OSÓRIO - 1975 - pgs. 75/76 -- LIVRARIA FRANCISCO ALVES EDITORA S.A. -- Rua Barão de Lucena, 43 Botafogo - 20.000 RIO DE JANEIRO -- RJ. - BRASIL ---
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--- 18) - "MEMÓRIAS..." - ("PREFÁCIO : ALCIDES SAKALA,O ROSTO DA DIGNIDADE E DA TOLERÂNCIA") -----
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..."A 18 de Outubro de 1999, a UNITA decide abandonar o Andulo, refugiar-se nas matas e retomar a guerrilha, procurando ganhar tempo para a solução que preconiza : uma paz negociada que garanta a dignidade dos povos que vivem à margem do Poder.O povo que não tem voz.
..."Alcides Sakala, fiel aos princípios da UNITA e a Jonas Savimbi, segue naquela que foi considerada a segunda Longa Marcha do Movimento do Galo Negro que só terminará com a morte do líder a 22 de Fevereiro de 2002. Memórias de Um Guerrilheiro é o relato destes três anos passados na mata, em combate pela sobrevivência e pela esperança".
.........................................
..."Nos finais de 2001, a situação torna-se desesperada. Mas Jonas Savimbi recusa render-se ou sair de Angola. Nunca abandonará o seu povo nem aceitará exílios dourados. Prefere enfrentar a morte. Entre os que o rodeiam há quem desista. Mas Sakala faz parte dos que nunca o abandonaram"
...........................................
-- De : MARIA ANTÓNIA PALLA em : "MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO" - (de ALCIDES SAKALA - Pg. 8 - Agosto 2006 - 1ª edição - Publicações Dom Quixote - Lisboa) -- ...................
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------ 19)- "A GUERRA EM ANGOLA E MOÇAMBIQUE" ------
..."A guerra em Angola e Moçambique começou cedo. Tanto de um lado como do outro do continente,a Alemanha instalara-se em territórios vizinhos das colónias portuguesas. Ao Sul de Angola ocupara a região da Damaralândia, considerada, após 1884, como protectorado alemão do Sudoeste Africano, e nunca escondeu o desejo de alargar o seu domínio em direcção ao Norte, à procura de portos de melhor dimensão, como a Baía dos Tigres, especialmente cobiçada. Aliás, com base no acordo de 1913 com a Inglaterra, a sua zona de influência estender-se-ia a todo o território angolano a Oeste do meridiano de 20 graus, o que apenas excluía, a favor da Inglaterra, uma pequena faixa do Leste de Angola, confinante com outras colónias inglesas."..(Pg. 34) --
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--------------- 19/A - "MEMÓRIAS DE ANGOLA" --------------
..."Todavia, com o advento da II Guerra Mundial,as suas preocupações sobre uma possível invasão do Sul de Angola deixaram de ter cabimento,se bem que a União Sul-Africana se tenha ainda permitido fazer uma bizarra proposta de compra da Colónia...(49*)...
....................................
---(*49)..."Uma reedição de algo semelhante à compra do Alasca à Rússia,pelos Estados Unidos da América ?! Recorde-se que mesmo entre nós,por exemplo, em 12 de Fevereiro de 1900, um antigo ministro da Marinha e Ultramar, Ferreira de Almeida,também propunha na Câmara dos Deputados, a vendas das colónias portuguesas. Ainda tivemos ocasião, na nossa juventude, de nos apercebermos do eco que essa proposta de compra tinha causado, outrora, em Angola. Um filho de um velho militar, que se reformara e se fixara na Chibia -- o tenente Almeida --,mostrou-nos um recorte de um antigo jornal da época,que o pai religiosamente guardava, em que se vertia para um poema toda a indignação sentida pela proposta sul-africana de então. Que nos seja revelado o facto de desconhecermos o nome do autor e do jornal (supomos que era publicado em Luanda) e de a reprodução poder não ser inteiramente fiel (transcorreram, entretanto, já algumas décadas desde que lemos o poema...e reproduzimo-lo de memória) :
..."Vender Angola ? Quem em tal pensou,
... Se é que não sabe aprenda
... Que para vender seja o que for
... A condição primária é estar à venda".
..."E se custou bom sangue português,
... Não sede facilmente à garra adunca.
... Inútil é tentá-lo alguma vez,
... Porque não se dá nem se vende nunca".
... Angola não se vende, Angola é nossa,
... É carne viva em alma da Nação,
... E não há força humana que nos possa
... Levar a um sim, quando dizemos NÃO !" ................................................
---- (Transcrição parcial do livro "MEMÓRIAS DE ANGOLA", de ARTUR DE MORAIS (major) --- Ed. Caleidoscópio - (Fevereiro de 2007) -- pgs. 24/25 --
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------- 20)- "ANGOLA -- GUERRA NA FRONTEIRA" -------
..."A guarnição militar de Angola antes da guerra era quase insignificante. A sua preparação levara Norton de Matos a referir-se-lhe desta maneira : ..."Cai-me a cara de vergonha ao dizer o estado desta pequena força."...Na verdade, desde as acções militares de João de Almeida, pouco tinha sido exigido às tropas coloniais de Angola. Desde a vigência da República, apenas se haviam executado pequenas operações de "ocupação" e "pacificação" (Cassanje, Moxico,Duque de Bragança, Maquela do Zombo e Congo) e de "socorro" (Evale, e Santo António de Caculo), normalmente com efectivos que rondavam os 300 homens"...
..."As primeiras expedições para Angola e Moçambique partiram de Lisboa a 11 de Setembro de 1914. A que se destinava a Angola era comandada pelo tenente-coronel Alves Roçadas, oficial conhecedor da região de destino da expedição, por ter sido governador do distrito da Huíla, no Sul de Angola. Desembarcou em Moçâmedes e, em ligação com Norton de Matos, governador-geral, deslocou as suas tropas para a fronteira Sul, deixando claro que o inimigo eram as tropas alemães do Sudoeste Africano, situação que o incidente de Naulila, em 19 de Outubro, e o ataque alemão do Cuangar, em 30 do mesmo mês, esclareciam completamente. A expedição tinha um efectivo total superior a 3.000 homens, incluindo cerca de mil soldados indígenas."...
..."Ainda antes do final do ano, pensou o Governo em reforçar as forças expedicionárias, por forma a vingar a acção dos alemães, impedir novas investidas e levar a cabo operações contra os povos revoltados do sul da colónia. Aliás, o reforço do dispositivo português tinha-se iniciado ainda antes dos acontecimentos de Naulila, com o o embarque de um batalhão da Marinha em meados de Novembro, seguindo depois novos reforços que elevaram para mais de 5.000 o número de militares presentes no Sul de Angola. O novo Governo atribuiu o comando destas forças ao general Pereira de Eça, a quem igualmente nomeou governador-geral. Após a sua chegada a Luanda, a 21 de Março de 1915, dirigiu-se para o Sul, iniciando desde logo a ocupação do Baixo Cunene. Entretanto, em 9 de Julho, as tropas alemãs da Damaralândia renderam-se perante o avanço das tropas sul-africanas, cabendo às forças portuguesas, a partir desse mês, executar, algumas de grande envergadura, acções contra as revoltas no interior da colónia."...(Pgs. 35/7) ---
---- in : 20/A)- "GUERRAS E CAMPANHAS MILITARES DA HISTÓRIA DE PORTUGAL" - de ANICETO AFONSO -- Janeiro 2008 - 1ª edição --
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------ 21)- "25 de ABRIL DE 1974 - ("A Revolução da Perfídia")....
--- -------- "ABERTURA" -----------------/a>
.................................................... ..."Em Abril de 1974 um grupo de homúnculos com antolhos, invejosos, estrangeirados nas ideias e intenções, sem preparação para nada que não fosse assegurarem o interesse próprio mesmo que sobre a ruína e destruição do país, levaram à prática a Revolução da Perfídia"... .
..."Nestas páginas, que se destinam principalmente aos que nasceram depois dela, analisamos a sua verdadeira génese e recordamos os nomes e os actos hediondos de alguns dos seus actores".
..."Traído o Programa apresentado a um país ainda incrédulo, a Revolução tornou-se um acto fraudulento e inquinado pelo mal. Por isso, tendo-se transformado numa conspiração alucinada, ela teve por objectivo principal entregar Portugal Ultramarino e suas populações ao domínio da doutrina e do poder marxista. Para a consciência desses revolucionários não importou que isso significasse a morte de milhões de seres humanos e a vergonhosa falsificação da História. A revolução de 1974 foi mais do que uma traição : constituiu um crime hediondo e os seus mentores deveriam ser julgados por crimes contra a Humanidade."... -- (Pg.7) --.......................................................
----- ( Citação parcial da obra : "25 DE ABRIL DE 1974 - A REVOLUÇÃO DA PERFÍDIA" -- do GENERAL ANTÓNIO DA SILVA CARDOSO - Ed. "Prefácio" - 2008 --
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---------------- "PREFÁCIO" ---------------- .........................
..."Tratou-se de uma revolução feita com o pretexto de devolver a liberdade ao povo português, que os seus promotores consideravam aviltado por 48 anos de "regime fascista". Queriam assim definir o tempo de um governo de autoridade na sua vertente paternalista, que enchera Portugal de progresso material e de benfeitorias humanas e também sociais. Mas foi uma revolução que teve na sua génese o propósito de integrar as antigas províncias ultramarinas na área ideológica da União Soviética."-- (Pg.10) --....................."As nossas Forças Armadas defrontaram grupos armados vindos do exterior, das fronteiras com a Guiné-Conacri e do Senegal, da República Popular do Congo, da Zâmbia e da Tanzânia. Eram,pois, movimentos que nada tinham de "nacionais", nada tinham de libertação, mas constituídos por africanos com formação soviética e que pretendiam formar "zonas de domínio" no continente africano. Para a grande maioria dos oficiais e soldados portugueses que cumpriam o seu dever na protecção às etnias branca e nativa, como vinham a fazer desde o ano de 1961, cumpre salientar que apenas uma minoria se deixara converter às razões ideológicas do comunismo internacional. Os restantes mantiveram-se fiéis ao juramento que haviam prestado no começo da sua carreira castrense. A História leva por vezes demasiado tempo a reconhecer a razão a quem a possui, permitindo assim que muitos adventícios usufruam da vitória militar com que a sorte os bafejou. Talvez seja o caso dos falsos heróis -- os que todos os anos descem a Avenida da Liberdade ostentando os cravos da traição cometida -- e que ainda recebem os aplausos em que o mesmo povo, na sua santa ignorância, os envolve".... Pg. 11) -- ......................
--- (em "PREFÁCIO" de JOAQUIM VERÍSSIMO SERRÃO na obra : "25 DE ABRIL DE 1974 - A REVOLUÇÃO DA PERFÍDIA" -- 2008 -- do General ANTÓNIO DA SILVA CARDOSO --
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--------------- "SPÍNOLA ENTRA EM CENA NA GUINÉ" ---------------
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..."O Governo, tomando consciência de que o diploma caíra mal no seio do Exército devida às alterações que iria provocar na escala de antiguidade com a entrada expedita dos oficiais ex-milicianos, reviu o assunto e, em 20 de Agosto, publicou o DL 409/73 que, com nova redacção de dois artigos do anterior, embora salvaguardasse a posição dos majores, continuava a afectar a carreira dos capitães.
..."Outros comentários poderiam ser evocados para mostrar a posição dos oficiais em causa perante a iniciativa governamental, mas julga-se que os que foram expressos por Otelo e Salgueiro Maia são suficiente elucidativos. Foi este descontentamento que deu origem ao chamado "Movimento dos Capitães", que começou em Julho de 1973 na Guiné e não tinha qualquer relação com a luta que se vinha travando deesde 1961 nas várias frentes de combate."...
..."Os oficiais deste "Movimento" acabaram por,através de uma exposição, protestar em termos vivos contra os decretos. Esta posição foi defendida por grupos de oficiais ao nível de subalternos, capitães e majores na Metrópole e em Angola"...(pg.46) --
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-------------------- "PORTUGAL E O FUTURO" -------------------
..."Spínola regressa à Metrópole com o seu inacabado livro debaixo do braço e muitas ideias na cabeça alimentadas pela sua determinação. À chegada avista-se com o Presidente do Conselho e, após uma longa reunião, concluem que as suas posições são inconciliáveis. O General movimenta-se no espectro político português e deixa saber mais tarde que escreveu um livro com o seu pensamento para uma solução digna e justa para o problema que enfrentamos em África. O livro, segundo Spínola, visava, em última análise, abrir ao país uma porta sobre o futuro, numa hora crucial em que todas as portas se nos iam fechando perante a posição de irredutibilidade tomada por um governo ao qual faltava coragem para enfrentar uma minoria sem expressão."
..."Era mais que evidente que a orientação seguida conduziria, inevitavelmente, a reacções extremistas :
= de um lado, a corrente ultra que defendia o estaticismo da tradição e apontava para soluções ultrapassadas.
= do outro lado, a corrente dos pseudo-progressistas que, por ideologia ou demagogia, se entrincheiravam num radicalismo incompatível com a construção da comunidade lusíada e que a índole dos povos impunha.
..."Parece que Spínola estava isolado, pois nas conversas que mantivera com os ministros da Defesa e do Ultramar não encontrara qualquer receptividade para as suas teses"...
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..."O chamado "Movimento dos Capitães" depressa foi contaminado pelo vírus revolucionário, onde a política ultramarina e a forma de pôr fim à guerra passaram a ser temas dominantes nas múltiplas reuniões que por toda a parte iam tendo lugar. Na reunião de Óbidos foi criada a comissão executiva já mencionada para a qual foram eleitos Victor Crespo, Vasco Lourenço e Otelo Saraiva de Carvalho. Ignora-se quais tenham sido os critérios que presidiram a esta escolha. Não foi certamente o seu grau de profissionalismo ou valor militar, mas sim a sua grande permeabilidade ao vírus revolucionário, que lhes serviu de justificação ideal para traírem todos os juramentos que haviam feito ao escolherem a carreira das armas".
..."Vivia-se então um clima de grandes dúvidas e incertezas"... (Pgs. 90/92) --
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----------------- "A BRIGADA DO REUMÁTICO" -----------------
..."Na Metrópole a situação agudizava-se com a ida,em 13 de Março de 1974, dos Oficiais Generais das Forças Armadas ao Gabinete do Presidente do Conselho fazer a... "declaração solene de que as Forças Armadas não tinham política própria, por ser da sua natureza e da sua ética cumprir as directivas traçadas pelos poderes constituídos e que o país poderia estar certo de que nesse rumo se manteria"... Esta cerimónia foi protagonizada pelos Generais que ficaram conhecidos como a "Brigada do Reumático...
..."Duma maneira geral, todos eles criticavam a legislação publicada o que permitia a oficiais milicianos ultrapassarem na carreira os seus camaradas do quadro permanente. José Manuel Barroso relata no seu livro "Segredos de Abril" algumas destas iniciativas que tiveram lugar em Setembro de 1973, afirmando : ..."São enviados de Bissau para as autoridades militares e políticas cartas de protesto, assinadas por 51 oficiais. Em Lisboa preparam-se delegações de oficiais para manifestar o seu desacordo contra o diploma, junto da hierarquia militar e do governo. Em Évora, 136 capitães e subalternos reúnem-se para discutir atitudes a tomar perante o governo. Em Angola, 93 capitães assinam colectivamente documentos de protesto. Na Metrópole, mais de 196 assinaturas de adesão ao protesto são enviadas a Marcelo"... ---
..."A indisciplina instala-se e vai-se agravando até ao nascimento do "Movimento dos Capitães". A Revolução estava em marcha. Em Março de 1974, com atitude dos generais perante o poder político e a reunião do dia 6 da nova comissão coordenadora do Movimento dos Capitães, com as suas componentes política e militar, as condições estão criadas para se prosseguir, embora não se saiba quem é o chefe, quem é que lidera, quem coordena a movimentação das tropas. Vasco Lourenço, sob as directivas do PC, parece ser o provável cabecilha da acção. Mas mesmo este é contestado por uma ala significativa do movimento"...(Pgs. 97/98) --
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--------------- "OS NOMES DA PERFÍDIA" --------------
..."Com frequência se ouve dizer a Soares que pouco terá tido a ver com a descolonização por sistematicamente ter sido ultrapassado por Melo Antunes e outros, sabendo-se agora, pela obra póstuma de Melo Antunes, não apenas as responsabilidades de Soares como a interferência dele em quase tudo. Chega mesmo ao cúmulo da desfaçatez de tentar convencer as pessoas de que, não fora a sua intervenção, os processos teriam tido aspectos ainda piores. Então, teve ou não responsabilidades ? É revoltante e insultuoso o descaramento destas enormidades, sabendo ele, como poucos, as consequências daquilo que fez. Se não conseguia evitar o que agora admite ter tido algumas falhas, então que se tivesse demitido. Mas não se demitiu. Soares era o ministro dos Negócios Estrangeiros, e era com ele, e através dele, dado que não havia ainda Bruxelas para impor compromissos, que se defendia e aplicava a nossa política externa. Muitos lhe chegaram a pedir, populações e quadros africanos inclusive, para que adiasse a independência por se prever com facilidade a inevitabilidade do horror de uma tragédia que se anunciava. Soares nada fez. Insistiu mesmo com as independências de todos os territórios, mesmo aqueles que ele sabia, melhor que ninguém, que pereceriam sem o apoio da Metrópole, como Cabo Verde, Timor e S. Tomé. E em Angola, por exemplo, as últimas e dramáticas contas elevavam a cerca de 3 ou 4 milhões de pessoas, portuguesas muitos delas, mortas e assassinadas à mão directa e indirecta dos responsáveis pela independência e descolonização."... --- ( Pgs. 189/190) ---
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--------------- "AINDA AS DESCOLONIZAÇÕES" --------------
..."Fomos os primeiros a pisar a África a Sul do Sahara e lá teríamos deixado obra de grande importância, não fora a traição de que fomos vítimas, nós e os africanos que lutaram, trabalharam e sofreram ao nosso lado. Hoje África continua com as suas riquezas naturais a serem exploradas por terceiros, oportunistas que se vão enriquecendo e empobrecendo aquele continente, talvez um dos mais ricos do globo em recursos naturais. O homem africano vai sendo dizimado pela fome, pela dor e pelas muitas epidemias que grassam por aquele território e que não são combatidas; a sua imensa floresta a ser devastada pela procura desenfreada das suas ricas madeiras vendidas para fora do continente; o animal selvagem que ainda sobrevive,ou morre com falta de alimentos ou é abatido para fazer face às carências alimentares dos seres humanos que teimam em nascer por aquelas paragens. Recentemente chegaram os chineses que, tendo fracassado no passado, procuram agora um entendimento com o africano, especialmente com as elites dominadoras, altamente venais"... (Pg.207) --
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---------- "SÃO TRISTES AS CERIMÓNIAS FÚNEGRES" ----------
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...."E existe hoje entre os descendentes de Afonso Henriques um sentimento de que foram traídos. Não foi isto que nos prometeram e, não nos restando liberdade para protestos por outros meios não burocráticos, utilizamos um mero concurso de televisão para protestar contra este arremedo de democratas engravatados em que nos deixámos enlear."
..."Em 25 de Abril ocorreu realmente a revolução da perfídia. Toda ela estava viciada, chocou-se um ovo de monstro no nosso ventre que, quando a casca se partiu, rapidamente cresceu e nos quis devorar. Os portugueses resistiram e fizeram-lhe frente, mas dos seus tentáculos cortados escorreu um visco venenoso que ainda hoje se agarra a tudo e nos tolhe os movimentos. Fomos aldrabados por "heróis" de pacotilha que se encheram de honras e de dinheiros fáceis. O sonho rapidamente se transformou em pesadelo e aqueles que já acordaram rangem os dentes de impotência. Era bom voltar a sonhar com outros protagonistas : a verdade, a humanidade e a justiça. Mas dizem-nos dos bastidores que essa peça não está no reportório desta companhia de teatro. Só temos guarda-roupa para interpretar peças de vilões e de perfídia. Teremos que continuar com a "revolução da perfídia", peça estreada há mais de trinta anos, de autor estrangeiro, sempre com protagonistas que se esquecem de olhar para o público, nem nisso estão interessados pois o público, embora remoendo impropérios, não tem outro espectáculo para ver" -- Pgs 225/6)....
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---- Em : "25 DE ABRIL DE 1974 - A REVOLUÇÃO DA PERFÍDIA" do General ANTÓNIO DA SILVA CARDOSO -- 2008 -- "Prefácio - Edição de Livros e Revistas,Lda" --
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+++ -- 23)- "O ÚLTIMO ANO EM LUANDA"... ("VERÃO QUENTE EM LISBOA -- 51 --") --
..."Para Angola e para os portugueses que aí viviam o regresso à normalidade em Portugal chegou tarde demais, porque só aconteceu depois de a independência se concretizar sem um pingo de honra, no turbilhão de uma guerra civil que começara sem esperar que os derradeiros representantes da potência colonizadora arriassem a última bandeira nacional em solo africano"... (Pg. 346) --
..."Na loucura dos excessos que apanharam de surpresa um Portugal triste e cinzento, a novidade da liberdade foi, numa primeira fase, confundida com a anarquia e quase não deixou espaço par outras preocupações. A sociedade ficou virada do avesso de um momento para o outro. Toda e qualquer autoridade que viesse do passado recente foi trucidada pelo vendaval libertário que se abateu sobre o país."...
..."Assim, enquanto os militares,os políticos, os partidos,os partidários de tudo e mais alguma coisa, os portugueses em geral, estavam demasiado ocupados a procurar o seu próprio caminho, Angola tornou-se um pasto de uma violência descontrolada. Ameaçados por esta vertigem armada, os civis brancos tinham acabado por compreender que não havia nada mais para eles naquela terra amaldiçoada pelos homens e já só pensavam em fugir. Desses dias terríveis, as pessoas que ficaram para o fim do drama português em África recordar-se-iam para sempre de um facto singular em Luanda : por todo o lado onde se fosse na cidade do asfalto ouvia-se a mesma sinfonia de martelo e madeira. O recheio da cidade estava a ser encaixotado. Os portugueses esvaziavam as suas casas, colocavam todos os bens dentro de caixotes, fechavam-nos com pregos e faziam-nos seguir para o porto."... (Pg. 347 )
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---- Extraído de : "O Último Ano em Luanda" --- de : TIAGO REBELO - Editora "PRESENÇA" - Março 2008 ---
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........... 24)- "O 25 DE ABRIL DE 1974" ................
--- Não é apenas com fanfarras e foguetes que se deve relembrar essa inesquecível data e de salientar as suas verdadeiras origens, que têm sido camufladas e desvirtuadas, tanto mais alegando uma "GUERRA COLONIAL" que praticamente era então já inexistente. Isso só os que a viveram na devida altura e nos diversos locais mais afectados, o podem testemunhar sem estar a cometer um grave e indesculpável erro.
-- Isso o provam os imensos depoimentos dos mais altos responsáveis civis e militares (acima já mencionados e os que a seguir se referenciam noutras rubricas), muitos deles depressa desiludidos das invocadas "boas intenções" que não passavam afinal de satisfazer interesses próprios, pessoais, mais para uma fácil ascensão militar, merecida ou não, até às altas patentes.
-- Obtidas as discutidas vantagens, que logo foram atribuídas a interesses nacionais e políticos, depressa caíram as máscaras dos "bem intencionados", descobrindo as suas próprias e imediatas conveniências, mas desculpando-se como lutas contra um "COLONIALISMO", tantas vezes responsável sim por um próspero, bem latente e exemplar desenvolvimento pacífico em todo o continente africano. Só quem estava integrado em toda essa realidade local tivera possibilidades de fazer um balanço justo, realista, sem necessitar de desculpas estafadas para trocarem o bem estar geral por interesses meramente pessoais, oportunos, alimentados pelas grandes empresas nacionais e estrangeiras ou por governos com duvidosas actuações.
-- Tanto melhor se pode compreender a falsidade dos argumentos invocados quando apreciamos a dureza dos citados depoimentos que justificam as graves consequências das "GUERRAS CIVIS", logo surgidas após o 25 de ABRIL de 1974 - (no caso de ANGOLA até 2002) - nos diversos palcos "coloniais", provocando mortes locais DEZ VEZES superiores às verificadas efectivamente durante toda a dita "GUERRA COLONIAL" - (1961/1974) - (condenável é certo quando desvirtuada e injustificada) e dos muitos milhares de deficientes e desalojados resultantes dos MILHÕES de minas que então ali foram colocadas com a colaboração internacional.
-- Essas populações foram, sem dúvidas, as mais directas e principais vítimas das desequilibradas e injustas decisões tomadas a longa distância, de quem nem sequer conhecia as então "acusadas e temíveis colónias" !...
-- Infelizmente, para centenas de milhares dos seus moradores, logo se viram as terríveis e mais directas consequências : - mortos, estropiados, desalojados, esfomeados, abandonados por quem tanto apregoava que os defendia!...
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---(COIMBRA - 25/04/2009) --- (Roberto Correia) ---
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... 25)-- "EM NOME DA PÁTRIA" -- "-1- INTRODUÇÃO - GENERALIDADES"...
..."O dia 25 de Abril de 1974 pode ser considerado como o dia que assinala o fim das últimas campanhas ultramarinas em que Portugal se viu envolvido".........
..."Na verdade,apesar do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) não contemplar o fim das hostilidades e de inclusivamente ter definido princípios(1) sobre como se deveria encarar a magna questão ultramarina, o dia 25 de Abril quebrou, psicologicamente, a vontade de continuar a guerra."... (pág.19) --
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..."Nunca me conformei com a perda das nossas províncias ultramarinas,que na altura representavam cerca de 95% do território nacional e 60% da população portuguesa. Sobretudo pela forma iníqua e desastrosa como tudo se processou,já para não falar dos indecorosos comportamentos políticos e militares que então se registaram. Mais : até hoje,nunca houve a coragem de se assumir isso,nem daí retirar as respectivas consequências".
..."Em seguida,assisti ao desmantelamento de umas magníficas Forças Armadas,que chegaram a dispor de 220 mil homens espalhados por quatro continentes e outros tantos oceanos e que se batiam vitoriosamente em três teatros de operações distintos,tudo isso a milhares de quilómetros da sua principal base de sustentação logística e sem grandes generais ou almirantes importados. Algo que já não acontecia desde Alcácer Quibir ! Hoje,35 anos depois do último golpe de Estado que protagonizaram, o que resta das Forças Armadas ainda não recuperou completamente do sucedido" .... (pág. 20/21) -- .......... "No mais, as disputas travavam-se através das vias económica, diplomática, psicológica ou militar. Todavia,o que nunca tinha acontecido na História de Portugal foi a rendição incondicional, a meio de um conflito de baixa intensidade (que ainda por cima controlávamos e do qual estávamos a sair vitoriosos),com a entrega precipitada e leviana de todo o património,interesses e ideais que sucessivas gerações de Portugueses se haviam batido por defender durante tantos anos".
..."E tudo isso no meio de um clima geral de aparente contentamento e euforia ! A desorientação foi (e é) tanta que, numa atitude nunca vista, assumimos oficialmente a esmagadora maioria dos argumentos defendidos pelos nossos inimigos"...
..."Não me parece que seja benéfico continuar nesta senda." ... (pág.21/22) --
................ "OBJECTIVO.........
..."O objectivo fundamental deste livro é a Justiça da Guerra e o Direito em fazer a Guerra.
..."Na realidade, a sociedade portuguesa,nas últimas décadas,evoluiu bastante em relação ao período antes considerado (1947-1974). Por exemplo,Passámos da falácia da "descolonização exemplar" para a "descolonização possível" e até um dos seus principais autores , o coronel Melo Antunes,pouco antes de falecer acabou por reconhecer que se tinha tratado de uma tragédia. O dr. Almeida Santos, outra personalidade com amplas responsabilidades na forma como as coisas decorreram, publicou há cerca de dois anos um livro, em dois volumes, onde reconhecia toda uma serie de coisas que tinham corrido mal -- "obviamente por causa dos militares, que não quiseram combater mais" *(!) -- mas onde também afirmava que tudo isso era compreensível e frequente no contexto de uma revolução, além de que não fazia sentido, passados todos estes anos, andar à procura de culpados. No fim de contas,o que lá vai,lá vai..." -- (pg.22) --
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..."Por outro lado,os combatentes começaram por ser execrados e condenados por lutarem numa guerra "imperialista", ao serviços dos "colonialistas" e de um "governo fascista". Foi-lhes imposto um condicionalismo psicológico e cerca de um milhão de homens ficou arrumado nas prateleiras do esquecimento e da ignomínia. Exaltaram-se desertores... A pouco e pouco,os combatentes foram saindo da sombra. Afinal,tinham sido obrigados a combater por um governo em passo trocado com os ventos da História. Eram,também eles,vítimas e não carrascos".
"Começou depois a despontar,aqui e ali, a ideia de que eles tinham combatido bem, com valor, e que tinham feito uma guerra limpa, sem embargo dos inquiridores de serviço baterem a espaços na tecla de Wiriamu,à falta de outros exemplos"...
"Entretanto,surgiu inclusivamente um militar e académico americano,imparcial,que decidiu estudar o "modo português de fazer a guerra",para depois concluir que as FA portuguesas tinham levado a cabo "um notável feito de armas" que superara mesmo a actuação de grandes potências noutros teatros de guerra contemporâneos *(2)"...
"Gradualmente,pois,a consciência de que os combatentes cumpriram bem o seu dever tem vindo a crescer. Todavia, há um ponto em que as coisas ainda não evoluíram,do epitáfio que os poderes constituídos em 1974/75(e os que se seguiram) decretaram para a guerra no seu conjunto : Portugal manteve uma guerra injusta que era contra o Direito e a Moral !"
"Ora,este livro pretende demonstrar exactamente o contrário : Portugal fez uma guerra justa e, além disso,tinha toda a razão do seu lado ! Cumulativamente, descobrir-se-ão as razões pelas quais a guerra era sustentável e o que levou a desistirmos da luta."... (pág.22/23) --
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................. -- "2.2 INTRODUÇÃO " .................
..."Em mais nenhum território português houve qualquer problema,tendo apenas sido necessário ultrapassar uma certa agitação registada em Macau,em 1966,devido à "Revolução Cultural" que estava em curso na República Popular da China.
"Em todo lado havia forças militares permanentemente em vigilância,incluindo na então chamada "metrópole",onde já se tinha verificado uma ou outra perturbação da ordem e até sabotagens,com origem no Partido Comunista Português (PCP) e nas organizações de extrema esquerda"............
"A questão central tinha-se deslocado agora para as Forças Armadas e,concretamente, para o problema da falta de candidatos às Escolas Militares de Ensino Superior,o que originou uma escassez de oficiais,nomeadamente capitães e subalternos,para enquadrar as forças em operações. O governo nunca conseguiu resolver essa contrariedade -- cuja resolução era crucial -- e as tentativas tardias que efectuou revelaram-se inadequadas e fizeram disparar o descontentamento no seio dos oficiais do quadro permanente. Foi esse clima de insatisfação que esteve na base do movimento que desencadearia o golpe de Estado do 25 de Abril de 1974 ". -- (pgs.35/36/37) --
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............ "2.3. A EVOLUÇÃO POLÍTICO ESTRATÉGICA" ...........
..."Parecia ainda prudente tomar alguns cuidados face a certos círculos brasileiros defensores do anticolonialismo em voga, que não escondiam o seu apetite em substituir os portugueses na administração dos territórios portugueses na costa ocidental de África. Contudo, a corrente de pensamento dominante tinha por certo que as posições portuguesas em África eram importantes para a defesa estratégica do Brasil,sempre e quando permanecessem debaixo da bandeira das quinas. Deste modo, foi possível assinar, em 1953,o Tratado de Amizade e Consulta(27) que lançou os alicerces da Comunidade Luso-Brasileira. Este tratado previa a consulta em todos os problemas de interesse comum de modo a delinear estratégias conjuntas de actuação..." --(pgs.43)--
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..."Alguns ânimos amedrontaram-se esquecendo,por falta de visão histórica e de conhecimentos de estratégia,que os ventos da história são passageiros,que aquilo que é definitivo hoje,deixa de o ser amanhã e que só os interesses dos mais poderosos no momento contam para a dinâmica contemporânea. E que por detrás dos aparentes princípios filantrópicos se escondem interesses inconfessáveis,o que neste caso tinha que ver com a substituição de soberanias,com o neocolonialismo, a influência política e ideológica,o acesso facilitado a mercados e a matérias-primas,e o controlo de posições estratégicas importantes".
"Mesmo no âmbito da NATO faziam-se ouvir críticas contra a posição portuguesa, oriundas sobretudo dos países do Norte da Europa (aliás,no seu ancestral costume), desconhecedores profundos da realidade africana e racistas por natureza,mas a quem não desgostava locupletar-se com as riquezas e os mercados que anteviam poder passar para as suas posses". --(pgs. 46/47) --
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..."Para uma melhor compreensão da situação é preciso dizer ainda que a totalidade dos países africanos que eram hostis a Portugal não constituíam uma ameaça militar e alguns deles,inclusive,dependiam economicamente das saídas para o mar e dos caminhos- de-ferro que os territórios portugueses proporcionavam.
Nos fóruns internacionais,porém, todos os países comunistas e afro-asiáticos condenavam sem peias a determinação de Portugal em defender os seus territórios ultramarinos,que apelidavam de "colónias". -- (pg.49) --
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............ " -3- SITUAÇÃO INTERNA PORTUGUESA..." -- ............
..."Em finais de 1959,foi lançada uma campanha virulenta nas Nações Unidas contra Portugal com o apoio de diversos países. Tal facto causou impacto em alguns espíritos mais impressionáveis.
O governo brasileiro reconheceu a situação delicada em que o seu embaixador em Portugal o colocara e enviou uma alta personalidade a Lisboa para resolver rapidamente a questão. Após negociações acordou-se que não haveria salvo-conduto nem protecção diplomática para Delgado."...
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..."Em princípios de 1960,os ataques contra o Ultramar português subiram de tom. Era agora pedida a autodeterminação. O Exército agitou-se,com Craveiro Lopes a criticar o governo,mas tanto a Força Aérea como a Marinha mantiveram-se tranquilas.
..."Delgado e Galvão multiplicaram-se em intervenções políticas (apesar dos compromissos em contrário) e tentaram acicatar as colónias de portugueses contra o regime de Lisboa.
..."Para fazer face aos acontecimentos relativos ao Ultramar, Silva Tavares foi nomeado governador de Angola, e para a pasta ministerial responsável pelas colónias foi nomeado Adriano Moreira,na altura tido por competente em assuntos ultramarinos,de grande inteligência e capacidade de decisão e ideologicamente situado numa esquerda moderada,não tendo qualquer vínculo a nenhuma organização política dentro do regime." - (pg. 72)-
..."A oposição considera que era preciso defender o Ultramar e que era justamente por causa da política e da essência do actual governo que essa defesa não podia ser feita.
... "As Forças Armadas foram atacadas por permitirem tais políticas e estas reagiram acusando os políticos de serem os causadores do statu quo.
... "Em fins de 1960,o país estava debaixo de uma atmosfera de tensão".- (pg.73)-
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..."Logo a 4 de Fevereiro, a paz pública viu-se perturbada em Luanda,onde agentes aparentemente ligados ao MPLA atacaram uma esquadra de polícia e uma prisão. Em resultado do ataque,morreram seis agentes da autoridade."
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..."E a 15 de Março uma vasta operação terrorista, levada a cabo pela UPA,semeou o terror no Norte de Angola. Apoiada a partir da fronteira do ex-Congo Belga,o ataque causou milhares de vítimas entre a população (europeia,africana e euro-africana). Em simultâneo,o debate sobre o Ultramar português voltou a fazer parte da agenda da ONU,tendo-se registado violentos ataques contra a política de Lisboa.
A delegação portuguesa abandonou a sala das sessões (por ordem de Lisboa), e foi aprovada por larga maioria uma moção contra Portugal." ... (pg. 75) --
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..."A defesa de Angola mobilizou a grande maioria da população,que se apercebeu da delicadeza do momento. De facto,a maioria dos sectores oposicionistas,à excepção do PCP e de algumas franjas da extrema-esquerda,sem qualquer expressão,apoiou a política do governo na defesa da integridade da nação. E o chefe do Governo,apesar dos seus 72 anos,deu provas de grande tenacidade." -- (pg. 78) --
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..."Os ataques na ONU contra Portugal eram constantes e na metrópole os meios académicos agitaram-se,culminando numa crise que se prolongará por todo o ano de 1962.A situação foi despoletada depois do Governo ter proibido a comemoração do dia do estudante." - (pg. 82) --
..."A estabilidade governativa manteve-se durante todo o ano de 1973,embora a agitação política dentro e fora de portas continuasse a ter na sua origem a política ultramarina,que se iria tornar no elemento fulcral da política nacional até ao fim do regime,que ocorreu em 25 de Abril de 1974.Henrique Galvão manteve-se activo no Brasil,enquanto que Humberto Delgado visitou vários países (Marrocos,Itália, Checoslováquia,Argélia,etc) numa actividade incessante contra o governo de Lisboa." -- (pg.83) --
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..."Além do mais o Almirante Américo Tomás estava em fim de mandato e era necessário resolver esse problema. Antes disso,porém,ocorreu um incidente que iria provocar grande polémica e submeter as autoridades de Lisboa aos maiores embaraços. Em 26 de Abril desse ano, a polícia espanhola encontrou junto à fronteira portuguesa, na área de Badajoz, dois corpos,logo identificados como sendo de Humberto Delgado e da sua secretária brasileira. A polícia espanhola não teve dúvidas em afirmar que ambos tinham sido assassinados."... - (pgs. 84-85) --
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............ -- "A EVOLUÇÃO CONTEMPORÂNEA" ............
..."Vejamos resumidamente como é que se procedeu a essa evolução. A colonização é um fenómeno permanente na história da Humanidade,resultante das diferenciações culturais dos grupos sociais/humanos e do seu diferente poderio e potencial económico.Enquanto tais diferenças existirem ,a colonização continuará a existir. E porque assim é,todo o colonizador será substituído inevitavelmente por outro colonizador.Em todos os períodos, a colonização esteve sempre presente,embora com características diferentes consoante as épocas em que teve lugar."...
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..."Ao tempo,nem só nas colónias se vivia uma situação colonial,já que em quase todos os países sul-americanos e mesmo na América do Norte se verificavam condições que poderiam ser designadas de coloniais. Aí existiam -- e nalguns casos ainda existem -- populações que nos meios internacionais eram designadas por aborígenes, populações essas que,vivendo em regime tribal ou semi-tribal,eram constituídas pelos descendentes das populações que habitavam o país à data da conquista ou colonização,e que viviam mais de acordo com as instituições tradicionais daquela época do que com as instituições das nações a que pertencem. Eram ainda situações coloniais as que se verificavam -- e que ainda hoje,em muitos casos,se verificam -- nos novos países africanos e asiáticos onde o papel activo é desempenhado por elites europeizadas ou comunizadas, desenraizadas das populações locais e que, depois da independência,ficaram com o monopólio do poder político e do domínio económico. As desigualdades que anteriormente se verificavam entre colonizadores e colonizados mantiveram-se; só não se manteve a diferença étnica assente na cor da pele".
"A colonização,sendo um facto natural,é um momento da vida dos povos -- os colonizadores de hoje foram colonizados ontem -- mas que não tende a ser superado à medida que vão desaparecendo, pelo contacto dos grupos em presença, as condições de desigualdade que a tornaram necessária. Opera-se assim a descolonização,a qual pode realizar-se de dois modos: -- pela emancipação : separação dos colonizadores e colonizados,passando estes a reger os seus próprios destinos; -- pela integração : as culturas em contacto homogenizam-se e colonizadores e colonizados integram-se numa mesma unidade social e política." -- ( pgs. 310/311) --
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............ "8-3- ÂMBITO DIPLOMÁTICO" ............
..."Como já vimos,os novos conceitos de auto-determinação dos povos e de impulsos descolonizadores tiveram origem no fim da Segunda Guerra Mundial,donde emergiram duas super-potências : os EUA e a URSS. A estas convinha,por razões diferentes mas que acabavam por ser convergentes,que os países europeus fossem despojados dos seus territórios ultramarinos,ou outros que administrassem sob distinta forma jurídica.
...................... "Ambos tinham interesse em dominar regiões geográficas que dispunham de +pontos de grande importância estratégica,para aí instalarem bases militares, que lhes proporcionariam o controle das linhas de comunicação marítima e aérea ou,ainda, para lhes permitir condicionar a acção política dos governos dos países onde essas bases fossem construídas. Nessa perspectiva,as parcelas de Portugal espalhadas por quatro continentes e três oceanos tinham um valor enorme..." - pgs. 359/360) --
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..."Como a guerra directa entre inimigos estava afastada devido à ameaça nuclear,que prometia a destruição mútua de quem fizesse uso das armas atómicas,entrou-se na estratégia indirecta, onde a chamada auto-determinação dos povos encaixava como um luva. Deste modo, todos os partidos independentistas foram incentivados e ajudados, quer defendessem o assalto ao poder por via pacífica ou armada." ..................
..." É curioso verificar que os EUA e a URSS,sempre tão pródigos em apoiar a descolonização e a autodeterminação das populações e dos territórios dos outros,não o admitiam em relação a si mesmos."................ "Seja como for, a verdade é que as independências foram surgindo como cogumelos,quase todas com resultados bem negativos, pelo modo atrabiliário como foram atribuídas e porque os povos por elas abrangidos não estavam,nem de perto nem de longe, preparados para assumirem essa condição. Foi a isto que alguns chamaram "os ventos da História. Portugal viu-se implicado em todo este turbilhão,não porque se tivesse envolvido fosse no que fosse, mas simplesmente porque existia." ....-- (pgs.360/361/362)--
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..."O Brasil mudou radicalmente a sua postura após a queda do presidente cripto-comunista Jânio Quadros,passando a apoiar, ou pelo menos não hostilizando, a posição portuguesa e mantendo-se a comunidade de afectos; - A Espanha, a Alemanha e a França apoiavam sem grande alarde a política portuguesa,tendo inclusivamente os dois últimos países fornecido a Portugal o armamento e o equipamento que nos fazia falta;a Santa Sé usou de uma grande duplicidade em relação a Portugal,sobretudo durante o pontificado de Paulo VI; por um lado visitou Fátima,por outro lado recebeu os responsáveis pelos movimentos independentistas; por intermédio do episcopado português apoiava a política de Lisboa,mas através de missionários e de católicos "progressistas" apoiava os agentes da subversão"...Em África,as duas potências mais poderosas que faziam fronteira com Angola e Moçambique -- a Rodésia e a República da África do Sul -- apoiavam a política portuguesa e participavam até em operações militares com meios de apoio; "... - as resoluções aprovadas na ONU contra Portugal em nada afectaram os interesses portugueses; limitaram-se a atemorizar as mentes mais permeáveis e nem sequer se tentou expulsar Portugal da organização."...(pgs. 363/364)
........ -- "9-4- ÂMBITO ECONÓMICO / FINANCEIRO / SOCIAL"... -- .......
..."Apenas a título de exemplo,convém lembrar os mais esquecidos que antes de 1974 nenhum ministro tinha guarda-costas ou a casa vigiada por seguranças; o Presidente da República dispunha de um guarda da PSP junto à sua residência e até o professor -- o mais odioso ditador, a acreditar na maioria do que se escreve e diz nos media contemporâneos -- nunca teve mais do que um guarda da PSP à porta de S. Bento e quatro agentes da PIDE (seis à noite),que se revezavam na segurança da residência oficial.
"Na última final da Taça de Portugal,de futebol,antes do 25 de Abril,o Estádio Nacional em peso aplaudiu os governantes quando estes chegaram. Nós assistimos. Alguns dirão que que era a chamada "psicologia das multidões". No entanto, se isso for verdade,então também deve ser aplicado a muitas outras situações,nomeadamente as que se seguiram ao golpe de Estado do 25 de Abril,em se enfiaram cravos nos canos das espingardas"...
....."9-5- ÂMBITO MILITAR" - ..."A África arde porque lhe deitam fogo de fora(...)Sem África a Europa e o Ocidente não poderão sobreviver..." - "Oliveira Salazar - discurso "Posição Portuguesa em face da Europa,da América e da África,1959) -- (Pgs. 414/415) --....
..."Outro procedimento que julgamos ter sido errado,e que só foi corrigido depois do 25 de Abril,foi a separação dos mancebos que tinham habilitações equivalentes ao 5º ano de liceu, destinados à classe de sargentos milicianos, e os que tinham equivalência ao 7º ano de liceu ou universitários,que iriam para oficiais. O correcto seria dar uma instrução comum a todos e depois enviar para oficiais os mais aptos ao exercício do comando de pequenas unidades. Assim se ganharam muitos oficiais medíocres e sargentos aproveitados abaixo das suas capacidades".(pgs.426)
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..."Ora, foi neste particular que alguns oficiais milicianos e do quadro se sentiram mais afectados,o que fez com que uma pequena parte do exército quisesse derrubar o sistema político vigente,sem que no entanto soubesse ao certo o que fazer a seguir. Mais a mais,deixaram-se infiltrar por elementos comunistas,esses sim com a perfeita noção do que queriam."...(pgs. 431) --
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- (Publicações Dom Quixote - edições de Outubro de 2009/Fevereiro de 2010)-
---- Notas : - *(1) - "O ponto do B-8 do Programa do MFA,dizia : 8 - "A política ultramarina do Governo Provisório,tendo em atenção que a sua definição competirá `Nação,orientar-se-á pelos seguintes princípios : a) reconhecimento de que a solução das guerras no Ultramar é política, e não militar ; b) criação e condições para um debate franco e aberto,a nível nacional,do problema ultramarino; c) lançamento dos fundamentos de uma política ultramarina que conduza à paz". Como se sabe nada disto foi cumprido". --
*(2) - "Os EUA no Vietname; a França na Argélia e na Indochina e a Grã-Bretanha no Quénia e na Malásia.O livro intitula-se Contra-Subversão em África, e o autor John P.Cann (Lisboa, Prefácio, 2005) " --
*(27) - "Este tratado não foi extensivo ao ultramar português,erro que não foi possível remediar mais tarde".
---- (Transcrições parciais da obra "EM NOME DA PÁTRIA" - de JOÃO JOSÉ BRANDÃO FERREIRA - Publicações Dom Quixote - Edições de Outubro de 2009 - Fevereiro de 2010 - ( Obs - Todas estas transcrições foram previamente autorizadas pelo seu Autor,o que muito agradecemos ) -- ===========================================================
- 26) - "ESPAÇO PÚBLICO" - "Retornados : a palavra possível nasceu há 35 anos(I) " --
..."Estivadores africanos do porto de Lourenço Marques recusaram-se ontem a carregar barcos de carga destinados a Lisboa,
com bens pertencentes a colonos brancos que regressam a Portugal. Segundo anunciaram, respondem assim a um apelo lançado pela Frelimo no sentido dos residentes brancos permanecerem no território, ajudando ao seu desenvolvimento. Todavia,na capital moçambicana a tensão aumentou nos últimos dias, devido a uma série de deflagrações (...) que devem ser obra de extremistas das direitas".
"Direitas. Extremistas. Colonos. Brancos -- esta notícia do Telejornal da RTP do dia 21 de Junho de 1974 contém os tópicos básicos das notícias sobre aqueles que,um ano depois, passarão a ser designados como retornados. Mas em Junho de 1974 os retornados não só não existiam como eram precisamente aquilo que antecipada e firmemente se garantia aos portugueses que jamais sucederia.É certo que,em 1974, existiam em Portugal os refugiados de Goa e os refugiados do Zaire. Mas os primeiros surgiam como o resultado dos erros de Salazar e dos segundos não só mal se ouvira falar como também eram apresentados como a natural consequência do colonialismo."
"Os portugueses de África confrontaram-se desde os primeiros momentos com um estereótipo que os reduzia à caricatura dos colonos brancos,extremistas de direita. Que para maior agravo fugiam por receios infundados e por não quererem dar o seu contributo aos novos países africanos : "filhos pródigos" de Moçambique -- chama por este mesmo mês de Junho de 1974 o correspondente do Expresso naquele território àqueles que já então esgotavam os bilhetes da TAP para a viagem Lourenço Marques - Lisboa."...
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..."Mas não foi só isso que aconteceu. Mesmo a referência à carga que a Frelimo não quer embarcar não gera qualquer curiosidade. O que pretendem embarcar estas pessoas : bens que querem colocar em segurança para o que der e vier ou a panóplia habitual de objectos nestas viagens sazonais de reencontro com os familiares e de apresentação dos filhos aos parentes que tinham nesse território a que chamavam Portugal europeu ? Em Lisboa ninguém se interessou por esse assunto. Vão ser necessários muitos meses e muitos milhares de retornados para que a imprensa portuguesa lhes dedique espaço e para que o discurso do poder político-militar conceda que eles existem".
..." Seja na versão oficial ou no imaginário de cada um de nós,os retornados, são
um fenómeno de 1975. De facto,são de meados de 1975 as imagens dos caixotes junto ao Padrão dos Descobrimentos e das crianças sentadas no chão do aeroporto de Lisboa. É também em 1975 que começa oficialmente a ponte aérea que traria centenas de milhares de portugueses de África. E finalmente é em 1975 que, perante a evidência da catástrofe,se arranjou um termo politicamente inócuo, susceptível de nomear essa massa de gente que só sabia que não podia voltar para trás. Arranjar um nome para esse extraordinário movimento transcontinental de milhares e milhares de portugueses foi difícil,não porque as palavras faltassem,mas sim porque os factos sobravam."
..."Contudo,não só muitos deles não eram retornados,pela prosaica razão de que tinham nascido e vivido sempre em África,como surgem muitos meses antes da palavra "retornado" ter conseguido chegar às primeiras páginas dos jornais portugueses.Desde Junho de 1974 que encontramos notícias sobre a fuga dos colonos,dos africanistas,dos europeus,dos ultramarinos,dos residentes e dos metropolitanos. Enfim, de pessoas brancas,pretas,mestiças,indianas..... Então passarão a ser desalojados,regressados,repatriados, fugitivos, deslocados ou refugiados. Finalmente,em meados de 1975,tornar-se-ão retornados."...
..."Oficialmente,os retornados nasceram há 35 anos, em Março de 1975,através do Decreto nº 169/75 que criou o IARN. Ao contrário do que ficou para o futuro, as siglas não queriam dizer Instituto de Apoio aos Retornados Nacionais, mas sim Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais, pois quanto mais os factos davam conta da catástrofe, mas cuidado punha Lisboa na gestão das palavras. O texto introdutório do decreto explica a criação do IARN como uma medida de "prudente realismo" perante a possibilidade de advir do "processo de descolonização em curso (...)o eventual afluxo a Portugal de indivíduos ou famílias que hoje residem ou trabalham em alguns territórios ultramarinos". Mas não a estes portugueses se refere este decreto. Aliás, os seus considerandos mais sérios e assertivos (nada que se assemelhe a um "eventual afluxo",mas sim a um retorno em "grande massa") são reservados não aos retornados de África, mas sim aos portugueses emigrados na Europa : "Considerando que, no caso de se verificar uma grave crise de emprego nos países principais destinatários da emigração portuguesa,é de admitir a hipótese do retorno de uma grande massa de emigrantes ao país". Ou seja, a escassas semanas antes de começar uma das maiores pontes aéreas mundiais para a evacuação de refugiados, numa fase em que por barco e carreiras aéreas regulares já tinham afluído a Portugal milhares de residentes nos territórios africanos e quando os próprios funcionários públicos portugueses e membros das força segurança abandonavam em massa os seus lugares em África, o poder político-militar de Lisboa finalmente reconhecia não ainda a sua existência mas a possibilidade de virem a existir"...
..."Aquilo que o Decreto nº 169/75 refere como "eventual afluxo" foi o maior êxodo de portugueses registado num tão curto período. Não se sabe ao certo quantos foram os retornados, pois muitos "retornaram" directamente de África para o Brasil, Canadá, Venezuela ou deixaram-se ficar pela África do Sul. E não fosse o povo ter chamado bairro dos retornados a alguns conjuntos de habitação social, geralmente pré-fabricada,para onde alguns deles foram residir, não se encontraria outra referência no espaço público à sua existência. Até hoje ninguém os homenageou. Deles o poder político e militar falou sempre o menos possível. A comunicação social, tão ávidas de histórias, demorou anos a interessar-se por aquilo que eles tinham para contar. E os poucos que entre eles passaram a papel as memórias desse tempo só em casos excepcionais conseguiram romper o universo restrito das edições de autor."
..."Há 35 anos inventámos a palavra retornado. Mas eles não retornavam. Eles fugiam. Retornados foi a palavra possível para que outros -- os militares,os políticos e Portugal -- pudessem salvaguardar a sua face perante a História. Contudo,a eles o nome colou-se-lhes. Ficaram retornados para sempre. Como se estivessem sempre a voltar. Ensaísta."
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--- (Transcrição parcial do artigo "Retornados : a palavra possível nasceu há 35 anos (I)", de HELENA MATOS, inserido no Jornal "PÚBLICO" - Edição Porto - 4/3/2010 - Ano XX - nº 7273 -- pgs. 35 --
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===== OBS - PARABÉNS, HELENA MATOS, (e ao seu Jornal) pela sua frontalidade, excelente interpretação da verdade do assunto em causa,pois ainda há "muitos altos responsáveis" que se negam aceitar os FACTOS ! ... E muitas das consequências, bastante gravosas, ainda estão por resolver a contendo e justiça dos muitos milhares de ofendidos e prejudicados. Neste mesmo blog --- e num outro -- estão também inseridas diversas "CITAÇÕES" e "TRANSCRIÇÕES" de obras, jornais e revistas, já publicadas pelos mais considerados autores, civis e militares, bem como ainda noutras rubricas. Encontram-se ao completo dispor da Imprensa, dos seus jornalistas e dos diversos leitores.-
--- Ao jornal "PÚBLICO" e à autora que me perdoem o "abuso" desta transcrição. Estava fazendo falta nesta rubrica, até porque existem muitos pontos de vista comuns e porque, há muito,também temos tentado fazer despertar os "adormecidos e bem regalados" culpados !...
----- (Roberto Correia - (sourreia@gmail.com) -- Coimbra Fevº/2011 ------ --------------------------
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.. 27) - "AS VERDADES DO 25 DE ABRIL" - (A VERDADE VERDADEIRA...DO 25 DE ABRIL") --..
..."Desde 1958 até 1975 vivi no interior de ANGOLA,bem no Centro,nos planaltos do HUAMBO e do BIÉ (Nova Lisboa, Bailundo, Chinguar, Silva Porto e Camacupa)- Posso assim afirmar que durante esse período e nessas zonas, NUNCA a nossa PAZ esteve em perigo de "GUERRA COLONIAL".
Além disso,os lamentáveis acontecimentos posteriores a Março de 1961,só se registaram durante algum tempo e na zona Norte de ANGOLA.
A alegada justificação do surgimento do "Movimento de 25 de Abril",como sendo para terminar com essa dita "GUERRA COLONIAL",teve sim razões bem diferentes,até mesmo subordinadas a muitos interesses, estrangeiros e locais,pessoais,de conveniência e carácter militar !
Além dos bastantes depoimentos, aqui inseridos e ainda incluídos noutras rubricas deste mesmo blogue, prestados por civis e militares (alguns de elevada patente), quero aproveitar a oportunidade de mencionar,com a devida referência, alguns (entre muitos outros) "sítios" que bastante têm contribuído para ajudar a esclarecer dúvidas ou mal entendidos por vezes lançados apenas com objectivos pouco claros, mascarando as causas e os efeitos imediatos de certas e terríveis situações e da tão propalada "DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR" !!!...
Esses "movimentos de libertação" tiveram os seus "inesquecíveis colaboradores" espalhados pelos CINCO CONTINENTES ! A sua acção foi bem evidente,muitas vezes nefasta,anti-patriótica,muito pouco corajosa,bem ao contrário do que procuram hoje fazer acreditar,mas...a HISTÓRIA não se deixa ludibriar ! Isso apenas serve agora para tentar "limpar a ficha" e captar votos dos indecisos !
--- Talvez seja oportuno consultar alguns desses "sítios" :
www.aemo.org/cartaberta.html
aerodromobase3.blogspot.com/2010_04_01_archive.html
oamigodopovo.blogspot.com-2/4/06
circo-portugal.blogspot.com/2010/.../hummm.html
kuribeka.com.sapo.pt/manuelalegre.htm
introestudohistangola.blogspot.com
mnemeeuropa.blogspot.com/2007_04_01_archive.html
http://pissaro.home.sapo.pt
http://portugaldospequeninos.blogspot.com/2007/.../guerra-colonial.html
ruimacdonald.com/wordpress/?p=9247
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---- (Roberto Correia (sourreia@gmail.com) -- Janeiro/2011) ----
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........... 28)- "UM DILEMA POLÍTICO ? " ............
-- Independentemente do candidato presidencial que venha a ser o "vencedor",depois de uma campanha que,por vezes,atinge a ofensa pessoal, que põe em causa a privacidade do cidadão e até dos seus familiares, também com ofensas da dignidade das mais altas funções governamentais,como podem depois os candidatos vencidos, os seus apoiantes pessoais e mesmo os seus partidos, estarem em condições duma leal e necessária colaboração na governação do país,tanto mais com uma perigosa situação económica / financeira ?!...
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------ (sourreia@gmail.com) -- (Coimbra - 18/01/2011) --
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---- Outras Consultas aconselhadas na INTERNET :
dictionnaire.sensagent.com/MUGIRAM/fr-fr/
oacidental.blogspot.com/2005/07/contos-ainda-proibidos.html
www.geocities.com/sssantiagooo/Unita_e_estado_portugues.html
rapidshare.de/files/27324791/Livro_Contos_Proibidos.pdf.html
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29)... "O 4 DE FEVEREIRO DE 1961" - Opinião de diversos autores"...
..."Logo a 4 de Fevereiro a paz pública viu-se perturbada em Luanda, onde agentes aparentemente ligados ao MPLA atacaram um esquadra de polícia e uma prisão.Em resultado do ataque,morreram seis agentes da autoridade." -- (pg.75) --
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..."Ao MPLA foram atribuídos os distúrbios de Luanda,em Fevereiro de 1961,e a antiga UPA declarou-se responsável pelos massacres que,a partir de 15 de Março de 1961, assolaram o Norte de Angola e que levaram ao abandono de numerosas povoações e fazendas agrícolas.
No que se refere à evolução da actividade política dos movimentos independentistas angolanos, note-se, em primeiro lugar,a manutenção da violenta rivalidade que desde o início caracterizou a sua relação. Uma rivalidade que gerou grande preocupação em quase todos os Estados africanos que se sentiam divididos entre o MPLA, chefiado por Agostinho Neto (depois do abandono voluntário de Mário de Andrade), e o GRAE, dirigido por Holden Roberto." -- (pgs. 158) --
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..."4-5. O ATAQUE A ANGOLA" ... -- "A população do Bungo" --
..."No final de 1960,deram-se os incidentes na baixa do Cassange e em Catete, que foram duramente reprimidos por forças militares, mas que podem ser considerados como um ensaio para acções mais vastas. A 4 de Fevereiro do ano seguinte, grupos conotados com o MPLA atacaram, em Luanda, a cadeia de S. Paulo(na tentativa de libertar os presos resultantes,nomeadamente, dos incidentes acima citados, a Companhia de Polícia Móvel e a Casa de Reclusão Militar.Nessa acção morreram numerosos atacantes e seis polícias.Os tumultos e as agressões prolongaram-se por vários meses,sobretudo nos musseques (bairros periféricos de Luanda").-- pgs.168/9) --
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..."Em Angola,depois dos incidentes de Catete e da Baixa de Cassange,em 1960, que se podem considerar como um ensaio para operações mais vastas, a UPA desencadeou um ataque genocida,a 15 de Março de 1961,no Norte de Angola, mobilizando para esse efeito cerca de cinco mil guerrilheiros bakongos, a maior parte deles oriundos do antigo Congo Belga. A matança, que durou algumas semanas,cobrou a vida a cerca de 1500 brancos e de 20 mil negros, até que as milícias locais, que se constituíram imediatamente, e as forças militares disponíveis,puseram finalmente um ponto final naquele horror..." -- (pgs. 384)--
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................... (em actualização) ...............
----(Transcrições parciais (e autorizadas), da obra "EM NOME DA PÁTRIA", de JOÃO JOSÉ BRANDÃO FERREIRA - (já citada neste mesmo blog )--
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II) - EXPOSIÇÕES : ------------
............... "LUANDA / CAMACUPA - MEMÓRIAS "..............
-- " ...Nasci em LUANDA, ANGOLA, e ali vivi meus primeiros 11 anos de criança, até que meus pais resolveram mudar-se para o seu centro, na pequena e pacata vila de CAMACUPA.
Por não haver ali próximo Colégio ou Liceu, já que nesse ano havia completado o 1º ano liceal ("SALVADOR CORREIA"), acabei por vir para casa de familiares na FIGUEIRA DA FOZ. Foi, portanto, fora de ANGOLA durante 11 anos que continuei os estudos, completei o Magistério Primário e voltei novamente a ANGOLA depois de por cá ainda ter exercido o magistério.
Ali casei, ali me nasceram 3 filhos, ali exerci as minhas funções de professora em diversas escolas do Ensino Primário nos distritos do BIÉ, MOÇÂMEDES e HUAMBO durante 18 anos, tendo leccionado centenas de alunos, brancos, negros e mestiços, de ambos os sexos.
Quis o destino que nos últimos anos em ANGOLA, período de 1972 a 1975, tivesse sido colocada na terra onde os meus Pais, quase 30 anos antes haviam escolhido para nossa morada, CAMACUPA. Meu marido, funcionário de Fazenda (Finanças), para ali havia sido transferido tendo consequentemente de deixarmos a nossa casa em NOVA LISBOA (HUAMBO).
Era uma escola nova e airosa, situada num bairro periférico da cidade, com duas salas de aulas, cantina, 4 professoras em exercício, com frequência superior a 100 alunos, na sua maioria negros e um contínuo. Durante dois desses anos exerci como professora acumulando o trabalho de directora da escola.
Quando os denominados "Movimentos de Libertação" : MPLA - UNITA e FNLA, entraram em ANGOLA uma Delegação da UNITA foi ocupar uma casa em frente à escola começando então os problemas.
Quando logo pela manhã, as aulas começavam às oito horas, ali chegávamos, na grande varanda , na parte frontal, não raro encontrávamos nela, aboletados muitos dos homens, alguns completamente nus, sem qualquer respeito pelas professoras e pelas crianças, entre elas meninas entre os 6 e 14 anos.
Depois, durante as horas escolares, era um desassossego com os exercícios que praticavam, servindo-se de paus de vassouras como armas, às vozes de comando gritadas por quaisquer pseudo-instrutores, outras vezes eram os ensaios de canto dos seus hinos, servindo-se da dita varanda.
As casas de banho destinadas a ambos os sexos, eram constantemente invadidas por esses homens que as deixavam em mísero estado de limpeza e até com sanitários entupidos com pedras. Deliberou-se então fechá-las com as chaves entregues a uma das professoras, abrindo-se apenas quando solicitadas pelos alunos.
Uma manhã, ao chegarmos à escola, deparámos com a parede e telhado das mesmas deitadas abaixo !
Durante a noite, com um "Unimog", alguém da dita delegação achara que sem parede já todos se poderiam servir delas à vontade !
O ano chegara ao fim, começando os exames da 4ª classe, com alunos apresentados por "professores" ao serviço dos diversos "Movimentos". O Júri era formado por mim, como presidente, uma colega da escola como secretária e, como vogal, um carpinteiro que se apresentou como professor e vinha munido duma metralhadora que poisou sobre a secretária.
Ao fazermos a chamada dos alunos propostos deparámos com uma vintena de crianças com 7 anos de idade, mal sabendo escrever, que também faziam parte da lista. Oposemo-nos firmemente, a colega e eu, a que esses alunos fossem submetidos às provas, encontrando grande resistência da parte do outro membro mas, continuámos firmes nessa oposição e apenas os alunos que realmente estavam abrangidos pelas normas foram admitidos.
O vogal passeava-se por entre as carteiras ostentando a metralhadora, chegando mesmo a ir chamar um dos "professores" que haviam ficado do lado de fora, para que auxiliasse os alunos.
Perante o que descrevo, absolutamente desiludida, e porque meu marido também já se vira envolvido num tremendo caso por ele já referenciado neste seu blogue, não vimos qualquer outra solução senão deixarmos a nossa querida ANGOLA, terra que sentíamos nossa por nascimento, por amor, por tudo o que construíramos, inclusivamente o ter contribuído com um enorme empenho, para a educação e formação de tantas crianças .
--------- (MARIA RAQUEL) ---------
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III ---- "FACTOS" (Títulos e Desenvolvimentos)---- (18) --
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--- Por ordem cronológica : --- 0) - "CARTAS DE ANGOLA" -- 1)- "SALAZAR" -- 2)- "A VERDADE SOBRE OS ACONTECIMENTOS DE ANGOLA" :(2)- Planos Sinistros - 3)- Quinze de Março -- 5)- Mucaba --7) - O Futuro de Angola) --- 2/BD)- "EM DEFESA DE JOAQUIM PINTO DE ANDRADE" -- 2/B -- "A COMUNIDADE PORTUGUESA" -- 2/BB -- "POVOAMENTO E JUSTAPOSIÇÃO DE GRUPOS HUMANOS NO ULTRAMAR" -- 2/BC) - "DOIS DOCUMENTOS" (1 - entrevista de Salazar à revista LIFE") -- 2/BE)-- "O COMUNISMO NA ÁFRICA" -- 3)- "ANGOLA - o fim do mito dos mercenários" -- 4)- "A VITÓRIA TRAÍDA" -- 5)- "O 25 DE ABRIL E A HISTÓRIA" -- 6)- "COMANDOS" -- 7)- "DESCOLONIZAÇÃO" (notas diversas de(JOHN ANDRADE) -- 8)- "DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR" -- 9)- "OTELO SARAIVA DE CARVALHO" -- 10)- "MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO"-(de ALCIDES SAKALA- ver no "sítio" http://angola-brasil-portugal.blogspot.com/ -- 11)- "APELO À VERDADE SOBRE A DESCOLONIZAÇÃO" - (TEXTO E MENSAGEM) -- 12)- "AMIGOS DO RAFAEL BAPTISTA RODRIGUES" -- 13)- "OS POLÍTICOS" -- 14)- "FICHEIROS SECRETOS DA DESCOLONIZAÇÃO DE ANGOLA" -- 15)- "OS ANOS DOURADOS DOS PORTUGUESES EM ÁFRICA"... -- 16)- "A POBREZA EM PORTUGAL" -- 17)- "A CORRUPÇÃO É ESSENCIAL E FAZ FALTA" -- 18) - "EM NOME DA PÁTRIA" -- 19) - "S.O.S. ANGOLA" -- 20) - "QUANDO A "ORDINARICE" PASSA A SER CULTURA" -- 21) - "VOLTAR - MEMÓRIA DO COLONIALISMO E DA DESCOLONIZAÇÃO" -- : ...........................................
0)---- "CARTAS DE ANGOLA" - VII - "A PROPAGANDA NAS COLÓNIAS" -----
..."Há tempos, Forjaz de Sampaio, em artigo para "o Comércio de Angola", dava-nos a boa nova da organização duma missão que viria às Colónias para fazer a reportagem cinematográfica das suas riquezas e belezas"........
..."Todos os meios de propaganda são bons quando tendam a levar ao conhecimento de portugueses a possibilidade de se fixarem em terras nossas, evitando essa fuga em massa das classes produtoras, que arrastou no ano de 1926, para o Brasil,Montevideu,Buenos Aires e Estados Unidos, 44.632 almas, fugidas à desordem, à intranquilidade e à fome !" -- (pg. 63) --
..."É horrível o quadro que se desenha no nosso pobre país, dolorosa confirmação das previsões pessimistas de Oliveira Martins : o país sem plano económico de realizações,vivendo de empréstimos sucessivos,agravando mais e mais a sua situação dando à frente, no palco,o espectáculo político de uma desordem calamitosa no assalto do poder, enquanto por detrás da scena, invisível, clandestina, inevitável, se opera a saída em massa dos que trabalham, dos que produzem, dos que têm calos na mãos,dos que ainda eram capazes de viver sem ser do ùbere dessorado do Estado! Os braços dos agricultores fogem; o operariado emigra. Quem fica ? Ficam aqueles que, no dizer do grande mestre, transformaram o "comunismo monástico", em que o país vivia antes da revolução liberal, num "comunismo burocrático" talvez mais nefasto ainda. E,como o Estado por si,sem as forças produtoras, não pode manter-se,os que ficam, à míngua de pão, repetirão o sabido prolóquio, comendo-se e devorando-se mutuamente, numa raiva terrível de extermínio..."
..."É então insolúvel a crise nacionbal ? "
..."Não : "a salvação está nas Colónias",não para fazermos delas a aplicação que fizemos do Brasil, mas para transitoriamente, enquanto, ajudados pelas energias naturais dos nossos rios, não fazemos o aproveitamento integral do solo português, nelas lançarmos a nossa população emigrante e trabalhadora,sem a deixarmos desnacionalizar e perder em proveito de estranhos"... ( pg. 64) --
..."Para que isso seja possível,porém,é necessário que se adopte uma orientação que quase pode cifrar-se nesta fórmula singela : fazer simplesmente o contrário do que temos feito. Necessitámos primeiro de uma administração cequente e inteligente; necessitámos depois duma propaganda tenaz,realizada por todos os meios,pondo de lado, como prática criminosa, as campanhas de descrédito dirigidas contra homens representativos,contra a nossa administração, contra a nossa capacidade colonizadora,essa tara racial do escândalo e da roupa suja lavada aos olhos de todo o mundo, que tem sido a nossa maior desgraça !"... (pg. 65) --
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..."Se vemos crescer o interesse pelas Colónias, é porque de há um tempo a esta parte se vem realizando uma propaganda activa das suas riquezas. Alargar essa obra, encarregando dela os que para isso tenham especial aptidão, tal me parece o maior dever da nossa administração, sob pena de assistirmos ao êxodo para casa dos outros da população capaz de produzir e que é o elemento positivo e basilar da economia portuguesa. Sem essa gente, que tem no braço a única energia,Portugal terá um campo de lutas em que irmãos se baterão como canibais,continuando até completo aniquilamento o triste espectáculo que desde crianças temos observado e de que já nossos avós nos faziam a crónica dolorosa. Essa luta, essa ameaça permanente de guerra civil,essas sangueiras fracticidas que desde a perda do Brasil consomem o melhor do nosso vigor, não têm como origem a questão política ou religiosa em que a crise quase sempre aparece mascarada : não há questão política onde na generalidade a educação é liberal,nem questão religiosa onde os sentimentos do povo se moldam unificadamente a dentro dum cristianismo fácil e simples. O que há é "fome"; e essa nem se resolve por vagas ideologias políticas,nem se mitiga por supostas libertações da consciência religiosa. A fome cura-se com pão."
..."Portugal não produz o pão suficiente para o seu povo :só as Colónias lho poderão fornecer. E nesse dia a paz começara a reinar entre os portugueses."... pg.68/69) ---
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---- (Transcrição parcial da obra : "CARTAS DE ANGOLA", de GASTÃO DE SOUSA DIAS (*)- (Angola - Sá da Bandeira,19/1/928) --- Composto na Tip. da "SEARA NOVA" - Impresso na "Gráfica Lda" - Rua da Assunção 18 a 24 --
---- (*) - antigo capitão e Professor do LICEU "DIOGO CÃO" - (LUBANGO -- SÁ DA BANDEIRA) ----
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--- ----------------- 1)- SALAZAR -----------------
..."Todos vêem que, por impulsos exteriores de um lado e abandonos do outro, se estão formando em África, uns atrás dos outros, novos estados. Estes apresentam-se ao mundo como uma condição de progresso e uma afirmação de Liberdade. Se não há no caso precipitação, quero dizer, se estes novos estados africanos possuem estrutura administrativa, económica e técnica, suficientes para suporte da sua vida independente; se possuem ou estão prontos a possuir as elites necessárias à condução do governo, à eficiência da administração, à direcção da economia, à manipulação das finanças; se essa é, além disso, a vontade real das populações e não só de alguns agitadores políticos, não vejo porque não saudá-los alegremente e não mostrar o nosso contentamento pela formação de novos estados."
" Mas, se as condições acima não estão realizadas de facto, podemos ser chamados a ver, depois de um período convulso, uma grande parte da África em leilão e outras soberanias despontarão a substítuir, sob várias modalidades, algumas que agora têm a responsabilidade daqueles territórios.
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"Ninguém porém, neste preciso momento, em que, pelas portas escancaradas, vemos entrar de roldão interesses contraditórios e ambições não disfarçadas, pode fazer um juízo do futuro."
"Esperamos que seja o mais próspero, o mais pacífico, o melhor para essas populações negras, alvoraçadas agora de entusiasmo, à procura de uma pátria que, em certos casos, lhes não foi dada, mas sem talvez a noção precisa dos problemas que têm pela frente"...
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--- (transcrição parcial duma entrevista prestada pelo DR.OLIVEIRA SALAZAR ao jornal Mexicano "EXCELSIOR" , em 9 de ABRIL de 1960) ---
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-- 2)- "A VERDADE SOBRE OS ACONTECIMENTOS DE ANGOLA" -- "APRESENTAÇÃO" --
..."Com trinta e seis anos de idade, vinte e oito dos quais passados nesta querida Província e residindo há oito anos na cidade de Carmona, considerada o centro das operações e alvo principal dos terroristas, proclamo a minha mais veemente repulsa contra os crimes hediondos cometidos nas fazendas e bens de homens, mulheres e crianças pelo banditismo internacional.
..."Vivi os momentos mais dramáticos da minha vida, em presença das vítimas inocentes do terrorismo, esquartejadas e queimadas !
..."De nervos crispados, como português e cristão eu reclamo da consciência do mundo civilizado, a condenação total do comunismo internacional, primeiro responsável da tragédia que enluta a Pátria Portuguesa.
..."Carmona, Setembro de 1961." --- (Pg. 3) ---
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----------------- "PLANOS SINISTROS" -----------------
..."Vencida a resistência e senhores da vitória, tinham os terroristas consertado entre si a distribuição dos "despojos de guerra".
..."Isto significa que o roubo e o massacre continuariam em proporções incalculáveis".
..."Assim, seriam saqueadas todas as propriedades, mortos todos os homens brancos, mestiços ou pretos que fossem encontrados. As mulheres e as raparigas de mais de 10 anos, distribuídas pelos bandoleiros que as violariam e que depois assassinariam."
..."As crianças seriam imediatamente degoladas !"
..."É conhecido, também, que os terroristas tinham já distribuídos cargos de Governador, Comandante Militar, Comandante da Polícia e gerente do Banco de Angola!...".
..."Todos os pontos vitais da Província encontravam-se assinalados em cartas,tais como, Governo da Província, Quartéis, Central Eléctrica, Telefones, Rádio, Jornais, etc."
..."Poderemos supor o que seria a concretização destes planos pelas hordas criminosas a soldo de Moscovo, e habilmente manejados pelos inimigos de Portugal!."
..."Angola mártir, há-de ressurgir, então mais bela, mais próspera, porque o sangue generoso dos portugueses foi derramado em holocausto da Pátria". - (Pg.6)-
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--------------- " 3 - Quinze de Março" ------------------
.."O dia 15 de Março de 1961, desponta calmo, radiante de sol, como todos os dias, sem sobressaltos.
..."A jovem cidade de Carmona onde a vida sempre decorrera sem problemas, é naquela manhã fatídica alertada por acontecimentos tão inéditos, quanto brutais.
..."A população interroga-se sobre o que se passa, e aquilo que ainda não está bem desenhado na sua retina, começa a surgir à compreensão : Quitexe,a pacata povoação distante da cidade 36 quilómetros, havia sido atacada de surpresa, por numeroso bando de terroristas !.
..."Alguns descriam, pois confiados na convivência fraterna que durava já, há séculos, não podiam conceber quem com tal barbaridade executasse tão hediondos crimes.
..."Mas o horrível testemunho estava ali, no hospital. Uma dezena de vítimas, homens, mulheres e crianças, mutilados a golpe de catana.
..."Outras caíram para sempre aos cobardes golpes dos assassinos que não respeitaram as mulheres que violaram e as crianças que degolaram, aquelas mesmas crianças que horas antes, despreocupadas, brincavam com os filhos dos seus implacáveis algozes, de quem eram os melhores amigos !"... (pg. 15 ) --
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-------------------- "5 - Mucaba" -------------------
..."A heróicidade de um Chefe de Posto que com 23 companheiros, lutando com falta de munições, consegue pôr em debandada milhares de terroristas" ...
..."-- Morremos portugueses !.
..."Este o último grito lançado pelos heróicos defensores de Mucaba, através do éter e depois de terem lutado desesperadamente contra a avalanche inimiga.
..."A pequena povoação, situada a 1.200 metros de altitude, cercada de serranias e de florestas passou a ser um marco histórico a assinalar aos vindouros o que pode o valor e o heroísmo da raça portuguesa.
..."Dos vinte e quatro valentes que enfrentaram milhares de assassinos, bem se pode dizer que "nunca tantos deveram tanto a tão poucos" !
..."Já há alguns dias que se notava movimentos suspeitos à volta da terra heróica de Mucaba.
..."Mas só na madrugada de 30 de Abril de 1961 se concretizou o ataque.
..."Um pequeno reduto constituído por 1 cabo-verdiano, 3 pretos, 6 mestiços e 14 brancos, mal armado, apronta-se para a defesa.
..."E quando choque se dá, homens de uma só fé, não hesitam em lutar contra a fúria assassina dos numerosos bandoleiros que num movimento envolvente parecem ter ganho a partida.
..."Mas, os defensores da já histórica Mucaba, não se rendem. Recuam e acolhem-se à sombra protectora da Casa de Deus.
..."E da pequena capela, transformada em fortaleza, continuam a repelir os ataques.
..."Acabadas as munições, lutam corpo-a-corpo com os terroristas muito mais bem armados.
..."O emissor continua a lançar apelos, uns sobre os outros para que alguém de fora salve o magnífico reduto de heróicos portugueses.
..."A ansiedade é grande por toda a parte. Em Carmona, seiscentos homens oferecem-se para irem salvar Mucaba.
..."Do Negage, parte um grupo de pára-quedistas, mas só quatro dias depois consegue chegar a Mucaba, em virtude dos tremendos obstáculos que teve de vencer."
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..."No chão, dispersos, os corpos ainda quentes daqueles que vilmente enganados pelos inimigos de Portugal, se revoltaram contra a sua soberania e contra os seus amigos de sempre !..." --. (Pgs. 55/57) --
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-------------------- " 7 - O FUTURO DE ANGOLA" --------------------
..."Não só fizemos integrar os povos nativos na orgânica da Nação,conferindo-lhes os mesmos direitos e as mesmas liberdades que a lei nos concede, mas fomos mais longe, misturamos as nossas raças, ligando-nos uns aos outros por laços de sangue que jamais as arengas dos senhores da ONU poderão destruir."
..."Não estamos em África, na Ásia e na Oceania, como senhores, dominando pelo terror e protegidos pelos canhões, como fazem os imperialistas russos nos países que vêm escravizando, como a Hungria, Roménia, Alemanha do Leste, Polónia, Albânia, Letónia e, brevemente, o martirizado povo cubano."
..."Nós, bem ao contrário, permaneceremos para sempre, porque nos encontramos protegidos somente pela conquista que fizemos das almas, pelo amor que exteriorizamos, pelas liberdades que concedemos e pela justiça que fazemos."
..."Entre as colunas mestras em que assenta toda a força e felicidade de um povo que jamais abdicará da sua missão histórica, que sabe o que quer e para onde marcha."
..."Tudo o mais, é especulação para eternecer os fracos, os ambiciosos e os traidores." -- (Pg. 150) --
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---- Extraído de : "A VERDADE SOBRE OS ACONTECIMENTOS DE ANGOLA" - de AMÉRICO BARREIROS - 1º e 2º Volume -- Carmona 1961 -- EMPRESA EDITORA DE ARTES GRÁFICAS, LDA -- 66, Rua de Sousa Coutinho,68 - LUANDA --
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2/B) ------------ "A COMUNIDADE PORTUGUESA" ------------
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..."As potências europeias que dominavam territórios fora do velho continente, por razões que já se anotaram, contribuem, inicialmente, para essa tentativa de conquista com o movimento da descolonização que estava, como vimos, na lógica dos princípios que informaram a sua acção ultramarina, balcanizando, desta forma e pela segunda vez, a África.
..."A balcanização africana não é responsável exclusiva dos europeus pois quando estes aportaram a África encontraram-na já balcanizada bem mais do que está agora porque o que havia,então, eram tribos ou etnias que dominavam certa porção de território e entre si se guerreavam. O europeu, embora partilhando, em 1890 e 1919, a África, é apesar de tudo um elemento unificador que forma aglomerados mais vastos, onde sob a sua autoridade, várias etnias convivem, mais ou menos pacificamente."...
"Os líderes africanos que acusam a Europa esquecem este facto reportando-se aos velhos impérios africanos de que parece haver memória; libertos, porém,do domínio colonial tornaram-se independentes com as fronteiras tradicionais traçadas pelos europeus e revelam-se incapazes,apesar dos esforços de Leopold Senghor, com a sua teoria da negritude, e dos pan-africanistas Sekou Touré e Khuame N´Kruma de edificarem uma África Unida."
"A África nunca esteve unida, nem no tempo dos velhos impérios, e nunca o estará. O pan-africanismo é um mito que vem do complexo de inferioridade dos colonizados -- o seu primeiro teórico é um negro americano -- e se destina a alimentar a imaginação das massas subdesenvolvidas porque não há alimento para o corpo dessas gentes subalimentadas e incultas."
"Esta é a culpa da Europa, e expiou-a com as dificuldades e lutas da descolonização. Deixou atrás de si, na África, uma multidão de estados, projectos de nações, pois, com raras excepções, não possuem os requisitos duma nação e não podiam, por isso, ser estado. Este é o resultado do domínio colonial e da balcanização levada efeito pela descolonização, com todas as consequências conhecidas e que não se repercutem só sobre os africanos mas por todo o mundo, tendo criado os complexos humanos, políticos e económicos que constituem uma das maiores preocupações das chancelarias e da política internacional."
"A fraqueza institucional dos novos estados africanos, a necessidade de defesa perante os neo-colonialismos,o desejo, legitímissimo, de uma vida melhor, tanto no ponto de vista económico como cultural,aliás comum a todos os povos subdesenvolvidos, o exemplo das tentativas de unificação da Europa, para sobreviver entre os dois grandes e, por sua vez,a própria necessidade destes de encontrarem grandes mercados para os seus produtos e poderem contribuir para o desenvolvimento económico destas regiões e utilizarem,sobretudo, os seus recursos energéticos -- petróleo, carvão, hidro-electricidade e matérias primas estratégicas -- conduziram à organização dos grandes espaços, tanto sob o ponto de vista económico como político."
"É o que se passa em todos os continentes com todas as nações que não são, por si mesmas, um grande espaço. E é também o que começa a verificar-se em África com os projectos em estudos ou realização do Mahgreb, da unificação árabe, da União Africana e Malgache, do chamado grupo de Casablanca, da Federação da África Central, da União Sul-Africana e da própria "Comonwealth".
"Este é um ponto,o da organização dos grandes espaços, que se pode, já com segurança afirmar, vai dominar o mundo de amanhã..." (Pgs. 17/18) --
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---- (Transcrição parcial : - Editorial de MARQUES MANO DE MESQUITA, na Revista "ULTRAMAR" - nº 9 - de Julho/Setembro - 1962 --
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-- 2/BB)-"POVOAMENTO E JUSTAPOSIÇÃO DE GRUPOS HUMANOS NO ULTRAMAR"--( relações impostas pela vizinhança e pelo facto económico)--
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..."O fenómeno da descolonização alterou profundamente a fisionomia das sociedades africanas, caracterizadas pelo isolamento, o quietismo a estabilidade, a rigidez e a imobilidade mental. Sem nos determos na consideração de que, na antiguidade clássica, os filósofos apontavam algumas dessas características como as da sociedade ideal e que o conceito parece querer renascer na afirmação de negritude dos intelectuais africanos, partimos antes,para o nosso estudo,da análise de um processo de facto que o fenómeno colonial gerou a mobilidade mental dos povos africanos."
..."A colonização,pondo frente a frente duas culturas dissemelhantes, provocou uma co-mistura de costumes, teve como resultado a pressão do fundo cultural autóctone, quebrou o controle social das áreas culturais que permaneciam isoladas,partiu a crosta do hábito resultante da estabilidade, fez desaparecer os mores locais,secularizou o sagrado."
..."Mas, ao mesmo tempo, os contactos e interacções que favoreceu estão na génese de um largo movimento civilizador, pois tudo o que liberta os homens da sua condição resulta numa libertação de energia e de esforço competitivo,antecedentes imediatos da mutação social e do aumento da complexidade cultura, fontes de progresso. Turgot exprime mesmo a opinião de que o género humano teria permanecido na mediocridade se não fora o efeito destrutivo e libertador das migrações e conquistas. "A fermentação intensa -- diz ele -- é necessária à manufactura do bom vinho"..........
......" O colono europeu acelerou,sem dúvida, o processo : trouxe consigo novos usos,novos mores: não estando emocionalmente ligado pelos lados estabelecidos de parentesco e vizinhança,o seu frio desinteresse veio diminuir o calor unificante dos grupos; possuindo uma certa objectividade, essa mistura peculiar de preocupação pelo acontecimento imediato e de indiferença pelo resultado final,estava livre das convenções locais e,ao negligenciar a observância dos usos consuetudinários, contribuiu para os enfraquecer".... "O hábito implicava que a obediência resultasse um facto assente, implicitamente aceite,mas o desrespeito,promovendo a individuação,libertou energias que,de outro modo,nunca chegariam a manifestar-se; os africanos transgrediram o código do seu povo,mas tornaram-se capazes de realizar grandes coisas"...
................................................................ ---------- (Transcrição parcial dum texto de A.CASTILHO SOARES na Revista "ULTRAMAR" - nº 9 - de Julho/Setembro - 1962 - pgs. 26/27) --------------
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-- 2/BC -- "DOIS DOCUMENTOS -(1- entrevista de Salazar à revista LIFE" --
..."A entrevista concedida pelo Professor Oliveira Salazar à revista americana LIFE,publicada na imprensa diária, veio esclarecer definitiva e claramente o ponto de vista da Nação portuguesa sobre os princípios orientadores da sua política ultramarina,tão mal compreendida e aceite em determinados sectores de incontestável responsabilidade na condução dos negócios do mundo.
..."Este o primeiro e grande mérito das inequívocas declarações que,nas suas coordenadas principais, podem interpretar-se assim :
..." -- Não há outros limites ao aumento progressivo da autonomia administrativa dos territórios Ultramarinos que não sejam os resultantes do grau de capacidade das Províncias para gerirem os seus negócios e dos imperativos categóricos de salvaguarda da unidade espiritual e jurídica da Nação em que integram."
..." -- Tal autonomia, que já existe,de facto e de direito, manifestando-se, em especial,na gestão orçamental dos fundos públicos pelos Governos de cada Província, ampliar-se-á à medida que os territórios se desenvolvam, a instrução se difunda e as élites locais se tornem mais numerosas, devendo,porém, ser concedida para servir em exclusivo os interesses das próprias Províncias e não interesses estranhos e inconfessáveis;"
..." -- As verdadeiras independências pressupõem condições seguras de desenvolvimento económico, individualidade cultural, progresso técnico e maturidade política que não existiam nem existem ainda na generalidade dos Estados africanos, prematura e artificialmente constituídos,e submetidos agora e por isso mesmo, a novas formas de colonialismo internacional, mantendo-se, no âmbito interno, a existência de uma "situação colonial" caracterizada pelo domínio da minoria há pouco desenraizada da grande massa da população autóctone que permanece em estado de evidente atraso e de imobilidade étnica";
..." -- Angola e Moçambique estão a atravessar uma fase de harmónica e sólida evolução e os habitantes vivem a unidade nacional portuguesa e não os fervores da independência pré-fabricada e,por tal facto,visível e incontestável, a missão a cumprir nunca pode ser a tendente à preparação imposta do desmembramento, em maior ou menor prazo,mas sim a de continuar, de modo cada vez mais acelerado, o caminho do progresso económico e social,designadamente no domínio das infraestruturas, da saúde e da educação, e da consolidação de uma sociedade governada pelo Direito, que não conheça as barreiras e as injustiças quer do racismo branco, quer do racismo negro, em que as oportunidades de acesso estejam abertas a todos, consoante os seus méritos e habilitações, e em que seja dada primazia, acima de tudo, à valorização e dignificação do homem;"
..." -- A política ultramarina portuguesa não se apresenta como um "compromisso" mas como uma "solução" que é a única possível para salvaguardar os interesses do Ocidente e do Mundo, especialmente em África, e justifica-se por uma linha tradicional e lógica de conduta que sempre se individualizou pelos seus fundamentos e resultados humanos e culturais";...
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---- ( Transcrição parcial do texto "DOIS DOCUMENTOS" - do Autor LUÍS FILIPE DE OLIVEIRA E CASTRO -- inserido na Revista "ULTRAMAR" - nº 9 - de Julho/Setembro de 1962 -- pgs.119/120 --
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------ 2/BD) - "EM DEFESA DE JOAQUIM DE ANDRADE" --- 17. Resumo das alegações orais ------
.."14) - Mas o facto de ser esta a nossa convicção não quer dizer que seja específico deste Tribunal a utilização de subjectivismos no exercício da sua função,visto que contra o que aqui foi dito não é só a defesa que se socorre de opiniões pessoais mas também os próprios julgadores. É por demais sabido que é importante e irrecusável o papel das opiniões pessoais nos julgamentos e nas decisões jurisprudenciais. Socorramo-nos dos estudos,que entre nós desconhecemos, de sociologia jurídica,jurisprudência analítica,estatística judicial e psicologia judicial -- para não falar já na própria filosofia do direito e logo se verá estar demonstrado à saciedade que o papel do Juiz é cada vez mais um interventor. O Juiz é cada vez mais parte no processo (daí que o inesquecível Manuel de Andrade falasse de uma relação trilateral)e este é tido como cada vez menos jurídico (sentido clássico do termo)e mais social e,até,político. V.Exas. devem antes de apontar reprovadoramente a defesa como utilizadora de opiniões pessoais, reconhecer que é inegável que têm de usar e usarão as convicções , percepções e experiências pessoais para julgar, apreciar e decidir. Passou já o tempo em que o magistratura judicial era concebida e vivida como que envolvida por uma redoma que a isolava da vida dos simples mortais,permanecendo fora dos conflitos sociais e mantendo uma neutralidade proverbial (pela própria arquitectura das "casas dos magistrados" se vá até que ponto se levou entre nós esta maneira de pensar). Hoje tem de reconhecer-se que a opinião pessoal (por vezes mera expressão subjectiva de pressões valorativas do exterior)é indispensável ao Juiz e em especial ao Juíz de casos de crime. A prevenção geral,o estado de perigosidade,o comportamento moral,a personalidade do agente,a culpa na formação da personalidade,etc.,são elementos que só podem ser avaliados através da utilização de toda a bagagem cultural e ideológica do julgador. Mais ainda tal se nota quando se entra em jogo com a apreciação da valia técnica das polícias instrutoras,da valia moral dos seus membros, da correcção dos métodos por elas utilizados, do teor dos textos apresentados como prova documental pela polícia instrutora,dos resultados da inspecção contraditória, do significado dos actos correntes da vida,etc."
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--- (Transcrição parcial de : "EM DEFESA DE JOAQUIM PINTO DE ANDRADE" - Gráfica Maiadouro - Vila da Maia -- 1975 (?) - pg. 144 --
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--- 2/BE) -------------- "O Comunismo na África" --------------
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..."E,finalmente, há a intervenção, a influência e a penetração da própria União Soviética, com o potência mundial,e geralmente em nome da defesa dos interesses nacionais e da aspiração dos territórios à autonomia."
..."Não é preciso voltar a invocar a tese comunista sobre o colonialismo e o facto colonial. A libertação dos povos coloniais figura, como tem figurado desde a revolução bolchevista,como um das bases fundamentais do pensamento dos movimentos marxistas de todos os países. A África negra oferece,para esta agitação,um terreno de condições igualmente favoráveis. De onde vem a influência comunista que directa ou indirectamente se exerce sobre a África ? No caso de metrópole,como a França, onde o partido comunista tem desempenhado um papel de primordial importância desde a última guerra,os contactos estabeleceram-se através dos africanos, seduzidos por esta doutrina em França,ou que aceitaram esta ideologia como capaz de resolver os problemas que agitam os seus territórios. A África do Norte oferecia,desde há muitos anos,um cenáculo igualmente interessante para o comunismo,que não desdenhou este fervedouro de paixões e de frustrações para fazer avançar a sua propaganda e assegurar a sua presença.As tensões raciais, como na União Sul-Africana, permitiam ao comunismo, quer antes de ser declarado ilegal,que se apresentasse como defensor dos direitos dos negros e órgão de expressões das duas reivindicações. À primeira vista, a África negra parece totalmente estéril como campo para a expressão do comunismo. Continente de poucos centros urbanos,duma massa rural que conserva não só instintos de desconfiança ma hábitos tribais,nada revela a presença das condições julgadas indispensáveis para o avanço do comunismo : vida industrial, proletariado e economia capitalista desenvolvida. Não obstante, sabemos já que o comunismo pode agir em países não industrializados, e que muitos dos seus triunfos mais dramáticos como na China, provisoriamente em Guatemala e no Vietnam e Coreia do Norte, se realizaram em meios que pareciam pouco
propícios para a pura ortodoxia marxista. A força do comunismo é devida principalmente ao facto de ele parecer responder categoricamente às inquietações dos menos privilegiados e, pelo seu extremismo, prometer a solução instantânea dos mais graves problemas sociais e económicos."..--- Pgs. 160/161 --
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------ ( Transcrição parcial do texto de RICHARD PATEE na Revista "ULTRAMAR" - nº 9 - Julho/Setembro de 1962 --
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----- 3)- "ANGOLA - O FIM DOS MERCENÁRIOS" -- (8 -- OUTRO SÚBITO SILÊNCIO") -----------
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..."Em Kinshasa, depois de uma breve passagem pelos serviços do aeroporto (foram todos tratados como diplomatas e nenhuma bagagem foi aberta), o grupo de cerca de quarenta homens, acabou por ser alojado num hotel. Mas mal tinham começado a ocupar os seus aposentos, surgiu uma ordem de regressar aos autocarros. Um acampamento militar nos arredores, a cerca de uma hora de viagem, era afinal o verdadeiro destino de todos.
..."Em tudo isso viu Evans um início da preparação psicológica, confirmada com a entrega imediata do uniforme,. uniforme esse de que nunca mais se separaria até à vitória, captura ou morte. E culminando a sua metamorfose em soldados, cada homem recebeu também imediatamente uma FAL belga..." (Pg. 75) --
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..." -- A coisa começou em Angola. Mal chegámos a São Salvador.
A expressão "coisa" voltou a repeti-la depois Evans, sempre com o mesmo acento trágico, a maior parte das vezes quando se referia a si próprio ou ao pai.
Tudo aconteceu assim, segundo as notas que fui tomando das suas declarações. Ao executarem a formação à entrada do acampamento -- um antigo hospital --, os soldados foram revistados por um homem alto, ruivo e que se apresentou como sargento, exigindo que o tratassem por "Sir"(18). Pouco tempo depois, apareceu um outro homem e o sargento saudou-o marcialmente, logo seguido por todos os outros homens.
Em seguida, o sargento anunciou com toda a solenidade que estavam na presença do coronel Callan, comandante-em-chefe das tropas. -- A coisa chegou a ser terrível em Maquela do Zombo. Sem qualquer julgamento, Callan matou catorze homens diante da tropa."...
..."Ainda mais : um deles, um irlandês sem dúvida devido à sua pronúncia, adiantou-se aos outros e apresentou-se como porta-voz dos mesmos. Callan pediu-lhe para entregar a arma, acrescentou que estava bem e que a partir daquele momento, passaria a treinar os negros. Assim que o apanhou desarmado, Callan sacou da sua pistola e disparou-lhe um tiro no peito, gritando : -- A lei aqui é uma bala !
..."Quando a surpresa e o receio se generalizaram, Callan mandou desarmar os outros treze homens que não opuseram nenhuma resistência e foram metidos num camião, colocado de forma rápida e sem ordem prévia aparente, a seguir ao disparo, mesmo ao pé do morto, cujo cadáver Callan também ordenou que fosse introduzido no camião.
..."Meteram os desgraçados no camião e pouco minutos depois, ouvimos os tiros. Foram todos cobardemente assassinados. Obrigado Senhor, por Callan estar no inferno!"
..."Quando um dos comandantes perguntou a Evans se desejava fazer algum comentário, quanto ao facto dos cadáveres dos negros serem atirados para uma das bermas da estrada, enquanto que na outra eram colocados os dos catorze mercenários brancos assassinados, o prisioneiro não conseguiu articular. como resposta, uma palavra sequer." -- (pgs. 76/77) -
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--------------- "OS PRECURSORES DE CALLAN" --------------
..."Ultimamente, Mike "o Louco" começou a transferir os seus homens para a Rodésia de comum acordo com o regime racista de Ian Smith(22). Preparava-se assim, o aniquilamento dos melhores filhos da imensa maioria negra desse país que luta para subtrair-se ao jugo fascista, sem cair em novas armadilhas neo-colonialistas. Na sua folha "de serviços", Mike "o Louco" conta também com a actividade dos últimos anos na Namíbia, em apoio do brutal colonialismo sul-africano. Porque é que, sendo assim, acabou por aparecer em Angola, Callan, em lugar de Mike "o Louco" ? . A pergunta de forma alguma é ociosa e muito pelo contrário, torna-se bastante pertinente."
..."Numerosos jornalistas (como Godwin Matatu, entre outros),afirmam que em fins de Novembro e em Pretória, Mike "O Louco" assentou com um emissário de Holden Roberto, fornecer apoio logístico à FNLA e apressar a preparação de trezentos e cinquenta "Gansos Selvagens", com destino a Angola"...
..."Surgiram entretanto dois obstáculos, qualquer deles de índole financeira. Mike, "O louco", exigiu o pagamento de mil "rands" e um seguro de vinte mil "rands" para cada homem, exigência essa que foi considerada impraticável pela CIA. A Mobutu,Hoare exigiu por seu turno, o pagamento duma dívida de dez milhões de dólares, dívida que vinha ainda do tempo dos acontecimentos de Stanleyville. Essa pretensão foi considerada absurda e também recusada por Mobutu." --
..."Mas que tudo chegou a estar preparado para a sua participação em Angola, isso pode ser comprovado até pela simples leitura da imprensa sul-africana da época, quando por exemplo, transcreveu as seguintes palavras do coronel Hoare, proferidas num acto público : ..."Sei que falei por todos vós, quando informei o general Mobutu, ao aproximar-se a hora do perigo,estarmos prontos uma vez mais em caso de necessidade, a pegar em armas para, em seu nome,salvarmos o Zaire das maquinações imperialistas da Rússia"...-- (Pgs. 85/86) --
... ---"NOTAS - (22) - Nos últimos dias de Fevereiro de 1976, o jornal de Pretória De Transvaller, informava que "cerca de mil e seiscentos mercenários prepararam-se para partir com destino a Angola e à Rodésia".
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--- ------------ ("11 -- UM BOM PLANO, MAS.,..") -----------
..."O que se pretendia com Callan e os mercenários em Angola ?
..."A resposta tem de fundamentar-se na análise de vários factos,enquadrados numa dada situação criada. Primeiro que tudo, convém recordar que tinham sido tentadas e tinham falhado outras soluções. O patriotismo do povo angolano e o internacionalismo dos povos revolucionários, cortaram cerce todas essas tentativas. As forças contra-revolucionárias internas -- A FNLA de Holden e a UNITA de Savimbi -- não poderiam vencer e nem sequer conter, o vendaval do MPLA, em breve convertido num ciclone.
..."Já se esboçava, por outro lado, a derrota das forças racistas da África do Sul. Caso contrário, avançando a uma média de 60 km por dia na "guerra relâmpago" em que empenharam perto de cento e cinquenta tanques, essas forças poderiam ter feito da capital de Angola, caso não tivessem sido detidas como foram, a sepultura da jovem República Popular e uma nova Jerusalém, submetida à ocupação do mais brutal dos inimigos."... (Pgs. 89) --
..."Mas perante o contra-ataque das FAPLA, foi necessário abandonar esse plano, pois tornou-se evidente ser impossível confiar às tropas regulares sul-africanas, a missão de combater em todas as frentes de um vastíssimo território, como é Angola, de um milhão de quilómetros quadrados. Impunha-se portanto a retirada precipitada para op sul (Cunene) e em seguida,perante o cerco das FAPLA e a denúncia da opinião pública mundial, do regresso a casa através da subjugada Namíbia." Tratava-se, em conclusão, de um verdadeiro naufrágio político e militar"... Resumia-se tudo a uma questão de sem perda de tempo, tentar salvar o que ainda era possível salvar. A utilização de soldados mercenários brancos, baseava-se também no mito que os rodeava, tantas foram as ocasiões em que conseguiram ditar a última palavra em África"... (Pgs.89/90) --
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..."Seriam também "semeadas" armas e munições(centenas de toneladas de umas e outras, estão a ser encontradas pelas FAPLA), em esconderijos apropriados e situados em Angola"...(Pg.90) --
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..."Um dos objectivos estratégicos a médio prazo, consistia em tomar posse totalmente do norte da província da Lunda e do sul da província do Moxico, amas muitos ricas em diamantes. .. Quanto ao interior do território havia que conservar a todo o custo a província de Santo António do Zaire. Para isso, seria determinante a presença ali de mercenários brancos."... (Pg. 91) --
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------ Extraído de "ANGOLA - o fim do mito dos mercenários" --- de RAUL VALDES VIVO - -- PAVEL - Dezembro de 1976 -----
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-------------- 4)- "A VITÓRIA TRAÍDA" ----------------
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..."A realidade dos factos, em poucas gerações, tornou-os ultrapassados. E os factos, nos últimos tempos, concretizavam-se : por um lado, em grandes províncias ricas, em pleno progresso, localmente bem administradas, com populações etnicamente diferenciadas, convivendo cada vez com mais espontaneidade; por outro, por províncias mais modestas, apoiadas com solidariedade dentro das possibilidades do conjunto, tudo procurando funcionar em sistemas de vasos comunicantes, de forma que ia evoluindo segundo a resultante positiva das controversas hesitações a que inicialmente nos referimos.
..." Infelizmente assim o não compreenderam os discípulos daqueles intelectuais que tomaram interpretações e críticas históricas, que a realidade ultrapassara, como fundamento de projecto concreto para a construção do futuro. Com esta base ideológica servindo de suporte e a pressão de grandes interesses estrangeiros desabados, uma vez mais, sobre o nosso Ultramar, desencadearam um processo que mal sabem agora encaminhar. O país que ficou na Europa será já inviável. A população será já excessiva..." - (pgs. 47/48) --
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..."Tanta importância se dava à verdade, à força, ao poder aglutinante daqueles conceitos que, logo após o 25 de Abril, a primeira grande manipulação feita ao cérebro dos portugueses por civis colaboracionistas e por militares revolucionários, consistiu em procurar destruí-los, difundindo, como ferrete infamante as ideias retomadas do inimigo da colónia, colonialismo, imperialismo, racismo, exploração, guerra injusta... Ao mesme tempo, e em convergência, denegriram-se os grandes vultos históricos, heróis, artistas, estadistas, missionários, de qualquer forma relacionados com o Ultramar e a obra ali realizada. Tudo isto através de estribilhos, canções, desenhos, histórias que os meios de comunicação propagaram em verdadeira orgia acanalhada, demolidora da alma da nação. Foi assim também que se preparou o ambiente que havia de liquidar psicologicamente os refugiados que acabaram por ser expulsos do Ultramar, e que, se não fossem destruídos, representariam uma ameaça, pela sua capacidade, pela sua coragem, pelo ódio que a tragédia vivida lhes instilara."
..."Com base na ideologia que assentava naqueles conceitos essenciais, o estudo e a prática da luta foram permitindo construir uma doutrina de guerra subversiva, que acabou por tomar forma e resultar numa das mais completas que então se conheciam."...(pgs. 50/51) --
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--- Em : "A VITÓRIA TRAÍDA" - dos generais : J. DA LUZ CUNHA - KAÚLZA DE ARRIAGA - BETHENCOURT RODRIGUES e SILVINO SILVÉRIO MARQUES - 1977 ---
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---------- 5)- "O 25 DE ABRIL E A HISTÓRIA" -------------
...."Se alguém quisesse acusar os portugueses de cobardes, destituídos de dignidade ou de qualquer forma de brio, de inconscientes e de rufias, encontraria um bom argumento nos acontecimentos desencadeados pelo 25 de Abril.
Na perspectiva de então, havia dois problemas principais a resolver com urgência. Eram eles a descolonização e a liquidação do antigo regime.
Quanto à descolonização havia trunfos para a realizar em boa ordem e com a vantagem para ambas as partes : o exército português não fora batido em campo de batalha; não havia ódio generalizado das populações nativas contra os colonos; os chefes dos movimentos de guerrilha eram em grande parte homens de cultura portuguesa; havia uma doutrina, a exposta no livro Portugal e o Futuro do General Spínola, que tivera a aceitação nacional e poderia servir de ponto de partida para uma base entre as duas partes, ou, no caso deste não se concretizar, uma retirada em boa ordem, isto é, escalonada e honrosa.
Todavia, o acordo não se realizou, e retirada não houve, mas sim uma debandada em pânico, um salve-se-quem-puder. Os militares portugueses, sem nenhum motivo para isso, fugiram como pardais, largando armas e calçado, abandonando os portugueses e africanos que confiavam neles. Foi a maior vergonha de que há memória desde Alcácer Quibir . Pelo que agora se conhece, este comportamento inesquecível e inqualificável deve-se a duas causas. Uma foi que o PCP, infiltrado no exército,não estava interessado num acordo nem numa retirada em ordem, mas num colapso imediato que fizesse cair esta parte de África na zona soviética"...."Outra causa foi a desintegração da hierarquia militar a que a insurreição dos capitães deu início e que o MFA explorou ao máximo, quer por cálculo partidário, quer por demagogia, para recrutar adeptos no interior das Forças Armadas"... Um bando de lebres espantadas recebeu o nome respeitável de "revolucionários". E nisso foram ajudados por homens políticos altamente responsáveis, que lançaram palavras de ordem de capitulação e desmobilização num momento em que era indispensável manter a coesão e o moral do exército para que a retirada em ordem ou o acordo fossem possíveis"...
..."A operação militar mais difícil é a retirada; exige em grau elevadíssimo o moral da tropa. Neste caso a tropa foi atraiçoada pelo seu próprio comando e por um certo número de políticos inconscientes ou fanáticos, em qualquer caso destituídos de sentimento nacional"...........
..." Isto quanto à descolonização, que na realidade não houve."
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......"Com estes começos e fundamentos, falta ao regime que nasceu do 25 de Abril um mínimo de credibilidade moral. A cobardia, a traição, a irresponsabilidade, a confusão, foram as taras que presidiram ao seu parto e, com esses fundamentos, nada é possível edificar.(...) Escreveu-se na nossa história uma página ignominiosa de cobardia e irresponsabilidade, página que, se não for resgatada, anula, por si só, todo o heroísmo e altura moral que possa ter havido noutros momentos da nossa história e que nos classificam como um bando de rufias indignos do nome de nação"...
--- (Transcrição parcial do artigo de ANTÓNIO JOSÉ SARAIVA, publicado no "DIÁRIO DE NOTÍCIAS", em 29 de Janeiro de 1979) --
... "Este artigo, e outro em que prestava uma homenagem pública a Salazar, enfureceram os intelectuais de esquerda, que começaram a propagar o boato de que António José Saraiva estaria encapacitado por doença do foro psíquico..." --
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--------------- 6)- "COMANDOS" ----------------
..."A seguir ao 25 de Abril e prevendo o abandono do Ultramar, foi criado na Amadora em 1/7/1974 o Batalhão de Comandos nº 11,com quatro Companhias. Era seu Comandante Jaime Neves, e 2º Comandante Lobato Faria. A unidade foi uma de muito poucas a manter a sua disciplina e operacionalidade durante o PREC. Os Comandos foram uma de muito poucas excepções à vergonhosa entrega de posições e material ao inimigo no Ultramar. Em Moçambique, por exemplo, a seguir aos massacres resultantes do 7 de Setembro, foram os Comandos os únicos a defender a população branca durante o segundo massacre, em 21-10-1974, quando as restantes unidades não quiseram interferir a seu favor; e por isso vieram a sofrer, sendo transferidos para o Norte e sujeitos a castigos...
-- (em : "DICIONÁRIO DO 25 DE ABRIL" -pg. 83/84 - de : JOHN ANDRADE -- (Set.2002) --
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------------- 7)- "DESCOLONIZAÇÃO - NOTAS" -------------
..."Um dos Três D da revolução. A descolonização já era um ponto essencial do programa oposicionista antes do 25 de Abril, embora alguns republicanos históricos insistissem em manter o Ultramar, posição esta adoptada pelo próprio Humberto Delgado até 1964. Foi por influência da Maçonaria que muitos dos velhos republicanos deixaram de se opor ao abandono do Ultramar. No III Congresso da Oposição Democrática, em 4.1973, a descolonização foi amplamente discutida, salientando-se a tese de José Medeiros Ferreira, mais assente na realidade do que outras,que se resumiam ao abandono puro e simples, sem garantias para o futuro. Apesar do Programa do Movimento das Forças Armadas (Secção B - Medidas a curto prazo, parágrafo 8) não se referir expressamente à descolonização, e pressupor mesmo a continuação da existência do Ultramar português, o facto é que, desde o início, se sabia que as Províncias Ultramarinas iriam ser abandonadas."
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..." Uma certa "figura castrense", que mais tarde viria a ser conotada com a "esquerda revolucionária", confessou : "Nós pensávamos lá em descolonização!... O que nós queríamos era acabar com a guerra" (Diário de Notícias,24.4.1984,p. 104). De facto foi esta a linha inicialmente adoptada pelo novo regime".
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..." D. Eurico Nogueira confessou que "A revolução não pode orgulhar-se da descolonização" (Diário de Notícias, 25.4.1994,p. 25), o que é surpreendente, vindo de quem veio; e alargou-se sobre o mesmo tema, dizendo que "o nervoso processo da descolonização (...) começou por ser apresentado, pelos que assumiram tão grave tarefa, como exemplar,passou a razoável, está na fase do possível, mas não tardará em ser classificada como vergonhosa e catastrófica, pois de facto assim foi. Não houve grandeza, coragem e determinação. Em contrapartida, abundou irresponsabilidade e entreguismo (O Dia, 21.4.1944. pg.15)".
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..."E Manuel Alegre, que tanto contribuiu para que a descolonização acontecesse, veio a comentar na sua velhice, referindo-se ao abandono de Macau : "Não tenho vergonha de dizer : estava com os meus filhos e, ao ver a nossa bandeira descer, as lágrimas caíram-me. Nada de nostalgia colonialista. É outro sentimento difícil de exprimir. Portugal foi um país que se fez mar fora" (Diário de Notícias, 23.1.2000,p.41).
Não muito tempo antes, pensava de outra maneira : o 25 de Abril "criou as condições para que fosse possível resolver este problema legado pela História", problema que era conservar Macau ligado à Metrópole (Diário de Notícias, 23.4.199,pg.41).
-- Quanto ao efeito da descolonização sobre os povos descolonizados, haveria muito a dizer, mas limitamo-nos a citar o desabafo de A.Santos Martins sobre Moçambique : "Claro que não era de exigir que os dirigentes do Maputo tivessem a honestidade e a coragem de dizer que não falharam ao provocar o êxodo dos portugueses, e quem sem nós não conseguirão recuperar em tempo útil(para o seu regime) aquele país outrora florescente e que quatro anos de péssima administração quase arruinaram" (O Comércio do Porto,29.7.1979,p.10).
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..."Norton de Matos, Alto Comissário da República para Angola, grande republicano e dignatário da Maçonaria,sublinhou, sem se dar conta disso, a diferença entre os oposicionistas históricos e os Capitães de Abril, dirigindo-se à juventude nas páginas do seu livro A Nação una (1953) :"Conservar intactos na posse da Nação os territórios de Aquém e Além Mar é o vosso principal dever. Não ceder, não vender ou trocar, ou por qualquer outra via alienar a menor parcela de território, tem de ser sempre o vosso mandamento fundamental (...) Se alguém passar ao vosso lado e vos segredar palavras de desânimo, procurando convencer-vos de que não podemos manter tão grande Império, expulsai-o do convívio da Nação". Palavras que as luminárias de Abril não querem recordar."
--- (de : JOHN ANDRADE , em : "DICIONÁRIO DO 25 DE ABRIL" - Setº 2002 - pgs. 114 - 115 - 116 - 117 ---
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---------- 8)- "DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR" ----------
..."Spínola classificou a Descolonização exemplar de "criminosa" em 4.1994,repetindo o que dissera várias vezes nos vinte anos anteriores, esquecendo ao mesmo tempo a sua responsabilidade no processo.E também a sua incurável ingenuidade : num apelo "aos líderes responsáveis do Mundo Livre, datado de 9.10.1975, exortou a ONU, a Cruz Vermelha Internacional, a Caritas e outras "organizações afins de carácter humanitário" para..."para que a população de Angola que deseje abandonar o território seja evacuada na sua totalidade antes de 11 de Novembro (dia da independência de Angola), a fim de evitar que seja praticado um dos mais bárbaros e hediondos genocídios da história contemporânea" (SPÍNOLA, António de -- Ao serviço de Portugal,p. 311). Punha de lado o interesse em travar o avanço do MPLA e dos cubanos, para se concentrar em dar facilidades para quem quisesse fugir."
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..."Recorde-se, a propósito, que Freitas do Amaral opôs-se na altura ao julgamento da descolonização pelos tribunais, o que é natural, se recordarmos o papel que desempenhou na elaboração da Lei Nº 7/74. Mário Soares justificou a sua actuação na "descolonização exemplar" nos seguintes termos : "O 25 de Abril fez-se, em grandíssima parte, para pôr termo às guerras coloniais (...) Ministro dos Negócios Estrangeiros dos primeiros três Governos Provisórios", saídos do 25 de Abril, procurei, acima de tudo, criar condições para assegurar o cessar-fogo nas várias frentes de combate. Tratava-se de salvar vidas e de evitar desastres maiores. Foi o ponto de partida para uma política de descolonização, que julgava urgente e indispensável (...) era esse o sentimento da larga maioria da nação, abertamente expresso"...
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..."Vinte anos depois do 25 de Abril, a "descolonização exemplar" passou a ser "descolonização possível"; Mário Soares assim o afirmou numa longa entrevista :"Eu direi que a descolonização foi a possível, com o atraso com que foi feita, perante uma situação que estava terrivelmente degradada, e perante uma relação de forças em Portugal que, na altura, era altamente favorável ao Partido Comunista e às suas teses" (Diário de Notícias,24.4.1984,pg.11). O mesmo, no prefácio do seu livro Intervenções 8(1994), afirmou que a descolonização foi "feita nas condições possíveis, com 15 anos de atraso relativamente às outras potências", tema que foi repetido por diversas vezes pelos grandes do novo regime, insinuando com maior ou menor descaramento que a culpa da a de descolonização caberia a Salazar".
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..."É paradoxal ver oficiais superiores portugueses que tinham combatido a Frelimo, chegarem, hoje, a uma quase perfeita colaboração com o antigo inimigo.Assim, o Coronel Meneses, homem de grande ascendente militar, Chefe do Estado Maior do Alto Comissário, que combateu durante anos a "subversão" nacionalista, disse-me, há dias, que se sentia feliz nesta nova tarefa". Se este oficial disse, realmente, "estou disposto a dar toda a minha modesta colaboração à Frelimo, legítima representante do povo moçambicano"(Expresso,26.10.1974,p.6), então o Portugal de Abril bem pode orgulhar-se da descolonização exemplar."
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..."Entretanto, o MPLA reforçou a sua autoridade sobre o país; todas as estações de rádio foram nacionalizadas em 22.2.1976, e o jornal O Lobito, que lhe desagradava, foi suspenso. Ao mesmo tempo, a africanização e comunização de Angola prosseguia com uma mudança radical de nomes : em Luanda, por exemplo, o Liceu Salvador Correia mudou o nome para Liceu Mutu Ya KevelA, e os cinemas da capital passaram a chamar-se Karl Marx, Primeiro de Maio, Kilumba, etc,As unidades de guerrilha foram transformadas num exército regular, as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), com a ajuda de instrutores soviéticos, cubanos e alguns portugueses, como o Coronel Varela Gomes. A guerra civil fez cerca de um milhão de mortos; houve várias tentativas de conciliação entre as partes combatentes, sendo a mais importante o Acordo de Bicesse, assinado em 31.5.1991, mas a guerra só veio a terminar oficialmente em 1996, na sequência do Acordo de Lusaka. Todavia as hostilidades continuam;"...
--(De : JOHN ANDRADE - em : "DICIONÁRIO DO 25 DE ABRIL" - pg. 117 - 118 - 253 ----- (Setº 2002) --
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---------- 9)- "OTELO SARAIVA DE CARVALHO" ----------
..."Entrou para a Academia Militar em 1955. Na altura, era grande admirador de Salazar e do Estado Novo; foi até instrutor do Batalhão nº 4 do Terço de Cascais e instrutor da Legião Portuguesa. Em 1961 foi para Angola como Alferes de Artilharia, em comissão de serviço que durou até 1963, voltando de 1965 a 1967,já como Capitão. Foi porta-estandarte nas exéquias de Salazar, ocasião em que se sabe que chorou (O Diabo,24.1.19878,pg.24, e O Dia,17.5.1994,pg.15). Prestou depois serviço na Guiné de 1970 a 1973, sob o comando do General António de Spínola, cuja confiança detinha, e colaborou na oposição spínolista ao Congresso dos Combatentes do Ultramar, além de trabalhar na Comissão de Censura local, facto quase desconhecido (Tempo, 24.6.1976,p. 3). Regressado à Metrópole, já como Major, envolveu-se na conspiração do Movimento dos Capitães e veio a ser responsável pelo sector operacional do Movimento das Forças Armadas, que lhe entregou a direcção das movimentações do 25 de Abril."
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-(De : JOHN ANDRADE,em : "DICIONÁRIO DO 25 DE ABRIL" - Setº 2002 - pg. 67 -
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------------------ "MEMÓRIAS" (?) ....................
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-- 11)- "APELO À VERDADE SOBRE A DESCOLONIZAÇÃO" --(PETIÇÃO)--
..." To : Senhor Presidente da Assembleia da República Portuguesa"
...O timbre oficial era o de "RETORNADOS" mas, nos bastidores da vida, os epítetos eram outros : "exploradores", "ladrões", "assassinos"...
A partir de 1975, fugindo da guerra, fomo-nos espalhando pelo mundo. Sós, escorraçados, incógnitos ou fim de notícia nos meios de comunicação social, fomos o estandarte para a consolidação de uma democracia que relegou, para plano secundário, a vida de milhões de portugueses.
Dilacerou-se a alma de quem, afinal, vivera a sua vida num dado enquadramento, mesclando-se, aculturando-se, recriando uma sociedade diferente em um espaço distinto.
Criámos uma sociedade multi-racional./ Andámos nas mesmas escolas. / Frequentámos os mesmos lugares de lazer. / Dancámos a "rebita" ou a "marrabenta" em conjunto. / Os poderes instituídos segregaram-nos, vilipendiaram-nos... / E a reparação moral jamais sobreveio. / Para se salvaguardarem mudaram o nome às coisas : ao abandono ignóbil e sem sentido se chamou a "exemplar descolonização". / E as vítimas de tamanha irresponsabilidade contam-se por milhões. / O País teve o direito de colonizar. Teria o dever de descolonizar. / E não o fez. / E lançou os deserdados da fortuna para o esgoto da História... sem honra nem glória. / António José Saraiva -- o intelectual honesto e insuspeito que a História regista -- qualificou o exemplar abandono como a "página mais negra da História de Portugal" !
Volvidos 30 anos,exige-se o reconhecimento do indómito esforço que foi o nosso para a criação de uma sociedade singular que os famigerados "ventos da História"(a cegueira política, a cobardia institucional e a cedência a interesses outros) fizeram precipitar no caos.
Exige-se tão só :
A REPOSIÇÃO DA VERDADE, a REABILITAÇÃO de cada um e todos os que nados e criados além-mar ergueram sob o signo do trabalho honesto verdadeiros IMPÉRIOS, a REPARAÇÃO MORAL, afinal, a que temos jus.
Daí que formulemos a PETIÇÃO que visa a veicular uma tal pretensão.
A memória de PORTUGAL ETERNO impõe-no, exige-o veementemente, numa revisão de processos a que a História há-de proceder.
A recolha de 4 mil assinaturas promoverá a petição colectiva,ao abrigo do disposto na Lei nº 43/90, publicado no Diário da República I Série nº 184 de 10 de Agosto de 1990 com as alterações introduzidas pelas Leis nºs. 6/93 e 15/2003 , publicadas respectivamente nos Diários da República I Série A nº 50 de 1 de Março de 1993 e nº 129 de 4 de Junho de 2003.
Mandatários da Petição : Mário Ângelo Leitão Frota, BI 643447; Maria do Céu Anjos Simões Hall Castelo-Branco,BI 7592408; Luiz Filipe Simões Hall Castelo-Branco, BI 7702695; Sónia Luisa de Campos Cunha da Costa Branco de Sousa Mendes, BI 7481691; Rui Alberto Simões Hall Castelo-Branco,BI 7857312; João Tiago Castelo-Branco Charula de Azevedo,BI 10674996; Pedro Nuno Castelo-Branco Charula de Azevedo, BI 11135861; Ana Maria Magalhães Carvalho, BI 1305735; Óscar Simões de Oliveira, BI 7198259; Tiago Miguel Neves Moura Ferreira, BI 11541781; Joana Rita Castelo-Branco Charula de Azevedo, BI 11888902; Luís Henrique da Silva Carvalho,BI 7512833; Maria Celmira Pereira Bauleth (Riquita), BI 7949660.
Sincerely
The Undersigned
View Current Signatures
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"The PETIÇÃO "APELO À VERDADE SOBRE A DESCOLONIZAÇÃO" Petition to Senhor Presidente da Assembleia da República Portuguesa was created by OK and written by Mário Leitão Frota e Maria do Céu Anjos Simões Hall Castelo-Branco (ccastelo-branco@netvisão.pt). This petition is hosted here at w ww.PetitionOnline.com as a public service. There is no endorsement of this petition, express or implied, by Artifice,Inc. our sponsors. For technical support please use our simple Petition Help form.
Send this to a friend"
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-- (De :http://new.petitionline.com/verdade/petition.html -- 2005 --
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--- NOTA : - (para LER - INSCREVER e DIVULGAR entre os interessados ou mais afectados pela "desgraçada descolonização exemplar" ---
--- Se o desejar pode ainda contactar directamente para : sourreia@gmail.com ---
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-- MENSAGEM QUE SE ENVIA "PARA TODOS" E RELATIVA À PETIÇÃO : "APELO À VERDADE SOBRE A DESCOLONIZAÇÃO" : --
--- AMIGOS "CIBERNAUTAS" : BOM ANO PARA TODOS. DIZ O POVO SÁBIO "ANO NOVO, VIDA NOVA". HÁ MAIS DE TRINTA ANOS QUE OS GOVERNOS SE TÊM MOSTRADO "ESQUECIDOS" OU INDIFERENTES ÀS TRÁGICAS CONSEQUÊNCIAS DA "DESGRAÇADA DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR". AS PROMESSAS ELEITORALISTAS FORAM FECHADAS NAS GAVETAS MINISTERIAIS, TALVEZ NA INTENÇÃO DE ALI FICAREM TRANCADAS PARA SEMPRE. MAS, A HISTÓRIA NÃO SE APAGA, NEM PODE SER ESQUECIDA. ENQUANTO TODOS OS PAÍSES "EX-COLONIALISTAS" PROCEDERAM ÀS COMPENSAÇÕES DEVIDAS AOS SEUS EX-RESIDENTES ULTRAMARINOS, PORTUGAL (ADORMECIDO, VANGLORIANDO-SE DE EXEMPLAR), MANTEVE-SE ALHEIO A ESSA SUA OBRIGAÇÃO.
TERMINADO O "FOLCLORE" DA U.E., ESTÁ NA HORA DE SALDAR AS CONTAS QUE, COM UMA POLÍTICA DESORIENTADA OU ATÉ POUCO ESCLARECIDA, LANÇOU OS SEUS CONCIDADÃOS EM SITUAÇÕES POR VEZES BEM COMPLICADAS. SE EXISTEM ENORMES VERBAS COMUNITÁRIAS PARA TANTAS COISAS (POR VEZES DUVIDOSAS), ONDE ESTÃO AS VERBAS HUMANITÁRIAS ? UMA POLÍTICA SÉRIA E HONESTA JÁ HÁ MUITO AS DEVIAM TER ATRIBUÍDO ÀS VÍTIMAS (OU AOS SEUS DESCENDENTES) DAS TREMENDAS DESGRAÇAS QUE PROVOCARAM ! É TEMPO DE UNIÃO E DE MOSTRAR MAIS UMA VEZ COMO FOMOS CAPAZES DE ADMINISTRAR OS "IMPÉRIOS" (DOS OUTROS)!
EXISTE HÁ ALGUM TEMPO A PETIÇÃO "APELO À VERDADE SOBRE A DESCOLONIZAÇÃO" (VER EM --- http://xn--descolonizaao-sgb.net/ --- OU --- http://new.petitiononline.com/verdade/petition.html --- OU AINDA EM : --- trenguices.blogspot.com/2005/11cheque-mata.html ---) DA INICIATIVA DE DIVERSOS MANDATÁRIOS, ENCABEÇADOS POR : MÁRIO FROTA E MARIA DO CÉU CASTELO-BRANCO, DIRIGIDO AO SR. PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA. PORÉM, NECESSITA DE MUITAS MAIS INSCRIÇÕES. BASTA "CLICAR" INDICANDO O NOME COMPLETO E O Nº DO B.I.
VAMOS A ISSO ! VAMOS EM FRENTE ! PARA PREPARAR O PRESENTE E O FUTURO É CONVENIENTE OLHAR PARA O PASSADO. NA MINHA MODESTA COLABORAÇÃO ASSIM O TENHO TENTADO COM OS TEMAS :"ANGOLA-DATAS E FACTOS" ; "ANGOLA - UM PASSADO SEMPRE PRESENTE - MEMÓRIAS" E AINDA "ANGOLA/ BRASIL/ PORTUGAL - UMA VIAGEM AO LONGO DOS TEMPOS" --, DISPONÍVEIS NOS "SÍTIOS" : http://angola.do.sapo.pt/ --- ou --- http://angola-brasil.blogstop.com/ --- COM VÁRIOS TEXTOS E TRANSCRIÇÕES SOBRE O REFERIDO TEMA E AINDA PARA AS V/ COLABORAÇÕES E MESMO PARA AS NOVAS INSCRIÇÕES A REMETER AOS MANDATÁRIOS DA PETIÇÃO.
DIREMOS "PRESENTE" EM MEMÓRIA DO "PASSADO" E NA DEFESA DO "FUTURO" DOS NOSSOS DESCENDENTES !
--- ROBERTO CORREIA - (SOURREIA) -- 01/01/2008 -- (sourreia@gmail.com )--
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--- --- LISTA DAS INSCRIÇÕES JÁ ENVIADAS PARA OS MANDATÁRIOS DA PETIÇÃO ACIMA REFERENCIADA : --- ...(Em organização ) --
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==== AINDA SOBRE ESTA QUESTÃO DAS INDEMNIZAÇÕES NÃO PAGAS AOS EX-RESIDENTES ULTRAMARINOS NAS ANTIGAS "COLÓNIAS" PORTUGUESAS CONSULTE NA INTERNET OS SEGUINTES "SÍTIOS" DO "DIÁRIO DE NOTÍCIAS", (DIVULGADAS EM 23/02/09) :
dn.sapo.pt/2009/02/23/editorial/indemnizacoes_africa_processo_compli.html
dn.sapo.pt/2009/02/23/nacional/espoliados_decadas_a_espera_indemniz.html
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=== ALGUMAS NOTAS DO AUTOR EM APRECIAÇÃO AOS FACTOS JÁ DESCRITOS :
-- Os primeiros ex-residentes ultramarinos chegaram a PORTUGAL em JUNHO de 1974, na maioria provenientes da GUINÉ e de MOÇAMBIQUE.
Para os acolher e na expectativa de que chegassem muitos outros foi então criado o "GRUPO DE APOIO AOS DESALOJADOS DO ULTRAMAR" (GADU).
-- 1975 - MARÇO - 31 - O Decreto-Lei nº 169/75 cria o "INSTITUTO DE APOIO AO RETORNO DE NACIONAIS" (IARN).
-- 1975 - JUNHO - ?- O IARN inicia a evacuação de desalojados ultramarinos com destino a PORTUGAL, tendo sido instalada uma "PONTE AÉREA", com base nas cidades de LOURENÇO MARQUES,LUANDA E NOVA LISBOA (esta de início apenas servindo de ligação para LUANDA, com acentuada colaboração de MOÇAMBIQUE.
-- 1975 - OUTUBRO - - Foi criada a SECRETARIA DE ESTADO DOS RETORNADOS, funcionando anexa ao "MINISTÉRIO DOS ASSUNTOS SOCIAIS", servindo de tutela do IARN.
-- 1976 - ABRIL - Numa Ponte Aérea ("reduzida")chegaram a LISBOA mais 11.000 pessoas de ANGOLA e 30.194 de MOÇAMBIQUE.
-- 1976 - AGOSTO - Desde JANEIRO de 1975 foram pagos 887.116 contos de Subsídios de Emergência.
-- 1976 - SETEMBRO - 10 - Extinção da "SECRETARIA DE ESTADO DOS RETORNADOS", substituída pelo "COMISSARIADO PARA DESALOJADOS", sob responsabilidade do Tenente-coronel GONÇALVES RIBEIRO, com comissões regionais, distritais e municipais.
-- 1976 - NOVEMBRO - Desde JUNHO de 1975 o "IARN movimentou" um total de 275.599 pessoas, sendo : - 173.982 pela "PONTE AÉREA" , utilizando 905 voos entre NOVA LISBOA / LUANDA e PORTUGAL (LISBOA e outros aeroportos nacionais).
Também chegaram a PORTUGAL mais 101.617 indivíduos sem utilização desses voos do IARN, talvez por antecipação ou receio das demoras então verificadas.
-- 1976 - DEZEMBRO - Existiam em PORTUGAL 1.457 locais (e postos) com ex-residentes ultramarinos onde estavam instaladas 71.568 pessoas subsidiadas pelo IARN, sendo cerca de 50% na área de LISBOA. Existiam 4.000 pedidos para Habitação cujas respostas foram quase nulas !
Entretanto, face as imensas carências (e resistências) nacionais ou locais, emigraram 12.642 pessoas, sendo 94,2 % para o BRASIL !...
-- É de salientar ainda que, dos muitos milhares de automóveis existentes em ANGOLA, apenas chegaram a PORTUGAL 22.774 viaturas ! Muitas delas "passaram para as mãos de novos proprietários" ou foram simplesmente abandonadas, até porque eram imensas as dificuldades do seu embarque,não obstante as promessas e compromissos que os políticos e governantes portugueses tinham assumido !...
-- Um Recenseamento à responsabilidade do COMISSARIADO, abrangendo cerca de 500.000 ex-residentes ultramarinos, constatou a existência de 71.568 funcionários públicos e de mais de 110 mil desempregados (estavam registados 120.733 processo de desemprego). Foi atribuído um total de 3.209.540 contos de subsídios de desemprego e 348.257 contos de abonos de família.
-- 1979 - Extinção do COMISSARIADO PARA OS DESALOJADOS.
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--- OBS. : -- Estas informações basearam-se ainda em elementos extraídos do "Sítio" (com acesso directo ao seu conteúdo em) :
espoliadosultramar.com/ip9 ---
donde se podem obter diversas e valiosas informações muito mais completas, como por exemplo estas oportunas e interessantes transcrições que, de momento, tomamos a liberdade de efectuar :
--- ..."BOAS VINDAS : - Se nos visita como espoliado do ex-Ultramar,seu familiar,herdeiro, amigo de alguém espoliado com o simples e louvável desejo de conhecer como decorreu o abandono do Ultramar, chamado de "descolonização", com o sacrifício de centenas de milhar de seus compatriotas, aqui lhe expressamos as mais cordiais saudações, solicitando a sua valiosa e activa ajuda para uma maior divulgação deste site . Bem haja!"...
-- (em :"A IMPRENSA E OS ESPOLIADOS DO ULTRAMAR", de ANGELO SOARES!) --
--- ... "É justo endereçar aos desalojados o êxito da integração. Perante a adversidade, agiram com determinação, como já tinham demonstrado em África; mostraram competência, melhoraram todos os sectores no País como alavanca de progresso e substituíram o estigma de retornado, que quizeram colar-lhe em título de que muito se orgulham"...
--- (proferida pelo Sr. Dr. J. M. MARQUES LEANDRO, ex-Secretário de Estado de Administração Local) --
--- ..."Neste contexto, o Estado descolonizador, ou seja, o Português, tem a obrigação de indemnizar os espoliados de África, uma vez que a mudança do Poder político, de que foi um dos interventores, foi a causa dos danos materiais verificados"...
-- ( de : MÁRIO SILVEIRA DA COSTA, em Jornal "Correio da Manhã", de 08/05/96) --
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====== AVISO : "DEVOLUÇÃO DE DESCONTOS DA EX-ADMINISTRAÇÃO ULTRAMARINA" ----- ?? - SERÁ VERDADE OU APENAS MAIS UMA "PROMESSA ELEITORALISTA"... - ?? ---
---- VAMOS TRANSCREVER UM AVISO DA "DIRECÇÃO-GERAL DO TESOURO E FINANÇAS" DIVULGADO ATRAVÉS DO JORNAL "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" - , EM 18/11/2008 :
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...." MINISTÉRIO DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA -- DIRECÇÃO-GERAL DO TESOURO E FINANÇAS ---------------------- AVISO ------------------------------
....."PRAZO PARA REQUERER DEVOLUÇÃO DE DESCONTOS A FAVOR DE ORGANISMOS DE PREVIDÊNCIA DA EX-ADMINISTRAÇÃO ULTRAMARINA"...
..." Termina a 31 de Dezembro de 2008 o prazo para requerer a restituição dos montantes dos descontos destinados a instituições de previdência, cofres e lutuosas, de inscrição obrigatória ou facultativa, da ex-Administração Ultramarina" ------
..." Para aquele efeito, deverá ser apresentado requerimento à Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, Rua da Alfândega, 5 , lº, 1149-008 LISBOA, Fax nº 218 846 119, e-mail : tesouro@dgtf.pt." ---------------------------
..."Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, DSRF/DLR, 18 de Novembro de 2008 " --- ...............................................
---- (Transcrito por : Roberto Correia -- 29/11/2008) ----
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=== --------- 12)- "Caros AMIGOS do RAFAEL BAPTISTA RODRIGUES" -----
................. -- "VAMOS DAR-LHE A NOSSA AJUDA" --..........................
..."Como é do conhecimento de muitos de vós, o Rafael é portador de doença incurável,e,apesar da operação e tratamentos quimioterápicos, poucas melhoras tem conseguido.
À medida que a doença evolui, as capacidades físicas vão desaparecendo,e ele,neste momento, que perdeu a mobilidade, só consegue ir a algum lado acompanhado de vizinhos, que o têm ajudado muito.
Por intermédio do MSN, temos falado com ele amiudadas vezes, e temos acompanhado o sofrimento porque está a passar. O SONHO dele era poder comprar uma cadeira de rodas motorizada, que custa à roda de 14.000,00 E (catorze mil euros) valor esse astronómico e inatingível para a reforma que recebe e que vai toda na compra dos medicamentos que precisa, além dos gastos mensais. Diz ele que essa cadeira lhe poderá proporcionar os deslocamentos pelo bairro, sem ter de estar dependente de ninguém.
Além de que poderá apanhar sol, ver gente, sentir a VIDA correr, e não ficar trancafiado sempre no quarto.
Após uma conversa tida através do MSN, lembramo-nos de iniciar uma campanha em prol do nosso AMIGO,e,por isso,nos aventuramos a esta empreitada, que é feita por solidariedade para com quem sempre foi solidário com os demais. Como lá diz o ditado "muitos poucos fazem muito", aí vai a conta corrente onde poderão depositar o valor que puderem :
=== MONTEPIO GERAL -- QUELUZ MONTE ABRAÃO -- NIB 0036 0027 9910 0130 3380 5 -- Rafael Baptista Rodrigues -- (transferência numa normal Caixa Multibanco ) ====
Como todos sabemos,ao longo de toda a vida, o Rafael consumiu parte do seu tempo prestando ajuda a quem necessitava. Ajuda de toda a espécie. Somos testemunhas disso nos tempos de Angola e em Portugal não tem sido diferente. Enquanto a saúde lhe permitiu trabalhar não deixou de o fazer. Simultaneamente ajudava quem precisava, na Instituição onde trabalhava e fora dela.
Se é verdade que "quem semeia colhe", esta é a oportunidade para a comprovação.
-- Pensámos muito antes de tomar esta iniciativa, porque não queríamos e não queremos que o Rafael se sinta constrangido. Não estamos pedindo esmola para um amigo, estamos solicitando ajuda para tornar a vida do Rafael um pouco mais suave, nestes momentos de sofrimento e também de isolamento. Mas não teríamos vergonha de esmolar, se fosse necessário...
Além dessa ajuda, a possível, gostaríamos que cada um fosse mais solidário, contactando telefonicamente, com palavras de amizade e conforto. O telefone é 938 450 821.
Temos a convicção que iremos conseguir rapidamente o objectivo, porque o tempo urge.
Faça a sua parte e mande cópia desta missiva a quem conheça o Rafael, porque daqui, deste lado do Atlântico, não temos possibilidade de comunicar com todos os seus amigos. E eles são tantos que nem sabemos onde estão".
---- Família Davisson Correia
-- Rua do Ouro,446 - Apartado 301 - Bairro Serra --
-- Belo Horizonte - BRASIL - CEP 30220-000
-- Fone 31-322 78 549 --- Celular 31-915 25 139 --
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-- OBS - Esta "missiva" foi-nos enviada a coberto da circular de 11/08/08, do "CONVÍVIO LOBITANGA 2008" - assinada pelos Srs.João Capela e Ilídio Mateus, que também autorizam esta divulgação,e a que aderimos com amizade e cientes do bom apoio que irá merecer --
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--------------- 13)- OS POLÍTICOS ---------------
..."Quando penso nos políticos, penso num número infinito de coisas que os mesmos poderiam fazer e que, na maioria das vezes, não fazem.
Há campanhas eleitorais. Movimentam-se inúmeras pessoas para tal fim. Fazem-se bandeiras, oferecem-se esferográficas, papéis com a propaganda relacionada com o partido ou o candidato a eleger.
Há partidos que fazem deslocar pessoas de outras localidades em autocarros, para que haja um aglomerado respeitável nos comícios. Há grandes discursos, promessas que se fazem (essas, aplaudidas pela maioria das pessoas).
Não há campanha nenhuma em que não existam fartos almoços e grandes jantaradas.É festa !... O povo adora.
Beijos, abraços, palmadinhas nas costas, eis pois o que a multidão tem para oferecer ao candidato ou ao seu representante. Este, caricatamente, pula, canta e dança na rua com o desconhecido (uns mais discretos do que outros). Tudo isto na mira de mais um voto. Grandes cartazes são colados (presentemente) em locais a eles destinados. A propaganda política surge por toda a parte. Entra em nossas casas através das diversas emissoras de rádio e televisão que acompanham o político.
O votante, com toda esta propaganda, pensa ficar a conhecer aquele que o irá representar. Assim, os sucessivos governos vão alternando, ou melhor, alterando a cor política.
Velhos candidatam-se a cargos por vezes com o apoio do partido. Errado ! Há um tempo para tudo. O cargo político não é uma excepção. Para tal fim é necessária maturidade, mas não...! O cidadão normal o máximo que pode trabalhar é até aos setenta anos.
Entretanto chega o dia grande. O dia em que a população vai fazer uma cruz no quadrado que pensa ser o pretendido. Assim votou e regressa à sua vida normal. O tempo dirá se devia ou não votar naquele partido ou na pessoa em que o fez.
O actual governo foi o único que teve a ousadia, a coragem de tentar as reformas que tem vindo a efectuar. Não estou a analisar se as mesmas são boas ou más. Já me tocaram na pele por três vezes mas isso não me impede de reconhecer a coragem da pessoa que chefia o governo. Não sou da cor política do mesmo, não penso vir a sê-lo, mas que o país continua a afundar-se, isso é uma verdade. No que é bom, continuamos quase sempre na cauda da Europa, sendo ultrapassados pelos europeus que compunham a URSS. Esses, com uma cultura muito superior à nossa e onde quase não há analfabetismo apesar dos anos de domínio soviético.
Castigam-se os funcionários públicos, corta-se na saúde, o poder de compra diminui e muito haveria ainda a escrever. Faço a seguinte pergunta : - Qual a razão porque se remodelam os gabinetes, quando da mudança de governo e não só, os governantes andam, no dia-a-dia, em carros luxuosos quando esses deveriam ser utilizados apenas em certas ocasiões ? Já se falou em cada deputado ter um assessor. Será isso necessário quando se verifica o inverso com o fim das despesas públicas serem reduzidas ? Será para baixar o desemprego(caso se venha a verificar) ou para dar lugar a uns tantos compadres ?
O "Simplex" é bom para a maioria dos cidadãos mas, a relutância nas chefias em aceitar as medidas adoptadas torna-as por vezes um obstáculo a transpor.
É de lamentar que a maioria dos cidadãos tivesse sido enganada nos discursos antes das eleições para logo, após os primeiros cem dias, verificarem que os impostos aumentavam e que nada do que lhe tinham prometido era a realidade. Mente-se ao povo para angariar votos e depois, na prática, diz-se que nunca se pensara encontrar o país no estado tão deplorável como o foram encontrar. Não se estudam os "dossiers" antes de se pronunciarem, enganando assim multidões.
Listas de particulares devedores ao Estado foram publicadas. Sendo o Estado um dos maiores devedores, chegando a prejudicar grandemente empresas, qual a razão porque não publica também as suas dívidas contraídas e que chega a levar meses a liquidá-las ?.
Mais uma vez digo : POR VEZES CERTOS POLÍTICOS TÊM DUAS CARAS, UMA COMO CIDADÃOS E OUTRA COMO POLÍTICOS E MENTIROSOS !.
--- (Setembro/2007) --- ANTÓNIO SERRANO) --
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--------- 14)- "FICHEIROS SECRETOS DA DESCOLONIZAÇÃO..." - (" I -- O VISÍVEL ANTES DA INDEPENDÊNCIA") ------------
..."Perante a "onda de pilhagem" que assolava a capital, o alto-comissário Silva Cardoso chamava a atenção dos responsáveis dos movimentos de libertação com assento na CND(5)para a necessidade de manter a ordem. Mas,nas ruas, as acções dos nacionalistas africanos foram subindo de tom, numa escalada de violência, com assaltos, apedrejamento a automóveis,rusgas a casas particulares, detenção ilegal de cidadãos. Era assim o pós-Alvor.
..."A tropa portuguesa desajudava, sem assumir a responsabilidade histórica que lhe pesava sobre os ombros. Nunca os militares estiveram tão desorganizados como então(6). Era a consequência das palavras de ordem que soavam constantemente nas manifestações de rua de Lisboa: "Nem mais um soldado para as colónias !". Em Angola, também se ouviam desabafos de alguns militares : "Não estamos cá a fazer nada...".
..."Face o panorama, o general Silva Cardoso(7)aprovou uma "acção psicológica" de sensibilização para o corpo de 24 mil homens que o Alvor definira para Angola. Era preciso explicar, neste pós-25 de Abril ainda colonial, a razão de as tropas continuarem no terreno. A directiva Raio Azul tentou fazê-lo. "Descolonizar não é abandonar", dizia a propaganda, pedindo aos soldados portugueses mais respeito, disciplina, patriotismo e lealdade, porque havia de dar segurança a pessoas e bens, e garantir o essencial à vida na colónia"(8).
..."A conduta dos movimentos de libertação não era a única dor de cabeça dos altos responsáveis político-militares em Angola...." (Pgs. 16/17) --
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---- NOTAS : (5) - Acta nº 5 da CND, de 24 de Fevereiro de 1975(A.Belo) -
--- (6) - Entrevista a Altino de Magalhães;cf. Piçarra Mourão, Da Guiné a Angola, Quarteto Editora 2000; declarações do major-general, Heitor Almendra, in Memórias da Revolução.
--- (7) - O general Silva Cardoso conta a sua experiência em Angola,Anatomia de uma Tragédia, Oficina do Livro, 2000 -
--- (8) - Acta nº 2 da CDN, 10 de Fevereiro de 1975(A.Belo). -
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..."A PSP foi extinta em Abril de 1975.
O Corpo da Polícia de Angola (CPA), que a veio substituir. herdou o problema da falta de agentes, suscitando novo apelo,infrutífero, para que o MPLA, a FNLA e a UNITA contribuíssem,agora,com 300 homens cada. Foi curto o destino da CPA. Ficaria praticamente "inoperante"(45),no final de um percurso de queixas sucessivas por desrespeito, prisão dos polícias, invasão das esquadras com roubo de armamento, abandono dos agentes da corporação(46)..."O antigo agente, com 73 anos,não deixa dúvidas sobre o que se passou. "Vim-me embora em Junho de 1975, e há meio ano que me encontrava Mas o MPLA já tinha tomado conta da corporação.Eram eles a mandar. Os agentes portugueses tinham de estar às suas ordens. Tive muito medo ! Os agentes da CPA, na maioria angolanos,tinham a nossa vida na palma das mãos. A maioria dos agentes portugueses morava nos subúrbios, e quando alguns saíam de casa para o serviço eram alvejados pelo caminho. Com a farda da CPA, eles faziam o que queriam. Mandavam eles. Nas 24 horas antes de vir embora, o fogo não parava em Luanda. Tive de fugir de casa e refugiar-me na esquadra,até embarcar(47)."
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..."As Forças Militares Mistas também viriam a falhar. Desmantelava-se a "entidade abstracta" que devia ter sido a força no terreno de apoio ao Comando Operacional de Luanda(50). Ainda desenvolveram algumas acções, mas eram "inexequíveis"(51)... "Elementos da UNITA integrados nas FMM afirmaram abandonar as viaturas daquela força, pois tinham ordens do seu comandante para o fazer seo tiroteio recomeçasse", dava conta um relatório militar sobre o comportamento das FALA, as forças armadas de Jonas Savimbi.(52)...(Pgs. 22/23) --
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..."Houve excepções, mas o ambiente entre os três movimentos transpirava ódio mútuo, sobretudo entre o MPLA e a FNLA, talvez por pertencerem a etnias distintas."...Da Polícia Militar portuguesa, outra força presente nesse jogo de poder, há muito poucos documentos. Era a única força, em Luanda, que entrava nos muceques, onde se verificaram muitos incidentes. Fazia um pouco de tudo. Incluindo, segundo testemunhos, missões importantes para o MPLA, nomeadamente na detenção de civis portugueses, que o movimento de Agostinho Neto implantara em Luanda(57). O comandante da Polícia Militar na altura, Moreira Dias, nega, contudo, que elementos da corporação tenham contribuído para encher as prisões do MPLA. "Nem pouco mais ou menos", afirmou-me, em entrevista, o coronel de 67 anos, que em 1975 foi um operacional em Luanda, e protagonista de acontecimentos relevantes. Que me confirma o esvaziamento da autoridade, e a ausência progressiva de informação."...(Pgs. 24)--
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..."O problema é que não tínhamos pessoal para as guarnecer. A PM mantém-se até ao fim,mas cada vez com menos elementos. De 500 homens,ficaram 150. Então tive de desmembrar uma companhia para guarnecer os Dragões, que foram fundamentais.E porquê ? Porque depois do 25 de Abril de 1974 os movimentos não tinham efectivos, e fizeram uma corrida à incorporação. Os primeiros elementos disponíveis foram os bandidos. E eu senti isso em Luanda. Verifiquei que os assaltantes do passado recente continuavam, mas agora assaltavam armados. Todos os movimentos os incorporaram nas suas fileiras, mas com mais incidência o MPLA. Passámos com isso por problemas gravíssimos, em várias cidades." O MPLA teve de admitir que muitos elementos das FAPLA eram provenientes do lumpen proletariat(59)."... (Pg. 25). --
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..."O centro nevrálgico português funcionava no Palácio do Governo, em Luanda, um imponente edifício do século XVIII, onde chegavam, constantemente, mensagens e pontos da situação. No final deste primeiro trimestre de 1975 as informações caíam em catadupa. O ELNA, braço armado da FNLA, tinha ocupado campo de São Nicolau e raptado mulheres; o MPLA impedia que colunas militares portuguesas se deslocassem para Luanda; registavam-se incidentes em Maquela do Zombo, Ambrizete, Nova Lisboa; de Cabinda veio o susto, visível na mensagem secreta que o alto-comissário enviou para Belém, a comunicar a presença no local de dois mil homens armados da FLEC e outros cinco mil na base do então Zaire, país que partilha quase três mil quilómetros de fronteira com Angola(60).
..."A situação era grave no Luso. O major Luís Sousa Vicente transmitiu o que presenciou nos distritos da Lunda, Bié, Cuando Cubango, Moxico e Cunene, onde os movimentos se posicionavam, e ocupavam qualquer tipo de instalação, fosse casas do Estado, escolas, etc.(61). "...(Pgs. 25/26) --
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..."Dias antes do 11 de Novembro de 1975, alguns repórteres começaram a ser expulsos de Luanda, ou presos. Os jornalistas sul-africanos tinham sido os primeiros , permanecendo encarcerados várias semanas. A equipa do segundo canal francês ficou detida apenas seis horas.
..."A dois dias da independência, continuavam três hipóteses em aberto sobre a posição que Portugal devia assumir : reconhecer o MPLA e entregar-lhe o poder; reconhecer um governo de unidade nacional com entidades não ligadas aos movimentos; entregar a soberania ao povo angolano.
..."Ouvidos o Conselho de Ministros e a Comissão Nacional de Descolonização, decidiu-se que a soberania de Angola devia ser simbolicamente entregue ao seu povo, continuando Portugal a reconhecer os três movimentos de libertação. Leonel Cardoso só soube que assim seria horas antes do seu último discurso (189)."
..."Ao meio-dia da manhã do dia 11 de Novembro, o alto comissário proclamou a independência de Angola no Salão Nobre do Palácio do Governo. Estavam presentes os jornalistas convidados, mas não se viu qualquer representante do movimento de Agostinho Neto. Junto a uma tapeçaria evocativa dos Descobrimentos, Leonel Cardoso, disse algumas palavras em nome do presidente da República Portuguesa, de onde convém destacar :... "Portugal parte, sem sentimento de culpa ou de vergonha"...
..."Pelas 15,30, na fortaleza quinhentista de São Miguel, o estandarte português foi descido com guarda de honra e sob vigilância aérea, preparada para abrir fogo. "Fomos com uma companhia, um pelotão de para-quedistas, um de fuzileiros e outro pelotão de cavalaria, clarins e aquela coisa toda. E e o alto-comissário com a farda número um, ele de branco e eu de azul..."
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..."Foi uma cerimónia estritamente militar, sem civis nem jornalistas, para testemunhar o momento histórico. Oficiais portugueses garantiram imagens e fotografias. Nenhum representante do VI Governo Provisório do primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo se deslocou para estar presente na cerimónia. Em Lisboa, a instabilidade era muita. O governo tinha sido sequestrado dias antes no Parlamento, e assistia-se ao medir de forças entre socialistas e comunistas."
..."Com a bandeira guardada,os últimos militares dirigiram-se pelas 16 horas para a base naval da Ilha de Luanda, onde embarcaram em lanchas que os levaram aos navios Niassa e Uige, estacionados na baía. Até à noite foi entrando armamento. Depois, fizeram tempo até levantar a âncora. O momento da partida estaca cronometrado...."Largámos ao minuto um do dia 11 de Novembro, recordou-me o comandante António Mateus, cuja última imagem de Angola foi a de ..."uma criança de uns cinco anos a dizer adeus , com toda a inocência"...(192)."
..."Mal os primeiros segundos do dia 11 de Novembro de 1975 despontaram, as armas do MPLA ensurdeceram Luanda. Festejava-se o nascimento unilateral de um país. Os militares das FAP ainda assistiram aos céus tracejados com pontos luminosos, explosões e foguetes, ao retiram da cidade fundada em 1576 pelos portugueses. Os navios chegaram a Lisboa a 23 de Novembro de 1975. Os militares portugueses tinham regressado. Mas em Angola foram deixados portugueses, à sua própria revelia, que se tornaram alvos de toda a espécie de sevícias, em território já estrangeiro.
..."Esta é parte da história visível da descolonização em Angola vista de Luanda ao longo de 1975. Mas nos subterrâneos daquele quotidiano fervilhava, havia muito,outra realidade, que alguns dos protagonistas nos desvendam a seguir, na primeira pessoa" ... (Pg. 64). --
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---"NOTAS - (45) -- Em 1975 (A.Belo) - -- (46) - Reunião da CND de 16 de Junho de 1975 (AHM) -- (47)- Entrevista telefónica a José Lopes Basílio em 2 de Dezembro de
2008 -- (48) - Reunião da CND de 14 de Abril de 1975 (AHM). -- (49) - Memorando confidencial do Comando Territorial de Luanda de 8 de Abril de 1975 (A.Belo) -- (50) - Julho(?)de 1975(A.Belo) -- (51) - Estudo secreto da CCPA para o Conselho da Revolução de 19 de Abril de 1975 (A.Belo) -- (52) - Violações da UNITA aos acordos,no dia 28 de Junho de 1975, segundo o relatório militar do Comando Territorial de Luanda (AHM)-- (53) - Acta da CND de 6 de Junho de 1975 (A.Belo) -- (54) - Reunião da CND de 21 de Abril de 1975 (AHM) -- (55) 31 de Agosto de 1975 (AHM) -- (56) - Os três movimentos de libertação representam influências de etnias diferentes. O MPLA mais perto do povo Ambundo(fala Quimbundo); a FNLA do povo Bacongo(fala Quicongo); e UNITA do povo Ovimbundo(fala Umbundo). -- (57) -- (60) - Mensagem secreta para o PR de 18 de Março de 1975(A.Belo) -- (61) - Relatório do Gabinete Militar do AC de 25 de Março de 1975(A.Belo) -- (189)-- Relação cronológica do CCPA, 10 de Novembro de 1975 (A.Belo); Gonçalves Ribeiro, A Vertigem da Descolonização" - - (192) - Entrevista ao comandante António Mateus"...--- Ver depoimentos mais adiante de Amílcar Barreira e José Paulo Seara"...(Pg. 272) --
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---- Extraído de : "FICHEIROS SECRETOS DA DESCOLONIZAÇÃO DE ANGOLA" - de LEONOR FIGUEIREDO - - Agosto 2009 ---- ALETHEIA EDITORES ---
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------ 14/A)- "FICHEIROS SECRETOS"...- ("ANEXO") --------
..."Ao publicar o nome dos portugueses que foram presos e desapareceram em Angola -- antes e depois do fim da soberania portuguesa --, não nego que me invade um sentimento de cerimónia fúnebre para com os que já morreram. Penso que nunca lhes foi prestada qualquer homenagem que reunisse tantos nomes. E devem faltar muitos. Eles são prova do que correu mal.
..."Não me lembro de, alguma vez, algum representante do Estado português me ter convidado, como familiar de um cidadão desaparecido em Angola, para qualquer evento
que lamentasse estas vítimas escondidas da descolonização em Angola.
..."É impossível devolver a vida a quem a perdeu. Mas é possível, pelo menos, contar o que aconteceu e,de uma vez por todas,romper o silêncio sobre o sofrimento que isso causou a tanta gente. A homenagem que lhes quero prestar é a de já não poderem ser mais ignoradas.
..."Eu não me esqueço. Nós, os familiares e os amigos, não nos esquecemos. Espero que a História também não esqueça." (pgs. 245) --
--- OBS - seguem-se as seguintes listas :
--- PORTUGUESES DESAPARECIDOS(364)EM ANGOLA (263) -- (pgs 246/254) --
--- PORTUGUESES RAPTADOS E PRESOS PELO MPLA(365)ANTES DA INDEPENDÊNCIA 30 -- (pg.254/5) --
--- PORTUGUESES PRESOS DEPOIS DA INDEPENDÊNCIA(366) -- Pgs. 256/268 --
------..."NOTAS - (364) - Não há data da maioria dos desaparecimentos,mas muitos deverão ter sucedido antes de Angola ser independente. Fonte : Ministério dos Negócios Estrangeiros e familiares. -
--- (365) - Acusados de colaborar com a FNLA -
--- (366) - Algumas das acusações que pendiam em Angola sobre estes cidadãos : ser indesejável ao processo revolucionário em curso, conspirar contra o governo, delitos económicos, desvios de bens alimentares, transferir ilegalmente dinheiro, tráfico de diamantes, contribuir para o mau funcionamento de empresas, financiamentos ilegais,empresas fictícias, contrabando, fumar liamba, ter posto nome de Agostinho Neto a um cão, tentativa de mandar artigos novos para Lisboa, ser simpatizante da FNLA ou da UNITA, chamar "mercenários" aos cubanos, ser da PIDE, recusar fazer serviços para o Estado, dar comida a guerrilheiros da FLEC, ler revistas com fotos de Jonas Savimbi, colaborara com as autoridades portuguesas, andar em estado de indigência, ter rasgado as cartas do MPLA, ter duas pistolas em casa, explorar indevidamente uma padaria, e motivos desconhecidos. Alguns dos nomes foram extraídos do livro Holocausto em Angola, por não constarem das listas do Ministério dos Negócios Estrangeiros português." (Pgs. 290) --
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---- Extraído de : "FICHEIROS SECRETOS DA DESCOLONIZAÇÃO DE ANGOLA" - de LEONOR FIGUEIREDO -- Agosto 2009 - Editora ALETHEIA) --
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------ 15) - "OS ANOS DOURADOS DOS PORTUGUESES EM ÁFRICA" ----- "MEMÓRIAS COMO ERA O DIA-A-DIA DOS PORTUGUESES" ----- ..."A VIDA EM ÁFRICA...ERA ASSIM" ------
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=== A propósito dum artigo e da capa,assim intitulado,na Revista "SÁBADO",nº 339,de 28/10 a 3 de Novembro de 2010,diremos o seguinte :
-- 1) - Assim como a maioria dos meus familiares e dos milhares de conhecidos,colegas e amigos,nascemos em ANGOLA,onde antes de 11/11/1975 (..."antes da revolução"...),éramos "TODOS PORTUGUESES" (além de verdadeiros "ANGOLANOS",fruto de algumas gerações de três Continentes (EUROPA - AMÉRICA DO SUL(BRASIL) -- ÁFRICA)!...
-- 2) - Muitos outros milhares de residentes então em ANGOLA (não me vou referir aos outros territórios ex-ultramarinos,onde nunca vivi),eram PORTUGUESES CONTINENTAIS,que,em pouco tempo,se tornavam como verdadeiros Angolanos !
-- 3) - Não eram,então, também "PORTUGUESES" apenas os "BRANCOS" nascidos em ANGOLA !
-- 4) - Não sei,não faço ideia,onde nasceu ou viveu a jornalista RITA GARCIA,autora do artigo (reportagem/Destaque)acima referido. Até gostava de saber...
-- 5) - Como "ANGOLANO / PORTUGUÊS",descendente de algumas gerações nascidas e vividas em ANGOLA, assim como muitos dos meus diversos familiares,dos amigos e dos conhecidos,NÃO DEVO,NEM POSSO, deixar de manifestar a minha parcial discordância com o conteúdo e espírito do mencionado artigo (reportagem, que nem sabemos como foi efectuada !).
-- 6) - ANGOLA,embora com uma faixa marítima bastante extensa, apenas tinha (e tem ainda) poucas cidades e poucas vilas ou povoações importantes junto desta. Assim,alguns milhões dos seus habitantes naturais,algumas centenas de milhares dos "PORTUGUESES" até então ali residentes,viviam no seu imenso interior(várias vezes superior ao território português na Europa),instalados até a muitos quilómetros da costa marítima. Residiam e viviam no "SERTÃO",no ("MATO"). Muitos deles permaneceram anos a fio sem ...irem à cidade"...! Estavam mesmo muito longe das praias ! Praias,só conheciam as dos rios e tinham jacarés !... Nem andavam ..."em caçadas de elefantes e leões"...! Tudo isso era então muito bem controlado e vigiado por fiscais próprios e pelas leis em vigor. A sua conservação era respeitada. Não eram então dizimados por armas de guerras ("coloniais ou civis"),ou de ricos turistas de ocasião,como aconteceu depois de 1974/75 !
-- 7) - Poucos locais "adequados" existiam e nem todos os PORTUGUESES andavam em paródias ou noitadas de fins-de-semana em..."clubes exclusivos e festas na praia"...! Era uma população trabalhadora (não havia desempregados permanentes,nem subsidiados profissionais). Também essas leis eram respeitadas.
-- 8 ) - Quanto ...às "boas casas,com espaço,jardim e criados para os servir"...nem só alguns dos ditos PORTUGUESES (ULTRAMARINOS) eram seus exclusivos possuidores ou utilizadores legais. Isso era comum,necessário,conveniente até para os próprios trabalhadores.
Esses PORTUGUESES não tinham, na sua grande maioria,automóveis de luxo,nem motoristas privativos...como alguns dos grandes senhores e os "Continentais" (cá por estas bandas)!
-- 9) - Tudo isso também já se verificava no CONTINENTE e com proventos bastante semelhantes ! Muitos anos antes,as construções (as residências) dos PORTUGUESES em ANGOLA tinham,obrigatoriamente, uns anexos com quarto(s) e sanitários para o(s) criado(s),mesmo dentro das cidades ! As tais..."boas casas com espaço,jardim (até com piscina privativa) também se encontram hoje em muitas zonas deste "pobre" país,pertencentes aos Continentais,(I) Emigrantes ou não,bastante valiosas e, em muitas delas,se realizam as tais ..."FESTAS"... e nem precisam de outras praias em fins-de-semana (em especial nos prolongados por modernas "pontes horárias",ou até mesmo sem serem de "surpresa",dos amigos (de ocasião ou à espreita de certas oportunidades ou favores,nem que sejam "inimigos disfarçados de outras mais adequadas cores"...e numa mais do que conivente ..."ERA DOURADA" !
-- 10) - Por lá, ANGOLA desses tempos "dourados",muito boa gente,já com certa idade,nunca tinha visto uma "PRAIA",tal a imensidão do território.E muito menos tinha sido beneficiado com..."um pires de marisco (de camarão ou outro) à borla,nem mesmo duma cerveja fresca em zonas em que ainda nem havia electricidade, nem "geleiras" domésticas ! Normalmente nem eram pires de "camarões" à borla mas sim, de tremoços ou ginguba. Pelo contrário,viviam quase isolados,carentes,passando privações,sem qualquer "assistência social". Eram terras de trabalho duro e de boas produções e não de "farras",regabofes, festivais,etc. Eram trabalhadores sérios,honestos,patrióticos, que acabaram sendo traídos e nunca recompensados !
-- 11) - ANGOLA, na sua maior parte, a grande ANGOLA,era a "ÁFRICA MISTERIOSA", a verdadeira ÁFRICA,não só de "Elefantes e Leões",que nos velhos tempos desciam aos povoados, ás cidades (até à LAGOA DE KINAXIXE, então nos arredores de LUANDA).sendo conveniente caçá-los.
-- 12 ) - Os outros "caçadores",amigos ou familiares dos "VINHAS", dos "MELOS" e doutros ilustres "continentais",eram abastados turistas,fazendo esquecer os esfarrapados "pumbeiros" do sertão ou os caçadores furtivos de marfim,associados aos grandes chefes locais !
-- 13) - O imenso título "MOÇAMBIQUE" aplicado por cima duma enorme foto de alguns veraneantes na ILHA DE LUANDA (pág. 48 da citada Revista),está mesmo... "a matar" ! Diremos então que... ANTES NÃO ERA ASSIM"...!
-- 14) - CONCLUINDO : - RITA GARCIA,... "A VIDA EM ÁFRICA...(NÃO) ERA ASSIM"...como descreve ! Seja humilde, peça desculpas aos muitos milhares de PORTUGUESES ULTRAMARINOS que ofendeu !...
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P.S. - (artigo será transcrito na minha "secção g-mail, estando ao dispor no meu blogue http://angola-brasil.blogspot.com --- (ver artigo nº 19) --
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--- COIMBRA, 31/10/10 - Roberto Correia -- (sourreia@gmail.com) ------
---------------- (sobre este assunto ver ainda o artigo nº 19) ----------------
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.......... 16) - "A POBREZA EM PORTUGAL" - ............
..."Está acesa a "polémica" entre os nossos políticos sobre quem "descobriu" que de facto há pobreza em Portugal !...Afinal quem foi realmente o primeiro ?...E,só agora,porquê ?...Por ser NATAL ou porque vamos ter eleições brevemente ?...
"-- Há muitos anos (Dezembro de 1952 !) publiquei no velho e carismático jornal "a HUÍLA", de SÁ DA BANDEIRA (ANGOLA),um Editorial designado "O NATAL DOS SEM NATAL" (+). Posteriormente,esse mesmo artigo, foi publicado no "DIÁRIO DE COIMBRA" (19/12/1990)- por coincidência precisamente há VINTE ANOS). Depois disso,com as "novas tecnologias",inseri no meu blogue (http://angola-brasil.blogspot.com) --,incluído numa extensa transcrição de uns 100 artigos que publiquei durante os anos de 1952/1956 naquele consignado matutino angolano.
"-- Iniciei esse artigo com umas perguntas :..."POR ESSE MUNDO FORA QUANTOS NÃO TÊM O SEU NATAL ?!...E QUANTOS TÊM MUITO MAIS DO QUE O NECESSÁRIO ?!...A seguir afirmava então..."TANTA FOME,TANTA MISÉRIA,TANTA MORTE E TANTA RIQUEZA ! E arrotam os ilustres políticos que vivemos em Democracia,que avançamos para o Socialismo ! Quase tudo isso não passa de reconhecida farsa,de encoberta fachada para tentar enganar ingénuos ou mesmo pessoas de boa fé. Para quê e porquê ?! Apenas para satisfazer interesses meramente partidários ou quantas vezes pessoais,por vaidade ou obstinado egoísmo, alheios aos verdadeiros problemas e necessidades do povo"...
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"- Rebuscando respeitáveis alfarrábios e as sábias opiniões,não posso deixar de transcrever agora,parcialmente,algumas passagens do capítulo XXV - "O NATAL DOS POBRES" -- do conceituado escritor RAUL BRANDÃO (com carta-prefácio de outro ilustre,GUERRA JUNQUEIRO,na obra "OS POBRES" - Livraria Aillaud e Bertrand - (Lisboa - Paris - Porto - Rio de Janeiro) - 1925 -- :
..."Longe pelos caminhos,através de pinheiros scismáticos e calados,vão velhinhas tristes,de saia pelos ombros,para consoar nesta noite com os filhos. Andam trôpegas léguas e léguas. As suas mãos calosas,as caras enrrugadas,onde as lágrimas abriram sulcos,os olhos tristes,contam o que elas teem passado na vida,dias sem pão,suor de aflições,desamparos, maus tratos...Os cavadores deixaram os arados mortos nos campos, que a chuva alaga. Que tudo repouse. O vinho de hoje conforta,como as lágrimas choradas pelas nossas desgraças,o lume de hoje aquece como o amor de nossas mães"... pgs. 305/6)--
..."Sentadas ao lume não falam. As brasas vão-se extinguindo como um poente,ou como uma alma que vai deixar-nos. A Morte passa.No buraco do telhado a estrêla luz. O nevão cai com um ruído das flores desfolhadas e cada uma scisma em alguma coisa de indeterminado e vago, de longíquo : uma certa hora da vida,na mãe,num filho ausente, naquela morta que passou seus dias a sacrificar-se por nós"...(págs.307/8) --
..."Os pobres são como os rios.Estancam a sede da terra,fazem inchar as raízes e crescer as árvores;acarretam,moem o pão nos moínhos. Ei-la a vida da terra. Todas as catedrais se construíram da sua dor,sem eles a vida pararia. Natal dos pobres ! Natal dos pobres !... Porque é que criaturas misérrimas encontram ainda na sua gélida nudez horas para recordar e amar ? ... Pobres repartem o seu pão; os espezinhados dão-nos as suas lágrimas. Vinho quente ! vinho quente e amargo,que sabe a aflição ! Chegam-se uns aos outros para se aquecerem. Nas enfermarias,nos sítios onde se sofre,os míseros e os doentes quedam-se muito tempo a scismar. Os pobres pensam que existem sêres ainda mais pobres,lares desamparados,onde nem o lume se acende; cuidam numa velhinha,que,a essa mesma hora,scisma abandonada,e sòzinha, ao pé de brasas extintas,no filho doente,no filho ausente... Há cabanas nuas,lares rotos,almas mais gélidas que o nevão."
..."As lágrimas que se choram e se não vêem são as melhores : caem sôbre a alma..." ..."Natal dos pobres,noite de comunhão,noite de lágrimas e saudades ! Não é chuva que cae sem ruído,são lágrimas . O Gêbo abre a janela e põe-se a falar para a escuridão com palavras que a noite escuta,com palavras que a noite leva".
..."Em tôrno da mesa de pinho ceiam as mulheres, Com os cotovelos fincados nas tábuas, olham o vinho quente e scismam...Ceia de natal ! Ceia de natal !...Até as prostitutas se querem lembrar...Moídas de pancadas,teem más palavras,gritos, e um sorriso humilde. Fazem-se pequeninas para que lhes perdoem uma vida infame.
..."Falam ! falam...Parece que a mesma primavera negra fêz dar emoção a estas criaturas exploradas e servidas.Lembram-se da sua vida,sempre lágrimas,risos sem piedade..." ... (pág. 310/311) --
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--- Um BOM NATAL PARA TODOS --
--- (COIMBRA, 19/12/2010) - Roberto Correia (sourreia@gmail,com) --
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-- (+) - Ver a transcrição integral deste artigo ("NATAL DOS SEM NATAL") noutra rubrica deste mesmo blogue( 02 - OUTROS...A REVOLUÇÃO...) : "JORNAL A HUÍLA" (publicações de uma centena de artigos e reportagens efectuadas durante os anos de 1952 a 1956). --
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........ 17) - "A CORRUPÇÃO É ESSENCIAL E FAZ FALTA" ...........
..."Desde pequeno que oiço falar da corrupção. Sendo o meu pai um funcionário do Estado,era um tema que volta e meia aparecia na nossa mesa entre as almôndegas e a maçã assada. O que é a corrupção,pai ? Corrupção é quando alguém usa o dinheiro que é de todos,ou o poder que lhe foi conferido,em proveito próprio. Interessante,muito interessante ! Mãe,quando for grande posso ser corrupto ? Se comeres sempre os espinafres, talvez, meu filho,quem sabe ? Se o Popeye tivesse comido tantos espinafres como eu,o governador Arnaldo Cheirazedo seria um fracote ao pé dele. Acho que não é assim tão simples. Um corrupto é um ser especial,o que não está ao alcance de todos. Tem de se nascer com o dom. Se o vosso filho não for muito esperto,não insistam,é melhor ensinarem-lhe a ser honesto,pois a corrupção,apesar de ser uma profissão nobre,nem sempre é devidamente apreciada. Uma pena.
"Se não houvesse corruptos que interesse teria a política nacional ? E a internacional ? E qualquer outra ? Vocês sabem quem é o Donald Tusk ? Não ? Sabem porquê ? É o primeiro-ministro da Polónia e é um homem honesto. E de homens honestos está o mundo cheio.
"Se não houvesse corruptos de que se falava nos telejornais ? De saúde, de educação, de agricultura ? Credo ! Sabem porque é que os jovens se estão a afastar da política ? Porque não dá pica. Há poucos corruptos. Homens da estatura dum Oliveira e Costa contam-se pelos dedos das mãos do João Garcia. Um autêntico deserto. A continuar assim, na próxima geração não haverá vocações para a vida política. Ser político será como ser administrador dum prédio, ninguém quer. Seremos governados por empresas privadas pagas pelo Estado que por sua vez também será privatizado.
"O peso social dum corrupto é enorme. A criação de emprego é exponencial. Fiscais, inspectores, legisladores, advogados, polícias, detectives, juízes, guardas prisionais...o que seria de toda essa gente,se não houvesse corruptos ? Com 100 bons corruptos o problema do desemprego estaria resolvido e ainda teríamos de importar mão-de-obra. E as vítimas da corrupção,perguntar-me-ão vocês ? Mártires,amigos ! Mártires ! O abolicionismo teve mártires, o feminismo teve mártires, o escutismo teve mártires. Todas as grandes causas da Humanidade tiveram mártires,mas não acabaram com elas por causa disso. Chorem-nos,ergam-lhes estátuas e dêem-lhes nomes de ruas, honrem-lhes a memória,mas não acabem com a corrupção. Seria um erro de que o mundo dificilmente recuperaria. A corrupção é o sal da vida e o homem gosta de sal.
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---- De : PAULO CORREIA -- 25/12/2010 --
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...... 18) -- "EM NOME DA PÁTRIA" - (9-7- CONCLUSÕES") -- ......
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--- "6.3. - A EVOLUÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL APLICADO AOS DESCOBRIMENTOS" ---
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..."No final da Segunda Guerra Mundial,com a vitória dos países aliados já no horizonte,os respectivos dirigentes viram-se na necessidade de delinear uma estratégia que orientasse as futuras decisões sobre a questão das colónias..."
..."Na Conferência de São Francisco -- entre Abril e Junho de 1945 --, esta questão foi novamente levantada, havendo a registar propostas da Austrália, China, França, URSS, Inglaterra e EUA. As potências coloniais, apesar da sua difícil situação, não deixaram de se opor às tentativas de "controlo" internacional, acabando assim por ser consagrada uma orientação que distinguia "territórios sob a soberania dos Estados colonizadores" e "territórios sujeitos à administração internacional".
..."Do compromisso alcançado saíram os capítulos XI, XII e XIII,da Carta das Nações Unidas, assinada em S. Francisco a 26 de Junho de 1945. Portugal,diga-se,
não participou nos trabalhos nem assinou a Carta.
..." Eis o texto do referido Capítulo XI, aquele que mais interessa ao nosso estudo(242) :
------------------ "Capítulo XI ------------------
..."Declaração relativa aos territórios que se não governam por si próprios .
-------------------------- Artº 73º --------------------------
..."Os membros das Nações Unidas que assumiram ou assumam responsabilidades na administração de territórios cujos povos ainda não atingiram a capacidade plena para se governarem a si mesmos reconhecem o princípio de que os interesses dos habitantes desses territórios são primaciais e aceitam como missão sagrada a obrigação de promover, no máximo possível, dentro do sistema de paz e segurança internacionais estabelecido na presente Carta, o bem-estar dos habitantes desses territórios e para tal fim,de :
a) assegurar,com o devido respeito pela cultura dos povos interessados,o seu progresso político, económico, social e educativo, tratamento com justiça e protecção contra os abusos;
b) desenvolver a autonomia na administração, tomar em devida conta as aspirações políticas dos povos e ajudá-los no progressivo desenvolvimento das suas livres instituições políticas, de acordo com as circunstâncias peculiares a cada território e aos seus habitantes e com os vários graus do seu adiantamento;"
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..."Todas estas disposições,bem como a própria evolução da cena internacional neste âmbito, tiveram consequências gravíssimas para Portugal e para a continuidade da sua secular política de defesa e de preservação dos seus territórios espalhados por todo o mundo". -- (pgs. 293 - 294 -296 ) --
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------------------- "9.6. --- ÂMBITO PSICOLÓGICO" ------------------
..."Os aspectos do foro psicológico ,quer no campo individual,quer colectivo,são os mais importantes e os mais perigosos de todos,já que têm uma grande influência nas crenças e convicções de toda a população"... (pgs. 438) --
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..."E apesar de não ser inteiramente verdade,começou a ser inoculada no seio da população metropolitana a ideia de que a guerra consumia cada vez mais recursos e estava a impedir o desenvolvimento do país. Em Angola e Moçambique formaram-se também grupos de pessoas,nomeadamente dentro da comunidade branca que pensavam -- dado o surto de desenvolvimento de que aqueles territórios estavam a gozar -- que ficariam mais bem servidos se beneficiassem de uma maior autonomia -- a que se seguiria a independência -- em relação à metrópole. Embora se tenham apercebido,provavelmente, do seu erro de julgamento quando se procedeu à descolonização, a verdade é que entretanto foram contribuindo para a desagregação do todo nacional." -- (pgs. 443/444) --
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..."Ora,quando um grupo de cidadãos, militares e civis,quiseram organizar o congresso dos combatentes no Porto, em 1973,a fim de discutir os graves problemas que o conflito encerrava para, patrioticamente, encontrar soluções por ventura mais adequadas, foi o próprio governo que se opôs, tentando controlar tudo o que se passava(321)." --- (pg. 444) --
..."A propaganda do inimigo não encontrou um antídoto à altura. Os movimentos de oposição também tiveram culpa. Uns por se terem mancomunado com os países e movimentos declaradamente inimigos de Portugal, o que tanto a voz dos povos como os próprios dicionários definem como traição. Não se coibiram sequer de levarem a cabo acções armadas tanto na retaguarda como nas frentes de luta, como foi o caso do assalto e sabotagem do navio Angoche, que transportava munições e armamento de Lourenço Marques para o norte de Moçambique, e que continua hoje por esclarecer(322) ."...
..."Os restantes grupos oposicionistas,herdeiros da democrática Primeira República, e até aqueles que tinham sido autorizados e fomentados por Marcello Caetano,estavam tão obcecados em derrubar o regime para depois ocuparem o poder,que ficaram cegos,surdos e mudos a tudo o que pudesse acelerar essa queda. É claro que a guerra era,neste âmbito, uma maçada e um estorvo,mas também um flanco por onde podiam ser canalizados os ataques,independentemente das consequências que daí pudessem advir. No final, a direcção política do Estado estava de tal modo psicologicamente desgastada que nada fez para se defender. Restavam as Forças Armadas." -- pg. 445) --
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..."Quando a irresponsabilidade do urro "nem mais um soldado para as colónias" tomou conta das ruas de Lisboa e as operações militares cessaram,vieram à superfície, nos três teatros de operações, umas centenas de guerrilheiros,um pouco maltrapilhos -- que mesmo assim conseguiram fazer com que algumas autoridades portuguesas passassem vergonhas, que foram militarmente indecorosas --, como foi o caso do batalhão posto em cuecas em Nova Lisboa e da "rendição" da companhia de Omar,em Moçambique -- e sem quadros que valessem para enquadrar coisa nenhuma. Não há memória, na História de Portugal, de nenhum episódio que se possa assemelhar a esta verdadeira catástrofe nacional ." --- (pgs. 449/450) --
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-------------------- "9.7. --- CONCLUSÕES" --------------------
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..."Todas estas razões vieram a confluir no Movimento das Forças Armadas (originado pela causa apontada na alínea 7),o qual acabou por derrubar o regime, no dia 25 de Abril de 1974. Os autores do golpe de Estado cometeram,por sua vez, dois erros estratégicos de monta e logo no próprio dia do golpe :
--..."não impuseram o estado de sítio durante o tempo que as circunstâncias aconselhassem;
-- ..."prenderam e sanearam,arbitrariamente,centenas de camaradas seus.
..." O primeiro erro fez cair o "poder" na rua; o segundo levou à destruição da cadeia de comando, da solidariedade institucional, da camaradagem e das regras da deontologia militar; ou seja, quebrou a disciplina e acabou com a confiança mútua.
..."Ambos os erros fizeram com que o poder instituído, mais nominal que efectivo, perdesse o controle da situação. A actuação desenfreada das forças políticas entretanto surgidas e a psicologia das multidões contaminaram de anarquia a vida política,económica e social. Quem mais aproveitou essa anarquia foi o PCP,única força política organizada e disciplinada e cuja prioridade, como depois se veio a revelar, era favorecer os interesses de Moscovo,ou seja,colocar os territórios ultramarinos portugueses sob o jugo dos partidos marxistas que lhes eram fiéis. Isso oferecia à URSS posições estratégicas de grande valia,nomeadamente no Atlântico Sul,onde nunca estivera. Neste contexto,deixou de fazer sentido pensar em qualquer estratégia de evolução para as províncias ultramarinas que tivesse em conta os interesses das populações,ou sequer o de se poder cumprir os tão badalados preceitos descolonizadores previstos pela ONU. A única coisa que tentou acordar foi a data da independência de cada parcela territorial. O mais rapidamente possível. Nada se conseguiu salvaguardar. Nem a honra da bandeira !" -- pg. 452/3) --
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........... "10.2. CONSIDERAÇÕES FINAIS" ...........
..."No entanto,logo após o golpe de Estado,cometeram-se tantos erros,uns atrás dos outros,e de forma tão inexplicável,que rapidamente se perdeu o controlo da situação ( o que só foi retomado,e apenas parcialmente, a 25 de Novembro de 1975, já depois do grande desastre estar consumado(350).E assim se inviabilizou qualquer condução adequada da situação. Seguiu-se o desvario e o oportunismo tão característicos quando assistimos à libertação dos sentimentos humanos sem qualquer freio e, de cedência em cedência,de traição em traição,"fugiu-se para a frente", não respeitando nem princípios, nem interesses legítimos,nem a justiça, nem os objectivos nacionais permanentes, nem sequer o mais elementar bom-senso. O "poder" vindo da rua nunca é bom conselheiro...Assim se amputou a nação irremediavelmente."
..."O fim da guerra não trouxe a tão almejada riqueza,que se criaria com os recursos afectos àquela. Pelo contrário,já se gastou parte das reservas em ouro e cada português passou,subitamente, a dever 500 contos ao estrangeiro. Em 1975,com o país quase à beira da guerra civil, cerca de 700 mil "retornados" (cerca de 9 por cento da população) caíram,de repente, no "jardim à beira-mar", com todo um cortejo de problemas que, graças a um "milagre" de solidariedade nacional,acabaram por se resolver sem crises de maior"...
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..." Finalmente,perderam as populações ultramarinas, nomeadamente aquelas em cujos
territórios houve luta armada,que acabou por durar mas tempo e causou um número incomensuravelmente maior de mortos e foi muito mais destrutiva do que os 13 anos em que Portugal se defendeu da guerrilha.
A situação foi catastrófica. Houve guerra,fome,doença,corrupção, paralisação quase total da vida produtiva,ditadura,desrespeito pelos direitos humanos, negação da liberdade individual, endividamento galopante, desperdício de recursos, exploração estrangeira (essa sim neo-colonial),racismo,etc. Apenas Cabo Verde atravessou toda essa fase com relativo sucesso."
..."Hoje,felizmente,há paz,mas lambem-se as feridas. Porém,não há nos territórios que outrora foram Portugal qualquer sentimento de ódio contra os portugueses. Mas há muita nostalgia. Foi este o resultado final de um processo que se iniciou em Lisboa e que não se soube ou não se conseguiu controlar,por muito que isso nos custe a admitir."--- (pgs. 509/510) --
--- (transcrição parcial de : "EM NOME DA PÁTRIA..." - do Autor JOÃO JOSÉ BRANDÃO FERREIRA - Publicações Dom Quixote - Edições 2009/2010 -- www.livrosdhoje.pt --
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.--------- 19) --- "S.O.S. ANGOLA" --------------
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-- Realmente parece ser conveniente e oportuno lançar um S.O.S. público.
Antes,tenho a obrigação de me identificar e justificar esta minha modesta intervenção :
-- Em 31 de OUTUBRO de 2010 e através do meu blogue http://angola-brasil.blogspot.com tive o "atrevimento" de criticar uma publicação feita através da Revista "SÁBADO" -- nº 339,de 28/10 a 3/11/2011 -- em que a jornalista RITA GARCIA apresentou uma reportagem intitulada ..."OS ANOS DOURADOS DOS PORTUGUESES EM ÁFRICA"...
-- Essa sua lamentável apreciação foi mesmo ofensiva para quantos mourejaram durante muitas dezenas de anos (alguns séculos até) pelo "sagrado" ultramar português,em especial,neste caso,em ANGOLA !
-- Como é fácil de constatar em diversos e conceituados blogues e outros meios de comunicação, RITA não tinha razão. Talvez a sua juventude e desconhecimento directo da "vivência ultramarina"--(nasceu em JULHO de 1979 - LISBOA - no entanto já diplomada e duplamente premiada), 5 anos após o 25 de ABRIL de 1974. Nesta vida,nem sempre se aprende tudo num curso e nem nos primeiros anos de "intervenção cultural ou social"!
-- Porque faço esta prévia crítica após uma tão badalada intervenção e influência da Comunicação Social e da "máquina publicitária" ?
Precisamente por isso,RITA,(permita-me este tratamento sem rodeios). Penso que,neste caso,tenho justificações para o fazer :
-- Já publiquei diversos trabalhos,basicamente a cronologia "ANGOLA - DATAS E FACTOS" - em 6 volumes (1482/2002) - sobre toda a História de ANGOLA,ou seja desde a sua descoberta até ao fim da "guerra civil" que,cruelmente, a arruinou e após um "entendimento" posterior ao desaparecimento físico do Dr.JONAS MALHEIRO SAVIMBI (que até foi um jovem estudante apoiado e beneficiado pelas estâncias oficiais da dita "Época Colonial",tanto no BIÉ,como na HUÍLA !)
-- Essas minhas obras foram publicadas sem qualquer intervenção publicitária e apoiadas,posteriormente,apenas por alguma Comunicação Social, "corrente",sem nenhum suporte financeiro (oficial ou privado) ao contrário do que acontece em muitos e frequentes casos,em especial por parceiros do mesmo ofício,ou talvez da mesma cor política !
-- Finalizei a crítica a essa referida Reportagem,fazendo-lhe o seguinte apelo :.."RITA GARCIA...A VIDA EM ÁFRICA...(NÃO)...ERA ASSIM"...como descreve ! Seja humilde,peça desculpas aos muitos milhares de PORTUGUESES ULTRAMARINOS que ofendeu"...
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-- O corrente mês de SETEMBRO foi despertado culturalmente por uma bem organizada e diversificada campanha publicitária preparando o lançamento dum novo livro de RITA GARCIA,intitulado..."S.O.S. ANGOLA - OS DIAS DA PONTE AÉREA"...Fui despertado e talvez surpreendido !...
A Autora baseou-se,desta vez, em bastantes testemunhos (28 entrevistas)de ex-residentes ultramarinos -- designados naquela trágica situação, de ..."RETORNADOS"...ou, outras vezes, de : "DESALOJADOS", "REFUGIADOS" (classificação que politicamente não convinha). São, certamente, testemunhos bastante válidos, com algumas pessoas de reconhecido e justificado destaque,que viveram ..."na pele"...imensas situações que nunca mais podem ser esquecidas,nem abafadas !
Esse seu testemunho,oportuno,é assim e agora inegável e não se compara com os que utilizou anteriormente para se basear na sua lamentável Reportagem dos..."ANOS DOURADOS EM ÁFRICA"...!
Agora,neste seu..."S.O.S. ANGOLA", a própria Autora reconhece,tacitamente,o quanto havia de errado ou de menos verdadeiro naquelas precipitadas e mal apoiadas conclusões ! Citemos apenas alguns casos :...
-- "NOTA INTRODUTÓRIA"..." -- ..."Perante a ocupação das suas casas,as ameaças à integridade física e os confrontos diários que se registaram em todo o território angolano desde o início do processo de descolonização,só lhes restava uma saída : fugir. Muitos nunca tinham estado em Portugal."... "R.G. Junho de 2011"..- Pgs.9/10" ... --
-- ..."Maria Laura Mendes ...naquele fim de Julho. Lembrava-se bem do que acontecera na casa dos vizinhos do lado : os movimentos de libertação tinham-na invadido,roubado o que queriam e, no fim,partido o que sobrara. Além disso, a fazendeira conhecia demasiados casos de gente ferida,mutilada e morta às mãos do MPLA,da FNLA e da UNITA" ... - Pgs. 52 --
-- ..."FNLA, MPLA e UNITA nem sempre aceitavam de bom grado a saída dos brancos, especialmente quando se faziam acompanhar de alguns dos seus bens..." --- ..."Com o aproximar da data da independência, a posição dos movimentos tendia a endurecer. Mais do que uma vez colocaram entraves ao embarque das populações nos aviões da tropa portuguesa..." -- Pgs. 210 --
-- ..."Há vários meses que tinha intenção de aprofundar o tema,mas o início da investigação foi-se prolongando até Outubro..." -- Pgs. 231 --
--- ..."Falar sobre os últimos momentos de uma vida próspera que se troca por uma mão cheia de incertezas não é uma tarefa fácil,nem mesmo 36 anos depois. Expresso a minha profunda admiração por todas as pessoas que aceitaram contar-me as suas experiências e a forma genuína como me relataram o êxodo para Lisboa. Só as suas memórias permitem perceber a dimensão e a brutalidade da evacuação em massa de um território.A minha gratidão por cada um dos meus entrevistados é inestimável" ...
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-- Assim,agora,tenho de reconhecer e louvar sem artifícios literários, que RITA GARCIA apresentou um bom trabalho,bem fundamentado e baseado em inegáveis testemunhos. A "verdade é como o azeite"...acaba sempre por surgir à superfície !...
-- No entanto,nem tudo é completamente perfeito nestas andanças. Encontro algumas afirmações que não deviam ser generalizadas . Todos sabemos e sofremos com os deslizes do desenvolver desesperado para alcançar uma conclusão satisfatória da "PONTE AÉREA".
A situação não era fácil. Houve colaboradores excepcionais e incansáveis. Houve situações e circunstâncias quase inacreditáveis,como já temos afirmado e também divulgado publicamente. Mas,não tenho,não li,nenhum outro documento,entre várias dezenas,de que muitos ex-residentes ultramarinos "refugiados",foram transportados como carga,nem em casas de banho(talvez porque no Aeroporto não havia casas de banho disponíveis,nem suficientes para tanta gente em aflição!)...
O total geral desses "refugiados" que está mencionado com destaque na capa("cerca de 200 mil") e,na contra-capa,("quase 200 mil"),em contradição com o referido e provado no texto, não corresponde à realidade que foi,segundo outras fontes bem fidedignas,oficiais,em número bastante superior,tanto mais que muitos foram os que não utilizaram a dita "PONTE" para "LISBOA". Por uma questão de segurança pessoal e, mesmo às suas custas,já tinham viajado para : PORTUGAL, BRASIL e ÁFRICA DO SUL. Assim,foram deslocados talvez mais do dobro do que ali se afirma,o que pode ser constatado também noutros respeitáveis blogues,como temos revelado !
-- Durante os últimos três anos em ANGOLA,vivi com a família(mulher e três filhos menores)numa das mais consideradas arriscadas regiões (distrito do BIÉ -- onde estavam os três ditos "Movimentos",em conjunto ou em conflitos alternados),mas só dali saímos porque as entidades civis e militares nos deixaram completamente desamparados,após falsas promessas e apenas ainda a tempo de utilizar a "PONTE AÉREA DE NOVA LISBOA" !...Mesmo assim ainda tivemos de ali aguardar cerca de 30 dias de grandes apertos e inseguranças diárias em consequência dos desentendimentos desses "Movimentos" !...
--- No entanto,segundo pensávamos,ainda estávamos em "TERRITÓRIO PORTUGUÊS" e sob a responsabilidade do seu Governo !
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--- Ora bem,se os referidos e diversos testemunhos(entrevistas) que menciona a pgs.251-252 e 253 -,só foram recolhidos em vários locais durante o período decorrido entre JANEIRO e ABRIL de 2011,absolutamente contrários do que acusara a Autora,e portanto já depois da nossa intervenção em OUTUBRO de 2010,isso só prova que realmente tínhamos razão : ..."OS ANOS DOURADOS..."nunca existiram para a maioria dos ex-residentes,mas sim para uma dúzia de descarados oportunistas,aliás como está e continua bem à vista a cada dia que chegam notícias daquelas bandas, onde impera o luxo,o novo-riquísmo desde os jovens aos adultos (a meias com os oportunistas continentais que antes tanto condenavam os "exploradores coloniais", enquanto uma grande parte das suas desgraçadas populações é realmente posta de lado !
-- RITA GARCIA, agora é a vez de me penitenciar e faço-o dando ...a mão à palmatória"...: Desta vez apresenta aos PORTUGUESES, e aos ANGOLANOS,em especial aos ex-ultramarinos que antes foram moralmente ofendidos, uma boa obra. Foi um bom serviço cultural e social,a bem da razão e da verdade que tantos teimosamente prefeririam continuar ocultando aos olhos do Mundo.
Prossiga nessa linha,nessa luta, porque vai bem encaminhada e será também bem apreciada. Às vezes o mais difícil é não querermos reconhecer os erros que vamos praticando,mesmo com prejuízo de terceiros !
-- Esse talvez venha a ser,de novo,um justificado e necessário "S.O.S. - ANGOLA"... afinal a "PONTE" de que tanto estamos necessitando !
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------- (Roberto Correia) --- sourreia2@gmail.com --- COIMBRA,22/09/2011 ---
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------ 20) --- QUANDO A "ORDINARICE" PASSA A SER CULTURA ------
Talvez por mera casualidade ou pela influência do seu título (destacado na capa e dos "estranhos" comentários de reconhecidas personalidades inseridos na sua contra-capa (*),foi-me oferecido o livro "CADERNO DE MEMÓRIAS COLONIAIS" - 4ª Edição - 2010 - da autoria de ISABELA FIGUEIREDO, natural de LOURENÇO MARQUES (1963),onde residiu com seus pais (continentais)até 1975, ou seja apenas permaneceu naquela ex-Província Ultramarina Portuguesa e só durante os seus primeiros 12 anos !
Esse título do seu livro,também por coincidência,despertou o meu interesse até porque possuo na minha modesta biblioteca, entre muitos outros, diversos pequenos livros duma serie intitulada "CADERNOS COLONIAIS", constituída por 60 números das "EDIÇÕES COSMOS" -- 1936 -- Rua das Gáveas,115 - LISBOA - e da "EDITORIAL COSMOS" -- Rua do Mundo, 100 - 2º -- LISBOA -- Essa é realmente uma valiosa publicação de "MEMÓRIAS" com interesses Históricos e Coloniais. Agora, o "CADERNO DE MEMÓRIAS COLONIAIS", da citada Autora, publicado em 2010,quase nada tem a ver sobre esse importante ponto de vista,num total de 168 páginas (onde cerca de 40 estão completamente "brancas" e mais umas 15 "quase-brancas" !)...
Tudo isso seria o menos importante se nos afastássemos do seu conteúdo que, especialmente desde a página nº 13 até à página nº 38, são de um flagrante e indecoroso mau gosto,atingindo por vezes o carácter da "ordinarice" e duma discriminação racial evidente, chocante,chegando a classificar os nativos (ditos "pretos")como simples animais ! (**).
"PRETO" é um termo incorrecto e que os NEGROS consideram ofensivo (***). Aliás,a ÁFRICA não é "PRETA", mas sim "NEGRA", bem como a raça é dita "NEGRA", incluindo em muitos casos a designação de "MESTIÇA". Foi lá que os NEGROS nasceram, ou mesmo, foi lá que se verificou ser a origem do HOMEM !(+)-
No seu estranho "CADERNO COLONIAL" apresenta e talvez defenda pontos de vista sociais pouco convenientes ou nada dignificantes, especialmente para a "MULHER BRANCA OU NEGRA" !(****)
Estas e outras das nossas afirmações, são bem evidenciadas em certas frases (da referida Autora) de que a seguir transcrevemos, com a devida vénia, e apenas algumas para apreciação pública,tal o repúdio que devem merecer das pessoas sensatas e bem formadas :
..."(*) - Isabela Figueiredo publicou um dos livros mais tentadores da estação. Isabela é rápida no gatilho, escreve muito,muito bem "... -- Francisco J. Viegas -- LER "... --
..."Um texto parcial,violento,escrito como se escrevem cadernos : com o fantasma da verdade sempre ao lado"... Gustavo Rubim - Público "...
..."uma obra imprescindível para compreender o sentido (ou sem sentido)da nossa presença em África" ... - Eduardo Pitta, Público "...
..."(**) - "Um branco e um preto não eram apenas de raças diferentes. A distância entre brancos e pretos era equivalente à que existe entre diferentes espécies. Eles eram pretos, animais. Nós éramos brancos, éramos pessoas, seres racionais..." (pag. 35) --
...(***) - "Um homem negro, por muito civilizado que fosse, nunca seria suficientemente civilizado. O meu pai revoltava-se quando encontrava uma branca com um negro, já depois do 25 de Abril, em Portugal... Respondia-me que eu não sabia, que um preto nunca poderia tratar bem uma branca, como ela merecia. Era outra gente. Outra cultura. Uns cães. Ah, eu não entendia. Ah, eu não podia compreender. Ah,eu era comunista. Como é que tinha sido possível eu dar em comunista ? ..." -- (pgs. 14/15) -
... "Éramos brancos,queríamos lá saber o que faziam os pretos ao nosso lixo, desde que desaparecesse..." -- (pg.37) --
...(****) ..."A metrópole era suja,feia,pálida,gelada. Os portugueses da metrópole eram pequeninos de ideias,tão pequeninos e estúpidos e atrasados, e alcoviteiros. Feios,cheios de cieiro,e pele de galinha, as extremidades do corpo rebentadas de frio e excesso de toucinho com couves. Que triste gente !Divertiam-se a mofar connosco, atirando-nos à cara que estava difícil,pois estava,que aqui não havia pretinhos..."para nos lavarem os pés e o rabinho, que tínhamos de trabalhar, os preguiçosos de merda,que nunca fizeram a ponta dum corno pela vida,que nunca souberam o que era construir uma vida e perdê-la,os tristes, os pequeninos,os conformados. Sabiam lá eles o que eram os pretos, e o que éramos nós e o que tinham acabado de viver,cobardes filhos de uma puta brava.Insignificantes cabrõezinhos, se eu havia de dizer a verdade. Os lerdos das ideias ,lentos,com conta no Montepio, doentes dos olhos por olhar de viés para esses gajos que vêm cá roubar o pouco que é da gente, que a gente cá tem, esses retornados, tão altivos como príncipes que perderam o trono, e que hão-de recuperá-lo, julgam eles,oh, se não ! porque nada atiça as ganas como perder,e perder bem, à americana.Tão feios, tão pobres de espírito esses portugueses que ficaram, esses portugueses de Portugal, curtidos de vinho do garrafão. Feios, sombrios,pobres,sem luz no rosto nem nas mãos. Pequenos"... (pgs. 123) -- .
-- Esse livro/caderno de ISABELA FIGUEIREDO ("CADERNO DE MEMÓRIAS COLONIAIS") nem merece ficar numa das estantes da minha biblioteca, assim como alguns outros pouco recomendáveis, oportunistas,politiqueiros,mas sim bem afastados dos muitos outros, de verdadeiros e ilustres escritores nacionais e estrangeiros.
Esses pouco aconselháveis infelizmente circulam até por mãos inocentes ou de frágil preparação. Muitas das passagens dessa obra, dita..."imprescindível"...nem são dignas de qualquer transcrição, tamanha é a sua baixeza,como sendo o tal "lixo" de indiferente destino, ou por nem sempre corresponder à verdade dos "FACTOS" !...
-- Essa obra de ISABELA FIGUEIREDO acaba por ofender muita gente : Continentais, Ultramarinos,Ex-Ultramarinos, Africanos,ou seja : NEGROS,MESTIÇOS,BRANCOS..., bem ao contrário do que defendem certas individualidades !...
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-- (+) - Como curiosidade e ainda com referência ao texto acima apresentado, iremos transcrever :
..."Lucy, com apenas 1,50 de altura, e o viçoso Rapaz de Turkana, causam uma imensa comoção. Apesar de silenciosos,os seus ossos falam-nos, atravessando o abismo temporal que nos separa"..." É impossível extrapolar a importância dessas ossadas para a compreensão da nossa herança evolutiva,confirmando a sequência linear dos nossos antecessores,tal como sugeriu Darwin. Há cinco milhões de anos, os antepassados de Lucy e da sua tribo abandonaram a segurança da floresta para caminharem erectos, na savana da África Central..." (pgs. 59) --
..."Ao longo dos últimos cinco milhões de anos, novas espécies de hominídeos surgiram regularmente, competiram,coexistiram, colonizaram o ambiente e vingaram ou fracassaram"... -- "Os métodos da Nova Genética confirmaram que todas as raças humanas -- Negras, Caucasianas, Asiáticas e daí por diante -- são geneticamente idênticas e que, portanto, todos descendemos de uma nova espécie inteiramente diferente -- Homo sapiens, nós próprios -- que se presume ter surgido na África Oriental ou Central, em 120.000 a.C., antes de começar a disseminar-se e a colonizar o mundo..." -- (pgs. 71) --
-- Estas duas últimas transcrições foram extraídas parcialmente da obra : "PORQUÊ NÓS ? " -- O mistério da nossa existência" -- de JAMES LE FANU -- Editora Civilização - 2009 --
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--- Texto e transcrições coligidas por : ROBERTO CORREIA - (sourreia@gmail.com) -- ou -- (sourreia2@gmail.com) -- Coimbra,30/12/2012 --
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--- 1) - Perante esta extraordinária obra de SARAH ADAMOPOULOS, não é possível deixar de sentir um tremendo "aperto emocional",um estrangular das duras verdades tornadas ainda mais reais,sobretudo por quem teve a infelicidade de as sofrer directamente.
Todo este corajoso e polémico trabalho acordará por certo as "adormecidas" consciências de muitos ilustres e convencidos políticos (governantes civis e militares) que tentaram ao longo dos anos (e tentam) camuflar tristes e amargas realidades. As consequências imediatas de tantos disparates,intencionais ou estúpidos, já estão bem à vista e,infelizmente, atingindo acima de tudo os mais fracos,os mais desfavorecidos ,afectados pelos "aconchegos" partidários ! Porém, a dura verdade ameaça tremenda e inexoravelmente os mais jovens,para quem as famosas e fáceis "altas tecnologias" de pouco lhes estão valendo num país tão desigual, descomandado, descontrolado e imensamente corrupto, em que muitos dos seus maiores e piores responsáveis são identificados por "pulseiras electrónicas", quase um luxo penitenciário !...
--- 2) - Vamos iniciar com uma apreciação parcial dessa obra pelas indesmentíveis opiniões e narrativas dos seus entrevistados directos e das diversas afirmações com que alguns bem reconhecidos pensadores (nacionais e estrangeiros) classificaram essa monstruosa "DESCOLONIZAÇÃO",estupidamente designada "EXEMPLAR" por espantosos "exemplares humanos" que há muito deviam terem sido afastados dos tachos e do aconchego que continuam escandalosamente mantendo,acumulando e ofendendo os que são efectivamente os dignos representantes dum POVO de brandos costumes (demasiados brandos) e que já deviam terem sido crucificados na PRAÇA PÚBLICA.
--- 3) - Assim,baseado no ÍNDICE e nas Notas do "PREFÁCIO" de DIANA ANDRINGA e nos textos da Autora (SARAH ADAMOPOULOS), começarei por salientar, em lista alfabética, os destacados "TESTEMUNHOS" desses interlocutores e as suas situações ali divulgadas - -(ver em "OPINIÕES" (+++) -- (com indicação das respectivas páginas) --, deixando para posterior oportunidade a adequada apreciação global dos textos da Autora, SARAH ADAMOPOULOS, missão certamente difícil de cumprir !... No entanto, será com um total agrado,tanto mais que se trata de uma das rubricas mais destacadas dos meus próprios blogues e que assim serão duplamente enriquecidos !
----- PARABÉNS SARAH --
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----OBS (+++) -- Ver em : 02) - IV) - "OPINIÕES" -- (rubrica seguinte deste mesmo blogue) : --
--- LISTA DOS ENTREVISTADOS E DAS DIVERSAS PERSONALIDADES INTERVENIENTES NESSA OBRA,OS SEUS PRINCIPAIS LOCAIS DE VIVÊNCIA OU FUNÇÕES EXERCIDAS :
--- Abel Cardoso (Moçambique - pgs.248/261) --- ) - Aida Viegas (Aveiro) (pgs.149/156) --- Álvaro Garrido (Historiador -- contra/capa) --- Alzira Melo ((pgs. 30/40) --- Armandina Costa Cidrais (Timor/Angola) -- (pgs.125/129) --- António Almeida Santos (Portugal - Ministro) -- Ataíde Barata Diniz (Portugal) -- (pgs.177/183) --- Emília Pereira (Lubango) -- (pgs. 210/218) --- Fernando Diniz Guimarães (Lubango) -- (pgs. 127/128) --- (Gilberto Freyre (Brasil - escritor) --- Gilberto Munana (?) --- Helena Ferro de Gouveia (Bissau) -- (pgs.277/280) --- Isabela Figueiredo (Moçambique - escritora) (Pg. 253) --- Isabel Corrêa de Pinho (Angola) -- (pgs.219/227) --- Joaquim Serra (Angola - escritor) (pgs.157/168) --- João Paulo Guerra (escritor) -- Jorge Rodrigues (Angola) -- (pgs.43/58) --- José Lourenço (Portugal /Angola) -- (pgs.169/176) --- José Xavier Ezequiel (Angola/Moçambique) -- (pgs.228/237) --- Madalena Lourenço (Portugal/Angola) -- (pgs. 207/210) --- Manuel Gonçalves C.Ferreira (pg.125) --- Margarida Rua (S.Tomé / Angola) -- (pgs.131/139) --- Maria Imaculada Soares (Timor ?) -- (pgs.117/120) --- Maria Raquel Correia (Angola - Professora do Ensino Oficial -) -- (pgs.66/86) --- Mário Alberto Pires (Cabo Verde) -- (pgs.88/105) --- Miguel Torga (Portugal - escritor) --- Nuno Pereira Rosa (Guiné) -- (pgs.195/203) --- Olinda Gil (Portugal/Moçambique) -- (pgs.238/244) --- Pedro Caria (Angola) -- (pgs. 262/271) --- Pedro Pezarat Correia( militar - escritor) -- Roberto Correia (Angola - Pgs. 66 a 86) --- Rui Pena Pires (escritor ) -- (Pgs.61/65) --- Sita Valles(Cabinda) -- (pgs. / ) --- Valdemar Raposo (Angola) -- (Pgs.184/193) --- Valter Hugo Mãe (Angola - escritor) - (Pgs.272/277) --- Vasco Vieira de Almeida (Portugal - Ministro - escritor) -- ...
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--- 4) TRANSCRIÇÃO PARCIAL DE ALGUMAS NOTAS EXTRAÍDAS DO PREFÁCIO DE DIANA ANDRINGA :
-- "A ÁFRICA EM NÓS" --
..."Não sei já ao certo o ano,mas seria,penso,na segunda metade da década de 70."..."Moçambique doía-lhe como doem,dizem,os membros dos amputados:lá onde já não estão. Doía-lhe , até quase lhe falhar a voz,tudo o que Moçambique representava. Doíam-lhe a flora tropical,o calor húmido,as cores do pôr do Sol,o espaço."... - O D de descolonização significava também a perda de um espaço onde a vista se perdia e o encerramento numa cela estreita,cinzenta,onde faltavam as cores,os cheiros,os sabores,os sons,os animais e as plantas que guardavam na memória"...
... "Ou,como escreve uma das entrevistadas de Sarah Adamopoulos, Madalena Lourenço,..."O vosso mundo não tem espaço.Aqui não cabe o verdadeiro tamanho de um imbondeiro. A mesma Madalena que se sente "demasiado africana para ser completamente portuguesa"...(pgs. 12) --
..."Em 1975,à chegada a Portugal,Pedro Caria recebeu esse epíteto de "português de segunda como... "uma maneira de nos fazerem sentir que estávamos a mais, que não havia lugar para nós"."..."A minha própria mãe dizia que nós,os filhos dela,nascidos em Angola, éramos portugueses de segunda,porque os de primeira eram os que estavam cá"...
... "Em Portugal fomos recebidos com hostilidade por parte de muitas pessoas que nunca tinham saído daqui", recorda Aida Viegas. Geraram-se situações muito desagradáveis"... "Em Angola podia haver aquele ambiente um bocado tenso entre os brancos e os pretos,mas foi quando cheguei a Portugal que descobri o verdadeiro racismo. Os portugueses receberam-nos muito mal, e durante muito tempo fomos maltratados e apelidados de ladrões de pretos", desabafa Ataíde Diniz."...Vinda de Moçambique,Alzira Melo recorda como,no novo emprego,a chefe a apresentou aos restantes colegas,dizendo :"A Alzira vem trabalhar connosco,mas eu não concordo,porque ela é retornada." (-- pg. 13) -
..."Exactamente aquilo de que se lembra Isabel Corrêa de Pinho : "Claro que a razão principal para nos terem recebido tão mal foi pensarem que vínhamos roubar-lhes os postos de trabalho (...) Fomos mal aceites e olhados com muita desconfiança,nomeadamente por causa da liamba (...) Outra coisa de que não gostavam muito era das nossas roupas, que consideravam indecentes,demasiado garridas ou demasiado informais"...
..."Quanto ao atraso da população da então "Metrópole",Emília Pereira recorda que a aldeia para onde foi viver ,terra da avó, "vivia, ainda nessa altura,na Idade Média.". Pedro Caria sentiu que tinha vindo "para um país de brutos, onde as mulheres,sempre vestidas de preto,tinham bigode e cheiravam ao fumo das lareiras". Valter Hugo Mãe considera que se sentia ainda "o lastro da ditadura"., "porque nem a democracia se ensina num dia,nem num dia o fascismo se apaga das convicções das pessoas". "Nem o fascismo nem uma memória edulcorada do colonialismo, a ficção, de uma colonização "português-suave",com ressonância da Ceia dos Cardeais, Júlio Dantas revisto por Gilberto Freyre : "Como é diferente o colonialismo em Portugal ! (...) O colonialismo simplicidade ,o colonialismo delicadeza...Ai,como sabe colonizar a gente portuguesa !"...
..."Margarida Rua recorda que esses ataques "nos deixaram a todos muito admirados e demonstraram haver outras mãos por detrás a manobrar aquilo. (...) Porque os africanos que conhecíamos eram demasiado pacíficos para estarem à frente daqueles massacres"...Aida Viegas refere também "forças vindas do exterior" que instigariam a revolta negra pós 25 de Abril : "As manifestações nas ruas começaram a surgir e a assustar-nos,porque havia nelas guerrilheiros,vindos do mato,muito agressivos, alguns nem seriam angolanos,mercenários,sim"... (pgs. 14/15) ...
..."Devíamos ter feito um período de transição,de passagem do testemunho, em que sendo eles os soberanos pudessem ter contacto connosco como colaboradores",diz Valdemar Raposo. E querendo criticar a "descolonização" a que ironicamente acrescenta o "exemplar",condena,de facto,a ficção dos quinhentos anos de colonização portuguesa,teoricamente movida pelo desejo de civilizar" ...
..."Isabel Figueiredo,tão bem descreve no seu Caderno de Memórias Coloniais : ..."Um desterrado como eu é também uma estátua de culpa. E a culpa,a culpa,a culpa, que deixamos crescer e enrolar-se por dentro de nós como uma trepadeira incolor,ata-nos ao silêncio,à solidão,ao insolúvel desterro."...(pg.15) --
..."No Dundo,onde nasci e nasceu também o meu primeiro filho de Valdemar Raposo,um dos entrevistados que refere essas "saudades dos portugueses",reformados angolanos da antiga Diamang perguntaram também para a minha câmara porque não voltam para lá os reformados portugueses da companhia,para,juntos,desenvolverem a região. Mas ao fazê-lo não esqueceram o trabalho compelido,o passe para circular,os castigos corporais,a discriminação racial. Sabem é que,agora,já não seria assim. "É que",como resumiu o soba Gilberto Munana, "agora já somos pessoas"... (pg.16)
........ ---- (DIANA ANDRIGA) ---- ........
--- 5) ----- As transcrições parciais de alguns textos da referida obra e autora, SARAH ADAMOPOULOS e de diversas "OPINIÕES" (**) dos seus entrevistados, ainda não referenciados no citado "PREFÁCIO", estão incluídas na rubrica seguinte,neste mesmo blogue : ( --- (02) - IV) - "OPINIÕES -- OUTROS TEMAS - A REVOLUÇÃO E OS PROBLEMAS DA PRECIPITADA DESCOLONIZAÇÃO"...) :
........................ (em actualização) .........................
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======================== "As razões deste livro" =========================
----- 1 - "Deixo desde já uma advertência : nunca estive na África de língua portuguesa nem tenho ligações familiares aos antigos territórios portugueses ultramarinos. Portuguesa de origens europeias dispersas (nomeadamente gregas), conheci os chamados "retornados" quando tinha dez ou onze anos e a minha mãe via com preconceituosos maus olhos que frequentasse as casas deles -- onde,por detrás de portas que se diziam todas invariavelmente blindadas (à prova de revoluções que ainda haveriam de vir),se guardava o produto das "pilhagens dos infames". O comunismo tomava então as formas que o feroz anticomunismo da longa ditadura determinara : assim parece acontecer com as resistências premiadas pelos desenlances da História".
..."E assim perdi a minha amiga retornada,vinda de Moçambique,creio,que vivia,com efeito, numa casa de portas blindadas,onde havia móveis feitos de madeiras que eu não conhecia e artefactos africanos que evocavam mundos superlativamente enigmáticos para mim. Hoje sei que as famílias como a dela constituíram uma minoria,dado que a maior parte dos retornados (e refiro-me aos que retornaram de facto,excluindo os que chegaram pela primeira vez a Portugal) voltou ao ponto de partida tão miserável como havia partido, e tendo por nova riqueza apenas a experiência dessas viagens,e do contacto com os povos colonizados pelos portugueses - o que, no país português da época,constituía ainda assim considerável património pessoal. Interessada em compreender a sociedade portuguesa dos nossos dias, a que pertenço,e de que, como escritora dela, participo,sou compelida para as narrativas sobre o regime deposto em 25de Abril de 1974 - nas suas formas remanescentes, que silenciosamente se transmitem de geração em geração,determinando muito daquilo que somos hoje como povo. Uma parte desse trabalho alimentou a minha escrita jornalística ao longo dos vários anos em que abordei o país português de que somos herdeiros,tendo colhido centenas de testemunhos orais, dispersos por reportagens e entrevistas de chamada temática social (na gíria jornalística designados por grandes temas de sociedade)e crónicas publicadas na imprensa"...(pgs.17/18)--
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----- 3 - ... "O desmantelamento do velho império gerou um dos maiores movimentos populacionais de repatriamento de europeus desde o pós-guerra e,apesar das grandes dificuldades experimentadas pelos governantes portugueses na gestão daquelas conjunturas pós coloniais,foi possível resgatar com integridade física a maioria dos que consideraram não haver outra hipótese senão voltar para Portugal ou procurara exílio na antiga metrópole.Porém,chegados a um país em plena transformação ,ideologicamente adverso ao que representavam, a sua chegada a Portugal não foi um mar de rosas,nem nada que se pareça...." (pg. 20) --- ..............
...."Uma urgência que não acautelou os interesses de muitos dos seus cidadãos cujos modos de vida dependiam de África,acusam,perdedores de uma causa inexoravelmente fracassada pela aliança ideológica entre os militares portugueses que arriaram a bandeira portuguesa naqueles territórios e os independentistas que içaram as suas.às dores do fracasso de uma negociação (que alguns afirmaram ter defendido naquele momento) tornada impossível pelo curso dos acontecimentos,acrescentaram-se o caos, o terror e o abandono que sucedeu à repentina desautorização do Estado português no momento da descolonização. Nesses dias em que foram largados às feras "anti-imperialistas",muitos temeram pelas suas vidas. Ficam nestas páginas narradas algumas dessas dramáticas histórias pessoais, que revelam o abandono muito concreto a que foram votados tantos portugueses fixados naqueles territórios no momento da descolonização. Um abandono que, apesar de decorrente da grande instabilidade política e social então dominante e da impossibilidade para a conter, a maioria ainda hoje não concebe. " -- (pgs.21) -- ...........
----- 4 - ..."Independentemente de questões ideológicas (posição difícil,como se verá pela leitura do que fica agora publicado), a realidade do refúgio sobrepôs-se à do retorno, e com ela várias outras,à cabeça, pela sua dimensão política e social, a do exílio - a do desterro perpétuo para os mais velhos,já nascidos nesses lugares distantes, e refiro-me aos descendentes dos colonos oitocentistas. Pessoas que,embora nascidas nos territórios que eram também Portugal,não eram bem portuguesas,sendo as suas vivências muito diversas das nossas, apesar da língua que unia (e une ainda) os habitantes desse enorme país que ia "do Minho a Timor". E esses refugiados chegaram na maior parte dos casos (à semelhança dos que "retornavam" de facto,embora também eles refugiados,aqui aportados na sequência do êxodo motivado pelo terror) com uma mão atrás e outra à frente, e o peito cheio de indignação. "...- (pgs. 22) --...
----- 5 - ..."-- Fiz-me sua (de todos deles)confidente,e ouviu-os amorosamente,tanto quanto possível sem peias ideológicas a estorvar o entendimento e a compreensão daquilo por que haviam passado."..."Uma confidente que ouviu as suas histórias e aceitou que assumissem posições por vezes controversas..." - " Mas nem só aos antigos colonos quis estender esse espelho,tendo-o também feito aos portugueses continentais,nunca saídos de Portugal e que receberam os retornados e refugiados cheios de acusações,naquele momento em que se viram livres ,tanto para serem intransigentemente comunistas como para maltratarem quem não quisesse sê-lo,rotulando-os de "faschistas,imperialistas" ou,.mais prosaicamente,reaccionário - que dependendo deles, não passariam . E também aos povos nesse momento descolonizados estendi o mesmo espelho,aos que, renegando uma longa história de convívio com os portugueses,se viram quanto a eles livres para matarem tantos brancos então desaparecidos - impedindo que muitos mais permanecessem nos territórios que então mudavam de mãos,impossibilitando a construção em conjunto de Angola ou Moçambique tornados Estados independentes de Portugal."... (fls. 23/24) --
----- 6 - ..."O livro está dividido em três partes, a que correspondem outros tantos grupos de testemunhos,reunidos de acordo com as diferentes experiências do retorno. A primeira intitula-se "Chegar" e incluiu os relatos de pessoas que, na maior parte dos casos,nunca tinham vindo a Portugal antes do 25 de Abril - ou seja,os descendentes dos colonos oitocentistas, a que se acrescentou o testemunho de uma timorense,também ela chegada a Portugal pela primeira vez na sua vida com o advento da invasão indonésia daquele território. A segunda parte, "Voltar",narra diferentes experiências vividas pelos nascidos e criados em Portugal que,nalgum ponto das suas vidas,"emigraram" para as antigas colónias em busca de uma vida melhor,por vezes seguindo o exemplo de familiares que já o haviam feito. Incluem-se também nesta parte o testemunho da mulher de um oficial de Marinha (em representação desse vasto grupo que foi o das famílias dos militares enviados para a África portuguesa durante o antigo regime e a guerra colonial)e o da mulher dum português nascido em Angola(que o casamento levou para aquele país). Finalmente, a terceira parte, "Quem era eu antes de chegar a Portugal ?", aborda o caso dos filhos dos retornados, chegados a Portugal ainda crianças ou muito jovens e para quem o retorno foi,em muitos casos,vivido com grande perplexidade - constituindo amiúde um momento traumático. O corte abrupto (e na altura nunca bem explicado pelos adultos) com as realidades até então conhecidas gerou neles problemas identitários que revelam a imensa zona de não ditos que ainda cobre a memória da descolonização.".... "...Apesar da prevalência das histórias relacionadas com Angola(de onde veio a esmagadora maioria dos retornados), o livro cobre a totalidade dos antigos territórios colonizados pelos portugueses até 1974,começando justamente por abordar o caso de Goa - a primeira colónia perdida, cuja "descolonização" forçada anunciou desde cedo a obstinação cega do regime num conflito colonial condenado ao fracasso"...(pgs.25/26) -- ..
------ "CHEGAR" : - 1 -- ..." Em 1969,aquando da visita de Marcelo Caetano aos principais territórios africanos portugueses a pretexto de um pacote de reajustes administrativos na gestão colonial,o regime desvalorizou a luta dos movimentos de libertação,considerando-os "pequenos grupos" sem importância,cuja acção não refletia "a vontade da maioria"..." - (pg. 29) --
--------- ÍNDICE GERAL :
------ I ) -- "CHEGAR" :
--- "A DERROTA AMARGA DE GOA" - ... -- (pgs.30/34) --
--- "GOESES NO MOÇAMBIQUE COLONIAL"... -- (pgs. 34/42) --
--- "DESAPARECIMENTO SÚBITO DO PORTUGAL COLONIAL" -- ...(pgs.43/45) --
--- "OS FILHOS DOS PRIMEIROS COLONOS" -- ...(pgs.45/47) --
--- "QUANDO "VOLTAR" FOI CHEGAR A PORTUGAL PELA PRIMEIRA VEZ" --... (pgs.47/58) --
--- "EXÍLIO NO PORTUGAL DE ABRIL" -- ... -- (pgs.59/65) --
--- "RETORNADOS UNIDOS" -- ... (pgs. 66/71) --
--- "OS NOVOS ESTRANGEIROS E APÁTRIDAS" -- ...(pgs. 71/75) --
--- "DESALOJADOS" - UM NOVO ESTATUTO EM 1975" -- ... (pg.76) --
--- "OS LUSÍADAS DE ANGOLA" ... -- (pgs.76/79) --
--- "NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS" PRECÁRIOS" ... -- (pgs.79/86) --
--- "NEGOCIAÇÕES SOCIAIS QUE TARDAM" ... -- (pgs.87/88) --
--- "MORRER PACIFICAMENTE À FOME EM CABO VERDE"... -- (88/89) --
--- "NO LICEU EANES COM LUÍS CABRAL"... -- (pgs.89/90) --
--- "TARRAFAL" ... -- (pgs. 91/93) --
--- "EMERGÊNCIA HUMANITÁRIA DURANTE O PROCESSO DA DESCOLONIZAÇÃO" ...--(pgs. 93/95) --
--- "SEGREGAÇÃO RACIAL NA ANGOLA COLONIAL" ... -- (95/97) --
--- "1961 : O COMEÇO DE UM LONGO FIM"... -- (pgs.97/105) --
--- "DO MINHO A TIMOR" ... -- (pgs. 106/107) --
--- "PORTUGAL COMO SÍMBOLO DA RESISTÊNCIA" ... -- (pgs. 107/109) --
--- "DESCOLONIZAR "RAPIDAMENTE E EM FORÇA"... -- (pgs. 109/112) --
--- "ABANDONO DE TIMOR"... -- (pgs. 113/115) --
--- "ÊXODO E RESISTÊNCIA PÓS-INVASÃO"... -- (pgs. 115/116) --
--- "DE TIMOR PARA O VALE DO JAMOR"... -- (pgs.117/120) --
------ II) - "VOLTAR" (pgs.123/125) -- :
--- "OS FILHOS DA PÁTRIA EXÓGENA"... -- (pgs. 125/129) --
--- "A DESCOLONIZAÇÃO DE S.TOME...*(pgs. (129/131) -
--- "VISÕES DO COLONIALISMO PORTUGUÊS EM SÃO TOMÉ" ... -- (131/134) --
--- "AS REUNIÕES NOCTURNAS DA MARINHA" ... -- (pgs.134/135) --
--- "SÉCULOS DE COLONIALISMO "PACÍFICO" ... -- (135/139) --
--- "RACISMOS DE UMA MESMA RAIZ" ... -- (Pgs.140/142 --
--- "LIBERTAÇÃO DO ESTADO PORTUGUÊS"... -- (pgs.142/144) --
--- "O MAIOR ÊXODO"... -- (pgs.144/148) --
--- "ENCAIXOTAR A VIDA NUMA VERTIGEM" ... -- (pgs.148/149) --
--- "ESCREVER É LEGAR UMA MEMÓRIA"... -- (pgs.149/156) --
--- "OS SUSSUROS DOS MILITARES EM ANGOLA"... -- (pgs.157/159) --
--- "DESCOBRIR DE TRAINEIRA O CAMINHO MARÍTIMO PARA PORTUGAL"... -- (pgs.159/161) --
--- "A DIFERENÇA ENTRE OS HOMENS" ... -- (pgs.161/168) --
--- "A GUERRA MAIS LONGA"... -- (pgs.169/176) --
--- "A TENSÃO COLONIAL EM ANGOLA"... -- (pgs.177/183) --
--- "ANTES OS RISCOS DA GUERRA À PAZ PODRE"... -- (184/185) --
--- "DA "VOCAÇÃO AFRICANA" DOS PORTUGUESES"... -- (pgs. 185/187) --
--- "INTERDEPENDÊNCIAS"... -- (pgs.188/193) --
--- "A INDIVISIBILIDADE DO IMPÉRIO E A DESCOLONIZAÇÃO INFORMAL DA GUINÉ"...(194/5) -
--- "NASCER E CRESCER NA GUINÉ COLONIAL"... (pgs.195/198) --
--- "O "OUTRO MUNDO" QUE ERA PORTUGAL"... (pgs.198/199) --
--- "A DERROTA DA AVENTURA COLONIAL"... -- (pgs.199/203) --
------ III) - "QUEM ERA EU ANTES DE CHEGAR A PORTUGAL ? "... --
- "IDENTIDADES PÓS-COLONIAIS" ... (pgs.205/208) --
--- "SER DA ALDEIA DE TORGA E DOS MORROS DE PEPETELA"...(pgs.208/210) --
--- "OS ANGOLANOS EM PORTUGAL"... -- (pgs.210/218) --
--- "A CASA DA ILHA"... -- (pgs.219/220) --
--- "PROSPERAR EM ANGOLA POR TEMPOS DE REBELIÃO"...(pgs.220/227) --
--- "O RETORNADO COMUNISTA"... -- (pgs.228/230) --
--- "ÁFRICA DO SUL : "A AMÉRICA DA ÁFRICA"... -- (pgs. 230/232) --
--- "A DUPLA TRAGÉDIA DE ALGUNS"... -- (pgs.232/237) --
--- "DA COVILHÃ PARA NACALA"... -- (pgs.238/244) --
--- "O "COLONIALISMO ORGÂNICO" DOS PORTUGUESES"... (pgs.245)--
--- "MÁRIO SOARES E ALMEIDA SANTOS"... -- (pgs. 245/247) --
--- "OS FACTOS DOS HOMENS"... (pgs. 247/250) --
--- "VOLTAR COM UMA MÃO ATRÁS E OUTRA À FRENTE...(pgs.250/252) --
--- "FUGIR DO HORROR"... (pgs.252/253) --
--- "O ESTALINISMO NEGRO"...-- (pgs.253/255) --
--- "ÓNUS DA GUERRA"... (pgs. 255/256) --
--- "O COMPROMISSO COLONIAL DA IGREJA"...(pgs.256/261) --
--- "AS MARCAS ETERNAS DO "RETORNO"...(pgs.261/264) --
--- "MÁRIO SOARES E ALMEIDA SANTOS II ... -- (pgs.264/265) --
--- "AS CONTRADIÇÕES DA IGREJA" ... (pgs.265/271) --
--- "ESTIGMA SOBRE OS FILHOS DOS RETORNADOS"...(pgs.272/276) --
--- "COMEÇOS DE VIDA QUE MAIS PARECEM VIDAS PASSADAS"...(pgs.277/280) --
---- "CONCLUSÕES E BALANÇOS"...(pgs.281/289) - (Outubro de 2010/Janeiro de 2012)" --
--- "NOTAS (I - "CHEGAR" - 1 a 112 -(pgs.291/301) --
(II - "VOLTAR" - 1 a 47 - (pgs. 301/305) --
(III - "QUEM ERA EU ANTES DE CHEGAR A PORTUGAL ?" - 1 a 35 - (pgs.305/308)-
--- "CONCLUSÕES E BALANÇOS" ... 1 a 6 - (pgs.308/309) --
--- "BIBLIOGRAFIA CONSULTADA" - (pgs. 311/315) --
--- "AGRADECIMENTOS" - (pg.317) --
................. ( Em actualização) .................
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---6) --- "Fonte" a consultar na INTERNET :
www.planeta.pt/autor/sarah-adamopoulos/
www.planeta.pt.../voltar-memoria-do-colonialismo-e-da-descolonizacao/
---- (- OBS - Os Textos e as Transcrições parciais - devidamente autorizadas - foram coligidas por : Roberto Correia -- (Junho/Julho de 2012 --
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VII">IV ) -------- "OPINIÕES" : -----------
=== Transcrições Parciais, Títulos e Textos por ordem cronológica: 1)- "O EQUÍVOCO..." --- 2)- "DESERTORES" --- 3)- ROBERTO (Opinião de António Serrano) --- 4)- (em actualização)...-- "VOLTAR - MEMÓRIA DO COLONIALISMO E DA DESCOLONIZAÇÃO" , de : SARAH ADAMOPOULOS --
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-------------- 1)- "O EQUÍVOCO..." ("O MOVIMENTO DOS CAPITÃES") -----------------
..." Foi num dia quente de verão, em Agosto de 1973, que o Maj. Mariz Fernandes (1)meu deu conhecimento da existência do Movimento dos Capitães. Explicou-me a necessidade, segundo ele,de haver pessoas com um alto sentido das responsabilidades, mais velhas, que pudessem controlar o Movimento e evitar que ele descambasse para objectivos não aceitáveis. A motivação básica do Movimento dos Capitães não me dizia directamente respeito, na medida em que eu era oficial de Engenharia, no Estado Maior do Exército e,portanto, não seria afectado pelos decretos que abrangiam os oficiais milicianos e os do quadro permanente. E esses decretos referiam-se basicamente a problemas salariais e regalias sociais. Estava, porém, perfeitamente consciente de que a situação no Exército era péssima. Assim, aceitei de braços abertos o convite que o Maj. Mariz Fernandes me fazia. Havia razões subjectivas para isso.".....
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..."Será oportuno aqui recordar que o Maj. Melo Antunes(8)se havia candidatado a deputado pela CDE, mas a candidatura havia sido recusada com base em que os oficiais não deviam (ou não podiam?) fazer política. Melo Antunes estava,já nessa época, ligado a José Tangarrinha,(9)hoje dirigente do MDP/CDE, e o Dr. Mário Soares havia fundado a CEUD(10). As divergências que depois do 25 de Abril iriam provocar consequências trágicas, estavam já evidenciadas em 1969. A CEUD baseava-se no "Programa para a Democratização da República", que preconizava uma descolonização negociada e calma, e a CDE fundamentava-se na Plataforma de S. Pedro de Muel, a qual previa uma descolonização com entrega imediata. Foi o que aconteceu em relação a Moçambique e à Guiné. De qualquer modo, naquela época, havia um denominador comum : lutar contra o regime.".............
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..."O primeiro contacto que tive com o Movimento dos Capitães foi, portando, através do convite do major Mariz Fernandes. Esse contacto representou para mim uma possibilidade concreta pela qual tanto havia esperado. Desenvolvi uma acção imediata fazendo a difusão de um abaixo-assinado no Estado Maior do Exército. O Movimento dos Capitães tinha, porém, características exclusivamente profissionais que assentavam nas remunerações e que afectavam o prestígio dos oficiais do quadro permanente. Esse prestígio iria ainda descer mais com o recrutamento dos milicianos(18) para o quadro permanente. Houve variadíssimas reuniões e, em determinada altura, efectuou-se uma em casa do Cor.Marcelino Marques, próximo do Regimento de Artilharia 1. Este coronel estava na reserva mas creio ter hoje um lugar na administração da Empresa Nacional de Publicidade, proprietária do "Diário de Notícias". Nessa época ninguém suspeitava -- eu pelo menos -- que o Cor. Marcelino Marques pertencia ao partido comunista. Nessa reunião ia ser apresentado, pela primeira fez, o Programa do MFA. Para a redacção desse Programa tinha sido encarregada a Comissão Coordenadora. Aquela Comissão,criada muito antes do "16 de Março", era constituída pelos Maj.Mariz Fernandes; Cap. Vasco Lourenço; Maj. Mendonça Frazão; Maj. Campos Andrade e por mim próprio. Havia também representantes das regiões Militares"...
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-- em : "O EQUÍVOCO DO 25 DE ABRIL" - de : SANCHES OSÓRIO - publicado em 1975 pela Livraria Francisco Alves Editora S.A.(RIO DE JANEIRO)--- (pgs. 13 - 15 - 17 - 18 -
" ...(1) - Oficial que depois do 25 de Abril foi delegado do Governo na Televisão Portuguesa. Praticamente saneado trabalha hoje na DIAMANG em Angola -- (8) - Actual ministro dos Negócios Estrangeiros, principal negociador da Independência de Moçambique -- (9) - Dirigente do partido MDP/CDE, partido satélite do PCP -- (10) - CEUD - Comissão Eleitoral de Unidade Democrática. Partido resultante da cisão da CDE em 1969. Esta cisão foi desencandeada por Mário Soares, actual secretário-geral do Partido Socialista português -- (18) - Estudantes universitários que cumpriam o serviço militar. Não pertenciam ao Quadro Permanente." --- (pg.153 da citada obra) --
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--------------- 2)- "DESERTORES" -----------------
..."Ao contrário do refractário, aquele que não se apresenta quando é chamado para o serviço militar, o desertor abandona as fileiras sem autorização e com a intenção de não regressar. Em tempo de guerra, desertar é atraiçoar; mas durante a Guerra do Ultramar, ser desertor chegou a ser uma moda nos círculos democráticos do exílio. E a deserção nem sempre era justificada por uma ideologia; muitas vezes era consequência do medo, como veio a afirmar, anos mais tarde, o actor António Montez, que não chegou a ir para África : "Fui à inspecção antes da invasão da Índia e da guerra em Angola (...) Mas, até aos meus 35 anos, tive sempre receio de ser chamado..."
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..."Durante a guerra, não houve mais do que 2,7% de refractários, percentagem que pode comparar-se favoravelmente com 2,8% de 1958 a 1960, portanto antes da guerra, e 3,3% de 1974 a 1977. Veio o 25 de Abril, e os desertores passaram a ser encarados de maneira totalmente diferente. Considerando que "muitos militares, quer pertencentes aos quadros permanentes, quer no âmbito do Serviço Militar Obrigatório, se ausentaram do País por motivos de natureza ideológica e política, devido ao regime então em vigor", o Decreto-Lei Nº 180/74, de 2.5.1974 amnistiou o crime de deserção, previsto nos Artigos 163 a 176 do Código de Justiça Militar, e autorizou os desertores a regressar a Portugal." --
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-- De : JOHN ANDRADE em : "DICIONÁRIO DO 25 DE ABRIL" - Setº 2002 - pgs.
119/120 ----
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---- 3)- ----------- ROBERTO :
--..."A tua obra literária é já imensa. É uma obra que não desperta interesse a toda gente pois grande parte da população portuguesa não tem o mínimo interesse pelo que se passou naquele território banhado pelo Atlântico, onde existe uma terra que te viu nascer e em que os seus habitantes foram conhecidos por "cabeças de pungo".
Tenho conhecimento pessoal de livros teus no RIO DE JANEIRO e PARATY, onde podem ser consultados por todos que deles necessitem.
Admiro a tua insistência em procurar documentação relacionada com os Factos e Datas passados em ANGOLA.
Em prosa e poesia já vi muitos livros escritos mas, no teu estilo, penso que serás o único a ter publicações referentes a FACTOS E DATAS (HISTÓRICOS) de ANGOLA.
Estou certo que o próximo livro, o qual ainda se encontra na forja, e que naturalmente o editarás, supostamente muito em breve, narrando factos passados durante a "BELÍSSIMA DESCOLONIZAÇÃO", manobrada pelos politiqueiros que assumiram o poder da Nação sem a mínima experiência política, após o 25 de Abril de 1974,vai ser um grande sucesso e em pouco tempo estará esgotado como as primeiras edições.
De maneira nenhuma sou contra o 25 de Abril mas sim contra os "RETORNADOS" que se encontravam refugiados (exilados em França e noutros países) e que retornaram a PORTUGAL para praticarem as maiores barbaridades governamentais, bem como contra certos tropas que após o 25 de Abril continuaram no poder.
A entrega das colónias apressadamente motivou a debandada dos que lá viviam e tinham a sua vida organizada.
Os colonizados nunca deixaram de o ser. Depois,em ANGOLA, surgiram então os cubanos, alguns europeus, americanos e, ultimamente os amarelos.
Não falei dos teus versos narrando a História de Angola. Por tal facto já te cognominaram O CAMÕES de ANGOLA.
Continua que estás no caminho certo enquanto houver liberdade de escrita.
----- ( ANTÓNIO SERRANO ) --- 25 DE ABRIL DE 2008 ) ---
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-- V) --- RECLAMAÇÕES (Diversas e s/Desenvolvimento)(5): ---
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=== A)- MINISTÉRIO DA COOPERAÇÃO" --- B) -- "COMPANHIA DO CAMINHO DE FERRO DE BENGUELA" --- C) - CAMINHO DE FERRO DE BENGUELA - (Carta nº 2981) --- D)- RESPOSTA --- E)- DIVERSOS :
--- --- A ) -- MINISTÉRIO DA COOPERAÇÃO :
--- Reclamação/Exposição apresentada em 10 de Novembro de 1975 ao :
"SENHOR MINISTRO DA COOPERAÇÃO - Lisboa -
Excelência :
--- Roberto Manuel de Sousa Correia, Secretário de Finanças de 2ª classe do Quadro Privativo de Angola, actualmente residente em Vinha da Rainha, concelho de Soure, Distrito de Coimbra, casado com Maria Raquel Silveirinha Serrano, professora primária do ensino oficial de Angola, vem mui respeitosamente expor e requerer a Vossa Excelência o seguinte :
1) - O requerente e sua mulher são naturais de Angola, bem como seus três filhos; o requerente ali viveu 42 anos, sem nunca se ter ausentado para o exterior um só dia. Cumpriu o serviço militar durante um ano e prestou serviço ao Governo Português como funcionário de Finanças desde Setembro de 1956, sem nunca ter gozado nenhuma licença no exterior, assim como sua mulher que prestou serviço ao mesmo Governo durante cerca de 15 anos. -
2) - Em 1968, com auxílio da extinta Caixa Económica Postal, hoje Instituto de Crédito de Angola,, em nome de sua mulher e ainda com o apoio do Cofre de Previdência dos Funcionários Públicos de Angola, construiu uma residência em Nova Lisboa, a qual se encontra inscrita na Conservatória dos Registos da Comarca de Nova Lisboa sob o nº 3.358, fls. 31 do Livro B/7, no valor global de 349.535$00, com hipoteca a favor da referida Caixa Económica Postal, conforme registo nº 1315.
Posteriormente fez ampliações e melhoramentos no valor aproximado de 70.000$00, de que possui os respectivos documentos, totalizando assim o valor do imóvel então 389.535$00, ao qual se devem acrescer os juros dos mencionados empréstimos, a contabilizar oportunamente, a valorização do imóvel e do respectivo terreno em consequência da desvalorização da moeda e outros factores, fazendo o cálculo por estimativa no valor total de 600.000$00 -- seiscentos mil escudos--
3) - Em meados de 1973, também com o auxílio de empréstimo ao dito Cofre de Previdência, adquiriu o requerente a viatura Peugeot 504 - Station (a gasoil), matrícula ALD-51-96, a que atribui o valor actual de 250.000$00.-
4) - Possuía em seu nome, de sua mulher e filhos, alguns depósitos no Instituto de Crédito de Angola, totalizando os saldos cerca de cinco mil escudos.
5) - Possuía ainda uma demarcação de cinco hectares de terreno, com plantação de eucaliptos e outras árvores de fruto, devidamente legalizados, situado nos arredores de General Machado, Distrito do Bié, ao qual atribui o valor total de cinquenta mil escudos .-
6) - Em princípios de Agosto de 1975, não vendo garantias nem hipóteses de permanência onde residia (General Machado), nem tendo sido atendida a sua petição de transferência, solicitou o requerente o seu ingresso no Quadro Geral de Adidos, nos termos do Decreto-Lei nº 23/75, de 22 de Janeiro, alterado pelo Decreto-Lei nº 169-A, de 31 de Março.
Segundo disposições oficiais do Alto Comissariado de Angola então publicadas, foi garantido aos funcionários que solicitassem o seu ingresso no Quadro Geral de Adidos, o direito de se fazerem acompanhar das suas bagagens (4,5 m/3 no seu caso), do transporte da sua viatura e ainda da hipótese de transferência de algumas economias.
7) - Pelos Acordos firmados entre o Governo Português e os Movimentos de Libertação de Angola, foram assumidos compromissos, a nível internacional, da garantia da posse e respeito de todos os bens legais dos cidadãos.
-------- O signatário mantém em seu poder, entre outros, os documentos
a seguir mencionados ... (NA ESPERANÇA DE QUE A VERDADEIRA JUSTIÇA AINDA " FUNCIONE NESTE PAÍS "TÃO EUROPEU", RESPONSÁVEL E CUMPRIDOR ...DA PALAVRA DADA) :
-- I ) - Requerimento de ROBERTO MANUEL DE SOUSA CORREIA, (com data de 14 de Dezembro de 1970), Secretário de Fazenda de 2ª classe, então em serviço na Repartição de Fazenda de Nova Lisboa, dirigido ao SENHOR GOVERNADOR GERAL DA PROVÍNCIA ULTRAMARINA DE ANGOLA, LUANDA, e no qual constava :...."desejando constituir uma pensão de sobrevivência a que refere o artigo 1º do Decreto nº 47.109, de 21 de Julho de 1966,a favor de sua mulher MARIA RAQUEL SILVEIRINHA SERRANO, que também usa o nome de MARIA RAQUEL SILVEIRINHA SERRANO DE SOUSA CORREIA, professora primária do ensino oficial,de nomeação definitiva,em serviço na Escola Primária nº 80,desta cidade,e,no caso de esta haver falecido,a favor de seus filhos :António Pedro Serrano de Sousa Correia, Paula Marina Serrano de Sousa Correia e Ana Cristina Serrano de Sousa Correia, vem,mui respeitosamente,requerer a V. Exa. se digna autorizar que sejam efectuados os respectivos descontos. E.D."....
--- II ) -- Requerimento de ROBERTO MANUEL DE SOUSA CORREIA, casado, Secretário de Finanças de 2ª classe,de nomeação definitiva,em serviço na Repartição de Finanças de General Machado, com data de 16 de Julho de 1975, dirigido ao SENHOR ALTO COMISSÁRIO DA REPÚBLICA PORTUGUESA EM ANGOLA,LUANDA, no qual constava que :..."tendo-lhe sido deferido por despacho de 8 de Abril de 1971,o pedido de constituição da pensão de sobrevivência instituída pelo Decreto nº 47.109, de 21 de Julho de 1966, para o que logo iniciou os respectivos descontos, desejando beneficiar,nos termos do artº 11º e seu nº 5º do Decreto nº 52/75, de 8 de Fevereiro,da retroacção dos efeitos respectivos pelo tempo em relacção ao qual já anteriormente descontou para a referida pensão,bem como pelo tempo de serviço prestado até à data da dita constituição,vem,mui respeitosamente, e nos termos do artº 15º -- nºs 1 a 5 -- do referido Decreto nº 52/75, requerer a V. Exa., que lhe seja concedida a retroação de todos os efeitos previstos no mesmo. E.D." ...
-- III ) -- "MINISTÉRIO DA COOPERAÇÃO - Direcção Geral de Economia -- Repartição Repartição do Comércio e Indústria -- "Nossa referência : P.º 8/41/5/3 -- 12 Fev. 1976 "-- informa ao signatário "... que o requerimento respeitante a bens existentes em Angola, foi enviado, a coberto do ofício nº 393, de 5 de Fevereiro corrente, ao Núcleo de Inspecção de Administração desta Direcção-Geral, no Palácio das Laranjeiras, a Sete Rios,em Lisboa".
-- IV --... "- S.R. - ESTADO DE ANGOLA - DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE EDUCAÇÃO E CULTURA -- REPARTIÇÃO ESCOLAR DISTRITAL DO BIÉ ---- GUIA Nº 512/75, com data de 22 de Agosto de 1975,"... CONFERIDA A MARIA RAQUEL SILVEIRINHA SERRANO, professora do ensino primário de nomeação definitiva.
..."- POR ESTA REPARTIÇÃO ESCOLAR SE FAZ CONSTAR ÀS AUTORIDADES A QUEM O CONHECIMENTO DESTA COMPETIR QUE segue para Portugal a fim de ingressar no Quadro Geral de Adidos,regulado pelo Decreto nº 23/75, de 22 de Janeiro. .... Acompanham-no seus familiares (já mencionados na guia de seu marido, ROBERTO MANUEL DE SOUSA CORREIA, funcionário dos Serviços de Finanças,em General Machado.- .... Repartição Escolar do Bié,em Silva Porto, 22/Agosto/75.-- O Director Escolar,por subs. Basílio Ramajal Basílio, (ass. com selo branco) -- e, no seu verso, num carimbo : S.R. - MINISTÉRIO DO ULTRAMAR --Direcção Geral de Administração Civil -- Repartição do Pessoal Civil -- :"Apresentou-se nesta Repartição em 27/9/75, vindo de ANGOLA...chegado à Metrópole em 23/9/75, por motivo de "desalojada",acompanhada do marido e filhos." -
V ) -- Petição urgente de MARIA RAQUEL SILVEIRINHA SERRANO - C.P. nº 56 - General Machado -- 15/7/975 -- dirigida ao Exmo Senhor Presidente da Comissão Administrativa do Instituto de Crédito de Angola sobre a futura situação do seu empréstimo de 1968 para a construção de uma residência em Nova Lisboa,tendo em vista o seu provável ingresso no Quadro Geral de Adidos até 31/10/975, bem como a hipótese da sua liquidação antecipada e legal.
VI) (D ?) -- Petição urgente de ROBERTO MANUEL DE SOUSA CORREIA, Secretário de Finanças, de nomeação definitiva, em serviço na Repartição de General Machado, subscritor nº 10.279, com a mesma data de 15/7/975, dirigida ao Exmo Sr. Presidente do Cofre de Previdência dos Funcionários Públicos de Angola, sobre a futura situação dum seu empréstimo, tendo em atenção ao seu provável ingresso no Quadro Geral de Adidos e da possibilidade da sua liquidação antecipada.
VII (E ?) - GUIA DE VENCIMENTOS nº 225, "que se passa a ROBERTO MANUEL DE SOUSA CORREIA, Secretário de Finanças de 2ª classe, que por despacho de 10/7/72, visado pelo Tribunal Administrativo, em 7/8/72, publicado no B.O. nº 194, 2ª Série, foi transferido para a Repartição de Finanças de General Machado.-
--- Ora sucedeu que, devido à tensão existente e de ameaças de que foi alvo por várias vezes, ao abandono quase total da população europeia da localidade onde residia e ainda pelo facto de ter requerido o seu ingresso ao Quadro Geral de Adidos, teve de seguir urgentemente para Nova Lisboa, onde funcionava a ponte aérea para Lisboa, depois de ainda ter efectuado o despacho de alguns dos seus bens pelo Caminho de Ferro de Benguela, com destino a Nova Lisboa, para depois seguirem via Moçâmedes, conforme instruções superiores recebidas por intermédio do Governo do Distrito do Bié; mas, devido à paralisação dos Serviços daquela Companhia, as suas bagagens acabaram por ficar retidas naquela cidade, atribuindo-lhes o valor aproximado de cem mil escudos.
-- Devido às enormes dificuldades e medidas de controle constantemente efectuadas pelos Movimentos de Libertação e, muito embora tivesse efectuado diversas diligências, não conseguiu deslocar a sua viatura para um dos portos de embarque afim de ser despachada para Lisboa por intermédio da respectiva Comissão de Adidos, para o que possuía toda a documentação em ordem e que acabou por deixá-la praticamente abandonada em Nova Lisboa, no quintal da residência dum amigo, o qual tencionava embarcar mais tarde, tal não pode concretizar, nem proceder ao despacho da viatura em virtude do encerramento antecipado da ponte aérea naquela cidade.
-- Deste modo apenas conseguiu trazer cerca de cem quilos de bagagens a que tinha direito pela via aérea, tendo embarcado com seus familiares em Nova Lisboa, em 23/9/1975.; destas bagagens desapareceu um volume no valor aproximado de três mil escudos.
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I) -- Considerando que o Governo Português assumiu a responsabilidade da protecção e defesa dos bens dos cidadãos em Angola,
II) -- Considerando que não possuiu em Portugal quaisquer bens ou rendimentos e que ainda sem encontra sem auferir os seus vencimentos desde 1 de Setembro de 1975, bem, assim como os de sua mulher, também funcionária pública, em igualdade de circunstâncias,
Respeitosamente vem requerer a Vossa Excelência :
a) - que sejam tomadas medidas para a real e efectiva garantia da posse e usufruto do imóvel acima referido, de modo a poder satisfazer os compromissos assumidos com o Instituto de Crédito de Angola, sem que se torne necessário ao mesmo ter de proceder de forma diferente, uma vez que existe o regime de hipoteca, desejando continuar a respeitar os referidos encargos, em nome de sua mulher, pela forma mais lógica e justa;
b) - que sejam efectuadas diligências ou dadas garantias práticas para o despacho das suas bagagens e viatura, acima mencionadas, por intermédio da respectiva Comissão de Adidos ou entidade competente;
c) - que lhes sejam pagos os vencimentos e outros abonos a que teve direito, bem como os de sua mulher, pelos quantitativos normais de Angola, até 22 de Setembro de 1975;
d) - que seja autorizada a transferência dos saldos das contas que possuía no Instituto de Crédito de Angola, para idêntico organismo em Portugal, em seu nome e do seu agregado familiar;
e) - que sejam mantidos e garantidos os direitos, posse e usufruto da demarcação que possuiu nos arredores de General Machado;
f) - que, na hipótese de não ser possível ao Governo Português atender ao solicitado em qualquer das alíneas a) a e) acima indicadas, seja o requerente oportuna e devidamente indemnizado pelos valores indicados, em virtude de ter sido forçado, bem contra sua vontade, a abandonar a terra da sua naturalidade residência, bem como o foram várias centenas de milhares de portugueses e angolanos; e isto porque neste País deseja viver do produto do seu trabalho e com o usufruto e posse dos seus bens legalmente adquiridos em Angola ao longo de muitos anos de sacrifícios, sem a necessidade de ser pesado ao orçamento do Governo ou das entidades de beneficência ou assistência social, nem da condescendência de familiares ou amigos..
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-- Esclarece, para os devidos efeitos, quanto às suas bagagens que ficaram retidas na Estação do Caminho de Ferro de Benguela, em Nova Lisboa, que já lá deixou um pedido de reexpedição das mesmas para o Lobito, para posterior despacho por intermédio da respectiva Comissão de Adidos. E. D.
--- Vinha da Rainha, 10 de Novembro de 1975 -- (com assinatura reconhecida por notário e com o valor de pública forma ) -
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B ) -- À COMPANHIA DO CAMINHO DE FERRO DE BENGUELA :
1976 - AGOSTO - 14 -- Requerimento / Exposição apresentado por ROBERTO MANUEL DE SOUSA CORREIA sobre os BENS DEIXADOS EM ANGOLA :
-- identificação do requerente -
-- Factos : - 1) - ..." o signatário residia em General Machado, Distrito do Bié, Angola, quando se viu obrigado a sair daquela localidade e posteriormente de Angola, como aconteceu a centenas de milhares de pessoas. De acordo com instruções superiores (mensagem nº 89/GD, de 22/7/75, do Exmo Secretário Geral do Alto Comissário de Angola, o transporte dos seus bens a que legalmente tinha direito, teria de ser efectuado pelo porto de Moçamedes. Não sendo porém possível arranjar transporte directo e sendo duvidosa mesmo a via rodoviária , efectuou o despacho de suas bagagens pela via férrea para Nova Lisboa, utilizando a Companhia do Caminho de Ferro de Benguela. Assim, em 10/08/75 e 19/08/75, pelas notas de expedição nºs 14823 e 14827, despachou o total de 1.745 Kgs. de bagagens, tendo as mesmas sido cobertas pelo seguro total de "Quarenta mil e quinhentos escudos" , conforme consta das mesmas.
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2) -- Efectuados os despachos e carregadas as bagagens com destino para Nova Lisboa, em nome dum familiar ali residente, seguiu o signatário para Silva Porto no dia 21/8/75 e dali para Nova Lisboa a 23/8/75 para proceder ao desembaraço das bagagens e expedição para Moçâmedes, tendo até já transporte garantido para tal fim, aguardando depois ali o embarque para Lisboa por via aérea.
3) -- Aconteceu porém que, certamente por agravamento da situação político-militar, entre os Movimentos existentes na área, a referida composição ficou retida algures, dando-se o encerramento da linha e a paralisação quase total dos respectivos serviços.
4) -- Por várias vezes, diariamente, ao princípio, se deslocou à estação do CFB em Nova Lisboa (até porque sabia o nº do vagão), para saber da vinda das suas bagagens, sendo a informação e as diligências sempre negativas. Só muito mais tarde, já nas vésperas do seu embarque, veio a saber (acidentalmente), pois até por último ninguém sabia dar quaisquer informações, que as referidas bagagens tinham chegado e estavam num armazém, o que lhe foi dado verificar pessoalmente com um agente da Companhia, sendo informado que, no entanto, não era possível o seu levantamento por paralisação dos Serviços. Deve V.Exa. saber que entretanto uma grande parte dos empregados já se tinha ausentado com prejuízo para o andamento dos serviços; a estação do CFB era nessa altura um verdadeiro albergue, um dormitório de imensa gente ali aguardando transporte.
5) -- Falando com o chefe da estação sobre o meu caso e, não havendo outra solução viável, aconselhou-me a pedir a reexpedição das bagagens via Lobito, para uma pessoa amiga que depois tentaria o despacho pela Comissão de Adidos. E assim efectivamente foi, fazendo entrega do pedido escrito `aquele empregado, conforme fotocópia junta Já em Portugal, por várias vezes, fiz tentativas para saber do destino das bagagens, constando-se que os Serviços se mantinham paralisados, situação que parece ter-se alongado mesmo após a independência ; posteriormente, passados vários meses fui informado, particularmente, que seria de admitir a hipótese de as bagagens terem sido saqueadas mesmo dentro do armazém da estação de Nova Lisboa.
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Estando a completar-se um ano, não tendo voltado a conseguir qualquer outra informação e estando as bagagens no seguro, efectuado com a própria Companhia do Caminho de Ferro de Benguela, não sendo certamente viável a sua recuperação ou utilização das mesmas, venho, respeitosamente, requerer a Vossa Excelência que me seja paga a indemnização correspondente ao seguro efectuado, aliás até inferior ao que moral e materialmente representa pela perda sofrida, tanto mais dada a grave situação em que se tem encontrado e a que chegou, vindo com pouco mais do que a roupa do corpo, sem ter qualquer culpa do acontecido, senão a culpa pela boa fé de ter acreditado em garantias que foram solenemente prometidas e estranhamente não respeitadas; certo de que V. Exa. compreenderá semelhante situação e fará apreciação dos factos ocorridos, mandando reparar materialmente, já que outra reparação é impossível,possibilitando assim o recomeço de uma nova vida, depois de tantos anos de privações e sacrifícios baldados, com 3 filhos para alimentar e educar.
... Espera Deferimento (assinatura com reconhecimento notarial da mesma data) --
---- Com remessa registada (nº 110191) e aviso de recepção (devolvido a 18/8/76) para : Director Geral da Companhia do Caminho de Ferro de Benguela -- R. Atayde, 7/A ---- LISBOA / 2 --
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--- C)- "1976 - AGOSTO - 25 -- COMPANHIA DO CAMINHO DE FERRO DE BENGUELA, S.A .R.L. . --
------- CARTA Nº 2981, DIRIGIDA AO REQUERENTE : -
..."O requerimento de V, Exa, , datado de 14 de Agosto de 1976, relativo a determinada bagagem oportunamente confiada para expedição ao nosso Caminho de Ferro e eventualmente perdida em Nova Lisboa foi, para os devidos efeitos, transmitido à nossa Direcção-Geral, no Lobito, juntamente com as fotocópias dos documentos que o acompanhavam.
"Logo que tivermos conhecimento da posição do assunto entraremos em contacto com V, Exa. Com os nossos cumprimentos, subscrevemo-nos, de V. Exa. com toda a consideração, O ADMINISTRADOR-DELEGADO,.....
-----------------------------------------
--- D)- "COMPANHIA DO CAMINHO DE FERRO DE BENGUELA, SARL- - RUA DO ATAÍDE, 7 LISBOA -- :carta nº 4209, DE 14 DEZ.1976 -- dirigida ao REQUERENTE :
..." Referência à nossa carta nº 2981, de 25 de Agosto de 1976 .
Deferimento (assinatura com reconhecimento notarial da mesma data) --
...." Para conhecimento de V. Exa. junto enviamos fotocópia da carta, agora recebida da nossa Sede, no Lobito, em que são relatadas as condições em que se verificou a perda da bagagem por V. Exa. expedida de General Machado para Nova Lisboa, e se indica a posição da Companhia sobre o assunto, ao abrigo do Regulamento Geral de Transportes.
..." Sem outro assunto e com os nossos cumprimentos, subscrevemo-nos, De V. Exa. Com toda a consideração, O ADMINISTRADOR_DELEGADO...."
--- (DOCUMENTO ANEXO Á CARTA Nº 2981 DO CFB :
...."SEGURO DE BAGAGENS EXPEDIDAS PELO CAMINHO DE FERRO -- EXPEDIDOR - ROBERTO MANUEL DE SOUSA CORREIA .----- Carta PA nº 690, de 25.Agosto.76 :
..." As remessas em questão -- nº 17 823 e 17 827, de 19.Ago.75 de General Machado para Nova Lisboa - chegaram a Nova Lisboa, em data que não foi possível determinar, onde ficaram a aguardar o levantamento.
"... O interesse do expedidor na expedição das mesmas mercadorias de Nova Lisboa para o Lobito com outro consignatário, só poderia ter andamento com a apresentação de nova nota de expedição, acompanhada da "senha" das primeiras. Porém, as confrontações político-militares tornariam essa expedição para o Lobito não só impossível como, se fosse possível, teriam tido os mesmos efeitos.
..."No dia 21 de Dezembro de 1975, as remessas em questão, tal como outras, foram retiradas da estação por indivíduos da Sindaco, organismo do Movimento UNITA."
..."Em face das contingências de perturbação político-militar e de acordo com o Artº. 16º do Regulamento Geral de Transportes, ao abrigo do qual as remessas foram aceitas a transporte, esta Companhia não é responsável pela perda que sofreu o Sr. Sousa Correia."
...." De V. Exa. Com toda a consideração, O DIRECTOR-GERAL .......(?)
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-------------------- E ) - DIVERSOS - -------------------
----- "SENHOR MINISTRO DA COOPERAÇÃO - LISBOA - EXCELÊNCIA" :
...."ANTÓNIO RODRIGUES SERRANO,casado,retornado de ANGOLA (NOVA LISBOA), actualmente residente em VINHA DA RAINHA,concelho de SOURE,distrito de COIMBRA, donde é natural,vem mui respeitosamente expor e requerer a V.Exa. o seguinte :
--- 1) - O requerente encontrava-se em ANGOLA desde 1933,onde se manteve portanto durante mas de 40 anos,tendo ali exercido as funções de Ajudante Técnico de Farmácia até 1944, data a partir da qual montou a sua própria Farmácia, em VILA GENERAL MACHADO,distrito do BIÉ,sendo Directora Técnica sua mulher, ROSALINA DA COSTA SILVEIRINHA.
--- 2) - Em 1947,com o produto do seu trabalho, conseguiram construir em GENERAL MACHADO um prédio destinado a Residência e Farmácia, ao qual atribuíram então o valor de 400.000$00 (QUATROCENTOS MIL ESCUDOS).
--- 3) - Em 1956 iniciou nos arredores dessa mesma localidade uma plantação de eucaliptos e, mais tarde, de diversas árvores de fruta, a qual se encontrava em processo de legalização,atribuindo-lhe o valor de 80.000$00 (OITENTA MIL ESCUDOS).
--- 4) - Em 1971,por motivos de saúde e devido às suas idades, trespassou os seus negócios,fixando residência em NOVA LISBOA, tendo transferido o produto dos seus longos anos de permanência para a Agência do BANCO COMERCIAL DE ANGOLA nessa cidade.
--- 5) - Em princípios do ano corrente,por motivos de saúde e atendendo à degradação progressiva da situação em ANGOLA,onde já começavam a faltar certos recursos,bem como ainda por questões de segurança, atendendo à sua idade,solicitou à INSPECÇÃO DE CRÉDITO E SEGUROS DE ANGOLA, autorização da transferência das suas economias por mudança definitiva de residência para PORTUGAL.
--- Em Maio embarcou para LISBOA,tendo conseguido ainda despachar alguns dos seus haveres. POSTERIORMENTE,tomou conhecimento PARTICULAR que o seu pedido de transferência de economias tinha sido atendido parcialmente até ao valor de 219.000$00 (DUZENTOS E DEZANOVE MIL ESCUDOS)e que seria efectuada a respectiva comunicação para o BANCO DE ANGOLA em NOVA LISBOA.
Muito embora tivesse deixado procuração ao BANCO COMERCIAL DE ANGOLA, em NOVA LISBOA,para a efectivação da mencionada transferência, tal ainda não se verificou até esta data.
--- 6) - O requerente não possui outros rendimentos pelo que se viu na necessidade de fazer a sua inscrição no IARN para percepção do subsídio de desemprego. Todavia até esta data apenas recebeu a quantia de (?) , em / / --
=== ASSIM :
--- I) - Considerando que não possui rendimentos suficientes para a sua sobrevivência, nem tem qualquer hipótese de emprego devido à sua avançada idade e à sua precária saúde;
--- II) - Considerando que o Governo Português assumiu a responsabilidade de que fossem respeitados e garantidos a posse e usufruto dos bens dos portugueses então radicados em ANGOLA;
--- III) - Considerandos que os "Movimentos de Libertação de ANGOLA" também assumiram internacionalmente a referida responsabilidade,
Respeitosamente requer a Vossa Excelência :
a) - Que sejam tomadas medidas para a garantia da posse e usufruto dos imóveis que possui em GENERAL MACHADO,distrito do BIÉ;
b) - Que sejam efectuadas diligências junto das entidades competentes para que se concretize a transferência imediata dos 219.000$00, autorizados pela INSPECÇÃO DE CRÉDITO DE ANGOLA.
c) - Que seja autorizada a transferência do restante depósito que possui no BANCO COMERCIAL DE ANGOLA, em NOVA LISBOA.
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----- NÃO SENDO POSSÍVEL ATENDER AO SOLICITADO NAS ALÍNEAS ACIMA MENCIONADAS, REQUEREM A VOSSA EXCELÊNCIA QUE SEJAM OPORTUNAMENTE INDEMNIZADOS PELOS RESPECTIVOS VALORES.
VINHA DA RAINHA, / Novembro (?) de 975 -- .....................................................
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VI ------ RECURSOS : -------------
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--- VII) --- TRANSCRIÇÕES PARCIAIS --- (49) --- ----
----- (Títulos e desenvolvimentos) por ordem cronológica : - A REVOLUÇÃO E OS PROBLEMAS DA PRECIPITADA DESCOLONIZAÇÃO --
--- (AS SUAS VERDADEIRAS ORIGENS E AS TRÁGICAS CONSEQUÊNCIAS : (EXTRAÍDAS DE :)
--- -- 1)- "ANGOLA - CHAVE DE ÁFRICA" --- 1)/A) - "RELATÓRIO DO INSPECTOR DA DGS, ANTÓNIO DA SILVA TINOCO" -- 2)- "ANGOLA - DATAS E FACTOS" -- Vol. nº 5 (1961/1975) e Vol. nº 6 (1975/2002),do autor, as quais podem ser consultadas com mais desenvolvimento) no m/sítio : http://angola.do.sapo.pt/ -- e noutras rubricas deste). --- 2/A)- ALGUMAS "DATAS DE FACTOS" NÃO INCLUÍDAS NOS VOLUMES ANTERIORES"------ -- 3)- "CRÓNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA" -- 4)- "TORGA E A DESCOLONIZAÇÃO" -- 5)- "A DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR - (EPISÓDIOS)" -- 5/A)_ Episódios da Descolonização..." --- 6)- "DESCOLONIZAÇÃO E POLÍTICA EXTERNA" -- 7)- "OS DIAS DA VERGONHA" -- 8)- "INDEMNIZAÇÕES POR BENS" -- 9)- "O EXEMPLO DE OUTROS PAÍSES COLONIZADORES" -- 10)- "CARTA ABERTA (0 25 DE ABRIL E A DESCOLONIZAÇÃO) -- 11)- "VITÓRIA TRAÍDA" -- 12)- "A COLONIZAÇÃO DE ANGOLA E O SEU FRACASSO" -- 13)- "A ACTUAL CRISE NACIONAL" -- 14)- "PRESSÃO SOCIAL IMPÔS PRAZO À DESCOLONIZAÇÃO" -- -- 14/A) - "HENRIQUE GALVÃO E O IMPÉRIO" -- 15)- "Dr.Mário Soares" -- 16)- "O 25 DE ABRIL SEM COMEMORAÇÕES" -- 17)- "A (IN)DEPENDÊNCIA DE ANGOLA" -- 18)- "GENERAIS DE AVIÁRIO" -- 19)- "GUERRA COLONIAL" -- 20)- "A DESCOLONIZAÇÃO FOI IRRESPONSÁVEL" -- 21)- "A DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR" -- 22)- "REFLEXÃO" -- 23)- "A CEGUEIRA NACIONAL" -- 24)- "CPLP" -- 25)- "ORGULHOSAMENTE SÓ" -- 26)- "PORTUGUESES DE MOÇAMBIQUE" -- 27)- "ALMEIDA SANTOS (A DESCOLONIZAÇÃO FOI MÁ)" -- 28)- "HISTÓRIA DE PORTUGAL - 1907/2005 (DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR)" -- 29)- "FICOU O SONHO"... -- 30)- "Dr. Mário Soares : Desapareça" -- 31)- "DOS FRACOS TAMBÉM REZA A HISTÓRIA" -- 32)- "O FIO DA NAVALHA" -- 33)- "VIAGEM COM REGRESSO" -- 34)- "No funeral de um filho dos outros" -- 35) - "O PROF.MARCELO CAETANO E O ULTRAMAR" -- 36)- "EXCERTOS DE UMA ENTREVISTA C/CAPITÃO SALGUEIRO MAIA" -- 37)- "MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO"(transferido para http://angola-brasil-portugal.blogspot.com/ --- 38)- "DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR" -- 39)- "DESCOLONIZAÇÃO - termo eterno" -- 40)- "DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR" -- 41)- "NO ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO EM PORTUGAL" --42)- "MÁRIO SOARES É FIXE" -- 43)- "RETORNADOS" -- 44)- "A DÉCIMA ILHA DOS AÇORES" -- 45)- "DESCOLONIZAÇÃO" -- 46)- "O MENINO DO NAMIBE" -- 47)- "A GUERRA COLONIAL" -- 48)- "ESPOLIADOS DO ULTRAMAR pedem Justiça" -- 49)- "RETORNADOS ESPOLIADOS" --- :
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--- -------------- 1)- "ANGOLA - CHAVE DA ÁFRICA" --------------
..."INTRODUÇÃO -..... Tendo assistido,durante mais de dois anos,ao dramático espectáculo do Congo-Leopoldville, a braços com uma prematura promoção a Estado Independente,nada podia apaixonar-me mais do que conhecer Angola,esse vizinho singular,que disse "Não" à corrente anticolonialista. Vi amontoarem-se no meu caminho africano uma chusma de países,grandes e pequenos,ricos e pobres,a debaterem-se desamparados no meio do turbilhão criado pela saída dos seus antigos donos,decidida no momento de lassidão ou inconsciência. Vi de perto essa desordem,essa anarquia tipicamente negra,onde todos mandam e ninguém obedece,esse desperdício de tempo e energias,resultantes de uma autonomia à qual os Africanos,ainda hoje,não conseguem habituar-se.Indignava-me menos a irresponsabilidade dos colonizados do que a imprudência dos colonizadores,que tinham largado as rédeas ao mundo negro,poldro selvagem,,impaciente por tomar parte na grande corrida. Treinados a toda a pressa para galgar os obstáculos da vida moderna,incapazes de gozar das suas liberdades, abandonando o trabalho da terra para ir engrossar as fileiras dos desenraizados e dos desempregados nas cidades,dezenas de milhar de emancipados negros iam mostrar-nos toda a gama dos seus instintos primitivos : sede de sangue e poder,ódio racial e rivalidade tribal,vingança implacável, pilhagens, violações e carnificinas. E,nos nosso dias, a luta fraticida,a inimizade,já se não resolvem por meio de arcos e flechas mas sim com morteiros e metralhadoras !Pouco se fala deles, infelizmente. Prefere-se relatar os feitos dos cosmonautas soviéticos,ridicularizar a América pela perda de uma bomba atómica,regozijar-se até com os ataques aos soldados do Vietnam, esquecendo o drama humano que se está a passar em África, na China comunista ou por detrás da "cortina de ferro". O mundo livre,cioso do seu conforto,não gosta que o tirem da sua sonolência com verdades desagradáveis. E,no entanto, meio milhão de Sudaneses foi massacrado em poucos anos pelo governo arabizado de Cartum. Que dizer ainda dos Árabes executados pelos Negros em Zanzibar,dos morticínios no Catanga entre Balubas e Lundas,dos gigantes Watutsi encurtados à machadada pelos Hulus,no Burundi, ou dos cento e sessenta e sete missionários e religiosas,supliciados no Congo ex-Belga ? E isto é apenas um fragmento da interminável lista de atrocidades que vai aumentando cada dia..." -- pgs. 7/8 )
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..."Antes de voltar à Europa,em 1963,deixando o Catanga abalado pelas guerras insensatas entre os secessionistas de Tshombé e os cruéis soldados afro-asiáticos da O.N.U.,parei alguns dias em Luanda,capital de Angola. Apesar das carnificinas assustadoras e recentes cometidas pelos movimentos ditos de libertação,apesar das duras escaramuças que continuavam a travar-se no Norte,a atmosfera intrigou-me pela sua calma e serenidade. Pensava encontrar rostos preocupados,um ambiente de guerra; com grande surpresa minha e em contraste com a agitação e nervosismo do Congo, tive a impressão de me encontrar numa estância de férias. Viam-se evidentemente muitos uniformes e carros militares mas também se via muita gente sentada nas esplanadas dos cafés ou a bronzear-se nas soberbas praias daquela cidade alegre e soalheira,gente que não parecia nada assustada com os acontecimentos.O primeiro contacto com Angola estaria assim tão falseado pela minha última aventura congolesa ? "...
..."Abandonei o meu país de origem por detestar a imposição do sistema comunista totalitário comunista. Tornei a encontrar na Europa Ocidental e sobretudo na América, aquela liberdade que nos dá a alegria de viver,única razão de existir. Admirava desde sempre os Portugueses pela sua coragem como exploradores e, de há una anos para cá, pela sua bravura e incrível obstinação em defender os seus territórios ultramarinos. Perante a massa esmagadora do exército indiano,foram obrigados a ceder Goa em 1963, não sem combater,é certo,mas Portugal não parou ainda de clamar o seu protesto,pois nunca poderá esquecer essa perda.
"Dois anos antes,no mesmo momento em que outros países liquidavam as suas colónias, unindo-se, América à frente,à demagogia de Moscovo e Pequim,inimigos da presença ocidental no continente negro,os Portugueses, únicos no mundo e contra todo o mundo, preferiram morrer a deixar a sua Angola.Este desafio,apenas este desafio incrível,me levava a aprofundar o caso angolano afim de descobrir as razões desta decisão surpreendente..."
..."É certo que o meu desprezo pelo sistema marxista incitará os seus apologistas a tratar-me de reaccionário,colonialista ou imperialista. Este género de epíteto não me atinge,tanto mais que o verdadeiro colonialismo, a exploração dos recursos de toda a espécie.morais e materiais,é larga e abertamente praticada pelo regime marxista,em todos os lugares onde se instalou,em benefício da U.R.S.S.,da China comunista, ou simplesmente da classe dirigente. Parece-me,com efeito,inconcebível chamar colonialistas a Brancos que transpiram na selva africana com a finalidade de valorizar minas que jamais haviam sido exploradas,riquezas ignoradas dos autóctones, quando os dirigentes soviéticos custeiam engenhos caros para visitara lua ou mesmo tempo que reduzem aos seus concidadãos, e isto há vários decénios, a liberdade e os mais pequenos prazeres,para não dizer as necessidades da vida !"... -- pgs. 9/11
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---( de MUGUR VALAHU - 1968 - Edição : Parceria A. M. Pereira Lda -- LISBOA --
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- 1/A)- "RELATÓRIO DO INSPECTOR DA D.G.S.,ADELINO DA SILVA TINOCO"-
..."O arguido J.R.P. Andrade é "presidente honorário" da citada organização terrorista "MPLA" desde 1962, data em que foi eleito para o referido "cargo" pelos "serviços" até então prestados à dita "organização".
..."A partir daí e sempre que lhe tem sido possível, tem dado a sua colaboração à referida organização terrorista quer orientando os "elementos" da mesma que consigo contactam quer ajudando-os na luta partidária e revolucionária a que se vêm dedicando.
..."Sendo um "elemento" de prestígio na referida "organização" que vêm actuando na Metrópole ou que por aí passam, procuram-no para consulta ou dão-lhe conhecimento dos actos praticados e dos que tencionam praticar. Estão, neste caso,entre outros, os arguidos AJMS Santos,RJl FEIO, AMG Neto e RFMM Ramos"...
..." Entre outras actividades delituosas que o arguido JRP Andrade desenvolveu contra a segurança do Estado, contam-se os de ser elo de "ligação" entre os "elementos" do "MPLA" a actuarem em Angola, Metrópole e estrangeiro, e auxílio financeiro e "espiritual" para a saída ilegal do País de "elementos" do mesmo "movimento" para, no estrangeiro,continuarem a luta partidária a que se devotaram."...
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..."Com o fim de ser mais prestável à citada organização terrorista e a solicitação do arguido Garcia Neto, incumbiu-se de abordar o encarregado de negócios da Embaixada de Cuba em Lisboa no sentido de lhes facilitar a respectiva mala diplomática para a troca das referidas "mensagens". Além disso, obteve e distribuiu propaganda clandestina e subversiva, alguma da qual lhe foi apreendida, tendo entregue ao arguido R.J.L.Feio, entre outros o panfleto ilegal com o título "Direito à Informação" apreendido a este R.Feio junto aos autos a fls. 52, datado de Julho do ano findo."
...2 - Despacho de pronúncia provisória.
..." A fls. 511, o Digno Magistrado do Ministério Público deduz douta querela provisória contra :
-- 1 - ÁLVARO JOSÉ DE MELO SEQUEIRA SANTOS, casado, funcionário do Banco Português do Atlântico, de 33 anos de idade,natural de Nossa Senhora do Pópulo, Benguela, Angola, residente na Rua dos Lusíadas,112-3º Esqº,Lisboa;
-- 2 - RAÚL JORGE LOPES FEIO, solteiro, aluno do 5º ano da Faculdade de Medicina de Lisboa, de 24 anos de idade, natural de Bela Vista, Huambo, Angola, residente na Rua de Sousa Martins, 15 - lº nesta cidade;
-- 3 - JOSÉ ILÍDIO COELHO DA CRUZ,solteiro,gerente comercial, de 27 anos de idade,natural e Santa Isabel Boavista,Cabo Verde e residente na Avenida de Paris, 42-2º. esqº Lisboa;
-- 4 - MARIA JOSÉ PINTO COELHO DA SILVA,solteira, empregada de escritório e aluna do 2º Ano do Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras,de 25 anos de idade,natural de Arroios, Lisboa;onde reside na Rua Cidade de Manchester,17-2º esqº;
-- 5 - DIANA MARINA DIAS ANDRINGA,casada, redactora de Publicidade da Firma "Ciesa", de 22 anos de idade, natural de Dundo,Chibato,Luanda e residente em Lisboa, na Rua Ilha do Príncipe, 7 - 5º A;
-- 6 - ANTÓNIO MANUEL GARCIA NETO,solteiro, aluno do 3º Ano da Faculdade de Direito de Coimbra, de 25 anos de idade, natural de São Paulo, Luanda e residente na Avenida Antero do Quental, 217 "República Kimbo dos Sobas", em Coimbra;
-- 7 - RUI FILIPE DE MATOS FIGUEIRA MARTINS RAMOS,solteiro, aluno do 3º Ano da Faculdade de Direito de Lisboa, de 24 anos de idade, natural do Carmo,Luanda onde reside na Rua Paiva Couceiro,115;
~~ 8 - ANTÓNIO JOSÉ FERREIRA NETO,solteiro, médico de 2ª classe,interino, dos Serviços de Saúde e Assistência de Angola,de 28 anos de idade, natural de Nossa Senhora da Conceição, Luanda, onde reside na Calçada de Santo António, 10, direito;
-- 9 - FERNANDO EMÍLIO DE CAMPOS FERREIRA SABROSA,casado, aluno do 5º Ano da Faculdade de Medicina de Coimbra,de 28 anos de idade,natural de Nossa Senhora da Assunção, Malange, Angola, residente na Rua dos Combatentes, 103, dependência 2,em Coimbra;
-- 10 - JOAQUIM DA ROCHA PINTO DE ANDRADE,solteiro, sacerdote e aluno do 2º Ano da Faculdade de Direito de Lisboa,de 43 anos de idade, natural da freguesia de Santo Hilário,Cazendo,Angola e residente na Rua Portugal Durão,50-1º em Lisboa, encontrando-se actualmente,todos os querelados detidos na Cadeia de Caxias, por estes autos e à ordem deste Juízo, à excepção de Maria José Pinto Coelho da Silva por estar caucionada."... ( Tribunal Plenário Criminal de Lisboa - 4º Juízo - Procº 44/70 -- Criminal) ...
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---( Transcrição parcial da obra "EM DEFESA DE JOAQUIM PINTO DE ANDRADE" - de MÁRIO BROCHADO COELHO - (Advogado) - Edição do Autor - 1970 -- pgs. 11/13 ) --
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--- 2) - De : "ANGOLA - DATAS E FACTOS" - 5º e 6º Vol. do autor :
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-- JUNHO - 1/3 -- 400 oficiais do Quadro Permanente manifestaram-se contra o 3º "CONGRESSO DOS COMBATENTES DO ULTRAMAR" realizado no PORTO.
-- JULHO - 13 -- Publicação do Decreto-Lei 353/73(originado por..."um grupo de jovens milicianos ao nível de majores e capitães", com intervenção nas guerras coloniais" ...) o qual permitia a participação de oficiais do Quadro Complementar (milicianos) em condições mais fáceis dos que as anteriormente exigidas para o Quadro Permanente. O Curso da Academia Militar, com 4 anos de duração, era igualado por um Curso (de milicianos) apenas com a duração de dois semestres ! Tentavam assim defender alegados "...direitos adquiridos"...e que não os reconheciam aos seus colegas milicianos,ou a defesa duma "classe militar diferente", muito embora fossem esses direitos e deveres os mesmos "em tempos de guerra" ? - de "ANGOLA DATAS E FACTOS" - 6º volume - 1975/2002 -- pgs. 236, do autor --
-- AGOSTO - 20 -- Decreto-Lei 409/73 -- Altera o Decreto-Lei anterior mas em que ..."continuava favorecendo a posição dos majores"... e ..."desfavorecendo a dos capitães"... O governo recuava, mas não pretendia revogar aquela legislação !
-- AGOSTO - 25 -- Reunião dos oficiais ("capitães contestatários") do Quadro Permanente do Exército, em serviço na GUINÉ, incluindo alguns majores, apresentam uma exposição ao Presidente da República e ao Secretário de Estado do Exército, contra os Decretos aprovados sobre a situação dos restantes colegas(milicianos), o que não lhes agradou! A reclamação, porém, contrariava as normas da disciplina militar.
-- SETEMBRO - 9 -- Primeira reunião do "Movimento dos Capitães",em ÉVORA.Foi apreciada a realização do Congresso dos Combatentes (3º - de 1 a 3 de Junho),no PORTO.
-- SETEMBRO - 9 -- Oficiais das Forças Armadas em comissão de serviço em ANGOLA, reuniram-se discordando do Decreto-Lei 353, de 13 de Julho, apoiando os seus colegas reunidos nesse dia em BISSAU e em ALCÁÇOVAS (ÉVORA) -
-- OUTUBRO - 12 -- Suspensão dos Decretos 353 e 409 (de Julho e Agosto) -
-- NOVEMBRO - 24 (22 ?) -- Numa reunião de oficiais na Colónia Balnear do "SÉCULO" (em S. PEDRO DO ESTORIL), foi admitida a preparação dum golpe militar contra o governo de MARCELO CAETANO. Era o "Movimento dos Capitães". Foi proposto o fim da "guerra colonial" através desse derrube, tendo o apoio de alguns civis notáveis.
-- DEZEMBRO - 1 -- Após a reunião do dia 24 de Novembro e num novo encontro, em ÓBIDOS, surgiu o "Movimento dos Oficiais das Forças Armadas".Estiveram presentes 80 oficiais. Foi nomeada uma Comissão Coordenadora Geral integrando as comissões das várias Armas e Serviços. Nesta reunião foi admitido o uso da força militar e uma maior abertura à Imprensa, em especial ao jornal "Expresso".
-- DEZEMBRO - 5 (8 ?) -- Nova reunião de oficiais criando uma Comissão Coordenadora com 19 elementos (na COSTA DA CAPARICA); foi ainda nomeada uma Comissão Executiva para elaborar um Plano de Acção, constituída por : VICTOR ALVES - VASCO LOURENÇO e OTELO SARAIVA DE CARVALHO. Aprovam o documento "O Movimento, as Forças Armadas e a Nação", que foi assinado por 111 oficiais.
-- DEZEMBRO 17 -- No Instituto de Altos Estudos Militares o major CARLOS FABIÃO denunciara a preparação dum golpe militar sob a responsabilidade do general KAULSA DE ARRIAGA e a participação de : LUZ CUNHA, SILVINO SILVÉRIO MARQUES e ADRIANO MOREIRA.
-- DEZEMBRO - 21 -- Decreto-Lei 685/73 - Revoga legislação militar anterior e aumenta os seus vencimentos, chegando mesmo a atingir o dobro do que antes auferiam. No entanto nem todos ficavam satisfeitos!
-- DEZEMBRO - 31 -- As tropas angolanas integradas no Exército Português em ANGOLA totalizavam 42% das mesmas. As Forças Armadas portuguesas tiveram as seguintes baixas (durante esse ano - segundo informações SIP): - mortos em combate - 83; mortos em acidentes - 41. Desde 1961 haviam falecido 2.991 militares portugueses (em combates - 1.526; em acidentes - 1.210; por doença - 255) e ficado feridos 10.675 (em combates - 4.472; em acidentes - 6.203). O total de efectivos intervenientes fora de 147.200 indivíduos. Os 1.526 mortos em combates pertenciam às seguintes Forças : Armada - 1.088; Marinha - 13; Aviação - 41; Recrutas "coloniais" - 384.
--OBS - Ver :"MORTOS NO ULTRAMAR" -(referência incluída no final de 1975)-
~~~~~~~~~~----------- 1974 ---------------------
-- JANEIRO - 23 -- O "Movimento dos Capitães" denuncia o governo de seguir em ANGOLA e MOÇAMBIQUE a linha de rumo da política da ÁFRICA DO SUL, NAMÍBIA e RODÉSIA, onde a situação se agravava.
-- FEVEREIRO - 2 -- Unificação das Comissões dos "oriundos dos milicianos" com a dos oficiais do Quadro Permanente sob a orientação e apoio de VICTOR ALVES, na reunião de OEIRAS, e talvez com certa tolerância de MARCELO CAETANO e da DGS.
-- FEVEREIRO - 16 -- Discurso de MARCELO CAETANO na Conferência da Acção Nacional Popular, referindo-se à solução federativa ultramarina, embora talvez já ultrapassada pelos acontecimentos :..."Qualquer evolução que se processe sob a égide de Portugal nas províncias ultramarinas há-de ter como condição essencial a prossecução da convivência pacífica de todas as raças e o acesso às funções em razão da capacidade e dos méritos e não pela cor da pele.Somos responsáveis pelos milhões de portugueses pretos e brancos que pacificamente labutam e querem viver sob a bandeira verde-rubra na África, na Ásia e na Oceania. Para que em paz possam continuar a viver, e desse convívio vá resultando uma sociedade de cada vez mais acentuado multirracialismo, sem tensões internas de etnias, com plena despreocupação quanto à cor de cada um, em ambiente de fraterna compreensão, colaboração e amizade é que estamos a lutar"...
-- MARÇO - 5 -- O "Movimento dos Capitães" reuniu-se em CASCAIS e passou a designar-se "Movimento das Forças Armadas" (MFA), distribuindo pelos Quartéis as suas "bases programáticas"; pretendia englobar a Marinha e a Força Aérea, tendo decidido pela liderança de SPÍNOLA e COSTA GOMES.
-- MARÇO - 12 -- O projecto do golpe militar para o dia 14 não teve o apoio dos "páras" na reunião de DAFUNDO, que preferiram o general KAÚLZA. MARCELO CAETANO não obteve o apoio de COSTA GOMES, que contrariava a Assembleia e o Governo.
-- MARÇO - 15 -- Os capitães "contrariados" apresentam-se no gabinete do Comandante.
-- MARÇO - 16 -- "Falsa saída" das forças militares (MFA) das CALDAS DA RAINHA sob o comando de LUZ VARELA (esteve em ANGOLA em 1962/64) para uma tentativa de revolta e apoio ao general SPÍNOLA, tendo sido presos 33 oficiais e transferidos para outras unidades.MARCELO CAETANO foi encaminhado para o Quartel General de MONSANTO. Nesse dia,em LAMEGO, uma granada de mão fizera algumas vítimas acidentais.
-- MARÇO - 24 - Em nova reunião o MFA(MOFA) decide da urgência do golpe militar.
-- ABRIL - 23 -- OTELO SARAIVA DE CARVALHO entrega a alguns oficiais o plano para o golpe militar a efectuar entre os dias 24 e 25, sendo a "senha" o jornal "ÉPOCA".
-- ABRIL - 25 -- A "Revolução dos Cravos", em LISBOA,com militares das Forças Armadas Portuguesas (seis Companhias)provenientes de várias zonas e unidades, avança sobre os pontos estratégicos da capital. O sinal para o início da Revolução fora dado pela transmissão via rádio da canção "E depois do adeus" (por PAULO DE CARVALHO), transmitida pelas Emissoras Associadas de LISBOA na véspera, cerca das 23 horas; a transmissão da canção "GRÂNDOLA, vila morena" (por ZECA AFONSO), pela Rádio Renascença, depois da meia noite, foi o sinal para o avanço dos revolucionários do MFA, com o predomínio dos "Spínolistas" e da linha de OTELO.
...O governo de MARCELO CAETANO deixava a..."pesada herança"... de 872 toneladas de ouro em barra e 100 milhões de dólares em divisas !!
-- ........( E depois do 25 de ABRIL ?!! .......) : --
-- MAIO - 2 -- MÁRIO SOARES encontra-se "acidentalmente" com AGOSTINHO NETO em BRUXELAS. NETO estava então "abandonado" pelos soviéticos e sem grande representação política entre os ditos revolucionários nacionalistas. SOARES inicia o..."seu projecto de descolonização".
-- MAIO - 3 -- NETO declara então "...A luta não cessaria em Angola enquanto não fosse reconhecido o direito à autodeterminação e independência". Libertação em ANGOLA de 1.200 presos "políticos".
-- MAIO - 6 -- Alguns "revolucionários" de Abril reconheceram que a classe política portuguesa não estava preparada para dar sequência à nova situação e que lhes surgira como uma autêntica surpresa.O segredo estivera só entre militares, mas certa imprensa (nacional e estrangeira)soubera de alguma coisa !
-- MAIO -- MÁRIO SOARES considera os três principais "Movimentos de Libertação" de ANGOLA como..."únicos e legítimos representantes dos povos dos territórios colonizados"...
-- JUNHO - 9 -- Em face da instável situação que se verificava, PALMA CARLOS dizia a COSTA GOMES :..."Isto vai acabar já! Esses homens recolhem imediatamente a quartéis,pois não foi para isso que fizemos o 25 de Abril".
-- JULHO - 7 -- MÁRIO SOARES declarava : ..."Angola é grande, há grandes interesses em jogo"... - "O governo português jamais abandonará portugueses; negociará com os Movimentos, em ordem a chegar à paz"...
-- JULHO - 12 --... O Ten.Cor.ALMEIDA BRUNO, Chefe da Casa Militar da Presidência, considera o 25 de Abril..." um levantamento precipitado"... e que tinha aderido..."na esperança de avançar, ainda, com o sonho de uma descolonização, que não destruísse os nossos 500 anos de História"... Quanto à situação de ANGOLA antes do 25 de Abril, declarava : ..."Estava completamente nas nossas mãos... Nós podíamos ter feito uma descolonização exemplar"..." -- "...a descolonização foi a entrega de todos os territórios à zona de influência da União Soviética. Esta é que é a verdade"...
-- JULHO - 19 -- Num comício do PS, em CASCAIS,MÁRIO SOARES (Ministro do Governo Provisório), afirmou : ... "O processo de descolonização está a ser desencadeado com a celeridade que é possível e de molde a garantir o património daqueles portugueses que ajudaram a desenvolver os territórios africanos"...
-- JULHO -- 22 - Assembleia Geral do MFA em LUANDA, utiliza a referida Comissão de Inquérito como "capa" para decidir sobre a substituição do governador SILVÉRIO MARQUES, já exonerado desde o dia 16..."Afinal tudo havia sido "cozinhado" mesmo antes da chegada de Rosa Coutinho e logo que foram conhecidas as razões da sua vinda"... de : "ANGOLA -Anatomia de uma Tragédia" , SILVA CARDOSO, Fls. 379 .
-- JULHO - 27 -- O Presidente SPÍNOLA, no seu discurso, declara que..."O processo de descolonização significava o direito à independência política com transferência de poderes para as populações dos territórios ultramarinos"... Desistia assim do seu "ideal federalista" e desperta a formação de partidos da direita("Liberal" e o "Progresso"). Publicação da Lei nº 7/74.
-- AGOSTO - 4 -- Em vários locais de ANGOLA a bandeira nacional já havia sido substituída pela do MPLA !
-- AGOSTO - 8 -- COSTA GOMES afirma..."A descolonização acelera-se com vantagens e inconvenientes em relação ao planeamento inicial"...(?)..
-- AGOSTO - 9 -- SPÍNOLA, vendo o mau caminho para a Descolonização, decide-se e a Junta de Salvação Nacional comunica :..."A Junta de Salvação Nacional reitera solenemente, perante toda a população de Angola, que o Governo Provisório tomará todas as medidas necessárias a salvaguardar a vida e os haveres dos residentes de Angola de qualquer cor ou credos de acordo com o Programa das Forças Armadas"... !
... Em muitas povoações e mesmo cidades a população evitava sair de casa por falta de segurança nas ruas; podia acontecer não regressar para junto da sua família !
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-- AGOSTO -- SILVA CARDOSO desloca-se ao Luso para um encontro com SAVIMBI...De regresso a LUANDA deu conhecimento à Junta Governativa das diligências efectuadas e das suas apreensões sobre a dificuldade que constatara existir para um futuro desarmamento dos "Movimentos" em litígio, ao que ROSA COUTINHO ripostara..."Isto é selva e na selva só sobrevive a lei do mais forte e, por isso, não vale a pena estarmos para aqui com fantasias e cada um procurará armar-se o mais possível; até no campo político, o sucesso depende muito do factor força"... (de : "ANGOLA, ANATOMIA DE UMA TRAJECTÓRIA", do general SILVA CARDOSO, pgs. 399 - 4ª edição - 2001 - -- SETEMBRO - 23 -- ROSA COUTINHO regressa de LISBOA e anuncia que o Presidente da República passará a liderar o processo da descolonização nas relações internacionais e de nelas tomarão parte os representantes angolanos. Já antes SPÍNOLA afirmara :..."tomava em suas mãos o processo de descolonização de ANGOLA"... !
-- SETEMBRO - 29 -- Nova manifestação de apoio ao MFA contra SPÍNOLA.O general COSTA GOMES afirmava categórico :..."No processo de descolonização, tudo faremos para respeitar os legítimos interesses das populações locais"...
-- OUTUBRO - 20 -- SILVA CARDOSO regressa a ANGOLA com todo o apoio de COSTA GOMES. Do seu regresso de MOÇAMBIQUE, MELO ANTUNES teria afirmado em LUANDA, admitir a hipótese da intervenção de forças políticas no processo da descolonização :..." estou optimista relativamente a uma solução política para o problema de Angola a curto prazo"... -- "... Portanto, prevejo um futuro para Angola em que as forças políticas mais significativas, tanto dos movimentos de libertação, como de residentes angolanos sejam eles de qualquer etnia que se considere terão a sua representação política e acabarão por encontrar os esquemas políticos adequados que levem até à independência "...
-- OUTUBRO - Nunca os "capitães de Abril" imaginaram, ou pensaram, como devia ser, o que poderia acontecer após a sua revolução!
Acabaram todos por serem ultrapassados pelos acontecimentos (pois não era esse verdadeiramente o seu principal objectivo), muito além do projecto inicial, mais voltado para a normalização das carreiras militares dos oficiais milicianos. O processo da Descolonização pecava por imensos erros e desconhecimento da realidade ultramarina e por decisões de última hora !
O conceituado fundador e militante da FUA, SÓCRATES DÁSKALOS, impulsionador da Casa dos Estudantes do Império e membro da Comissão de Descolonização presente na 29ª Assembleia Geral das Nações Unidas, afirma na sua obra "Um Testemunho para a História de Angola" - do huambo ao huambo" - 2000 - fls. 157 :..."Em princípio a comissão devia funcionar como órgão consultivo. Mas nunca funcionou : não reunia, ninguém lhe prestava atenção nem nunca foi consultada pelo que era ali considerado a vedeta da descolonização portuguesa, o senhor Mário Soares ! Este pavoneava-se pelos corredores da ONU, cumprimentava à esquerda e à direita como se fosse o grande herói da descolonização!... -- ... "Mário Soares nunca reuniu com a comissão, nunca nos consultou mas permitia-se dar conferências de imprensa onde, às vezes, o que dizia não era verdadeiro. Foi o que aconteceu numa delas quando se referiu a uma dada situação referente ao presidente Neto que não era verdadeira. Logo após a conferência fui contactá-lo e comuniquei-lhe a "gaffe" que tinha cometido. E então, Mário Soares, um tanto abespinhado, perguntou-me : "Como é que o senhor soube isso '" . "Li no jornal "Le Monde", respondi. "Ora bolas!, há oito dias que não leio o "Le Monde" - retorquiu o herói da descolonização. -- Face a tanta leviandadade (aliás aparente porque entretanto o senhor Mário Soares "cozinhava" com Mobutu e Nixo o reconhecimento da UNITA pela OUA e pela ONU, pois até àquela altura esse movimento ainda não tinha sido reconhecido por estes
órgãos máximos de África e do Mundo), resolvi voltar para Angola.
-- NOVEMBRO - 28 -- MÁRIO SOARES declara ter proposto aos três "Movimentos de Libertação" uma "Mesa Redonda" para decidir sobre a concessão da independência de Angola.
-- NOVEMBRO - 29 -- ROSA COUTINHO regressa de LISBOA e confirma as declarações de MÁRIO SOARES, referindo-se apenas ..."aos movimentos de libertação como legítimos representantes do povo angolano"... , esquecendo o Plano da Junta de Salvação Nacional.
-- DEZEMBRO -- Ainda sobre as consequências da Revolução de 25 de Abril e dos constantes fracassos das conversações e dos "desacordos" com os "Movimentos de Libertação", afirma ORLANDO RIBEIRO na sua obra "A Colonização de Angola e o seu Fracasso" - fls. 47 - "...Na literatura que conspurcou paredes e monumentos, o abandono do Ultramar apareceu em evidência sem que a ninguém preocupasse o destino de meio milhão de portugueses que lá viviam, trabalhando duro, embora muitas vezes traficando sem escrúpulos. O governo não negociou - abdicou -, e nesta..."apagada e vil tristeza"...se afundou o mais antigo e o último império colonial"... - e, ainda, a fls. 378 e sobre o caso de ANGOLA, afirma : -..."o governo português não fez nada para lhes garantir, perante os novos senhores, pessoas e bens; mestiços e a clientela preta engrossaram a debandada"...
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-- JANEIRO - 10/14 -- Reunião no Hotel da PENINA (ALVOR - ALGARVE) dos representantes do governo de PORTUGAL(MÁRIO SOARES, MELO ANTUNES e ALMEIDA SANTOS) e dos dirigentes dos "Movimentos de Libertação" angolanos : MPLA - UNITA e FNLA, respectivamente : AGOSTINHO NETO(com LÚCIO LARA e LOPO DO NASCIMENTO); JONAS MALHEIRO SAVIMBI(com JEREMIAS CHITUNDA e JOSÉ N'DELE) e HOLDEN ROBERTO (com JOHNNY EDUARDO e KABANGE)... estando presentes mais alguns membros da Delegação Portuguesa : FERNANDO REINO, PASSOS RAMOS, PEZARAT CORREIA, SILVA CARDOSO.
-- JANEIRO - 15 -- Assinatura do Acordo de Alvor entre as referidas entidades tendo saído fixada a data de 11/11/1975 para a proclamação da independência de ANGOLA e aos considerados então como "...únicos e legítimos representantes do povo angolano"... (portanto o destino de 6,5 milhões de habitantes, sendo cerca de 600 mil brancos e sem qualquer representante político)!...
-- FEVEREIRO -- AGOSTINHO NETO visita o Alto-Comissário SILVA CARDOSO ; estava "desiludido e desamparado"; já não tinha o apoio de ROSA COUTINHO nem o de MÁRIO SOARES, já desligado da "Descolonização"....
-- MARÇO -- 28 -- Assinatura do Protocolo do Acordo entre MPLA e FNLA...sobre distribuição de poderes e competências militares.
-- JUNHO - 4/6 -- A FNLA e a UNITA passam a controlar na zona norte a designada "estrada do café", enquanto boa parte da sua população era evacuada para LUANDA pelos aviões da FAP e outras, com as suas própria viaturas, numa última tentativa de salvarem alguns bens e as suas vidas!
-- JUNHO - 7 -- A FAP continuava a evacuação dos residentes das zonas mais arriscadas e dando preferência às mulheres, crianças e idosos ou doentes, até porque muitos dos homens válidos estavam ainda dispostos a manterem-se nas suas posições., defendendo-se, mesmo com o risco de suas vidas..."Mas nada disto importava à nova classe dirigente do País no pós 25 de Abril, quando defendiam a imediata e total independência para as colónias, quando sabiam ou deviam saber que estavam colaborando num projecto de entrega da tutela daqueles territórios a um dos jogadores que tinha perdido no terreno, com confronto armado com os portugueses"...(em : "ANGOLA - Anatomia de uma Trajectória", do general SILVA CARDOSO - fls. 342/343 (já citada).
-- JUNHO -- Com o agravamento dos conflitos entre os "Movimentos de Libertação" angolanos (MPLA - FNLA e UNITA) e o da situação dos seus residentes, avoluma-se o êxodo geral das populações não confiantes na questão que ali se desenrolava . tendo-se iniciado a sua evacuação para as principais cidades e o seu transporte para PORTUGAL, BRASIL e ÁFRICA DO SUL, especialmente a partir da entrada em funcionamento da "Ponte Aérea", com saídas de LUANDA (e ligações de NOVA LISBOA com a colaboração da TAP e "SUISSE AIR").
-- JULHO -- STOCKWELL, membro da CIA, confirma o apoio financeiro dos Estados Unidos À FNLA e à UNITA, no valor de 14 milhões de dólares...Era assim bastante dúbia a política americana. INÁCIO PASSOS, na sua obra "A Grande Noite Africana", afirmara em 1964 (fls. 99)..."A ideologia que enlutou a América no século passado é a mesma que enluta no presente a África negra. Os interesses materiais no passado, o algodão, e no presente, a riqueza africana -disfarçaram-se de "liberdade"... -..."o ódio que na altura não existia no branco contra o negro nasceu, agigantou-se, chegando aos nossos dias como mostram os factos mais hediondos e monstruosos que a imprensa relata !"...
-- JULHO -- MELO ANTUNES, elemento responsável pela "Descolonização" afirmara :..."A perspectiva do governo português não era estimular o regresso da população branca, e sim ajudá-la a continuar no território. Mas era tarde demais... -- ... Por esta altura, em Julho, a população branca em Angola só pensava em rotas de fuga, deixara de acreditar nos bons ofícios de Lisboa; mais de 2.500 veículos partiram, por terra, até Marrocos"... O próprio presidente da UNITA, JONAS SAVIMBI, tinha esta curiosa opinião : ..."Rosa Coutinho fomentou atrocidades contra os brancos para que eles se precipitassem para os portos e aeroportos e para os seus carros - em direcção ao Sudoeste Africano"...(no seu livro "ANGOLA - a resistência em busca de uma nova nação" - 1979 - fls. 67/68. --
-- JULHO -- O ministro de Economia de Angola declara que os membros do Governo de Transição eram incompetentes ! Por sua vez o Comodoro LEONEL CARDOSO revela uma declaração feita pelos "Movimentos de Libertação" durante uma reunião em NAKURU de que ..." o insucesso dos cinco primeiros meses da descolonização tinha sido exclusivamente das suas responsabilidades"... Mas, muitas outras coisas eram ainda de sua culpa, embora acusassem o MFA, o Acordo de Alvor e o Alto-Comissário !
-- AGOSTO - Ainda sobre a "Descolonização", diz MANUEL BRAVO (em : "ANGOLA - Transição para a Paz, Reconciliação e Desenvolvimento" - 1996 - fls. 169 : - ..."Acresce que o abandono dos Angolanos ao seu destino em 1975, sem a realização de eleições livres e justas como estipulado e calendarizado nos Acordos de Alvor (artº 40) e de Nakuru (artº 6º) tornou-se um prego no caixão da diplomacia preventiva e da prevenção do conflito de Angola. O resultado foi descolonização "à la portugaise" que C. Crocker qualificou de o mais irresponsável acto de descolonização em toda a história do pós-segunda guerra mundial "... - ..." Em segundo lugar, pelas próprias Nações Unidas. Nas suas memórias, Waldhein admitiu ter recusado a proposta do governo português para que a ONU o sucedesse na autoridade executiva de Angola até à data da independência"...
-- SETEMBRO - 1 -- Os "retornados" das colónias ocupam o BANCO DE ANGOLA, em LISBOA, exigindo a troca dos seus escudos pelos metropolitanos.
-- SETEMBRO - 30 -- Termina "oficialmente" a operação "PONTE AÉREA" em ANGOLA, por intermédio da qual foram evacuados para PORTUGAL (com partidas de NOVA LISBOA e de LUANDA), cerca de 600 mil dos seus residentes (metropolitanos e angolanos, sem distinção de raças). Durante este mês (?) e em face da presença cada vez maior e concentrada dos deslocados nas cidades de NOVA LISBOA e de LUANDA, foi necessário proceder ao reforço desses meios; assim entraram ao serviço os grandes aviões da ALEMANHA, dos EUA, da FRANÇA, da INGLATERRA, de MOÇAMBIQUE e mesmo da RÚSSIA. As povoações e outras cidades do interior ficavam "desertas", porque, pelo mínimo descuido, corriam um risco máximo, por vezes mesmo o da própria vida! Essa concentração de muitos milhares de pessoas, registava-se em especial nos seus Aeroportos transformados em verdadeiros e quase únicos refúgios que ofereciam uma relativa segurança, onde ainda se podiam ver alguns militares portugueses (às vezes misturados com os outros), em longas horas de espera e angústia, mesmo de dias, sem o mínimo de condições higiénicas nem de outros apoios sempre necessários. Crianças, mulheres, idosos e doentes nem sequer tinham um simples colchão para se sentarem ou deitarem ! Mesmo aí verificaram-se ainda alguns abusos de certas "pseudo autoridades", bem armadas e ameaçadoras !
Tudo faltava; reinava o oportunismo, a especulação, a exploração desenfreada. Era necessário obter os principais meios de sobrevivência e abandonar todos os restantes bem materiais (casa, carros, móveis...) e até empregos; só alguns amigos e familiares mais próximos se iam mantendo unidos. O objectivo principal e final era "apanhar um lugar" num dos aviões da Ponte
Aérea, mesmo abandonando as últimas bagagens ! Bastava a roupa do corpo e a carteira com os documentos, porque os "desgraçados" escudos angolanos, emitidos pelo Banco Português, já de nada valeriam ao chegarem ao Continente (como os tempos mudam !). Os oportunistas lá estariam à espera dos "colonialistas", dos "exploradores" para então sim, os explorarem, para os espremerem até deitarem sangue ! A cada viajante ou pessoa de família ("retornados") só era permitido transferir uns magros dez mil escudos, contrariando promessas assumidas !
-- OUTUBRO -- ..."Do ultramar, milhares e milhares de refugiados vieram reintegrar-se na grei. Alguns apenas com uma camisa debaixo do braço. Abria-se-lhes via dolorosa, para além das amarguras que haviam passado. Na Junqueira, nesses dias sinistros, a massa humana era tratada com o mesmo desprezo com que os negreiros haviam tratado os escravos. Os escravos ao menos eram riqueza, impunha-se cuidar deles com zelo. Os retornados, esses surgiam como fardo para a economia nacional, exangue ao cabo de tantos anos de guerra"...(em "ANGOLA - ANOS DE ESPERANÇA", de AMÉRICO DE CARVALHO - fls. 179.
-- NOVEMBRO - 6 -- Era a data planeada por AGOSTINHO NETO para se antecipar na proclamação da independência, em vez do dia 11. O respectivo documento fora escrito por CARLOS ROCHA ("DILOLWA"), membro do Bureau Político do MPLA e fazia graves acusações ao governo português; nele se afirmava :..."Essa data só mereceria o respeito do povo angolano e da sua vanguarda, MPLA, se o acordo que a estabeleceu não tivesse sido sistematicamente violado pelos seus subscritores, excepto o MPLA.... Quanto à presença do representante do Governo português em Angola, ela de modo algum se justifica por não se descobrir a sua finalidade. As autoridades portuguesas têm repetido que até ao dia 11 seriam os detentores da soberania. Simplesmente, o nosso território, de há muito invadido a norte, é agora objecto de outra invasão a sul"... -- ... "o povo angolano, o MPLA, verificaram que alguns responsáveis do Governo português não cumpriram como deviam a sua palavra perante a descolonização do nosso país, perante o nosso povo e o mundo. Por isso, no momento em que as conspirações contra o nosso povo têm cada vez mais em vista guindar ao poder lacaios do imperialismo, no momento em que a situação política portuguesa é instável, com reflexos de identificação que se afiguram perigosos para o povo angolano, decide-se por essa proclamação da independência"...Referindo-se às Forças Armadas portuguesas ainda em ANGOLA, afirmava :..." O seu regresso a Portugal deverá efectuar-se o mais brevemente possível, para que lá possam cumprir os deveres para com a sua pátria"... (in "Expresso" de 11/11/2000) -
-- NOVEMBRO - 10 -- às 24 horas, o Alto Comissário português, Comodoro LEONEL CARDOSO, que substituíra SILVA CARDOSO, recolhe a bandeira nacional colocada no antigo Palácio e retira-se para bordo dum barco que estava ao largo, na baía de LUANDA. Anunciava então :..."que estava a proceder à transferência de poderes para o povo angolano, mas o facto é que não havia sequer um angolano ali presente. A bandeira portuguesa foi arreada e cerca de 2.000 soldados portugueses embarcaram para Lisboa, seguindo a mesma rota que Diogo Cão utilizara ao chegar à foz do rio Congo, cinco séculos atrás"... (em "A Igreja em Angola" - de LAWRENCE W. HENDERSON - 1990 - fls. 373 --
-- NOVEMBRO - 11 -- "...A 11 de Novembro de 1975 estavam criadas todas as condições para uma prolongada crise política, económica e social"... - (em "Economia de Angola" - de FÁTIMA ROQUE e outros autores angolanos - 1991 - fls. 76) -
O PIB real "per capita" baixara de 1086 (em 1974) para 729 (em 1975). A média anual da sua taxa rondava os 5%.
-- Fora criado o Ministério para a Cooperação com 2 secretarias : o Gabinete para a Cooperação e um outro para a Descolonização.
-- Durante este último ano haviam sido publicadas as seguintes obras : - "Notas sobre a História Económica de Angola", por J. MACEDO e "Angola na Hora Dramática da Descolonização", por F.B. SANTOS.
-- NOVEMBRO - 11 -- Estava encerrado mais um grande capítulo da História de ANGOLA, porém ..."Não se pode hoje refazer a História, mas a ninguém é interdito analisar os erros cometidos. Os acontecimentos falam por si. O episódio dos retornados foi degradante sob muitos aspectos. Os homens, mulheres e crianças vindos do ultramar eram recebidos, na maioria dos casos, com duas pedras na mão"... -- ... "Depois, ao passivo da colonização há que acrescentar, a meu ver, o passivo da descolonização. O 25 de Abril trouxe a liberdade a Portugal, é inegável, mas não pôde impedir o caos em Angola. Em vários governos predominou em Lisboa, nessa altura, a mais desconsoladora ignorância das realidades do ultramar. A turbulência política relegava para amanhã - um amanhã que nunca haveria de chegar - as decisões a tomar hoje. O novo poder, neste campo, não estava à altura das esperanças"... - ..."Os partidos queriam desfazer-se das colónias de qualquer maneira. O mais rápido possível. Para não mais neles pensarem "... - (em "ANGOLA, Anos de Esperança", de AMÉRICO DE CARVALHO - 2001 - fls. 180 e 187 .--
-- "...A desmistificação do processo de descolonizador do império português está longe de ser feita. Fora das vistas, afundadas num oceano de mitos e mentiras, encontram-se as verdades que a poucos interessa procurar e a maioria ignora..."
--..." A prova de que Neto continuava sem apoio interno militar foi dada então por ele próprio ao chamar, logo a seguir ao Alvor, dezenas de milhares de cubanos para enfrentar os movimentos rivais "... -- ..." Eis a auto-determinação que os "descolonizadores exemplares" concederam a Angola"... -- ..." Podia ter-se descolonizado de outra maneira. Podia haver hoje boas relações entre Portugal e as antigas colónias. Mas para isso teriam sido necessários outros homens e outros políticos dos dois lados"... - (em "Misérias do Exílio..." , de PATRÍCIA MC GOWAN PINHEIRO - 1998 - fls. 108 - 124 e 125.
NOVEMBRO - 11 -- Proclamação da independência de ANGOLA (República Popular) por AGOSTINHO NETO ("manobrado" por LÚCIO LARA -?-), em LUANDA, a favor do MPLA, não obstante a existência de graves conflitos com a FNLA e UNITA; nomeia LOPO DO NASCIMENTO para seu primeiro-ministro. Foi então lido o texto da proclamação : - ..."Em nome do povo de Angola, o Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), proclama solenemente perante a África e o Mundo a independência de Angola "... Os outros dois "Movimentos" tomam posições no terreno e proclamam a independência da "República Democrática de ANGOLA"; enquanto JONAS SAVIMBI escolhera NOVA LISBOA para a sua proclamação, HOLDEN ROBERTO preferia o AMBRIZ ! No entanto, como diziam, "a luta continua" mas, com ela, a miséria, a fome, a doença e a morte !
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- Em : "ANGOLA - DATAS E FACTOS" - (2002/2005)- 5º e 6º Vol.- de : ROBERTO CORREIA
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------ 2/A)- ALGUMAS "DATAS E FACTOS" IMPORTANTES AINDA NÃO INCLUÍDOS NOS SEIS VOLUMES ACIMA REFERENCIADOS : --
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-- MARÇO - (?)- Foram fuzilados 50 recrutas do CENTRO HOJI-IA-HENDA, das FAPLA,numa acção cruel das forças da FNLA, em QUIFANDONGO.
Nas proximidades da Fábrica de Cerveja da CUCA foi descoberta uma "vala comum".
-- ABRIL - 9 - Um "Jumbo" da ÁFRICA DO SUL foi atingido quando sobrevoava os muceques de LUANDA para aterrar no seu Aeroporto.
-- MAIO - 1 - Confronto no BAIRRO DO PRENDA (muceques de LUANDA), entre as sedes do MPLA e a da FNLA.
-- JULHO - 9 - Teve início a "Batalha de Luanda", entre as forças do MPLA e as da UNITA / FNLA.
-- JULHO - 13 - O governo do ZAIRE pede ao de PORTUGAL a ..."protecção de pessoas e bens do seu consulado"..., enquanto representantes doutros países fazem planos de evacuação dos seus cidadãos.
-- JULHO - 20 - Tropas do MPLA atacaram brutalmente os seus adversários da FNLA na LUNDA, atingindo muitos dos seus residentes (civis e militares, brancos ou negros, novos ou velhos, até mesmo os que estavam num Hospital, sem encontrarem qualquer resistência local
-- JULHO - 27 - As Forças Armadas Portuguesas, sob comando do capitão MOREIRA DIAS, atacam o Quartel-General do MPLA no BAIRRO DA VILA ALICE, em LUANDA,, onde se encontravam alguns detidos, registando-se bastantes baixas entre os atacados. O Quartel foi eliminado.
-- JULHO - 29 - Foi raptada a médica FERNANDA SÁ PEREIRA, moradora na Avenida Sá da Bandeira, em LUANDA, após ter estado algumas hora de serviço na Maternidade, ali próxima. Era casada com JOÃO MANUEL SANTOS RAMALHO.
-- AGOSTO - 7 - Do "DOCUMENTO DOS NOVE", encabeçado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros de PORTUGAL, MELO ANTUNES, constava que : ..."A fase mais aguda da descolonização chega sem que se tenha tomado em consideração que não era possível "descolonizar", garantindo uma efectiva transição pacífica para uma verdadeira independência, sem uma sólida coesão interna do poder político, e sem,sobretudo, se ter deixado de considerar que a "descolonização" devia continuar a ser, até se completar,o principal objectivo nacional. Vemo-nos agora a braços com um problema em Angola, que excederá provavelmente a nossa capacidade de resposta,gerando-se um conflito de proporções nacionais que poderá, a curto prazo, ter catastróficas e trágicas consequências para Portugal e para Angola. O futuro duma autêntica revolução em Portugal está,em todo o caso, comprometido, em função do curso dos acontecimentos em Angola, à qual nos ligam responsabilidades históricas inegáveis, para além das responsabilidades sociais e humanas imediatas para com os portugueses que lá trabalham e vivem", escreveu o grupo de oficiais, quando entendeu ter chegado "o momento de tomar uma posição".
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-- AGOSTO - 21 - Foi declarado o "estado de sítio" em ANGOLA e suspenso o Acordo de ALVOR.
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--- 2/A)- "MORTOS NO ULTRAMAR" -- (ver ainda a lista geral de ANGOLA,MOÇAMBIQUE, por apelidos) na INTERNET, em http://ligacombatentes.org.pt/ --
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--- 3)- "CRÓNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA" -- 25/4/74 -- 7/8 --A "exemplar descolonização" --
..."Quanto à descolonização, em que se previa ser executada através de negociações entre Portugal e os vários movimentos independentes, foi um autêntico "baixar de calças" perante os africanos,
..."Vergonha após vergonha, vexação seguida de vexação, e o nome de Portugal, a honra dos portugueses, tudo foi arrastado pela enxurrada de cobardia,traição, corrupção e crime...
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..."E por último Angola, ou seja, petróleo e diamantes !O "camarada" Rosa Coutinho, agora Almirante, e nomeado presidente da Junta Governativa de Angola para negociar a descolonização com os três principais grupos independentes (FNLA - pró americana; UNITA - pró-África do Sul, MPLA pró-URSS.)
..."De imediato, Rosa Coutinho menospreza os restantes grupos e prepara a entrega do território ao MPLA".
..."Spínola tenta controlar a situação criando a "Comissão Nacional de Descolonização" chefiada por...Veiga Simão (mete um lobo no redil !) que tão democraticamente obrou que, logo após o 25 de Abril, foi colocado como representante português na ONU"...
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..."Terminada a "descolonização exemplar" o partido comunista arquiva o processo ("missão cumprida") e os socialistas passam a controleiros do Estado, o que permite ao Sr. Mário Soares passar de advogado falido(económica e profissionalmente) a oligarca multimilionário."
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..." O povo português, criogenado e embasbacado, aguarda num sono profundo que, numa manhã de nevoeiro, um Sebastião o desperte!..."
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-(Publicada por ANTÓNIO LUGANO em : http://mnemeeuropa%2Cblogspot.com/2007 ---
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------------- 4)- Torga e a "descolonização" -------------
..."Retorno maciço dos portugueses do Ultramar. Na aflição da fuga, até de barco de pesca vieram muitos, a ponto de alguém dizer que fomos descobrir o mundo de caravela e regressámos dele de traineiras. A fanfarronice de uns, a incapacidade de outros e a irresponsabilidade de todos deu este resultado: o fim sem grandeza de uma aventura. Metade de Portugal a ser remorso da outra metade. Os judeus da diáspora ansiavam por regressar a Canaan. Povo messânico também mas de sentido exógeno, para nós o regresso é o exílio. A nossa Terra Prometida estava fora de Portugal.
--- MIGUEL TORGA, Diário XII, 3ª edição revista --- em : www.maulius.blogspot.com --
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--- 5)- "A DESCOLONIZAÇÃO "EXEMPLAR" - !EPISÓDIOS) ---
..."Foi,portanto,a partir desta Lei - (nº7/74)- e, contra tudo o que se esperava, que se deu início à chamada Descolonização, caricatamente chamada de exemplar, ou melhor, o exemplo vivo de como nunca se deve fazer uma Descolonização !!!...
..."É caso para perguntar : se estávamos em liberdade, em Democracia, porque não ouviram os Povos e fizeram a descolonização bem feita ?"...
..."Não podiam ter ado a independência em moldes correctos e que todos (europeus,africanos e asiáticos) beneficiassem ?. Estou certo que sim"...
---- (de : SILVA PEREIRA, in "Correio da Manhã" - 11/05/95 -- ( http://www.blogger.com/http;//espoliadosultramar.com --
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-------- 5/A)- "Episódios da descolonização exemplar" ----
..."Foi com este bando de inconscientes que se pôs termo a uma obra de séculos, não isenta, como todas as obras humanas, de terríveis defeitos, mas também cheia de grandes virtudes e de grandes êxitos, saídos de sacrifícios sem conta de muitas gerações de portugueses, que se lhe dedicaram com determinação e amor.
Foi esta obra que aquele "naipe" de criminosos quis destruir. Ficarão a pesar na sua memória, já que de consciência se não pode falar, os milhares de mortos que em Moçambique, na Guiné e em Angola, foram sacrificados em honra dos acordos de traição que firmaram "...
---(de : FERNANDO PACHECO DE AMORIM, "Portugal Traído" - Madrid, 1975 - pp. 104 - 112 --- (em http://causanacional.net/ ---
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-------- 6)- "DESCOLONIZAÇÃO E POLÍTICA EXTERNA" ------ http://www.blogger.com/www.cds.pt ----
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---------- 7)- "OS DIAS DA VERGONHA" ----------
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..." Um dia, que esperamos a justiça dos homens não faça esperar muito, será classificado o que se passou no Ultramar Português, e especialmente em Angola, no que se refere à chamada "Descolonização". Nessa altura haverá revelações que muito surpreenderão o nosso povo.
"Entretanto, a verdade dos acontecimentos está sendo, aos poucos, descoberta por testemunhas isentas e sensíveis que, numa tassitura, aqui e além romanceada, vão contanto o que efectivamente presenciaram, ainda sem grande preocupação, ou possibilidade, de aprofundar as respectivas causas"....
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---(de : SILVINO SILVÉRIO MARQUES (General e ex-Governador-Geral de Angola)no Prefácio da obra "OS DIAS DA VERGONHA", de REIS VENTURA -- (Biblioteca do Macua)---- em : http://www.macua.org/livros ----
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--- ------- 8)- "INDEMNIZAÇÕES POR BENS" ------ ---
..." O governo português mandou publicar,em 1976,nos principais jornais, um anúncio nos seguintes termos :
..."Informa-se todos os interessados que tenham deixado bens e dinheiros nos antigos territórios portugueses que deverão enviar uma relação dos mesmos directamente ao Instituto da Cooperação Económica e Direcção Geral da Economia, organismos dependentes do Ministério dos Negócios Estrangeiros,Largo Rivas, Lisboa. Essas relações, que terão de ser acompanhadas de fotocópias dos documentos comprovativos da propriedade desses bens e dinheiros destinam-se apenas a obter uma tipificação e quantificação de casos concretos para apresentar em eventuais negociações"...
..."O recurso aos tribunais portugueses tem sido impedido pela Lei º 80/77, cujo Artº 40º estipula que ..."as reclamações por bens sitos em territórios de ex-colónias, que se prove terem sido aí expropriados, nacionalizados ou de outra forma objecto de privação duradoura de posse ou fruição, bem como os respectivos títulos representativos de direitos, estão sujeitos a regime de indemnizações fixado segundo a lei do Estado que procedeu à respectiva nacionalização, expropriação ou privação da posse ou fruição"...
------- (de : http://www.aemo.org/ --- da ASSOCIAÇÃO DOS ESPOLIADOS DE MOÇAMBIQUE -
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----- 9)- "O EXEMPLO DE OUTROS PAÍSES COLONIZADORES" --
..."Aquilo que pode afirmar-se constituir um novo princípio geral de direito -- o de o Estado indemnizar os seus cidadãos vítimas da descolonização -- tem sido respeitado pela generalidade dos países cuja soberania se estendia a territórios ultramarinos. Assim aconteceu nos casos da Grã-Bretanha, da Bélgica, da Itália, da França, da Holanda ou da Alemanha. Portugal constitui a este respeito uma lamentável excepção : vinte anos decorridos, o nosso país não só não elaborou qualquer legislação nesse sentido como nem sequer admitiu uma responsabilidade que, em casos idênticos, as demais potências colonizadoras assumiram de pronto. Mais ainda : numa atitude que qualificaríamos de menos séria, procura transferir as suas obrigações para países terceiros que nem para tal estão vocacionados nem possuem meios materiais para proceder a quaisquer indemnizações (Artº 40 da lei das Indemnizações nº 80/77, de 26 de Outubro."...
-- (de :http://aemo.org/ ---- da ASSOCIAÇÃO DOS ESPOLIADOS DE MOÇAMBIQUE) --
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--- 10)- "CARTA ABERTA - O 25 de Abril e a Descolonização" --
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..." Exmo Senhor : Mais de 23 anos decorreram sobre aquilo que se designa de DESCOLONIZAÇÃO. Nessa altura, sem a devida ponderação e com insensível espírito de humanidade, permitiu-se que, nas ex-províncias ultramarinas, se fomentasse o ódio e se arregimentassem grupos activistas conducentes à perseguição, às sevícias,às torturas e até à morte, sobre brancos, mistos e não poucos negros que, por razões raciais e políticas, não convinham aos regimes aos quais foi entregue o poder nos países emergentes. É claro que o factor económico, com a apropriação de bens de elevado valor, não foi alheio ao procedimento gritantemente injusto, como altamente criminoso".
"Assim se provocou a debandada de mais de um milhão de criaturas, em circunstâncias ignóbeis, aliás bem conhecidas, ainda que se nos afigure teimar-se no seu olvido. Foi a nossa diáspora!"
"Os novos governantes de Portugal, surgidos com o 25 de Abril, por inexperiência, incúria ou outros propósitos menos dignos, alhearam-se do drama, limitando-se a ir recebendo levas de desgraçados, em total desolação do corpo e da alma, socorrendo-se os poderes constituídos, na oportunidade, de várias e substanciais ajudas externas" ...
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"É claro ser este sudário de misérias (é) mais do que conhecido. Todavia, convém relembrá-lo, para não vir a ser ignorado das novas gerações e ser avivado na memória dos mais velhos"...
--- (em http://www.aemo.org/cartaberta.html -- de AEMO - "ASSOCIAÇÃO DOS ESPOLIADOS DE MOÇAMBIQUE" --
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---------------- 11)- "A VITÓRIA TRAÍDA"... ------------------
..."Dos políticos civis se pode dizer que, em geral, na realidade, não conheciam o Ultramar, nem, concretamente, a situação militar que ali se vivia, pois muitos, repete-se, haviam fugido à guerra : eram compelidos, refractários ou desertores.
iDos militares, alguns tinham sido esforçados combatentes. Outros haviam desfrutado posições de relativa comodidade na rectaguarda dos Teatros de Operações. De qualquer forma, muitos pertenciam a escalão demasiado baixo para poderem ter da situação da guerra uma visão global correcta. E a quase todos, como se veio a verificar, faltava a formação que consentisse analisar e meditar os problemas da sua Pátria, espalhada pelo mundo, por forma a comprendê-la e a interpretar, e perdoar, como lhes competia, pelos muitos acertos, os erros eventualmente cometidos em séculos de História" ..................................................
..."Os raros responsáveis militares de alta hierarquia, que também estiveram comprometidos na preparação e execução do 25 de Abril, nunca foram tão peremptórios naquela justificação. Pelo contrário, e embora o envolvimento, quanto a alguns, na Revolução, seus primórdios e desastre ultramarino subsequente, já não oferece quaisquer dúvidas, depreende-se de afirmações anteriores ao 25 de Abril, e das que logo a seguir produziram, que era numa posição de força, e não de fraqueza, que se propunham oferecer ao inimigo a possibilidade de paz. Houve mesmo quem, sentindo-se ludibriado, considerasse dever libertar-se dos torturosos caminhos do "processo" e entendesse ser sua grave obrigação acusar de traidores companheiros de véspera. É que, na verdade, a fracassada "descolonização" foi consistindo em submeter populações genuinamente portuguesas a real e poderoso imperialismo e a real e cruel colonialismo, ambos de origem totalmente estranha ao meio. E isto aconteceu (e está sucedendo) à custa de pavorosos e bárbaros mortícinios (nalguns casos verdadeiros genocídios), desencadeando um surto de racismo generalizado, destruindo material e psicologicamente, milhões de portugueses de todas as etnias e manchando a honra das Forças Armadas que, salvo raras excepções, foram compelidas a comportamentos indecorosos e sujeitas aos maiores vexames da sua História. Quer dizer, o processo da chamada "descolonização" constituíu (e está constituindo nas suas consequências) repugnante crime contra a Pátria e contra a Humanidade." ---
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..."O que então se anunciou não foi a entrega ou abandono das províncias em guerra, como veio, triste e indignamente, a fazer-se, mas a prévia audição das populações e a execução de vontade que fosse expressa, fazendo funcionar o jogo da chamada auto-determinação. Este propósito, rapidamente baptizado de "descolonização"(2), exigia que as populações interessadas se pudessem conscientemente preparar, e portanto exigia tempo. Tempo de preparação com que o Programa tinha de contar, o que implicava admitir que se partia de uma situação de força, como se referiu.
Tudo, porém, foi efectivamente conduzido e executado para que a consulta às populações não pudesse ser feita, nem nas províncias onde havia guerra, nem com honestidade nas outras, que foram sendo artificiosamente enredadas no processo (para esse efeito logo denominado "descolonização") ou acção de agentes civis e militares, mal se sabe ainda como, e, na medida em que vai surgindo informação, repugna compreender porquê (3)"...................................................
..."Isso aconteceu por acção de revolucionários civis e militares que, apoiados e orientados por altos responsáveis, prosseguiam, por vezes na clandestinidade e em acções divergentes de outras oficiais, contactos mantidos com o inimigo desde o tempo de guerra, e assim foram criando o clima de desmoronamento geral que acabou por impor soluções, as quais, segundo agora tudo indica, haviam sido pré-planeadas.O que teria movimentado tal gente ? É cedo para o saber. Mas certamente, ou apenas, ideologia (e fanatismo) ou também racismo, ambição e corrupção (4).
-- (3) - ("News letter" - (2/8/1976) - transcrição já referida numa outra rubrica)
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-- (4) - ("Segundo alguns comentadores de formação marxista, a justificação do comportamento revolucionário dos capitães está na sua origem social. Ao contrário dos oficiais mais antigos, que proviriam de famílias aristocráticas e burguesas, os capitães seriam oriundos do povo... Trata-se de justificação puramente demagógica. Entre os oficiais superiores mais antigos e os oficiais-generais anteriores ao 25 de Abril, são muitos os filhos de famílias modestíssimas (como de resto entre ministros e primeiros ministros de então...) Somente que era circunstância que ninguém precisava de ostentar como privilégio... Os critérios que nesse tempo filtravam o acesso à Escola do Exército eram o da classificação universitária e o da robustez e desembaraço físico. A origem social era desconhecida. Os oficiais superiores mais antigos e os oficiais-generais anteriores ao 25 de Abril, oriundos de todas as classes sociais, que a Escola do Exército amalgamava sem qualquer dificuldade, haviam apenas sido, na sua grande maioria, dos alunos mais classificados das Escolas Superiores de Lisboa, Porto e Coimbra"...
---- Em : "A VITÓRIA TRAÍDA" - dos generais : J.DA LUZ CUNHA -- KAÚLZA DE ARRIAGA -- BETHENCOURT RODRIGUES e SILVINO SILVÉRIO MARQUES ( 1977 - pgs. 20 a 34 (com transcrição parcial ("RAZÃO DESTE LIVRO") deste último ---
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------- 12)- 13) - "A COLONIZAÇÃO DE ANGOLA"... ---..."A actual crise nacional " ------------------
..."Perante a grave crise económica em que o país se debate depois do 25 de Abril,é um denso mistério o destino de cerca de 40% do orçamento nacional que se despendia numa guerra de desgaste em três frentes,sem outra acção que não fosse circunscrevê-la a certas áreas enquanto outras pareciam seguras mostrando a insuficiência ou a inoperância de um exército,mal remunerado em todos os escalões; ela cavou um fosso entre raças e reforçará o impedimento da constituição de nações do tipo da América Ibérica. A viragem política do 25 de Abril,a cordialidade afectada entre os negociadores,os Acordos de Alvor cinicamente desmentidos relativamente a Angola,a dispensa crescente de técnicos ou de intelectuais portugueses perante a ingerência cubana,russa ou chinesa,afastam cada vez mais as possibilidades de uma federação como o general Spínola havia sugerido.já utópicas quando foram formuladas para pôr termo a uma luta que se eternizava,ou de uma comunidade portuguesa de que apenas restará,no mosaico linguístico das várias províncias, a expressão veicular de uma língua que a maioria não entende. Por suprema irrisão de um paradoxo político,importam-se professores estrangeiros para ensinarem em português dentro das suas arreigadas crenças ideológicas !".
..."Não vale a pena desenrolar mais este sudário.Apenas importa acrescentar,para o nosso caso,que,ao contrário do Ultimatum ou da perda das colónias pela Espanha,o abrir mão do Ultramar não marcou um tempo de reflexão na "inteligência" portuguesa. Haverá,por certo, leitores que tomem como prova de mau gosto vir falar de coisas talvez ultrapassadas e acoimem de reaccionário quem apenas ser,como sempre,objectivo e independente. Como depois da catástrofe de Alcácer Quibir,estamos num momento muito baixo da vida nacional. Desejava-se ter esperança,e ou se entrevê o afundamento ou se refugiam as almas inquietas numa espécie de renovado sebastianismo. Agora,mais talvez do que nunca, o país precisa de fazer apelo às suas energias mais profundas para sair da situação em que se vê atascado". --(pgs. 48/49) --
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--- (Extraído de : "A COLONIZAÇÃO DE ANGOLA E O SEU FRACASSO " - de : ORLANDO RIBEIRO - em : Estudos Portugueses - Imprensa Nacional - Casa da Moeda - 1977/1978 ---
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----- 14)- "PRESSÃO SOCIAL IMPÔS PRAZO À DESCOLONIZAÇÃO" -----
--- ... "E na prática,como foi ? --
..."A descolonização em si não foi exemplar nem perfeita. Foi a possível. Evitou-se um descalabro, que seria trágico para o País e para as Forças Armadas, como aconteceu à França na Argélia e no Vietnam. A descolonização pecou por ser tardia. Devia ter sido iniciada 10 anos antes, quando havia condicções reais de protecção das pessoas e bens portugueses.Tal como foi, representou uma espécie de intervenção cirúrgica em desespero.Os que tiveram de a fazer fizeram o papel de cirurgiões de último recurso. Não podia ser exemplar. O prazo foi determinado pela impossibilidade de rendição das tropas"...
--- "A descolonização teve efeitos concretos no desenvolvimento do processo revolucionário de Abril ? "
... "Claro que sim. A forma como teve de ser executada deu motivos às sucessivas crises do MFA...
..." Curiosamente, a descolonização acabou por abalar o ímpeto da Revolução : o 25 de Novembro só foi possível porque a 11 de Novembro acabara o processo de descolonização com a independência de Angola"...........................................................
--- (entrevista com ROSA COUTINHO, no "O MILITANTE" - nº 238 - Janeiro/Fevereiro - 1999 ----
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---------- 14/A - "HENRIQUE GALVÃO E O IMPÉRIO" ...(A nacionalização das colónias") ----------
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..."Em 1931, Galvão é já o representante do Ministério das Colónias no Congresso da Imprensa Colonial de Paris, numa altura em que Salazar e os salazaristas erguiam o Império Colonial como a ideia nacionalista mais mobilizadora das diferentes correntes políticas representadas na ditadura (cf.Yves Léonard, "O Império Colonial Salazarista", in História da Expansão Portuguesa, vol V,), Círculo de Leitores,1999,pp.13-30) -- Estava em causa um projecto de desenvolvimento integrado do espaço económico português -- um "grande Todo Nacional", nas palavras de Galvão ("Nacionalização de Angola",1930,p.5) -- Daqui em diante, Galvão dividirá o seu empenhamento de "africanista" pela propaganda imperial (em congressos,feiras e exposições), pelo estudo técnico das questões ultramarinas e pela novelística de inspiração colonial ("O velo de Oiro", "Kurika", etc.). Em boa medida ,poderá afirmar-se que Galvão incorpora a questão africana como o grande desígnio nacional que,nos termos fundamentais, unia transversalmente a sociedade portuguesa, de de monárquicos e integralistas a republicanos.
..."A conjuntura difícil de 1929-1930 em Angola,motivada pela crise internacional a que a "questão das transferências" e o confronto interno entre Salazar e Cunha Leal vinham, dar eco de problema nacional, constituirá o ponto de partida de toda a problemática ultramarina de Galvão. O abandono a que estavam sujeitos 40.000 brancos traduzia-se, através de sinais preocupantes, por tentativas separatistas e pela organização de uma milícia armada -- a Associação dos Lusitanos de Angola --de carácter fascizante,à qual não faltava ,segundo Galvão,.."nem o aspecto teatral , nem a exaltação ridícula que as mascaradas desta natureza sempre têm"...(Galvão,Nacionalização...p. 27). A incapacidade de ocupação efectiva do espaço ultramarino era designada pelo autor de "desnacionalização" das colónias. Esta manifestava-se, entre outros aspectos, pelo decréscimo das importações angolanas a partir da metrópole (70% em 1916; 29% em 1927)e pela maciça exportação de capitais estrangeiros para Angola. Impunha-se,por isso,inverte a tendência , instituindo laços de solidariedade entre a metrópole e as colónias.A acção civilizadora teria como contrapartida o estabelecimento de uma relação interdependente e integradora dos espaços económicos. Galvão afirma categoricamente que, se essa relação era fundamental para ambos,ela era especialmente vital para a metrópole:..."A economia portuguesa não resistirá à perda das colónias e arrastará consigo a nacionalidade" (Galvão, "Angola para Uma Nova Política", Lisboa 1937,p. 27)"...
..."Para Galvão,nenhuma acção doutrinadora poderia substituir a unidade económica,e ..."só nela se poderia encontrar esteio sólido e aceitável para a unidade moral e espiritual da Nação"...(Galvão "As Feiras de Amostras Coloniais",1932, Lisboa - p.7)" --). "Os espaços africanos apareciam-lhe como os destinos privilegiados de uma população branca metropolitana excedentária e impossibilitada de emigrar num mundo em crise, e como um mercado preferencial dos produtos industriais metropolitanos. A este propósito,não poderia ser mais claro quando pergunta : ..."Para onde venderíamos os milhares de contos que as colónias anualmente nos compram em produtos metropolitanos ? Onde compraríamos, em idênticas condições de preço, os milhares de contos que elas anualmente nos vendem ?"... - (Galvão,"Angola"...p. 37)- "Contudo,tal como o ministro das Colónias Armindo Monteiro, Henrique Galvão encara esta relação de pacto colonial como indissociável da instalação de indústrias nas colónias, a fim de captar os colonos e os capitais metropolitanos,em particular nas indústrias que tivessem por base as explorações agrícolas e pecuárias"... As Feiras de Amostras Coloniais de 1932 e as Conferências Económicas e Comerciais realizadas em Luanda e em Lourenço Marques nesse ano tinham mostrado, a par de uma pujante actividade agrícola e comercial, um conjunto de problemas apontados pelas burguesias locais : necessidade de uma melhor adaptação às exigências do mercado (que já não se compadecia com produtos metropolitanos de baixa qualidade), necessidade de um acesso mais facilitado ao crédito, de um regime de "transferências" cambiais menos limitativo e de um regime de pautas menos proteccionista. AS feira haviam mostrado,para Galvão -- em sintonia com os interesses coloniais --,que, removidas as dificuldades apontadas, o comércio poderia superar a tradicional troca de vinhos metropolitanos por oleaginosas,açúcar,café e cacau."
..."Ao contrário de outras tendências defensoras da exclusiva responsabilidade da colonização branca no desenvolvimento das colónias, Galvão considera que o indígena desempenha aí um papel essencial e que ..."é da intensificação e aperfeiçoamento das suas culturas e criações, incomparavelmente mais do que a agricultura directamente explorada pelo europeu, que depende do progresso económico"...(Galvão,"Huíla"...,p.67)...
... -- ..."(Autodeterminação e independência -- os ventos de mudança" :
..."Com Henrique Galvão estamos então perante um situacionista fervoroso da primeira fase do regime, um defensor do Acto Colonial e da constituição do Império Português,colaborador de Salazar e de Armindo Monteiro,propagandista empenhado que de defensor entusiasta da colonização de Angola se transmutará em anti-salazarista militante e anticolonialista. Quando e como ocorreu tal mudança ? E,acima de tudo,por que razão se deu essa alteração tão profunda e tão isolada entre os situacionistas ?..."Galvão tornou-se anti-salazarista porque foi um dos primeiros anticaetanistas e por via da questão ultramarina. O seu anticolonialismo tornou-se-lhe claro quando,em 1946,por acção da defesa de Angola na Assembleia Nacional, se começou a confrontar com os "não apoiados" dos deputados da União Nacional, numa Assembleia que se tinha pretendido reformada e com o contributo de independentes, mas que não conseguia integrar a independência irreverente de Galvão. Demonstra ter consciência de um isolamento crescente a que foi votado pelo ministro das Colónias, Marcelo Caetano, em carta que a este dirige em 1945. ("Carta a Marcelo Caetano", in Crónicas das Horas Vazias,Lisboa s.d.). Acentua o distanciamento em sucessivas intervenções,fortemente críticas,na Assembleia Nacional durante 1946,e decide-se pelo corte radical com o regime depois do célebre relatório sobre a condição de trabalho dos indígenas,em Janeiro de 1947, coincidindo a sua saída da Assembleia com a queda de Marcelo do Ministério das Colónias... "Poderíamos invocar argumentos de psico-história para explicar esta alteração brusca do azimute em Galvão, que a si próprio define como um ..."não conformista e rebelde". Sempre se considerará mais um "franco-atirador", com difíceis relações com o poder,e menos um homem integrado na situação ou na oposição organizada."...
..."No fim da II Guerra há,pois,um conjunto de circunstâncias que reorientam Galvão na senda do anticolonialismo, com tomadas de posição públicas que, em matéria de conteúdo e de forma, o colocam bem mais à esquerda,digamos,da oposição clássica e em primeiro plano entre toda a oposição ao regime. Duas razões ajudam a explicar esta situação paradoxal. A partir de 1936, já como inspector superior colonial, Galvão é encarregado de numerosas missões em África de que resultam sucessivos relatórios sobre as colónias,todos pouco abonatórios da acção ultramarina do regime. Preocupava-o o despovoamento resultante do êxodo da população negra,o tratamento servil e o trabalho compelido,o estado latente de revolta dos colonos brancos e o excessivo centralismo burocratizante das grandes capitais como Luanda. Sobre este problema dirá :..."nada disto é um Estado Novo,mas antes um estado velho de coisas"...(Galvão, "Angola"...p.150)..."A verdade é que o crítico inspector estava ,em muitos aspectos,mais perto da ideologia colonial autonomista dos republicanos do que da ideologia colonial do Estado Novo, e isto apesar do seu empenhamento ao lado de Armindo Monteiro na organização de eventos como as Feiras de Amostras Coloniais(1932), da I Exposição Colonial Portuguesa (1934) e da Exposição Colonial (1940).
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--- ...... ("A "terceira via" da descolonização".......
..."Em 9 de Dezembro de 1963, qual cavaleiro andante, Henrique Galvão aportava na ONU para ser ouvido,como peticionário, perante a 4ª Comissão Especial daquela organização,na qualidade de ex-inspector das colónias portuguesas e "reconhecido defensor da população indígena". Durante 45 minutos discursou perante uma assembleia composta por representantes de quase uma centena de países,orgulhando-se de ser o primeiro branco que aí tomou a palavra contra o colonialismo português. Rebelde e irreverente, afronta aquela que sabia ser a posição maioritária da assembleia,ao mesmo tempo que, paradoxalmente, no andar superior,o ministro dos Negócios Estrangeiros, Franco Nogueira,se esforçava por convencer U Thant a visitar os territórios ultramarinos portugueses para aí confirmar o alegado estatuto autónomo dos povos sob o domínio português..."
..."A primeira vitória de Galvão traduziu-se numa votação favorável à sua ida à ONU para ser ouvido, depois de um acesa discussão(sessões 1479,1480 e 1481,de 13 e 14 de Novembro) entre os blocos ocidental e afro-asiático da comissão. Apoiado num parecer jurídico favorável à extradição,o representante dos EUA, Sidney Yates,deixara na mão da comissão a última decisão sobre o assunto"..." Ora,desde o início da discussão que o bloco afro-asiático se tinha manifestado a favor da audição de Galvão, independentemente da validade do seu depoimento que alguns representantes consideravam o de um colonialista e que, ainda por cima,tinha classificado de insustentáveis algumas posições dos líderes independentistas africanos. Apesar do elevado número de abstenções, apenas três países além de Portugal votaram contra a audição de Galvão -- Austrália, África do Sul e Espanha, e, no caso da Austrália,o seu voto devera-se à falta de segurança que a ONU podia assegurar aos peticionários"...
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...... -- (A "terceira via")--
..." Era,pois,entre a oposição democrática moderada e anticomunista que a administração americana poderia encontrar algumas afinidades ideológicas e de interesses estratégicos. Desde as eleições de 1957-1958 um dos seus líderes -- Cunha Leal --havia evoluído para uma posição mais transigente e negociada. Em "As Minhas Razões e as Razões dos Outros" -- Ecos de uma campanha eleitoral" (1957),Cunha Leal delineia, pela primeira vez,aquele que será o programa descolonizador da oposição democrática moderada : aceitação do princípio da autodeterminação, que seria seguido da fatal independência,sempre que houvesse condições sustentáveis para a criação de um país e os seus habitantes se manifestassem a favor dessa solução. A habilidade dos portugueses estaria justamente em,através de um processo de autonomização crescente, conseguir "convencer os povos da bondade de uma solução federal ou confederal, com trasladações do poder central entre os vários continentes".
..."Aqueles democratas imaginavam mesmo um utópico espaço unificado afro-luso-brasileiro,baseado numa cultura comum e numa especial vocação luso-tropical de pacífica convivência multirracial a que eram muito sensíveis."...
..."Se,por outro lado, essa independência lhe viesse a ser negada em nome de conceitos imperialistas, então o resultado seria o contrário do que se pretendia evitar : a proclamação da independência absoluta. Simplesmente, aquela independência natural,justa porque oportuna,seria bem diferente na sua essência da independência à força que a prática política, baseada numa leitura redutora dos artigos 73º e 74º da Carta das Nações Unidas, tinha imposto a alguns dos processos separatistas em África"...
..."A História ulterior mostrou até que ponto a designada "terceira via" descolonizadora foi incapaz de influenciar,sequer um pouco,o processo de descolonização 1974-1975. O retomar desta problemática através da análise histórica mostra também quão dificilmente essa "terceira via" teria aplicabilidade em 1962-1064, quando ela é formulada pela oposição social-democrata ao regime e os ventos da luta armada incendiavam já os três palcos da guerra colonial"...
..."Da sua inviabilidade se não poderá nunca responsabilizar a oposição -- "a democrática" ou a "totalitária" -- mas,sim,o regime colonialista de Salazar. A primeira --"democrática" -- desde a questão indiana que apontava a solução negocial para o problema ultramarino; a segunda -- comunista e democrática de esquerda -- se foi aderindo, ao longo do tempo,a uma solução de independência imediata foi porque se convenceu de que essa era a única solução, depois de queimadas todas as outras etapas pela intransigência do governo português". --
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--(Transcrição parcial da revista: "HISTÓRIA" - Ano XXII - Nº21 - Janeiro 2000 -- do Autor : LUÍS FARINHA)-- pp. 19/28) --
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---------- 15)- "Dr. Mário Soares" ----------
..."Soares nunca foi um democrata. Ou melhor, é democrata se for ele a mandar. Quando não, acaba-se imediatamente a democracia. À sua volta não tem amigos, e ele sabe-o; tem pessoas que não pensam pela própria cabeça e que apenas fazem o que ele manda e quando manda"
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..."Seria bom que alguém fizesse sentir ao Dr. Mário Soares que não pode continuar a fazer o que lhe apetece neste país, impunemente. Por mim, confesso que estou farto do comportamento deste tipo de bailios que pensam que o país é uma gleba sua onde ninguém tem coragem de lhes pedir responsabilidades, nem sequer políticas."
..."Começo a ter vergonha de viver num país onde acontecem este género de coisas, onde quase todos se curvam diante da majestade balofa de um bufarinheiro da política. E essa vergonha só não se tornou ainda insuportável porque acredito que um dia se irá fazer a verdadeira história de toda esta ignomínia"...
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-- (transcrição parcial do artigo do Dr. António Marinho, publicado no "Diário de Notícias de Coimbra" em 15 de Março de 2000) ---
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------- 16)- "...O 25 de ABRIL SEM CELEBRAÇÕES..." -----
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..."Vivemos o dia 25 de Abril sem celebrações, como um dia qualquer, indiferentes ao significado que a data representava na história do país."
..."De facto, se para Portugal, e para o povo português, o dia 25 de Abril de 1974 trouxe a paz nacional, a liberdade, a justiça, a democracia e a concórdia entre os portugueses, para os angolanos trouxe uma independência nominal e a guerra.A descolonização portuguesa foi de facto a pior da história da África contemporânea. Mas o dia de hoje era importante no quadro da nossa estratégia. Aproveitando a relativa acalmia que se vivia, transpusemos o rio Lungue-Bungo e colocámo-nos do outro lado deste grande obstáculo natural.
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..."Como nota de memória, a base que deixámos do outro lado do grande rio, ficou conhecida como a Base das Cobras.Mais de quinze cobras, algumas de aspecto horripilante, foram consumidas no local"...
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--- (em : "MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO" - de ALCIDES SAKALA - pgs. 235 - 237 - (26/27 de Abril de 2001) - (Rio Lutuvel e Rio Lusse)--- (ver um maior desenvolvimento em : http://angola-brasil-portugal.blogspot.com/ ---
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---------- 17)- "A (in)dependência de Angola" ----------
..."Era esta a independência que os portugueses desejavam ? Era esta a independência que os angolanos almejavam ?"
Não. Não era a independência que os portugueses desejavam, como também não era, não é nem será a que os angolanos desejam
A maioria dos portugueses e a maioria dos angolanos nunca quiseram o que lhes foi imposto, até porque ambos sabiam e sabem que é muito mais o que os une do que o que os divide.
Só não sabe isto quem, por manifesta e criminosa malvadez, entende que é detentor da verdade absoluta. E esses estão em Portugal como estão em Angola. E esses são todos aqueles que não trabalham para os milhões que têm pouco (ou nada), mas lambem as botas aos poucos que têm milhões !!
Alguém deveria ser responsabilizado por este verdadeiro genocídio ?!!"...
--(de ORLANDO DE CASTRO, em site "CONVERSAS NO CAFÉ LUSO" -- 06.11.2001 --
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------------ 18)- "GENERAIS DE AVIÁRIO" -----------
..."Nome dado ironicamente aos Tenentes, Capitães e Majores que foram promovidos por conveniência revolucionária ao generalato. Teve como precedente o Decreto-Lei nº 177/74, de 29-4-1974, que estipulava que "os oficiais generais e superiores,do activo ou da reserva", escolhidos para a Junta de Salvação Nacional, seriam promovidos por distinção aos postos de Generais de quatro estrelas ou de Vice-Almirantes, conforme o caso. O exemplo não tardou a ser seguido por todo o País. Este procedimento veio a ser a ser legalizado pelo Decreto-Lei nº 147-C/75, de 21-3-1975, que autorizou o Conselho da Revolução a graduar ou promover qualquer militar à categoria e posto hierárquico que entendesse, "considerando (...) a necessidade urgente de fazer coincidir a hierarquia formal com a hierarquia da competência", e ainda a acelerar a promoção dos militares que oferecessem "melhores garantias(...)de servir as Forças Armadas e o povo português". Em contraste com esta atitude, citamos as palavras ingénuas de Salgueiro Maia : "Eu e todos os outros homens do 25 de Abril tivemos por base a premissa de que não haveria prémios, nem condecorações, nem louvores" (Expresso, 30.11.1974, pg. 4). Talvez por isso nunca tivesse sido promovido."
--- (em : "DICIONÁRIO DO 25 DE ABRIL" - pg.172/3 - de : JOHN ANDRADE ---
-- Setembro de 2002 --
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------------ 19)- "GUERRA COLONIAL" ------------
..."Nome dado pela esquerda à Guerra do Ultramar. É incorrecto, porque uma guerra colonial faz-se para conquistar novas colónias ou para manter colónias contra a oposição das populações indígenas, o que não corresponde ao que se passava no Ultramar português, Contudo, o regime de Abril consagrou esta expressão, que tem sido explorada ao máximo nos meios de comunicação social".
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..." Sobre o que significou para os portugueses a guerra, pode contrapor-se às opiniões politicamente correctas dos Capitães de Abril, outras, mais sinceras, como a do Major Ribeiro de Almeida, Delegado da Protecção Civil em Coimbra : A Guerra Colonial - andei lá muitos anos, em várias missões e funções -- deu-me uma vivência muito grande, foi uma experiência extraordinária. Conheci muita gente e gente muito diferente. Deu-me uma noção clara da grandeza da acção portuguesa no mundo. Retirei dela vantagens, o que significa que uma guerra não é só negativa" (Diário de Notícias, 28.12.1999, pg.3). Mas,mesmo um quarto de século depois, continua a haver opiniões dogmáticas, como a do Prof.Doutor Romero Magalhães, da Universidade de Coimbra, cuja inteligência é dominada pelo politicamente correcto : "Os mortos da Guerra Colonial deveram-se à absoluta política salazarista. Ninguém perguntou aos soldados se queriam ir para a guerra. A Pátria não se discute,era dogma"(Diário de Notícias, 7.2.2200,pg.3). Ficamos sem saber se ele acha mal não se discutir a Pátria, e se pensa que nalgum país, em qualquer época, um Governo perguntou aos soldados se queriam ir para a guerra."
-- (em : "DICIONÁRIO DO 25 DE ABRIL" - Set. 2002 -- pg. 183 -- de : JOHN ANDRADE--
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---- 20)- "A DESCOLONIZAÇÃO FOI IRRESPONSÁVEL"...
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..."As energias criadas pela revolução ultrapassaram os seus próprios autores e despoletaram forças difíceis de controlar. Uma delas foi a descolonização.
Ninguém conseguiu emergir das águas turbulentas e turvas para orientar o grande navio que se afundava, cabendo às colónias um trágico destino. Mas, se aos dirigentes portugueses saídos do 25 de Abril se podem assacar culpas, sobretudo pela ingenuidade política demonstrada (Não se ouviu durante tanto tempo um dos seus mais importantes elementos adjectivar a Descolonização de "exemplar"?)ou pelo serviço prestado, mais ou menos descaradamente, ao bloco liderado pela U.R.S.S., não podemos deixar de o fazer, igualmente, aos dirigentes dos novos países africanos emergidos da descolonização.
No caso de Angola, que é o que mais nos interessa aqui, não é de escamotear o valor e a importância da luta pela libertação que durante catorze anos foi travada nos terrenos militar e político"...
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..."Sim. A Descolonização foi irresponsável, basta atender nos seus resultados"...
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--(de JORGE ARRIMAR)- -- 27/03/2003 --
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---------- 21)- "A DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR" ----------
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..."Contudo, o que é inegável, é que, em 25 de Abril de 1974, apesar da guerra colonial estar perdida na metrópole, ela estava, com excepção da Guiné, onde Spínola redondamente falhara, ganha no campo de batalha. Pelo menos, temporariamente ganha. Obviamente, que teria sido uma questão de tempo, como foi, para se reacenderem com intensidade redobrada as acções dos movimentos de libertação. Só que - e aí é que entra a responsabilidade histórica do 25 de Abril - o tempo para negociar a paz existia. Fora ganho, bem ou mal, pelo nosso exército. Por isso, foi inadmissível e criminosa a atitude de entregar, sem excepção, aos movimentos pró-soviéticos as colónias portuguesas, quando existiam outros intervenientes e interesses no processo. O saldo aterrador de milhões de mortos, países, economias e sociedades destruídas, deu razão a Marcelo Caetano. Como bem escreveu Vasco Pulido Valente, "Marcelo Caetano não se demitiu da responsabilidade de "homem europeu" em África e os resultados da demissão dos outros não o diminuem" (VPV - Marcelo Caetano - As Desventuras da Razão - Gótica, Lisboa, 2002)"...
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-- (posted by rui a. @ -- (16/08/03) - em : "CATALÁXIA" ---- http://catalaxia.blogspot.com/ ----
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--------------- 22)- "REFLEXÃO" ---------------
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..."A única espicificidade portuguesa iria estar na circunstância da nossa guerra colonial ter sido desencadeada depois das outras guerras coloniais europeias terem acabado.E da descolonização ter sido executada por um poder político revolucionário de esquerda, bem diferente do modelo gaulista ou do estilo conservador de Mac-Millan, que pautaram as liquidações dos impérios francês e britânico. De qualquer maneira, tratou-se de uma guerra que, no fim, acabou por ser perdida, não pela derrota militar no campo de batalha, mas pela derrota política nos meandros do macrocéfalo aparelho do poder central e que, depois da revolução, transformou os portugueses e oa africanos até então sujeitos à formal soberania portuguesa em peões
de xadrêz dos jogadores da guerra fria que em Angola, em Moçambique e na Guiné admitiam uma espécie de guerra de procuração, a ponta quente de um mais profundo iceberg que não degelava. Mas o rapidamente e em força desse abandono, apesar de qualificado como descolonização exemplar, conduziu a um traumatismo equivalente ao de Alcácer Quibir, gerando-se mais uma das graves crises de identidade nacional"...
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---- (de : "CENTRO DE ESTUDOS DO PENSAMENTO POLÍTICO" ---- 2003 - em : http://www.utl.pt/ ----
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---------- 23)- "A CEGUEIRA NACIONAL" ----------
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..."Os factores da "exemplar descolonização" são putativos responsáveis pelo caos em que as ex-colónias mergulharam e pelos prejuízos morais e materiais dos "retornados". Descolonização,que para individualidades de reconhecido mérito e para quem dela foi vítima, foi um crime. Natural seria,pois, que se apurassem as responsabilidades dos que nela intervieram. Se julgados e fossem considerados culpados, a pena aplicada só teria uma atenuante : a inimputabilidade dos arguidos por atraso mental ou disfunção cerebral, o que implicaria o correspondente internamento em hospital psiquiátrico : atitude lógica que será impensável num país onde até os terroristas das FP25 andam à solta"
O resultado da falta de preparação dos que receberam a independência e dos que a realizaram é bem evidente. E por isso, os "retornados" foram espoliados, roubados, maltratados e traídos. Não obstante isso, eles continuam a contribuir para um Portugal mais civilizado, com a sua disciplina, o seu empenho, o seu brio e eficiência profissionais; com o seu espírito de iniciativa e realização,e com a sua educação e civismo - predicados a boiar como odorosa pétala de rosa em pântano pestilento.
A preferência concedida aos "retornados" é, pois, mera operação ecológica e de saneamento básico..."
--(de RAUL FERNANDES -(Director de "O LOBITO")- Nº175/MARÇO de 2004-
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-- --------------- 24)- CPLP ---------------
..." Já agora, um pequeno exerto de um livrinho que li no outro dia, e que não deixa de ser mais uma opinião sobre a tão famosa e discutida "descolonização", e a tão apregoada CPLP:
..."Com a guerra, dividiu-se o País, desperdiçaram-se recursos e energias e manteve-se, durante mais de dez anos, uma obsoleta política nacional. Com a descolonização, até parcialmente em resultado da guerra, deram os portugueses à história do mundo um terrível contributo de covardia, incompetência e irresponsabilidade. Com ambas, guerra e descolonização, Portugal liquidou praticamente todas as possibilidades de manter relações vivas e decentes com países que anteriormente colonizou.Ao contrário das outras metrópoles de grandes impérios, Portugal não conseguiu preservar ou renovar os laços de cooperação com os novos estados. Nem parece jamais tal venha ainda a ser possível. Se, entre estes países, alguma coisa existe hoje de essencial e de visível é a hostilidade, apenas suavizada pela corrupção. Portugal não perdeu só um Império : perdeu também a possibilidade de desempenhar um papel de relevo em qualquer dos continentes não europeus. E já se percebeu, apesar de quase ninguém o querer dizer, que a língua não basta para criar uma comunidade, nem sequer de cultura, quanto mais de interesses"...
--("Tempo de Incerteza" -- ANTÓNIO BARRETO - em : "O PAÍS DA MARRABENTA" - http://paisdamarrabenta.blogspot.com/ ----
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---------- 25) - "ORGULHOSAMENTE SÓ" ----------
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..." Em nome da edificação de um Portugal maior, reduziram-no a um inviável e anárquico rectângulo peninsular. Em nome da liberdade, impôs-se a ideologia obrigatória do antifascismo. Em nome dos direitos do homem espancou-se, torturou-se, elaboraram-se leis penais com efeitos rectroactivos, agravadas a seguir por uma triste assembleia que se chama da república. Em nome da paz, centenas de milhares de brancos, pretos e mestiços tombaram vítimas da descolonização exemplar, ao passo que milhões de outros, sem serem ouvidos nem achados, foram entregues ao jugo soviético.Em nome do bem-estar dos desfavorecidos e desprotegidos, arrasou-se a economia, estabelecendo-se o princípio, que conduz à miséria geral, de que o importante é diminuir o trabalho e aumentar o ganho.Em nome da independência nacional, mendigam-se empréstimos aos capitalistas lá de fora, empenhando-se o que nos resta"...
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-(de ANTÓNIO JOSÉ DE BRITO - 31/08/2004 -em http://fascismoemrede.blogspot.com/2004
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---------- 26)- "PORTUGUESES DE MOÇAMBIQUE" --------
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..."Estamos em plena campanha eleitoral.
Tudo é discutido, é falado e perguntado.
Só não vejo ninguém a discutir, a falar ou perguntar sobre as indemnizações dos bens deixados pelos cidadãos portugueses no ex-ultramar, entre outras sequelas da chamada "descolonização exemplar"!
Entre outros mais, existem aqueles portugueses que, forçados a regressar a Portugal, subsistem com pouco mais de 200,00 E.
Propala Mário Soares que foram integrados na sociedade portuguesa através dos programas do então existente Comissariado dos Deslocados. Não é verdade. Em números oficiais foram criados 80.000 postos de trabalho. Mas os cidadãos vindos do ex-ultramar, não funcionários públicos, eram muito mais"...
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-- (de : FERNANDO GIL - em : http://quadraturadocirculo.blog.sapo.pt/ -- 14 de Fevereiro de 2005 --
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-- -- 27)- "ALMEIDA SANTOS, reconhece que a Descolonização foi Má"...
..."Claro que discordamos da fundamentação do Dr. Almeida Santos, que mais parece uma desculpa para a VERGONHOSA DESCOLONIZAÇÃO que Portugal fez nas Colónias... Inventar desculpas não resolve nada depois do mal estar feito...SE PORTUGAL colonizou mal,descolonizou Pior... De resto outros países foram bem piores colonizadores do que Portugal o foi e fizeram melhores descolonizações...Nem se venha culpar Salazar, Caetano ou os seus seguidores pela Descolonização mal feita pois aqueles apenas são culpados(mal ou bem)...não sendo eles os descolonizadores"...
--(de 1MandaChuva1)- mensagem de 08/05/05 --- em : comunidade virtualdeluanda@groups.msn.com ---
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--- 28)- "HISTÓRIA DE PORTUGAL DE 1907 - 2005 " ---
..."A descolonização exemplar foi uma catástrofe."
..." Não houve serenidade, ponderação e firmeza. A pressa nunca deu bons resultados. No momento, faltou a coragem para dizer não. Tinham-se poupado milhares de vidas em Angola, Moçambique, Guiné e Timor. A desculpa de que estávamos fartos de guerra não tem justificação. Tanto os portugueses como os povos dos territórios ultramarinos queriam a liberdade. Pagaram-na com um preço altíssimo e podiam-na ter, de igual modo, mas de um,a maneira civilizada"...
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-- (de CUNHA SIMÕES , em www.cunhasimoes.net/cp -- (HISTÓRIA 24) --
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------ 29)- "FICOU O SONHO, A AMIZADE E A CAMARADAGEM" ----
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..."O nosso país, a nossa pátria, por vezes não tem memória.
Vinte e cinco anos depois já não se lembra dos jovens que, na década de 80 foram contratados ao abrigo dos acordos de cooperação, e que a troco de quase nada, depois do regresso à pátria de milhares de portugueses, foram superar a falta de professores nas escolas dos países africanos que por nós tinham sido colonizados.O país esqueceu-se, como normalmente acontece, do sonho sonhado desses jovens, que embrenhados uns, na revolução dos cravos, imbuídos outros pelo espírito de dúvida, enfim solidários e sonhadores, pensavam ser possível, depois do retorno de muitos portugueses, ajudar a construir uma África mais fraterna e mais justa"...
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---- (de JOSÉ CARLOS PACHECO ALVES - em : http://profecoopblog.blogs.sapo.pt/ --- 03 de Setembro de 2005 ----
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------------- 30)- "Dr. Mário Soares : "Desapareça" -----------------
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..."No que diz respeito ao Ultramar português, Soares esforçou-se de forma empenhada para que o processo se passasse como se passou. Contrariamente ao que diz e à fama que se auto-atribui."
..." Em tempos de PREC, o dr. Soares cativava inocentes com promessas de consultas populares, a serem feitas cá e lá, mas a verdadeira intenção era não perguntar nada a ninguém e entregar todo o nosso território ultramarino a elementos directissímamente ligados ao estalinismo soviético. Soares executou, objectivando-o, um desiderato do partido comunista. É assim deste personagem a responsabilidade pelo que considero ter sido, e ser ainda, a maior catástrofe nacional : a destruição, traiçoeira e vil, de um ideal eminentemente português e a sequente, horrorosa e previsível mortandade que se seguiu."
..."A gravidade deste horror indescritível vem ainda do facto de nunca ninguém ter investido Soares de poderes para dispor de território nacional. Nem mesmo isso seria jamais possível, por muito que invoque a legalidade revolucionária (que substancialmente não foi legalidade alguma, por se ter traduzido naquilo em que se traduziu : destruição de Portugal). A partir daqui, o que se passou é da enorme responsabilidade de uma pessoa imputável há 81 anos e que se dá pelo nome de Mário Soares. A "descolonização exemplar" foi "exemplarmente" criminosa, e é imperdoável, tendo em vista a sua enorme gravidade."
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---- (transcrição parcial dum artigo de JOÃO DE MENDIA, publicado no "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" em 4 de Setembro de 2005) ----
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------ 31)- "Dos fracos também reza a história" ------
..."Nesta semana foi publicada uma entrevista com Almeida Santos(AS) sobre o tema da descolonização. Mais uma vez AS descarta-se de responsabilidades no processo, pela tragédia que este implicou para os povos nos novos países. Se esta desresponsabilização não é nova, ficamos agora a saber que afinal os responsáveis são Salazar e quem lhe bateu as palmas. Mais umas entrevistas de AS e ficaremos a saber que afinal o responsável pelo processo da descolonização foi o D. Afonso Henriques que se revoltou contra a própria Mãe. Com uma argumentação deste tipo, não há muito mais a dizer..............................................
..."Foi o testa de ferro do processo, dum trágico processo de descolonização (trágico em todos os sentidos -- humanos, económicos, sociais, civilizacionais -), do qual Mário Soares foi um dos principais responsáveis, actualmente encapotados, e nunca deixou qualquer marca positiva no nosso país"
..."Apesar do ditado popular rezar que a história não recorda os fracos, este não é completamente verdade"...
---(postado por : REIS SOARES em http://tonibler%2Cblogspot.com/2005/10 ---
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------------------ 32)- "NO FIO DA NAVALHA" -----------------
..." 1. A nossa crise aí está, cada vez mais complexa, mais demorada e mais perigosa. Tenderá a agravar-se enquanto os "optimistas profissionais" não entenderem que o mal não é o pessimismo, mas o atraso; não é a desconfiança, mas os embustes; não é a descrença, mas a incompetência; não são os défices, mas a inviabilidade de viver à custa alheia; não é a falta de desenvolvimento, mas o conservadorismo que o bloqueia; não são as ideias, mas as palavras; não são os males do mundo, mas a nossa incapacidade para vencer os próprios. As crises do Estado e da economia, entre todas, têm especial relevância e arriscada repercussão. Daremos um decisivo passo em frente quando os portugueses tomarem "consciência deste estado, porque as políticas só serão possíveis com consenso social" E que "é preciso dizer a verdade, não histórias", como sensatamente sublinha Andrea Canino (1)."...
..." 2. A crise do nosso Estado é,antes de mais, política. Um regime quase parlamentar vale o que valerem os princípios e a prática dos principais partidos. Em Portugal, eles estão agora dominados por um clientelismo devorador que a tudo antepõe o objectivo da "ocupação" do Estado porque só neste se dispõe de tantos empregos, de tantas oportunidades e de tantas influências. Os demais partidos, sem horizontes próximos de assunção de responsabilidades, garantem ou insinuam, em geral, a existência de uma capacidade do Estado, para dar ou para fazer, que oscila entre uma confrangedora ingenuidade e um descarado embuste. Portanto, fora do arrivismo, do negocismo, da fantasia ou da sofisma, vai-se reduzindo perigosamente o espaço para a verdade e para a acção política séria. A democracia, assim, é um engano e em breve será uma terrível desilusão"...
... " 3. O clientelismo partidário encontra um aliado decisivo no "Partido do Estado". Sem este não há votos suficientes, sem votos não há "ocupação" do Estado e sem esta "ocupação" não há distribuição de benefícios. Isto é : sem os favores de grande parte dessa multidão de mais de cinco milhões de portugueses -- políticos, funcionários, pensionistas, subsidiados e familiares --, detentores de mais de 55 por cento dos votos do eleitorado, nenhum partido pode hoje governar em Portugal. Por isso, nas campanhas eleitorais silencia-se, distorce-se ou dissimula-se a verdade da nossa situação para tranquilizar os membros do "Partido do Estado". Atingido o Governo, logo se procura o pretexto da "alteração das circunstâncias" em vista da imposição de medidas impopulares que, embora insuficientes, teriam alterado o sentido da votação se fossem ditas na campanha eleitoral. Os resultados destas traficância são fatais : o descrédito dos políticos e a ausência de reformas essenciais. Legislatura após legislatura,vamos caindo para níveis que não eram sequer pensáveis."...
" 6 . Crise económica e crise financeira do Estado, em especial, determinam a pouco referida crise da social-democracia/socialismo democrático. De facto, sem perspectivas favoráveis, no curto e no médio prazo, a economia portuguesa já não suporta, e não suportará, uma política redistributiva do rendimento e da riqueza(4); nem aproximará a taxa de ocupação da mão-de-obra do pleno emprego; nem assegurará, responsavelmente, o futuro de um Estado Social que pretenda garantir tudo a todos; nem um sindicalismo actuante porque, "contra" os privados, teme as falências e as "deslocalizações, e "contra" o Estado ataca verdadeiramente os contribuintes, que são as únicas vítimas do "Partido do Estado".........
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--- (Transcrição parcial deste artigo de MEDINA CARREIRA, publicado no "PÚBLICO (Pg. 30) - ECONOMIAS", EM 25 DE OUTUBRO DE 2005 --
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----( OBS -- Pelo que acima fica revelado, constata-se que tudo isso contraria radicalmente o que os mais responsáveis governamentais têm afirmado, desculpabilizando-se, por vezes com sorrisos impróprios,sarcásticos,irritantes,com o apoio de um ou dois "pontos teatrais vicentinos" e, noutros episódios (ou "peças"), socorridos pelos seus substitutos, quais "bengalas" de inoportunas intervenções, nem sempre bem sucedidas !
Lá diz o "povo" (coitado !), que mais cego é quem não quer ver...!
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/> ------------- 33)- "VIAGEM COM REGRESSO" -------------
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-- (de LUIS ALMEIDA MARTINS - em : "ÁFRICA 30 ANOS DEPOIS" - (VISÃO)-
----- (Aguarda permissão da sua editora ou do autor para a nossa divulgação ---- )
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-------- 34)- "No funeral de um filho dos outros" --------
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..."Por seu lado, os descolonizadores, civis e militares, que tudo sabiam de África e que sempre disseram que depois de conquistado o poder em Lisboa, a transferência de soberania naquele continente ia ser coisa pacífica deixando todos satisfeitos, ao aperceberem-se do alcance das mentiras que tinham espalhado e do vespeiro em que se tinham metido, rapidamente passaram a considerar que as desgraçadas descolonizações de 1974 e 1975 eram da responsabilidade do doutor Salazar falecido em 1970 e do Professor Marcelo Caetano exilado no Brasil, além, claro está,dos colonialistas, do colonialismo, dos monopólios, do imperialismo, da Guerra Fria, dos russos, dos americanos, dos comunistas e de muito mais. De todos excepto daqueles que sempre a tendo clamado depois a executaram"...
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..."É que ou alguém de facto sabia o que é que acabaria por se passar quando a descolonização se desse e, portanto, é indiscutível que andou durante anos a mentir aos portugueses quando lhe falava das maravilhas da descolonização. Ou então não sabia nada de nada daquele que era um dos problemas mais sérios com que Portugal se deparava na eventualidade de pôr fim ao regime chefiado por Américo Tomás e Marcelo Caetano".....
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-(de FERNANDO MARTINS, em : http://oamigodopovo.blogspot.com/ - 2/4/06-
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------ 35)- "O PROF. MARCELO CAETANO E O ULTRAMAR" --------
..."Ao contrário de Salazar, Marcelo Caetano conhecia o Ultramar aonde se deslocou demoradamente quando, entre 1944 e 1947, foi Ministro das Colónias (designação decorrente do Acto Colonial de 1930 e que perdurou até 1951, período durante o qual Angola se dividia em províncias e distritos).
..."Note-se no entanto, que as previsões de Salazar quanto ao que iria acontecer no nosso Ultramar quando Portugal de lá saísse, foram verdadeiramente (e infelizmente) proféticas ! Basta ler alguns dos seus discursos e entrevistas. Se Salazar teve ou não responsabilidades indirectas na catástrofe que foi o pós independência (com excepção de Cabo Verde) isso é outra história no qual não quero embrenhar-me agora".
-- (de : JORGE EDUARDO DA COSTA OLIVEIRA(2005) em : "MEMÓRIAS DE ÁFRICA" --
http://www.macua.org/livros/memoriasafrica_oliveira.html -- (21/08/06)--
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----- 36)- Excertos duma entrevista do Capitão SALGUEIRO MAIA -----
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S.M.- ..."EU RECEBI A RENDIÇÃO DE MARCELO CAETANO"... que declarou então : ..."JÁ SEI QUE JÁ NÃO GOVERNO. SÓ QUERO QUE ME TRATEM COM A DIGNIDADE COM QUE SEMPRE VIVI. DEI AO PAÍS O MELHOR QUE SABIA E PODIA E A MINHA CONSCIÊNCIA NÃO ME ACUSA"..
..."Perguntou-me depois qual era a nossa ideia em relação ao Ultramar e eu disse-lhe que a nossa posição de certeza era a de evitar que o Ultramar se transformasse em novas Índias".
MARCELO CAETANO afirmou : - ..."ACHO QUE NÃO É COM O GOLPE DE ESTADO QUE SE RESOLVE O PROBLEMA DO ULTRAMAR"...
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S.M. - ..."Acho agora que o mais importante é que todos os portugueses se compenetrem de que a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade dos outros...É urgente que não se tente fazer tudo duma vez. Isto em relação a tudo e em relação ao caso particular do Ultramar. É urgente e necessário que haja diálogo, mas esse diálogo deve ser feito conservando a nossa posição. Que a liberdade seja total a ambos os níveis : não sejamos nós a tentar alijar responsabilidades, nem os outros a tentar levar-nos a assumir responsabilidades. Portanto, que a opinião pública tenha o tal ano previsto para a preparação de eleições livres para ser devidamente informada de modo a que, quando tiver de tomar uma decisão a tome, não com o coração nas mãos, mas conscientemente."
- Transcrição parcial da entrevista concedida por MARCELO CAETANO ao jornalista ADELINO GOMES e publicada num Suplemento da Revista nº 664 de "FATOS E FOTOS" - 1974-
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----(transferido para http://angola-brasil-portugal.blogspot.com/ :
------- 37)- "MEMÓRIAS DE UM GUERRILHEIRO" -------
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---------- 38)- "DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR" ----------
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..."Além do mais, hoje, Portugal, por força de absurdas -- embora já passadas -- guerras ditas "coloniais" e de "retornados" que foram fruto e vítimas de uma "descolonização exemplar" -- assim dita com conhecido rótulo político --, Portugal é um microcosmos do que já foi o nosso universalismo histórico e até globalismo humano ecuménico do nosso império ultramarino..."
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-- (de MANUEL FERREIRA DA SILVA - em : Voz das Misericórdias - (7/12/2006) ---- http://www.agenciaeclesia.pt/pub ----
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----- 39)- "Descolonização - termo eterno!" -------
..."Já muito se falou e ainda há muito por falar.Julgo que o cerne da questão não se prende com ideias neo-coloniais nem nada que se pareça, antes, retirar o propósito de serem ressarcidos dos prejuízos morais e não só, a que os governantes da altura os condenaram.
Ao sabor das correntes dos diferentes momentos políticos, este sensível tema vai sendo mais ou menos tratado, lembrado ou esquecido.
Um punhado de gente regressada do ex-ultramar português, vem-se manifestando, não permitindo que o tempo apague o exemplo que foi, a ironicamente chamada "descolonização exemplar"...
Para quem quiser participar, os produtores do site criaram um forum"...
--(de VALÉRIO VILLE - em http://opera.com --
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---------- 40)- "DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR" ----------
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..."Terá esquecido a vergonhosa descolonização, responsável pela guerra civil em Angola e Moçambique, e que o próprio chamou de "descolonização exemplar" (quando executada)e de "descolonização possível" (quando começou a dar para o torto). Muito mais haveria para o "deitar a baixo" e muito pouco para o "brilhantismo". Haja dó e piedade e não tente chamar aos portugueses estúpidos"...
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---(de : mensagem de HC em : www.produçoesficticias.pt --(13/02/07)
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-- 41)- "NO ANIVERSÁRIO DA (FALTA DE) REVOLUÇÃO EM PORTUGAL" --
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..." Mas voltando ao prato do dia, a dita Revolução de Abril de 1974.Parece-nos que em Portugal não houve grande Revolução, as revoluções fazem-se às mãos de uma minoria tendo como propósito a melhoria do povo e analisando, economicamente, o estado da nossa Nação verificamos que o poder de compra do cidadão normal actualmente é inferior ao de 1974".
... "É difícil ter-se liberdade quando não se tem pão, ou discordam ? Alguns de nós estão convictos de que o estado miserável em que se encontra Portugal talvez passe por um facto que muitos ignoram, ou calam : as elites do Estado Novo que adormeceram a 24 de Abril de 1974 como ilustres da União Nacional, adormeceram nas noites posteriores já como militantes dos PS e PSD, o gigantesco partido único que nos tem governado desde então. O seu passado foi enterrado e esquecido, mui convenientemente".
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..."Até a descolonização "exemplar" serviu apenas aos interesses capitalistas americanos e soviéticos, foram abandonados à sua sorte cidadãos portugueses brancos e negros, muçulmanos e cristãos, não por ser do interesse pátrio mas por conveniência das grandes potências da Guerra Fria"...
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-- ( de F.G. - (26 de Abril de 2007)---- em : http://almapatria-patriaalma.blogspot.com/ ---
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---------- 42)- "MÁRIO SOARES É FIXE" ----------
..."Para ficarem a conhecer o currículo "exemplar" de Mário Soares que foi "pau mandado" (Kuribeka) na descolonização "exemplar" que arruinou Angola e muitos dos portugueses que lá viviam e a amavam, sugiro-vos visitar o seguinte site : http://pissaro%2Chome.sapo.pt/ -- (?) --
-- (de Rubellus Petrinus - publicado em : Varanda do Chiado(webblog) por ip211140 - em 4 de Maio de 2007 -- ou Pesquisa em Posts - http://sol.sapo.pt/search ---
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------------ 43)- "RETORNADOS" ------------
..."Quando em 1974/75 Portugal começou a "descolonização exemplar" das antigas colónias ultramarinas, os portugueses aí residentes foram obrigados a optar entre a "morte ou a fuga"! Foi assim que muitos vieram para a "sede da Pátria Lusa", e foram apelidados de "retornados"!
"Esse termo tinha na altura uma forte carga "discriminatória e humilhante"!
"Mas, note-se que este termo foi "arranjado" pelo próprio governo, com a criação do IARN ! E se é verdade que muitos desses portugueses retornaram a Portugal, muitos outros não retornaram! Retornar é voltar a..., regressar a ... e esses portugueses que tinham nascido e crescido nas colónias, acabaram por vir parar a Portugal e não retornar !
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"Os "retornados" sofreram privações de toda a espécie ! Foram apelidados de quase tudo, "morreram e foram obrigados a ressuscitar" e agora "olham para trás com uma paixão pelas suas terras, usos e costumes, que as palavras não conseguem, descrever" !
"A grande maioria dos retornados "deu a volta por cima" e são hoje fonte produtiva de Portugal ! Nos últimos tempos, cerca de 200 mil portugueses foram para Angola! Há já quem defenda a teoria de que o futuro de Portugal passa pela emigração para aquele país. Provavelmente, muitos desses portugueses são agora "retornados" naquela terra que ajudam a renascer ao mesmo tempo que ajudam Portugal, por razões óbvias!
"E assim, muitos "retornados", depois de espoliados, ainda vão ajudar Portugal...
" Obrigado aos "retornados" pelo que têm feito por este país !..."
--- (De : PEDRO CABEÇADAS -- em "FARO OESTE" --- (FARO , 17 de Junho de 2007) ---
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---- 44)- "A DÉCIMA ILHA DOS AÇORES" ---- "FIM DO SONHO " ---
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..."Estamos no ano decisivo de 1974 : 25 de Abril, suposta alvorada de esperança, dado que em S. JORGE DO KATOFE todos estavam de acordo com a independência, para todo o povo angolano : de paz, ordem e progresso.
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..."Em 26 de Setembro de 1974 comemoraram-se as Bodas de Prata da Cooperativa "A Açoreana"; um tempo muito curto na vida de um povo, mas tempo de alegria, de reflexão e progresso imparável. Como corolário, a Junta de Povoamento acabava de ligar todas as fazendas com estradas rurais com pavimento de laterite, levando à estrada principal asfaltada, ao Posto de Lacticínios e à povoação.
..."Porém, a partir de meados do ano de 1975, os açoreanos do Katofe foram confrontados com a dura, amarga e triste realidade : a independência não seria calma e pacífica, como se antevira um ano antes. A gente de paz e de trabalho de S. Jorge do Katofe, como a maioria dos euro-angolanos, seria obrigada a abandonar tudo o que constituía o seu mundo : os seus haveres, alguns trazidos dos Açores, os seus mortos, as suas próprias recordações, as suas vivências multiraciais, em prejuízo de todo o povo angolano.
..."No último dia de nossa estadia em Katofe, disse-nos um chefe de aldeia(soba) afro-angolano :"Vocês ainda têm uma terra para onde partirem, nós vamos ficar aqui a morrer de fome, de guerra e de doença !"...
..."Prova provada de que os euro-angolanos constituiam o cimento dessa Nação. Veja-se o que veio a acontecer até hoje com a trágica e irresponsável descolonização...
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..."Para trás ficava tudo, além do mais cerca de 20.000 cabeças de gado bovino : para dali a um ano serem apenas 600, até que nada mais sobrou!"...
-- (de LÚCIO FLÁVIO DA SILVEIRA MATOS - publicado em "ATLÂNTIDA" - Vol.XLVI - 2001 ---- e postado em "MUKANDAS DO KABIAKA" ---- http://kapiaka.blogspot.com/ ---(13/08/2007) ----
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------------ 45)- "DESCOLONIZAÇÃO" ------------
..."Quando aplicado a vários sítios, particularmente a África, o termo "descolonização" é erróneo. As estruturas coloniais permaneceram intactas e os africanos que passaram a governar as novas nações já eram antes uma elite colonial, educada em instituições europeias ou de origem europeia, falando a língua dos colonizadores. Isto em territórios onde existiam por vezes, centenas de outras línguas. Os novos governantes instituíram a língua colonial como língua nacional.
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..." A tragédia da dita "descolonização" africana é bem ilustrada pelas histórias do primeiro país africano a conhecê-la, o Gana, e do último, o Zimbabwe"...
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-- (de : LUCIANO AMARAL em "50 Anos de Europa: do Gana ao Zimbabwe" --
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------------ 46)- "O menino do Namibe" ------------
..."Era um rapaz de família modesta,concluído o ensino primário, fizera a admissão à escola de Pesca (que se substituía em meios menos afortunados ao liceu). Que o liceu era para os privilegiados. Havia que subir aos contrafortes da Chela, assegurar a instalação em condições onerosas no Lubango (mais tarde Sá da Bandeira para -- pós independência -- tornar ao topónimo original).
Ensaiava com dificuldade os primeiros anos de escolaridade no secundário com uma patente desmotivação e com uma desapontante reprovação. Os professores conversaram com o pai. Que a criança era apoucada. Que nada devia à inteligência. Que mais apropriado fora oferecer-lhe um curso prático ao jeito dos prelecionados nas escolas de artes e ofícios ou, no limite, na de capatazes agrícolas, que no planalto da Huila se abria a coeficientes de inteligência do estilo, mas à guisa das tarefas reservadas aos trabalhadores braçais ou pouco menos : com a
vantagem de o curso ser gratuíto e o regime de internato -- imposto pelas distâncias -- assegurado sem dispêndios".
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..."A vida prosseguia, porém, em toada de relativa tranquilidade nos anos sessenta, Angola acordara do torpor e a convulsão gerada pelo conflito armado não permitia eventual reencontro. Nem sequer nas fileiras, onde as gerações medidas pela data de nascimento se reencontravam para ir "às sortes" a cumprir os deveres com a nação. Angola regenera-se. O conflito perdera a intensidade original."
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..."Com os acontecimentos de Lisboa, precipitou-se em 74/75 o êxodo num processo de abandono sem precedentes em África, mau grado o que o Congo Belga, com a outorga da independência, experimentara às mãos das ordas de Patrice Lumumba".
..."As famílias fragmentaram-se, o desenraizamento consumou-se, as comunidades pulverizaram-se. E nem dos mais próximos havia -- quantas vezes ! -- notícias. / A dispersão permitiu que as famílias se disseminassem pelos cinco continentes -- houve quem se tivesse refugiado na África do Sul, quem se dispusesse a demandar o Brasil, quem houvesse rumado à Europa, para além de "retornar" a Portugal, como quem tivesse pretendido a distante Oceânia.
..."O desmembramento das famílias foi a tónica, a despeito de substancial número se haver concentrado em Portugal, em aproveitamento do "gesto de magnanimidade" da Rússia e dos Estados Unidos, "secundado" pela ponte aérea promovida atabalhoadamente por um Portugal em desorientação completa". / Os anos escoaram-se. Na vertigem do tempo, mais de meio século transcorrera.
..." No verão incaracterístico que ora se vive, obrigações laborais levaram o jovem dos anos cinquenta (que em Moçâmedes se mantivera e se refugiara em Portugal após a tamanha catástrofe) a Cascais."
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..."Já no restaurante, em posição estratégica, surpreendera-se pela entrada de um cavalheiro de porte altaneiro, traços definidos, ar distinto. Mas algo lhe dizia que naquele rosto se escondia algo de familiar"...
..."Os anos sucederam-se. / A formação cumprira-se com laivos de brilhantismo, acrescentaremos nós. / Que o interlocutor, por razões de modéstia, se não atrevera a manifestar. / E ao curso de regentes agrícolas (que mais passara a proporcionar aos seus detentores o grau de engenheiros-técnicos agrários quando as escolas, de ensino médio, se transformaram em superiores, com a inteira equiparação dos titulares das habilitações de pretérito), sucederam-se "paralelas" que, ao tempo correspondiam ao curso complementar dos liceus, isto é, ao antigo 7º ano (11º de escolaridade pelas contas de hoje, mas como ano terminal dos estudos secundários, para os que não saibam.) E com enorme brilhantismo, o menino do Namibe concluíra as "paralelas" com dispensa da "aptidão à Universidade" com classificações notáveis. O apoucado, o destituído, o descapacitado"....
..."Ao termo das paralelas correspondera a criação no Huambo da Faculdade de Agronomia, nos Estudos Gerais de Angola criados pelo General Venâncio Deslandes e pelo ministro Adriano Moreira com notável retardamento ante as necessidades específicas do território. E, sem surpresa, demanda a capital do Huambo para aí prosseguir os seus estudos. Fizera-o de modo brilhante. Mas, influenciado sabe Deus por quem, propusera-se, de molde a dispor de um canudo com efectivo reconhecimento, no termo do terceiro ano, prosseguira a sua formação na então Metropole, no Instituto Superior de Agronomia, à Tapada da Ajuda"...
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..." E o menino do Namibe a que se assegurava uma vida tranquila como capataz agrícola nos longes de África, vencido o primeiro dos dois anos que se propusera trilhar em Lisboa, encimava já o quadro de honra. Quadro da honra que os avaros tempos de rasoira revolucionária, avessas ao mérito, foram precipitando em queda no nivelador Abril a que o brilho das estrelas ofuscava na mediocridade pungente de que se exornavam.
E em um ano mais -- com a conclusão do curso superior de Agronomia com as classificações mais elevadas -- como que se regenerava o perfil do jovem destituído de capacidade "...
..."Haurido o diploma, reconhecido o mérito (difundidos nomen, tratatum et fama : o nome, o tratamento e a fama), oportuno convite lhe dirigiram os mentores da Agronomia em Angola para um lugar docente em área de particular exigência científica"...
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..."O aproveitamento das suas faculdades de ponta, excepcionais em extensão e profundidade, constituíra preocupação imediata dos que agora apostavam nos seus privilegiados dotes intelectuais.E a breve trecho, concluídas as provas de doutoramento, precipitado o caos em Angola após a ignomínia do abandono colonial mais abjecto, surge -- com oportunidade manifesta -- em resultado dos méritos que, entretanto, se lhe reconheceram além-fronteiras, honroso convite para uma instituição internacional. Em funções científicas definidas. Não para uma qualquer e desproporcionada missão de objectivos políticos difusos ou nutridos. / Aí cumprira uma notável carreira de mais de trinta anos. / E retornaria, afinal, não ao seu chão natal, mas à extensão natural que o outrora "jardim à beira mar plantado" -- na descontinuidade telúrica -- sempre representara." / Chegara há dias, verão adentro, nas feições incaracterísticas de um estio pardacento e pluvioso. / Instalara-se em Cascais.
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..."Menino do Namibe que no verdor da vida forjara o seu carácter entre homens de envergadura moral e intelectual, como os que na exuberância do planalto souberam cultivar com o maior desvelo as plantas sãs, erradicando as ervas daninhas, e a fazer germinar as sementes de que se nutrem os campos do devir. E cujo projecto, que se desmoronou nas contradições da história e na loucura dos homens, se expandiu nos dilectos filhos que deram ao mundo nota de que não há horizontes cerrados quando o espírito paira por sobre os apertados limites de um mundo sem fronteiras".
..."Menino do Namibe, meninos do Namibe, que avessos aos trambolhões da história perseguiram sempre a magnitude dos horizontes quais miragens que no deserto se dissimulavam para se transmudarem em realidades sentidas -- de vidas com sentido --, talhadas no cacimbo do inverno, no vento leste fustigante que açoitava corpo e alma nas poeiras deslizantes de um kalahari de ilusões e de magias onde a vida vuceja e as welwitchas -- indiferentes à ingratidão e à cólera da natureza -- mantêm a sua majestade e a suma beleza que as arroupa.
..."Menino do Namibe que soube, como tantos outros, superar a mediocridade dos que o queriam gloriosamente medíocre..."
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--(de : Mário FROTA (apDC - associação portuguesa de Direito de Consumo) -- em : http://netconsumo.com/2007 --(Setembro 2007)--, bem como ainda
em : http://www.blogger.com/http;//pt.mestrarios.org/b/omeninodonamibe.html --- onde o estimado leitor pode apreciar todo o excelente texto --
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------------ 47)- "A GUERRA COLONIAL" ------------
..."Em alguns dos nossos "teatros de guerra" a dita estava longe de estar perdida. O que perdemos foi a cabeça a seguir ao "25 de Abril" na ânsia idiota de "descolonizar" a qualquer preço. Até os pretos preparados por nós, nas nossas universidades, como futuras "elites" locais se admiraram com a qualidade de vida que encontraram em Luanda e Lourenço Marques"...
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..."Quem foi militar, quem nunca desertou, sabe do que falo. A "guerra colonial", tal como o antigo presidente do conselho, são fantasmas que a democracia não consegue explicar"...
..."O famoso "império" acabou da forma mais vergonhosa, entregue, quase sem excepções, a nomenclaturas corruptas, narcísicas e, elas sim, fascistas "
---- (de : JOÃO GONÇALVES - (17/10/07) ---- portugaldospequeninos.blogspot.com/2007
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------ 48)- "ESPOLIADOS DO ULTRAMAR PEDEM JUSTIÇA" ------
..."Cerca de 50 (...mais de 200...)pessoas exigem indemnizações ao governo"...
..."A zona da Cimeira de Lisboa voltou hoje a ser palco de uma manifestação. Cerca de 50 (...200...) espoliados das ex-colónias foram pedir ao governo que lhes faça justiça.
..."O pedido já tam mais de 30 anos. Razão mais do que suficiente para o luto em forma de bandeira e para os protestos indignados de quem sente que não recebeu o que lhes pertencia.
..."Os espoliados dizem-se vítimas de vários governos ao longo dos anos e vieram pedir a este que siga o exemplo de outros parceiros europeus que pagaram a quem veio das ex-colónias.
..."Muitos já morreram, a multidão vai sendo cada vez menor,mas sobram histórias antigas e magoadas.
..."Os manifestantes entregaram ainda uma carta para os dirigentes da União Europeia"...
--(em SIC NOTÍCIAS - 19/10/2007 -- e : http://macua.blogs.com/ --- (20-10-2007) --- (Ver vídeo da TVI (LISBOA) em http://www.macua.org/video/MANIFTVI - 19-10-2007 - wmv --
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------------ 49)- "RETORNADOS ESPOLIADOS" ------------
..."Email hoje enviado a todos os Srs. Deputados da AR de Portugal :
..."Senhor(a) deputado(a) :
..."Todo o mundo irá saber que Portugal, 33 anos passados, é o único Pais europeu que ainda não pagou indemnizações aos seus cidadãos pelos bens deixados nas ex-Províncias Ultramarinas"
OS "RETORNADOS/ESPOLIADOS" podem ver o programa, desde já, em :
--- http://jt.france3.fr/regions/popup./phpond ---
--- (de : FERNANDO DA SILVA INÁCIO GIL -- em : 27/10/2007 ----
25-Abril-1974) ----
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== VII ) TRANSCRIÇÕES - B) - DE VÁRIAS REVISTAS E JORNAIS" : ==
---- ÍNDICE PARCIAL (8) :
01) - ..................................................
02) - ..................................................
---.... 03) - "CONCRETIZANDO"... --- 04) - "ALGUMAS E DERRADEIRAS MEMÓRIAS DA TRÁGICA DESCOLONIZAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS : --- 05) - CAMACUPA -- (Junho de 1972 a Setembro de 1975) --- 06) - "ADEUS CAMACUPA...ADEUS ANGOLA !... --- 07) - "DESTINO : DISTRITO DE COIMBRA (VINHA DA RAINHA/SOURE) --- 08) - O "DESEMPREGO E O GRAVE PROBLEMA DA HABITAÇÃO (EM PORTUGAL): - Dezembro de 1977/Setembro/Outubro de 2007) --- :
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--------------- 03) -- CONCRETIZANDO... ---------------
-- Depois do que "acima fica referido e provado" quanto aos verdadeiros "Factos" da tão desgraçada e desesperada "DESCOLONIZAÇÃO", testemunhados por ilustres e credíveis autores, alguns militares de altas patentes, outros políticos experientes e sérios, e, dando oportunidade aos ex-residentes ultramarinos (em especial de ANGOLA), vou abrir este meu "Ficheiro" para tentar contribuir um pouco mais para o despertar de "consciências adormecidas" ou apáticas, para as quantas razões que nos assistem desde o tremendo acontecimento que foi, para todos nós, um verdadeiro abandono dos nossos lares, dos nossos bens terrenos, dos nossos familiares e amigos de sempre, tanto mais que muitos deles nem tiveram oportunidade de escapar !
Espero que não tenham receio de o fazer frontalmente, acrescentando mais uma pedra para o arremesso contra aqueles que nos abandonaram, menosprezaram e que continuam alheios e indiferentes às tantas e delicadas situações dos ditos "retornados"(quantos sem nunca cá terem estado antes ?),sendo muitos, há seculos, descendentes dos "colonos" que, a bem ou a mal, foram despejados ou degredados "politicamente" para as quentes terras africanas !. ---
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--- Fazendo um balanço estatístico com base em diversos documentos consultados (alguns já referenciados) e em declarações de entidades responsáveis,podemos apurar os seguintes dados :
--- Ex-residentes ultramarinos desalojados e então instalados em PORTUGAL (493.093), nos principais distritos :
--- LISBOA (166.872) -- PORTO (56.254) -- ALGARVE (??) -- SETÚBAL (49.512) -- AVEIRO (25.597) -- COIMBRA (22.745) -- VISEU (22.052) -- SANTARÉM (20.457) --
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---- 04) -- "ALGUMAS E DERRADEIRAS MEMÓRIAS DA TRÁGICA DESCOLONIZAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS" : ---
--- 05) -- CAMACUPA - (Junho de 1972 a Setembro de 1975) --
-- Não vou recuar muitos anos, nem entrar noutros pormenores, pois já o fiz (parcialmente) neste mesmo blogue ("ANGOLA,UM PASSADO SEMPRE PRESENTE - MEMÓRIAS"). Apenas me vou referir, de momento, aos últimos três anos vividos em VILA GENERAL MACHADO, mais conhecida por CAMACUPA, durante o período de meados de 1972 a SETEMBRO de 1975, e que estiveram mais relacionados com a questão aqui em causa.
Quis o destino que, "por opção e promoção", tivesse sido colocado em VILA GENERAL MACHADO para ali chefiar a respectiva Repartição de Fazenda (Finanças),de 2ª classe. Regressava assim ao seio onde alguns anos antes já lá tinha estado colocado(como fiscal de impostos) e onde depois também fui "promovido de solteiro a casado". Meus sogros(casal SERRANO) ali haviam permanecido uma trintena de anos com sua Farmácia ("SILVEIRINHA").
Então, ali estive de novo, já com minha mulher (MARIA RAQUEL), professora oficial do Ensino Básico e do Ciclo Preparatório, com três filhos :(ANTÓNIO PEDRO, nascido no complicado mês de Março de 1961(em CAMACUPA); PAULA MARINA e ANA CRISTINA( nascidas no BAILUNDO, em 1964 e 1966),aonde eu tinha estado como chefe da Repartição de Fazenda durante esse período e minha mulher na Escola Primária e no final do qual fomos transferidos para NOVA LISBOA (com o objectivo de frequentar o Instituto Industrial -- no curso de agente técnico de engenharia química --. Ali permanecemos até meados de 1972 e nessa Repartição desempenhei as funções de : Fiscal de Impostos e de Adjunto/Chefe de Secretaria.
..................................................................................* - Após alguns dias de ter chegado novamente a CAMACUPA, e, como era de "praxe" fui visitado pelas principais autoridades e entidades locais, públicas e privadas. Numa dessas visitas fui convidado pelos "VICENTINOS" para integrar uma Comissão encarregada da execução dum seu projecto de construção para as novas e maiores instalações da sua "CASA DOS RAPAZES" que funcionava então numas antigas e precárias. Aceitei o convite e logo iniciei a minha colaboração; após algumas reuniões e estudos da situação, apresentei um plano "revolucionário e ousado" : - a realização dum sorteio a nível geral, abrangendo uma grande parte dos distritos de ANGOLA, tendo como primeiro prémio um automóvel de reconhecida marca. Com a colaboração de todos membros dessa Comissão e outros "voluntários", foi posta em marcha a sua execução logo após a necessária autorização governamental.Foi um Plano arrojado e fora do comum. Cada caderneta individual abrangia uma série de bilhetes, existindo outros diversos e importantes prémios. Todos os seus compradores ficavam inscritos e contactáveis para uma comunicação pessoal e directa a efectuar após a realização do sorteio.
Deu-nos um imenso trabalho. Remeteram-se bastantes cadernetas para os mais variados locais e organismos para colaborarem nas suas vendas. Foi um verdadeiro sucesso com geral acolhimento e uma fantástica colaboração pública !
Com alguns membros da Comissão e "voluntários" deslocámo-nos a SILVA PORTO e NOVA LISBOA, fazendo uma óptima venda directa durante a realização dos desafios de futebol. No entanto, o nosso regresso para CAMACUPA, em diversos automóveis,já de noite, foi complicado em virtude da efervescência que paulatinamente se levantara já depois da "Abrilada". Fomos mesmo ameaçados a meio do caminho por militantes armados dum dos ditos "Movimentos de Libertação", dificultando-nos e atrasando-nos aquela viagem (só que nem imaginaram o valor da "receita" de que éramos portadores). Mas nem isso abrandou o nosso Plano e concretizou-se a realização do já bastante anunciado sorteio. O automóvel foi "parar" a uma funcionária de SILVA PORTO. Tivemos a presença e transmissão directa do RÁDIO CLUBE DO HUAMBO pelos amigos ALEXANDRE e ISABEL CARATÃO. Entre as diversas fases da sua programação, houve nesse dia,uma animada e divertida corrida de "cangulos" (carros de mão utilizados nas obras, com uma roda na parte da frente e dois apoios na traseira, tendo de percorrer todo o circuito do jardim público sujeito a variadas tarefas e penalizações).
O automóvel sorteado foi fornecido em óptimas condições por uma firma de NOVA LISBOA, com representação local, graças às excelentes colaborações dos amigos e seus gerentes,MANUEL TELES e ÁLVARO BARBEDO. Os resultados finais do sorteio permitiram efectuar um depósito bancário (líquido) superior a 400 contos ! Foram logo iniciadas as obras num óptimo local mas umas tremendas chuvadas paralisaram as máquinas que preparavam o seu terreno. Ainda para maior azar e, destinando-se aquela obra a um fim de interesse público, urgente e tão necessário, logo surgiram outros "enterranços" da parte de elementos dum já presente "Movimento de Libertação", ou antes, neste caso um lamentável "Movimento de Paralisação" !
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Lá ficou o "depósito e o saldo anterior", desconhecendo-se então o destino que acabaram tendo ! Soube-se mais tarde que, como em diversos locais, os cofres bancários foram rebentados com explosivos !
A situação geral agravara-se a cada dia que passava; as tropas, a polícia, as autoridades e entidades civis, todos os residentes, foram desapossados das poucas armas que possuíam, como aconteceu (violenta e ameaçadoramente) no meu caso, mesmo com uma Tesouraria instalada no prédio da Repartição e residência oficial, sob minha total responsabilidade.
Era impossível permanecer por poucos mais dias que fossem, só nos restando a hipótese duma retirada estratégica (secreta) para SILVA PORTO e depois para NOVA LISBOA, onde o seu Aeroporto (com uma "Ponte Aérea") se tinha tornado no último e desejado refúgio de muitos milhares de desalojados dos mais variados locais de ANGOLA.
JULHO - 5/6 -- Como também já descrevi neste blogue, nossas filhas (PAULA MARINA e ANA CRISTINA,com 10 e 8 anos, sem qualquer acompanhamento familiar) já tinham sido evacuadas para PORTUGAL (distrito de COIMBRA) em virtude da sua presença ter passado a constituir um permanente risco. Para essa viagem aérea foram então recomendadas a um "conhecido" do meu Pai, já em LISBOA, o Senhor ADRIANO DOS SANTOS MAGANO que viajava com dois filhos menores.
-- Já me referi também a essa tremenda debandada do interior para NOVA LISBOA ou para alguns outros (poucos e difíceis) locais para uma retirada tão desejada, urgente, bem como as diversas peripécias e as "manobras" necessárias para reduzir os perigos sempre à espreita, não obstante as "falsas" e ridículas promessas oficiais quanto à nossa "segurança"!. Foram momentos que jamais se apagarão de nossas memórias !
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JULHO - 5/6 -- Meus Pais, angolanos,(há alguns anos a residirem em LISBOA por motivo de -- complicadas doenças) e os meus Sogros, metropolitanos, (chegados de NOVA LISBOA pouco tempo antes), aguardavam nossas filhas no Aeroporto de LISBOA.
Passado algum tempo o mesmo aconteceu connosco (eu, minha mulher e nosso filho, ANTÓNIO PEDRO). Felizmente ali estavam para nos receber com saudade e satisfação, ao contrário do que sucedeu a muitos outros com menos sorte. Direi mesmo que a maioria dos então ditos "retornados" encontrou imensas dificuldades e sofreu bastantes carências, com muito pouco apoio social enquanto alguns oportunistas se aproveitavam de certas e "convenientes" posições de última hora !...
Tudo isso é uma complexa história, parte da qual também já descrevi e condenei publicamente noutras oportunidades, mas nunca será demais continuar a relatar até que a necessária JUSTIÇA SEJA MESMO JUSTIÇA, pelo menos a favor dos nossos filhos ou netos !
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---- "Regressando" a CAMACUPA (quem me dera !)... :
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-- Embora já nessa altura aquela zona fosse "apelidada" de certo risco e da existência de pequenos núcleos de instabilidade, principalmente relacionados com as Missões não católicas (americanas ou de outras proveniências), a vida da população local e das povoações vizinhas decorria quase normalmente e com um agradável ambiente, quase de confraternização habitual e familiar, sem se registarem quaisquer conflitos locais.
Tinha na Repartição os seguintes funcionários ; ISAÍAS TRINDADE (Recebedor, angolano, negro, casado), tendo a mesma categoria (2ª classe); VILARIGUES, (fiscal de impostos, inicialmente solteiro, branco); CÂNDIDO FALCÃO PINTO(aspirante e fiscal de impostos, angolano, mestiço); ESTEVÃO CÉSSA (aspirante, casado, negro); GERMANO NOGUEIRA e CARAMELO(aspirantes, solteiros, brancos); DANIEL(oficial de diligências, casado, negro) e TIAGO (contínuo, casado, negro) -- A referência aos respectivos estados civis e suas raças, não tem qualquer objectivo discriminatório, servindo apenas e não só, pelo contrário para destacar as igualdades profissionais, sociais e as amplas, francas e diversificadas relações então existentes. Devo esclarecer também que o ambiente de serviço era bastante agradável, com bom entendimento e o devido "respeito hierárquico", o que não impedia de, ao fim da tarde nos juntarmos numa habitual esplanada em amistosos colóquios com alguns outros companheiros.
Com minha mulher e os filhos, bem como alguns dos referidos colegas e uns afoitos amigos, durante quase todo o ano, aos sábados e domingos percorríamos os variados rios daquela zona (CUANZA, CUQUEMA, CUIVA, CUNJE...), todos com bastantes e variados peixes. Desses companheiros, mais habituais, recordo : o Sr.SERRANO (meu sogro, proprietário da Farmácia "SILVEIRINHA"), PINHEIRO DOS SANTOS (comerciante,casado, branco); ORLANDO COSTA (bancário, casado, branco); MANUEL RESSUREIÇÃO (bancário, casado, metropolitano); DANIEL (funcionário de finanças, casado, negro); MANECO (solteiro, mestiço, funcionário): CONSTANTINO GONÇALVES,(casado, branco, proprietário - v.foto anexa)... Esclareço novamente que, as situações acima mencionadas quanto às suas raças e profissões, tem apenas o objectivo de demonstrar a ausência de quaisquer discriminações raciais ou sociais.
Caminhávamos ao longo das suas margens durante quase todo o dia, embrenhados nos matagais e junto às suas perigosas águas, às vezes notando a presença ameaçadora de jacarés ou de imensos hipopótamos, quase submersos, em aparente dormência, sem que nos incomodassem ou por vezes em ruidosas lutas.Um dos sítios mais preferidos era no chamado "bico" (na confluência dos rios QUANZA/COQUEMA).
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--- Na foto : - O amigo CONSTANTINO com o maior de todos exemplares, obtido no designado "Bico" ---
Quero ainda salientar que durante todos esses anos e dessas presenças constantes nunca tivemos o mínimo problema logístico nem com os variados habitantes dos aglomerados populacionais existentes, geralmente mesmo junto a esses importantes rios. Pelo contrário, sempre fomos bem recebidos, apoiados e acompanhados; até na hora da nossa concentração num local antes combinado para o almoço e depois, no final para um bem merecido lanche, também tínhamos essa permanente companhia. Note-se bem que essas nossas presenças eram habituais e duraram os ditos 3 anos pois o clima naquela zona assim o permitia, sem grandes restrições.
Eram tão favoráveis todos esses ambientes e as condições piscatórias naturais que, por diversas vezes, organizámos grandes concursos de "pesca desportiva" a que compareciam dezenas de concorrentes até dos mais distantes pontos de ANGOLA( especialmente do distrito do HUAMBO , BENGUELA, BIÉ... O acolhimento que lhes proporcionávamos era o melhor possível, tendo a colaboração das diversas firmas locais. Ficaram bem conhecidas essas saudosas pescarias, completadas com boas refeições, bailes, dormidas, combustível, sem que os forasteiros tivessem qualquer encargo além das suas inscrições (com valores convidativos)!
* - Percorriam todos, até com suas mulheres e filhos, as referidas zonas sem quaisquer limites ou restrições, sem perigos nem ameaças ou descontentamento das suas populações locais. Antes pelo contrário, para elas eram autênticos dias de festa e diversão.
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* Entre esses concursos de pesca ficou bem destacado o que foi realizado no CUITO-CUANAVALE (além SERPA PINTO), nas ditas "TERRAS DO FIM DO MUNDO", situado a muitas dezenas de quilómetros de CAMACUPA, local único para a captura do famoso "peixe tigre", talvez por se encaminhar para a costa oriental.
Mesmo mais tarde, quando os "homens" julgados sábios e omnipotentes, decidiram destruir, falsa e cobardemente, todo esse clima de companheirismo e amizade sem atropelos ou faltas de respeito, ainda assim prosseguimos nessa rotina sem qualquer desagrado. Como sabemos, a alegada "guerra colonial", mesmo naquele local tão propalado como perigoso, não passava dum pretexto para os "polítiqueiros" irem lançando as raízes da violência e da desordem, principalmente após a "nova abrilada portuguesa" ! No entanto e durante ainda algum tempo, aquele agradável ambiente não se houvera degradado. Foi preciso que os "maus da fita", os sábios do continente, manobrados por altos interesses internacionais, quais mabecos rondando em grupos a apetitosa presa, tivessem entrado na mais impúdica e descarada campanha de destruição do património nacional com séculos de existência,talvez nem sempre totalmente pacífica, mas aceitável e tolerável em comparação com os maus exemplos que se estendiam por todo o continente africano e não só !...
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Esse ambiente de entendimento e de confraternização que se verificava em quase toda ANGOLA, estava, a partir daí, condenado ao fracasso, à violência generalizada, à debandada quase total, como acabou realmente por acontecer, mesmo entre as populações mais tradicionais. Não vou aqui e agora entrar nesses pormenores, aliás já referenciados noutro local, o que seria bastante extenso.
É do conhecimento geral dos portugueses continentais, muitos por ligações familiares, das quantas desgraças sucederam então a partir dessas terríveis decisões políticas tomadas à distância, sem o mínimo conhecimento de causa. Num breve instante tudo isso se desmoronou como se um tremendo, implacável e desumano furacão tivesse surgido de repente, nem poupando as próprias populações locais, em muitos casos até sendo elas as suas maiores vítimas! Daí à debandada geral foi um pequeno (mas grande) passo. Derrotadas as ilusões, perdidas as esperanças de "ANGOLA NOSSA", para todos, angolanos descendentes de algumas ou de muitas gerações, de metropolitanos que já a consideravam como sua terra, de milhares e milhares de angolanos locais, sem discriminação de raças, enfim, de brancos, mestiços e negros das mais diversas etnias !
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---------- 06) -- ADEUS CAMACUPA ... ADEUS ANGOLA !... ----------
Fomos todos lançados num infernal caldeirão para regalo de ignorantes políticos, de gananciosos oportunistas das mais variadas cores, desde o verde ao vermelho, passando pelo laranja, numa denunciada corrida em que todos eles comparticipavam numa negra política, irrealistas, desligados e desconhecedores em absoluto do ambiente e da mentalidade então predominante. Só lhes interessou lançarem lenha para a fogueira e ficarem de longe, deleitando-se com as tremendas labaredas, bem vermelhas, que tudo ia destruindo, completamente ultrapassados pelos reais acontecimentos, sem saberem ao certo como acudir ou solucionar o incêndio que suas próprias mãos haviam provocado!
E foi então,durante e depois dessa incontrolável queimada, que nós, angolanos, brancos, mestiços e negros, também portugueses por direito próprio, bem como os metropolitanos lá residentes, também auto-designados angolanos, fomos forçados ou obrigados a abandonar o nosso próspero país africano,de mãos e bolsos vazios, apenas com a ténue esperança de continuar a viver, mesmo em novas terras e ambientes que a maioria desconhecia por completo ou até mesmo sem sequer possuírem qualquer laço familiar.
Assim, é do conhecimento geral que, infelizmente, o ambiente que os então ditos "retornados" encontraram em Portugal, mesmo no seio familiar, não foi, em muitos casos, o mais aconselhado e necessário.
Sabemos e já descrevemos também, neste mesmo blogue as tremendas e desesperantes situações para que muitos deles foram atirados, apenas com medidas e soluções de última hora, de remedeio, de descargo de consciência dos verdadeiros culpados que, afinal, era por cá que se encontravam (e se encontram ainda e regaladamente). Situações de última hora, de emergência, mas que, estranha e ironicamente serviram para salvar muitas instalações hoteleiras e outras do buraco e atraso em que então se encontravam. Sabemos que, até foi mesmo o pretexto e a ocasião ideal para que muitos oportunistas se auto-governassem em altos cargos de fachadas e condutas duvidosas, desonestas. Não fosse o espírito empreendedor, a vontade férrea e a necessidade premente desses milhares e milhares de "retornados", muito pior teria sido a situação deste pequeno e mal tratado rectângulo, então como que completamente parado no tempo, preso a comportamentos antiquados, a mentalidades ultrapassadas, sem horizontes, sem iniciativas, como se fosse todo um aglomerado rústico, sem esperanças de grandes melhorias, conformado com o pouco que possuía !
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* -- Além de todos os bens e valores existentes na nossa moradia em CAMACUPA, também ficámos desapossados duma bela e nova residência que pouco tempo antes tínhamos mandado construir em NOVA LISBOA (Bairro de FÁTIMA, travessa por detrás da MESSE DE OFICIAIS,conforme foto abaixo):
Também ali tivemos de abandonar a nossa viatura PEUGEOT - 504 - Diesel - ("station"), com pouco mais de 30 mil quilómetros ("em rodagem"). Foi o nosso meio de transporte para a "fuga" de CAMACUPA até NOVA LISBOA e o último que utilizámos entre o nosso "refúgio" nesta cidade (habitação superlotada dum amigo, com mulheres, homens e crianças dormindo no chão ou em cima dos seus grandes caixotes de madeira, prontos para serem despachados ou abandonados, como afinal aconteceu)e o Aeroporto ! (V. noutra rúbrica) e ainda a viatura "ANGLIA" (acima apresentada). --
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Como estávamos inscritos pelos célebres "ADIDOS", havia a promessa ministerial do despacho garantido dessa viatura e de alguns dos nossos bens móveis normais, até uma certa capacidade (8 m/3). Só que tudo isso, na grande maioria dos casos, não passou de uma tremenda, descarada e vergonhosa mentira. Para o seu despacho e embarque tínhamos pago os respectivos encargos legais (e não só !...). Algumas dessas bagagens foram despachadas pelo CFB (CAMINHO DE FERRO DE BENGUELA, com comparticipação estatal)até ao seu destino (NOVA LISBOA e, posteriormente, LOBITO) e outras pela DTA (DIVISÃO DOS TRANSPORTES AÉREOS, estatal), de NOVA LISBOA para LISBOA, mas nunca saíram do respectivo "armazém" para o destino legal, mas sim, posteriormente, para as mãos, regalo e destruição das "turbas" descontroladas, julgadas de repente enriquecidas com as "coisas dos brancos". ! Nunca chegaram ao seu destino legal !
A Estação do Caminho de Ferro de BENGUELA, em NOVA LISBA,foi saqueada e vandalisada pouco tempo depois ! Mesmo da fraca bagagem levada para o Aeroporto apenas foram despachados uns ligeiros volumes.
-- Já em PORTUGAL e, na conveniente altura (Novembro de 1975), apresentámos uma exposição/recurso aos altos responsáveis governamentais (os "descolonizadores exemplares"), convenientemente documentada, como o demonstraremos também neste "blogue". Tudo caiu em "saco roto" ! Bastante mais tarde, por nossa insistência, recebemos a informação de que a mesma tinha sido remetida (transitada) para um outro departamento oficial(da Direcção-Geral da Economia, no Palácio das Laranjeiras). Certamente apenas para que tudo fosse sendo adiado e acabasse caindo em completo esquecimento !...
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--- 07 ) -- DESTINO : DISTRITO DE COIMBRA (VINHA DA RAINHA/SOURE)--
Já lá vão mais de 30 ANOS e nada foi resolvido, nem sequer se deram ao trabalho de prestarem outro simples esclarecimento ou uma nova desculpa justificativa.
Quanto à nossa residência, em NOVA LISBOA, fruto de alguns anos de poupanças e limitações, foi logo ocupada e mais tarde terá passado, como milhares de outras, à discutível, ilegal, forçada, posse estatal. O mesmo caminho tiveram outros valores e bens imóveis particulares, como : depósitos bancários, acções, títulos de crédito e uma pequena propriedade (dois hectares) situada nos limites da cidade GENERAL MACHADO, integrada num conjunto de 10 hectares de diversos familiares e devidamente legalizados.
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--- O QUE RECEBEMOS EM TROCA DE TUDO ISSO E MUITO MAIS ??!...
--- (MUITO POUCO OU QUASE NADA,EM RELAÇÃO A QUANTO EFECTIVAMENTE PERDEMOS !)... -----
A) - Mesmo sendo funcionários públicos do quadro, de nomeação definitiva, com cerca duma vintena de anos de serviço, estivemos ainda largos meses no "desemprego", mas sem direito ao respectivo subsídio! Para nos "calarem" atribuíram um reduzido apoio de 500$00 por cada elemento do nosso agregado familiar - 5 -, no total único de 2.500$00), mas que mais tarde (Outubro de 1977) fomos obrigados a restituir em cinco prestações mensais)!
B) - Uns pobres agasalhos fornecidos pela "CRUZ VERMELHA INTERNACIONAL", pois apenas viemos com a roupa do corpo.
C) - Como, por sorte, meus sogros ainda mantinham uma casa e uns palmos de terra na sua aldeia (VINHA DA RAINHA, concelho de SOURE, distrito de COIMBRA), não fomos para nenhum albergue ou pensão de 4ª classe (ou até para as masmorras dum velho Castelo, abandonado pela tropa, como aconteceu com 800 "retornados", em LEIRIA - V. reportagem noutra rubrica deste blogspot), enquanto outros, talvez mais afortunados ou com melhores influências pessoais ("cunhas"), foram para um dos muitos e bons hotéis que estavam à beira da falência !
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D) - Depois de terminado o "desemprego forçado" e de várias deslocações propositadas a LISBOA, movendo influências nos ministérios aonde alguns nossos colegas mais antecipados já haviam conseguido "penetrar", lá obtivemos novamente os nossos "quase perdidos empregos" !! No meu caso, Chefe de Repartição de Fazenda (Finanças) de 2ª classe, com mais de 12 anos de "chefias" (BAILUNDO, NOVA LISBOA e CAMACUPA, durante os quais exercei, cumulativamente e por inerência do cargo, as funções de Juiz do Contencioso das Contribuições e Impostos e de Juiz das Execuções Fiscais, com concurso efectuado e já aprovado e classificado para uma promoção a 1ª classe, quase imediata, tendo sido retardada ou manobrada essa possibilidade (como também a outros meus colegas pelo facto de ter solicitado o ingresso no Quadro Geral de Adidos), fazendo-me então o "favor" de me colocarem na Direcção Distrital de Finanças de COIMBRA, a mais de 50 quilómetros da residência (dos meus sogros), onde ainda nos mantínhamos... Ali foi-me atribuído um serviço de secretaria, de "rotina", (sem desfazer doutros colegas ou serviços)e sujeito a um horário fixo! Parecia ter regressado aos tempos do meu início nos Serviços ! Em CAMACUPA morava no 1º andar, com a Repartição instalada no rés-do-chão, sendo todo o edifício próprio e exclusivo para esse efeito! Estávamos na "NOSSA ÁFRICA" !...
De início, nessa Direcção, nem tinha "direito" às mesmas "regalias extras" que auferiam os outros meus colegas de ofício, porque era um "ADIDO", talvez para não dizerem abertamente porque era "um retornado", qual "bicho ameaçador, explorador ou comedor de inocentes criaturas"... !
Foi uma evidente e escandalosa discriminação social. Uma quase vergonhosa despromoção!
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Essa forçada situação, com deslocações diárias obrigatórias de algumas dezenas de quilómetros, alguns problemas de falta de saúde, num clima invernal durante alguns meses do ano e outros motivos, levaram-me a aceitar mais tarde uma antecipada aposentação, com certas facilidades anti-burocráticas e algumas outras vantagens : - terminavam também as despesas das deslocações e das refeições, permitindo-me ainda o tempo livre necessário para "tratar de outra vida", tanto mais que na posição em que me encontrava dentro do distrito, já poucas aspirações podia alimentar...
E) - Passado algum tempo (1977) inscrevemo-nos num Plano de distribuição de "CASAS PRÉ-FABRICADAS", gerido pelo FUNDO DE FOMENTO DE HABITAÇÃO(FFH - já extinto), ainda em processo de instalação e acabamentos (sem obras de saneamento), no BAIRRO DA CERCA DOS ANJOS, à entrada da vila de SOURE.
Este assunto irá merecer a seguir uma mais alargada e melindrosa atenção.
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Convém, antes de tudo, esclarecer que estas casas, como muitas outras do mesmo género, instaladas em diversas localidades, FORAM OFERECIDAS POR PAÍSES ESTRANGEIROS e destinadas precisamente à sua tentativa de colaboração na redução do tremendo problema surgido com a chegada dos ex-residentes ultramarinos (designados por "retornados"). O ESTADO PORTUGUÊS e os governantes de então até parece não terem previsto devidamente, quando era tão evidente, a maneira desastrada e impensada como conduziram a famosa "DESCOLONIZAÇÃO EXEMPLAR" !
Foram uma OFERTA. Não foram compradas, nem pagas pelo ESTADO(democrático), nem pelas Câmaras Municipais (talvez tenha existido uma ou outra que o fez noutro qualquer local) :
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-- 08) -- O "DESEMPREGO" E O GRAVE PROBLEMA DA HABITAÇÃO (EM PORTUGAL): --
-- Enquanto decorriam alguns dos FACTOS já mencionados e estando ainda instalados com bastantes deficiências em casa dos meus sogros (então ocupada por 17 pessoas)e em dois outros quartos gentilmente cedidos pela Srª CARMINA GUARDADO e depois pelo Sr.PEREIRA (?)(também na VINHA DA RAINHA)e ainda porque minha mulher tinha conseguido obter a sua nomeação e colocação na Escola do CERCAL, mais próxima de SOURE,para ali nos mudámos, ficando instalados numa antiga residência então devoluta que toda a gente rejeitava por lhe atribuírem a permanência de "fantasmas", o que não nos assustou pois em ANGOLA já havíamos enfrentado o "DIABO" em figura de gente!...
Depressa chegámos à conclusão que os "fantasmas" não passavam de ratazanas que faziam animadas corridas no sótão ! Sempre houve "ratos à solta" em muitos sítios!...No entanto a renda, logo aumentada,passou para uns "módicos" 2.500$00, quando anteriormente estava arrendada a outro inquilino por 900$00 !...
Afinal, onde estavam os "exploradores" ?!...
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-- Façamos, por agora, um "RESUMO CRONOLÓGICO" dos Factos constatados sobre a distribuição efectiva e da legal ocupação dessas casas, em especial na parte relativa ao nosso caso (casa nº 29) :
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Segundo a legislação então vigente -(e ainda parcialmente)- (Decreto nº 23.052/1933,de 23 de Setembro e outras paralelas), existiam diversas hipóteses ou alternativas para essa habilitação :
-- A) por arrendamento normal, dependente dos seguintes factores: classificação do seu tipo conforme o número de quartos, (de T1 a T4), constituição do agregado familiar, seus rendimentos e dos quais dependia também a respectiva renda .
-- B) - Transmissão por prestações resolúveis pelo período de 25 anos (num total de 300), findos os quais o seu subscritor obtinha a posse definitiva; também havia vários escalões e os valores fixados dependiam da sua forma : constante ou variável.
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1977 - DEZEMBRO - Ficha de Trabalho do Fundo de Fomento de Habitação para : Gestão do Parque Habitacional - Fogos em Propriedade Resolúvel - Assunto : - "AMORTIZAÇÃO ANTECIPADA (V.Ficha da DIVISÃO DE PATRIMÓNIO DO FFH). --
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1978 - JULHO - 15 - FFH - Divisão de Gestão Social - CREDENCIAL - (para efeitos de entrega de chaves das habitações atribuídas, sendo a nossa a nº 29 -
-- Depois de concluído o sorteio e a distribuição das casas (num total de 30, sendo 23 para arrendamento normal e 7 em sistema de "prestações resolúveis") e havendo apenas 12 concorrentes inscritos, foram-nos entregues as respectivas chaves e concedida autorização para nos instalarmos, muito embora ainda não estivessem completamente concluídas : - não havia ligações adequadas para os fornecimentos de água e luz nem para utilização do necessário saneamento básico. Em certos espaços térreos era preciso caminhar sobre tábuas e tijolos devido ao lamaçal que ali existia então. Valeu a boa harmonia e entendimento existentes entre todos concorrentes e logo foram improvisadas umas ligações directas (na sequência de uns e outros) a fontes de abastecimento das próprias obras e da rua !
-- Como a situação ainda não era definitiva nem burocraticamente legal, sem o normal Certificado de Habitabilidade, estivemos alguns meses sem pagar rendas (para os arrendamentos normais) e nem sujeitos à obrigação das amortizações das "prestações resolúveis", como foi o nosso caso.
1979 - OUTUBRO - 23 - FFH - DIRECÇÃO DE HABITAÇÃO DO CENTRO - Ofício nº 6221 - dirigido ao..." Exmo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Soure sobre a distribuição de Habitações... para cálculo das rendas e futura emissão de recibos"..., solicitando actualização dos processos dos concorrentes e preenchimento do M/412 sobre o agregado familiar e a sua indicação do regime em que estavam interessados nos termos do Despacho Normativo 32/79 (Diário da República de 7 de Fevereiro).
1979 - OUTUBRO - 30 - CÂMARA MUNICIPAL DE SOURE - Notificação pessoal nos termos do Ofício nº 6221 .-
1979 - NOVEMBRO - 05 - Notificação (acima referida) ao interessado, com remessa dum mapa C.A.R.(escalões das prestações resolúveis (constante),fixando para o meu caso o valor mensal de 3.360$00 para as 300 prestações, bem como uma planta da localização dos fogos e respectivas zonas de utilização individual (quintal e jardim - nos termos do artº 12º do Decreto-lei nº 23052 /33, de 23 de Setembro). Nada fácil para quem auferia então um vencimento bastante limitado !
1981 - MAIO - 14 - O FFH, pelo seu Ofício nº 2143/DHC/DPPC/81, sugeriu a vantagem ou conveniência de iniciarmos o pagamento dessas prestações, conforme a modalidade escolhida, nos seguintes termos : "...Como é do seu conhecimento as infraestruturas do Bairro onde habita ainda não estão concluídas. Mas, dado que V.Exa. optou pelo regime de propriedade resolúvel, há toda a vantagem em iniciar o pagamento, pelo que deve informar esta Direcção de Habitação, se está ou não interessado em começar a liquidar desde já, as respectivas prestações".
1981 - MAIO - 21 - Nossa resposta concordando com a sugestão que nos foi apresentada. Como a nossa opção foi a de RENDA CONSTANTE e aplicado o seu valor máximo (3.360$00 mensais) pela casa nº 29, que então nos foi atribuída no referido sorteio, logo demos início (a partir de JULHO) da respectiva transferência por intermédio da CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS (Agência de SOURE), através duma autorização permanente e, então, a favor do F.F.H., pelo que nos eram passados os respectivos recibos que apresentavam o movimento e a posição mensal das referidas prestações. Findo o mencionado período de 25 anos (com o seu pagamento integral) passariam à posse definitiva dos seus utentes (artº 36º e parágrafo único, do Decreto-Lei nº 23.052, de 23 de Setembro de 1933, sendo as referidas prestações pagas "sob a forma de renda mensal"...(Artº 37º do mesmo Decreto).
1981 - SETEMBRO - 24 - FFH - DIRECÇÃO DA HABITAÇÃO DO CENTRO - URGENTE - Ofício nº 4153 /DHC/DPPC/81 - ..."Para tratar de assunto do seu interesse e respeitante à casa que habita, é favor entrar em contacto com esta Direcção de Habitação, logo que seja possível"...
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No entanto, mesmo já em plena utilização e com o pagamento de várias dessas prestações, as casas demoraram algum tempo até à completa instalação dos normais e obrigatórios meios para uma adequada habitabilidade.
--- Façamos agora referência aos Factos que se seguiram :
1984 - OUTUBRO - FUNDO DE FOMENTO DA HABITAÇÃO - Comissão Liquidatária - OFÍCIO CIRCULAR Nº 11481/B : -..."Gestão dos fogos da área da DHC - ...Leva-se ao seu conhecimento que a partir do mês de Novembro todos os assuntos relacionados com a habitação em que reside, passam a ser tratados exclusivamente na Direcção do Centro, cita na Av. Emídio Navarro,90 - 1º -- 3000 Coimbra com o telefone nº 22549/20028/20029".
1985 - SETEMBRO - O FFH envia a diversos utentes propostas de venda das casas em regime de arrendamento, informando-os que ..."A lei permite-lhe a compra da casa em que habita, se desejar adquiri-la. Conforme for do seu interesse, poderá optar por um de dois regimes de aquisição : o Decreto-Lei nº 31/82, de 1 de Fevereiro ou o Decreto-Lei 260/84, de 31 de Julho"...
1989 - MAIO - 24 - CÂMARA MUNICIPAL DE SOURE - Ofício nº 2046/88 - : -- Assunto : "BAIRRO DE PRÉ-FABRICAÇÃO LIGEIRA DE QUINTA DOS ANJOS - SOURE : - Comunica que por deliberação de 7 de Março a ..." Câmara Municipal aceitou a cedência, a título gratuito, de todos os fogos de pré-fabricação ligeira da Quinta dos Anjos por parte do Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado".... Solicita a apresentação de : a) "Fotocópia do contrato de arrendamento; b) - Fotocópia do último recibo da renda paga. Informou que as rendas passariam a ser pagas na sua Tesouraria até ao dia 8 de cada mês imediatamente anterior aquele a que respeitassem"..., mas que a renda correspondente ao mês de JUNHO seria paga conjuntamente com a do mês de JULHO...
O referido "Acordo de Cessão", foi assinado por "...Doutor José Manuel Nunes de Carvalho, Presidente do Conselho Directivo do I.G.A.P.H.E.,o Engenheiro Pedro Miguel Leal de Sá Martins, Vogal do mesmo Conselho Directivo e o "Doutor" Firmino da Silva Oliveira Ramalho, Presidente da Câmara de Soure."...
1989 - JULHO - 07 - CÂMARA MUNICIPAL DE SOURE - Ofício nº 2893/88 - Assunto : "BAIRRO DE PRÉ-FABRICAÇÃO LIGEIRA EM QUINTA DOS ANJOS - SOURE "... Informa estarem a pagamento na Secção de Obras durante o mês de JULHO (até 31), as rendas referentes aos meses de JUNHO e JULHO.
1989 - JULHO - 17 - Pagamento da quantia de 6.720$00, referente aos ditos dois meses de renda resolúvel.
1990 - MAIO - 22 - Aviso da CÂMARA MUNICIPAL DE SOURE, solicitando a minha comparência nos Paços do Município dentro do prazo de 15 dias para tratar do assunto : ACERTO DA COBRANÇA DE RENDAS (ENTRETANTO SUSPENSAS PELA PRÓPRIA CÂMARA).
1990 - JUNHO - 01 - Assinatura dum ..."ACORDO PARA A REGULARIZAÇÃO DE RENDAS", ENTÃO NUM VALOR TOTAL DE 33.600$00 (CORRESPONDENTE A 10 MESES) -- SUSPENSAS PELA CÂMARA --. NESTE "ACORDO" ESTÁ BEM EXPLÍCITO QUE era um regime em "PRESTAÇÕES RESOLÚVEIS",..."conforme fotocópia de contrato de arrendamento existente nesta Câmara Municipal"... O Acordo fixou o pagamento em 3 prestações de 11.200$00 cada, durante os meses de JUNHO, JULHO e AGOSTO de 1990. Foi efectuado sempre por transferência bancária (CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS) e dentro dos prazos fixados.
1990 - JUNHO - NOTA IMPORTANTE : - Nesta altura já tinha decorrido o "PRIMEIRO DECÉNIO" de habitação efectiva, a que se refere o parágrafo 2º do Artº 52º do referido Decreto-Lei nº 23.052, de 23 de Setembro de 1933,sem qualquer objecção !
1991 - JULHO - 08 - CÂMARA MUNICIPAL DE SOURE - Ofício nº 3653 - Assunto : - "PARTICIPAÇÃO EM REUNIÃO - BAIRRO CAR" -- Solicita a m/comparência numa reunião a ter lugar no dia 23, pelas 17 horas, no Salão Nobre do Município.
1991 - JULHO - 25 - CÂMARA MUNICIPAL DE SOURE - Ofício nº 3947/88 - Assunto : "Bairro Pré-Fabricado CAR - Cerca dos Anjos" - Informa que a Câmara Municipal pretende edificar no perímetro urbano da Vila um bloco ..."com vista à melhoria das condições habitacionais dos munícipes residentes no bairro em epígrafe"... Foram pedidas novas informações "urgentes" a prestar pelos interessados, sendo invocada a hipótese dum financiamento a 50% !
-- 1991 - AGOSTO - 13 - ROBERTO MANUEL DE SOUSA CORREIA e MARIA RAQUEL SILVEIRINHA SERRANO, sua esposa, tendo efectuado até esta altura o pagamento de 122 "PRESTAÇÕES RESOLÚVEIS", apresentam à CÂMARA MUNICIPAL DE SOURE um requerimento solicitando a resolução antecipada das restantes prestações nos termos legais ( artº 51º do Decreto-lei nº 23052 / 33, de 23 de Setembro). Carta com assinaturas devidamente reconhecidas e registada nos CTT sob nº 4769.
Essa nossa petição NUNCA mereceu a atenção dum resposta municipal aos seus subscritores ou talvez pudesse ter ficado abrangida pelo conceito de "DEFERIMENTO TÁCITO" !
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1991 - SETEMBRO - 04 - INSTITUTO DE GESTÃO E ALIENAÇÃO DO PATRIMÓNIO HABITACIONAL DO ESTADO - Ofício nº 5844/C/GES/SP/91 - para ROBERTO MANUEL DE SOUSA CORREIA - Assunto : - Auto de Cedência" - informa e confirma a cedência das casas do Bairro da Cerca dos Anjos à CÂMARA MUNICIPAL DE SOURE, remetendo fotocópia no qual se pode constatar : ..." 23 fogos de pré-fabricação ligeira em regime de renda social e de 7 fogos de pré-fabricação ligeira em regime de propriedade resolúvel"... Mas, RESSALVA : ..."a única condição de salvaguardar os direitos dos actuais moradores adquirentes no regime de propriedade resolúvel, os quais nunca poderão ser objecto de tratamento mais gravoso nem diferente do que for decidido para os arrendatários, em caso de alienação, excepto quando haja comum acordo entre a Câmara Municipal e morador"...
1991 - DEZEMBRO - 16 - Assinatura do Seguro da Habitação nº 29 com a COMPANHIA DE SEGUROS "IMPÉRIO", ainda em vigor.
1993 - MARÇO - 08 - CÂMARA MUNICIPAL DE SOURE - Ofício nº 1969/62 - : "CEDÊNCIA DE CASAS DO BAIRRO CAR" - Estipula que :..." a) no caso de deixar de ocupar a casa arrendada deve entregar a chave da casa, depois desta devoluta, na Câmara Municipal de Soure. b) - a verificar-se procedimento diverso esta câmara Municipal desencadeará os procedimentos judiciais adequados" -... Carta registada nº 52108 -......................................................
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1997 - FEVEREIRO - 25 - Dadas as carências existentes na minha habitação, nº 29 do BAIRRO DA CERCA DOS ANJOS, cada dia mais agravadas com as grandes chuvas, sem que nenhuma entidade tivesse tomado quaisquer providências, devido à fraca qualidade do material aplicado na sua cobertura e ainda por uma outra delicada situação familiar com um imprescindível acompanhamento pessoal e assíduo, já referenciado, foi absolutamente necessário alugar um apartamento em COIMBRA (Santa Clara), conforme respectivo contrato registado em nome de MARIA RAQUEL SILVEIRINHA SERRANO..."para habitação em período limitado (cinco anos)".
Aquelas condições foram-se degradando, atingindo toda a área interna da residência de SOURE, tornando completamente impossível a sua utilização habitacional normal sem uma profunda e dispendiosa reparação, o que para "aposentados" não era economicamente fácil ! No entanto soubemos que a CÂMARA MUNICIPAL DE SOURE havia fornecido as necessárias chapas para substituição DAS COBERTURAS DE TODAS AS OUTRAS HABITAÇÕES, MESMO AS QUE SE ENCONTRAVAM TAMBÉM EM REGIME DE "RENDA RESOLÚVEL". Assim, apenas a nº 29, ficou "ESQUECIDA", não obstante o facto de, por várias vezes, também termos apresentado e justificado a necessidade duma nova cobertura, já que eram todas do mesmo material e já existentes desde o início !
É de considerar que, desde esse início, mesmo sem as infra-estruturas adequadas, mas por sugestão do FFH, comecei a ..."liquidar as respectivas prestações"... (em 1981, como já fizemos referência) e no valor mensal de 3.360$00 !.
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-- 2001 - JANEIRO - 20 - Devido ao péssimo estado de conservação da cobertura do referido prédio (nº 29 da Quinta do Anjos, em SOURE), com constantes infiltrações de águas, como aconteceu com todos os restantes prédios, pois a cobertura que foi utilizada não durou o tempo médio normal, e, não tendo obtido nenhum apoio conveniente, em contraste com os restantes moradores, tive de tomar a iniciativa de o mandar fazer por conta própria ! Primeiramente na meia água posterior, recorrendo-me ao serviço particular e pago prontamente, ao Sr. ANTÓNIO MANUEL NEVES MENDES e ao seu cunhado, Sr. VICTOR, residentes e conhecidos em SOURE.
A maior parte do material necessário foi comprado directamente à MACOFEL (de SOURE). Uma dessas aquisições, "venda a dinheiro" nº 33644, totalizou a importância de 48.500$00. A sua aplicação pelos referidos indivíduos custou 22.800$00, portanto num total de 61.300$00, além de outras pequenas despesas.
Apenas beneficiei dumas "tristes" 18 placas "sobradas" nos Armazéns da Câmara, onde o meu pedido também estaria registado, quando, no entanto alguns se queixaram de que "outros" teriam levado mais do que lhes era necessário !...
-- 2001 - JUNHO -- NOTA IMPORTANTE : - Entretanto já estavam decorridos os dois "PRIMEIROS DECÉNIOS" desde o início do pagamento das "PRESTAÇÕES RESOLÚVEIS" (JUNHO DE 1981)! --
2001 - JULHO - 21 - Documento "TERMO / NOTA DE NOTIFICAÇÃO", da GUARDA NACIONAL REPUBLICANA - Posto GNR de SOURE -- sobre uma minha participação contra "assaltantes" que praticaram desmandos e roubos diversos nas traseiras da minha já referida habitação, o que em nada resultou (embora evidente), sendo dados como "desconhecidos" ! Já não era a primeira vez, nem seria a última !!
2003 - JUNHO - 21 - Após uma divergência de contagens só nesta data é que foi decidido pela EDP proceder à desligação total da Instalação eléctrica do prédio em questão, por oferecer bastantes perigos devido às grandes infiltrações de águas pluviais pelo "telhado", ainda não totalmente substituído, sem que tivesse havido a mínima colaboração "oficial". A instalação eléctrica tinha, assim, deixado de ser utilizada A operação foi efectuada no seu interior e directamente por uma brigada EDP, na minha presença, sendo também corrigida a respectiva leitura e relativa ao seu último consumo.
Saliente-se que essa instalação eléctrica bem como a telefónica foram montadas directamente sobre a madeira e sem quaisquer tubos de protecção ou isolamento, o que talvez fosse contrário ao que se encontrava legislado !
2003 - DEZEMBRO - 10 - Tentativa de "assalto" à minha casa (nº 29) no BAIRRO DA CERCA DOS ANJOS (SOURE), pelo Sr. CARLOS M. TAVARES PIMENTA, que não foi concluída na sua totalidade por então, depois de ter conseguido "arrombar" a porta de entrada principal, ter constatado que a casa estava normalmente mobilada (portanto ocupada) e não "vaga" como lho teriam afirmado algumas pessoas com certas responsabilidades (conforme suas declarações)!!... Teve o bom senso (que talvez tenha faltado a outras pessoas) de chamar um seu conhecido para comprovar que não se tinha introduzido, tentando, sem resultado, voltar a fechar a porta (já com a fechadura rebentada !). De seguida ainda teve igual bom senso ao ir participar pessoalmente a uma minha familiar, residente na parte alta do mesmo Bairro. Assim, fui então prevenido, telefonicamente, do que se estava a passar para poder tomar as necessárias medidas. Além dessa porta, também foram forçadas (sem efeito) as janelas frontais.
Nessa mesma altura verificou-se que as janelas laterais tinham sido forçadas e efectivamente abertas com a quebra dos seus vidros, tendo havido invasão e grande degradação do interior da respectiva divisão (escritório). O "intruso" foi perdoado atendendo ao facto de ter invocado uma grave posição social (sem residência própria e com uma pequena filha doente) além de uma frágil situação financeira.
Esses factos foram constatados directamente por vários pessoas, algumas do próprio Bairro, que inclusivamente o tinham alertado para o "erro" que estava cometendo !
2004 - FEVEREIRO - 17 - A meu pedido, a APPACDM, de SOURE, chefiada então pelo Sr. Eng. MARCELINO, executou trabalhos de "limpezas" de todo o terreno lateral (esquerdo), desde o limite da minha casa (nº 29) e o alinhamento do seu quintal (conforme mapa) até ao canavial da "Levada" (espaço esse totalmente do "DOMÍNIO PÚBLICO" (ou MUNICIPAL ?) e ainda uma pequena parte posterior ao referido quintal pertencente à minha casa, também limitado ao fundo pela zona dessa mesma "Levada"..
No entanto, o custo total dessa "operação de limpeza" (efectuada apenas por duas (?) pessoas), custou-me a "módica" quantia de 353,43 Euros (cheque nº 4331902920 - CAIXA.GERAL DE.DEPÓSITOS), conforme Factura nº 676 e recibo, remetidos posteriormente).
2004 - SETEMBRO - 29 - MACODAL - (de QUIAIOS - FIGUEIRA DA FOZ) - Venda a Dinheiro nº 2210 - pelo seguinte fornecimento destinado à reparação da cobertura frontal da minha casa (nº 29) no BAIRRO DA CERCA DOS ANJOS, em nome de ROBERTO MANUEL DE SOUSA CORREIA : - 45 placas "Onducober 63 P" vermelhas, 12 cumes "onduline" e os respectivos parafusos "Din Cabeça", no VALOR TOTAL DE 827,40 EUROS.
Na Serração de SOURE foram adquiridas : 3 tábuas 2,60 x 18, no valor de 20,00 Euros. Esses trabalhos (mão-de-obra) foram executados pelos Srs.: HARALD FRIEDEN e NUNO KONIGSTEDT MOÇO, da zona de QUIAIOS, durante diversos dias, totalizando a QUANTIA DE 330,00 EUROS, sem contar com os respectivos almoços à minha custa. Assim, o CUSTO TOTAL DESSA REPARAÇÃO, COM MATERIAL DE CARÁCTER DEFINITIVO, CUSTOU-ME 1.177,40 EUROS (conforme documentos em minha posse)
A CÂMARA MUNICIPAL DE SOURE NÃO PODE ALEGAR DESCONHECIMENTO QUANTO AO "VOLUME" e ao valor dessas reparações e "Limpezas" efectuadas à minha custa, tanto mais que as placas "velhas e semi-desfeitas", bem como os "resultados" das limpezas foram removidos, a meu pedido, por um transporte municipal com destino à lixeira.
De início, o FFH ainda fez algumas "vistorias" (aliás previstas na legislação) com acesso ao interior para se certificarem do estado da construção. O MUNICÍPIO DE SOURE NUNCA O FEZ (pelo menos à habitação nº 29), assim como, segundo creio, raramente mandou efectuar as necessárias limpezas aos exteriores, entre as casas e quintais até à Levada. No meu caso (casa nº 29) fui eu que muitas vezes o fiz para evitar a proximidade ou frequência de "ratos e ratazanas" que por ali se acoitavam e o perigo de incêndio. Noutras ocasiões foram alguns particulares, estranhos ao Bairro, que fizeram (por vezes a meu pedido) o corte das canas para as utilizarem nas suas hortas.
Num extenso terreno contíguo e também limitado pela Levada existe, há anos, um imenso "matagal" (com silvas, canavial, etc.) com lixo acumulado onde nunca é feita qualquer operação de limpeza, pondo também em perigo até uma parte desse Bairro de casas pré-fabricadas (de madeira)
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2004 - Terminados todos esses trabalhos, bastante dispendiosos, resta mandar arranjar quase todo interior da habitação, incluindo toda a instalação eléctrica, profundamente afectada pelas imensas chuvas durante o período em que a sua cobertura se encontrou bastante danificada, como aconteceu com todas as restantes habitações do Bairro.O MUNICÍPIO DE SOURE nunca (segundo creio) mandou proceder a nenhuma reparação das casas naquele Bairro, à excepção da substituição da frágil e desgastada cobertura.
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Torna-se necessário ainda efectuar a total substituição das carpetes, passadeiras e de alguns dos móveis que foram atingidos pelas águas pluviais e humidade gerada no interior.
Portanto, o defeito estava, desde o início, na fraca qualidade das suas coberturas, sem terem durado um período de tempo normal.
A residência ficou sem condições de "HABITABILIDADE NORMAL" e que qualquer vistoria a reprovaria.
2004 - DEZEMBRO - SÓ DURANTE OS ÚLTIMOS QUATRO/CINCO ANOS fui obrigado a despender uma quantia superior a 1.700 EUROS nas reparações e tentativas de conservação e limpezas exteriores, o que se traduziu num elevado esforço físico e económico para "aposentados" com mais de 70 anos de idade, além de alguns inevitáveis problemas de falta de saúde pessoais e de familiares de fracos recursos e até mesmo de algumas necessárias intervenções cirúrgicas !
-- 2006 - JUNHO - COMPLETARAM-SE OS 25 ANOS E OS PAGAMENTOS DAS 300 PRESTAÇÕES RESOLÚVEIS no valor mensal e constante de 3.360$00 (depois em EUROS), respeitantes à minha casa de habitação (nº 29), situada no BAIRRO DA CERCA DOS ANJOS (SOURE) que, assim deveria ter passado de imediato à MINHA POSSE ADMINISTRATIVA DEFINITIVA E EFECTIVA (PROPRIEDADE PERFEITA), com direito ao respectivo Registo legal sem mais contrariedades ou burocracias inúteis (nos termos do artº 36º e seu parágrafo único do Decreto-lei nº 23052, de 23 de Setembro de 1933 e doutra legislação paralela)!
O pagamento das "PRESTAÇÕES RESOLÚVEIS" atingiu o valor total equivalente a "UM MILHÃO E OITO MIL ESCUDOS, sendo SEISCENTOS QUATRO MIL E OITOCENTOS ESCUDOS DIRECTAMENTE AO MUNICÍPIO DE SOURE !
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-- 2006 - JULHO - 7 - JÁ DEPOIS DE COMPLETADO E SATISFEITO NA TOTALIDADE O COMPROMISSO acima mencionado, e sem qualquer aviso ou tentativa pessoal de negociação, o MUNICÍPIO DE SOURE decidiu apresentar ao TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE SOURE UMA "ACÇÃO DE REIVINDICAÇÃO DE PROPRIEDADE sobre a referida habitação (nº 29), alegando ..."falta de residência permanente"... e de "ABANDONO HÁ CERCA DE 15 ANOS"... (!!!), bem como ainda uma alegada ..."omissão na matriz"... e..."falta de descrição na Conservatória do Registo Predial de Soure que eram, antes de tudo, da própria responsabilidade do FFH e do MUNICÍPIO, contrariando assim o espírito da lei ainda em vigor !
Ainda para comprovar essa falta, convém apreciar o que a respectiva e mencionada legislação ainda dispunha : - DECRETO-LEI nº 23052, de 23 de SETEMBRO DE 1933 (com a nova redacção dada pelo DECRETO-LEI nº 38.256, de 30/04/1947) : -- "...Art.º 52 - Quando os moradores adquirentes das moradias económicas hajam de mudar a sua residência com carácter definitivo, pode a Repartição das Casas Económicas, mediante parecer fundamentado, propor ao Sub-Secretário das Corporações e Previdência Social o resgate de propriedade das casas...- ... parágrafo 2º : - ..."O resgate só pode efectuar-se seis meses decorridos sobre a mudança de residência do morador adquirente e dentro do primeiro decénio de vigência do contrato".
Por tudo quanto já ficou exposto não pode haver lugar a qualquer anulação dos DIREITOS ENTRETANTO ADQUIRIDOS e consolidados com o PAGAMENTO INTEGRAL DAS 300 PRESTAÇÕES RESOLÚVEIS, SEM QUALQUER OPOSIÇÃO !
2006 - SETEMBRO - - De seguida (passados apenas dois meses), após contestação daquela afirmação,o MUNICÍPIO DE SOURE reduz para uma outra ..."ABANDONO HÁ DEZ ANOS"...! Procede assim, sem qualquer meio de prova válido e contrariando-se !
Para contestar uma e outra afirmação, apresentámos cronologicamente, dados concretos, incontestáveis. Ora vejamos, em RESUMO :
A) -- Recuando os 15 ANOS", portanto desde JUNHO de 2006, obtemos um "início contabilístico" a partir de MAIO/JUNHO de 1991 (ou mesmo 1992), referente à minha casa (nº 29), no BAIRRO DA CERCA DOS ANJOS (SOURE), que, conforme já demonstrámos oportunamente, apresenta os seguintes valores :
1) - Fornecimento de água/saneamento pelo MUNICÍPIO DE SOURE - 443 m/3 = 106.261$00.
Fornecimento de luz (EDP) até MAIO de 2003 - 2.496 KW. = 276.396$00
Utilização de Telefone Fixo ali instalado (nº 3957695) até 1999 - = 387.490$00 --- TOTAL = 770.147$00 --
- Total das "Prestações resolúveis" pagas ao FFH (403.200$00) e ao MUNICÍPIO de SOURE (604.800$00) = 1.008.000$00 --
---- TOTAL GERAL DISPENDIDO = 1.778.147$00 ----
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2) - CORRESPONDÊNCIA (Cartas, avisos, postais, revistas, etc., sem incluir as de menor importância) e que foi depositada na m/ Caixa Postal (com retirada apenas pelo seu interior)...cerca de 3.000 documentos !
Uma grande parte dos mesmos era de carácter privado e muitos até de certa responsabilidade, destacando-se a que era proveniente do próprio MUNICÍPIO DE SOURE, num total de 400 documentos (incluindo os recibos das "prestações resolúveis" que lhes eram pagas pontualmente através da CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS DE SOURE, e ainda avisos e recibos dos pagamentos à Divisão de Ambiente, Águas/ Saneamento), conforme a seguir se demonstra face aos respectivos documentos (em arquivo, além das listas pormenorizadas):
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ACOP - ACP - ADIMO - ADSE - AMI - ARMINDO F. CARREGADO, LDA. - ASSOCIAÇÃO S. S. DE PROFESSORES - BANCOS (DIVERSOS) - BIBLIOTECAS (DIVERSAS) - CAIXA DE CRÉDITO AGRÍCOLA V.N. ANÇOS - CAIXA ECONÓMICA POSTAL - CAIXA GERAL APOSENTAÇÕES - CAIXA GERAL DEPÓSITOS - CÂMARAS MUNICIPAIS (DIVERSAS) - CASA DE REPOUSO RAINHA SANTA - COMPANHIAS DE SEGUROS (DIVERSAS) - CORREIOS - CÍRCULO DE LEITORES - COOPERATIVA AGRÍCOLA DE SOURE - CTIV - CLUBE P.AUTOCARAVANAS - DECO - DIRECÇÃO ESCOLAR COIMBRA - - EDILIBER - EDP - FFH - GNR (SOURE) - LABORATÓRIO SOURELAB - MINISTÉRIO DAS FINANÇAS (LISBOA) - PROTESTE - - REDOUTE - REPARTIÇÃO DE FINANÇAS(SOURE) - SELEÇÕES READER'S DIGEST - SERVIÇOS IRS - SIPPEB - TELECEL - TELECOM - TRIBUNAL DA COMARCA (SOURE) - VODAFONE -
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B) -- Recuando os alegados (em alternativa) ..."10 ANOS DE ABANDONO"..., desde SETEMBRO de 1996, temos os diversos "FACTOS" já referidos e também um elevado número de CORRESPONDÊNCIA das já mencionadas proveniências e incluídas nas listas anteriores.
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2007 --- (em actualização) --- ..................................... .. .............................................................................................................................................................................................. -- Recuando ainda no tempo (2007 - 5 ANOS, também alegados depois),portanto com início a partir de 2002 e fazendo referência mais uma vez aos principais FACTOS então decorridos durante esse período, temos, como já foi demonstrado e provado :
--- "2003 - DEZEMBRO - 10 - Tentativa de "assalto" ou "ocupação" com violação da porta principal, efectuada pelo senhor CARLOS M. TAVARES PIMENTA (de SOURE),não concluída por ter constatado que a minha casa (nº 29)do BAIRRO DA CERCA DOS ANJOS, se encontrava(e encontra) normalmente mobilada (portanto ocupada), ao contrário do que lho teriam afirmado; assim, desistiu de imediato (perante uma sua testemunha)e tentou voltar a fechá-la (sem êxito), entrando de imediato em comunicação com os meus familiares residentes na vila.
--- 2004 - FEVEREIRO - "Limpezas" de uma grande parte do terreno compreendido entre o limite "físico" da referida casa (nº 29), do seu quintal e a Levada, quase todo ele pertencente ao "DOMÍNIO PÚBLICO", executado pela APPACDM, de SOURE,num valor total de 353,43 Euros (à minha custa)!
--- 2004 - SETEMBRO - 29 Início da reparação da cobertura frontal num custo total de 1.177,40 Euros (já demonstrado, com materiais de carácter definitivo, por mim adquiridos na "MACOFAL" (QUIAIOS) e mão-de-obra durante alguns dias, totalmente à minha responsabilidade !
Só estas três "acções", executadas HÁ TRÊS / QUATRO ANOS (num somatório de 1.530,83 Euros, totalmente à minha responsabilidade e custa, contrariam em absoluto o alegado ... "ABANDONO DE HÁ CINCO ANOS". Só um "benemérito tolo" faria tal investimento em propriedade "abandonada" !!
Fica mais do que provado (com dados concretos e indesmentíveis, já mencionados em pormenor), que A MINHA CASA - Nº 29 - ,SITUADA NO BAIRRO DA CERCA DOS ANJOS, EM SOURE,COMPLETAMENTE PAGA AO ESTADO E À CÂMARA MUNICIPAL DE SOURE, NÃO ESTÁ, NEM NUNCA ESTEVE "ABANDONADA" !!...
2007 - SETEMBRO - Resta-nos actualizar o "volume" da CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA na minha Caixa Postal (na casa nº 29 e que ali continua a ser normalmente depositada), passando a incluir também o período decorrido entre JULHO de 2006 até SETEMBRO de 2007, sem que até hoje tenha havido qualquer reclamação por falta ou atraso no atendimento das questões ou situações contidas, incluindo os avisos e recibos mensais do MUNICÍPIO DE SOURE, cobrando as taxas da DIVISÃO DE AMBIENTE,ÁGUAS / SANEAMENTO no valor de 4,90 (982$00), obtendo-se um total bem mais próximo dos... 3.000 DOCUMENTOS !
* 2007 - MAIO --..... ....................................................................................................................................................................--- O MUNICÍPIO NUNCA APRESENTOU QUALQUER DÚVIDA OU REJEIÇÃO AOS DEPÓSITOS MENSAIS DAS 300 PRESTAÇÕES RESOLÚVEIS (E ATÉ MAIS...) EFECTUADOS ATRAVÉS DA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS DE SOURE. Sempre as aceitou, passou e remeteu os respectivos recibos (em nossa posse), endereçados para a minha caixa postal situada no interior dessa minha habitação, sem que alguém estranho os tivesse desviado !
Ora, foi precisamente nessa altura, depois do completo pagamento das 300 "PRESTAÇÕES RESOLÚVEIS" que o MUNICÍPIO DE SOURE,por coincidência, apresentou ao TRIBUNAL DA COMARCA a sua "Acção de Reivindicação de Propriedade", impossibilitando o cumprimento das restantes formalidades legais.
*** 2007 - SETEMBRO ... --- (em suspenso) ---..............................................................................................................................................................................................................
*** 2007 - SETEMBRO / OUTUBRO - Das 30 habitações ("PRÉ-FABRICADAS") iniciais existentes no BAIRRO DA CERCA DOS ANJOS, em SOURE,agora desventrado perante uma passividade pública geral,apenas resta uma dúzia de habitações (sendo algumas das "RESOLÚVEIS" e outras das "INSOLÚVEIS"), ficando talvez a actual área do terreno "livre" à espera de "futuros adquirentes".
*** As habitações foram "desmontadas" e transportadas por uma empresa do concelho de SOURE para destino desconhecido, tendo obtido para tal operação uma deliberação municipal inicial, garantindo-lhe o pagamento de 4.000 Euros (800 contos)para o "desmantelamento e recolha" de 4 habitações (por sinal das mais pequenas ou médias !). "Operação" essa realizada em pouco espaço de tempo.
Depois seguiram-se logo outras "limpezas" rápidas e radicais !
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Quando existe no País (talvez até mesmo na zona) um difícil problema habitacional e social (calculado para mais de 50.000 pessoas), deitam~se abaixo habitações (sociais - económicas - legais )que estavam normalmente ocupadas, pode dizer-se mesmo que estavam em razoável estado de conservação (talvez novamente com excepção das suas coberturas com material deficiente), em comparação com muitas outras que existem por este País fora (mesmo neste distrito)e onde ainda continuam a existir centenas ou milhares de "barracas" (com famílias numerosas, vivendo actualmente sem as mínimas condições de habitabilidade nesta nossa "Estranha Democracia"!!!)
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-- Quaisquer que tenham sido (ou sejam)as desculpas ou razões invocadas, cremos que foi um erro lamentável e, pior do que isso,irrevogável, quando, certamente, podia ter sido preferível uma situação mais acessível e satisfatória, negociável,digamos até bastante positiva e proveitosa, sem prejuízo para terceiros (cidadãos de fracos recursos) !
--- Porém,essa operação, um tanto estranha, custou ao erário público(para já)cerca de 30 mil euros !...
-- Continuaremos a apelar ATÉ QUE NOS SEJA FEITA JUSTIÇA, com a devida reparação de quantos prejuízos nos têm sido causados ao longo de muitos anos !
-- No nosso sagrado direito de viver e de defender a NOSSA INDIGNAÇÃO, não baixaremos os braços,nem mesmo contra as prepotências !! ... ...................................................................................................................................................................
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----------- ENQUANTO DECORRIA A RESOLUÇÃO DESTE PROBLEMA NOS TRIBUNAIS CONVENIENTES E POSSÍVEIS MANTIVEMOS ESTA EXPOSIÇÃO EM SUSPENSO.
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------ PASSADOS ALGUNS ANOS DE ESPERA E DOS RESPECTIVOS PREJUÍZOS E MESMO DE OUTRAS CONSEQUÊNCIAS BEM GRAVOSAS, O ASSUNTO FOI RESOLVIDO A FAVOR DOS SIGNATÁRIOS (ENTÃO CONSIDERADOS RÉUS),COM PLENO DIREITO À POSSE DO IMÓVEL EM CAUSA,CONFORME FOTO PUBLICADA NOUTRO LOCAL).
------ INFELIZMENTE, O FALECIMENTO DE MARIA RAQUEL (EM SETEMBRO DE 2012), PROVOCOU UMA NOVA SUSPENSÃO EFECTIVA DA SUA MELHOR SOLUÇÃO. A PROPRIEDADE ENCONTRA-SE DEVIDAMENTE REGISTADA E INSCRITA PARA TODOS EFEITOS LEGAIS E FISCAIS. AINDA BEM QUE, COMO DIZ O POVO..."A JUSTIÇA TARDA, MAS NÃO FALHA !...
----OPORTUNAMENTE COMPLETAREMOS O RELATO DESTA NOSSA LONGA E ESTRANHA QUESTÃO E QUE NOS PROVOCOU IMENSOS PREJUÍZOS E ALGUMAS SITUAÇÕES IRREVERSÍVEIS.
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----- 09 ) --- b) - COLABORAÇÃO DOS LEITORES : ------
----- II) EXPOSIÇÃO SOBRE O TEMA : "AMIGOS RETORNADOS" (m/artigo publicado no Jornal "O LOBITO", nº 175, em MARÇO de 2004 --
-- Uma Transcrição das Respostas de : ARNALDO SIMÕES - (RIACHOS - TORRES NOVAS) -- ao Questionário ali apresentado :
..." 1 - ARNALDO SIMÕES, nascido no Lobito-Angola, nacionalidade portuguesa, com 70 anos,data de nascimento : 17 de MAIO de 1932;
..." 2 - Chegou a Portugal em 1975, não como retornado, porque só retorna quem de cá saíu, mas como Espoliado,porque como natural de Angola vim para Portugal porque minha mulher era daqui natural e portanto nunca podia retornar donde não saí;
..." 3 - Em Angola fui Comerciante, Empregado do CFR-Companhia do Caminho de Ferro de Benguela, Industrial e, felizmente, sempre beneficiei de uma posição moral e material que me deu uma boa posição na vida;
..." 4 - Fui fundador com meus familiares da firma Simões & Cª,Ldª. Depois criámos uma unidade frigorífica, instalada na Rua 28 de Maio, no Lobito, que era conhecida pela "Frigorífica do Lobito".Tínhamos também no Bairro do Compão, um complexo constituído por : Padaria,Talho,Mercearia e Escritórios da empresa. Este complexo estava instalado na Av. Governador Silva Carvalho. No mesmo local, tínhamos também outras propriedades como : terrenos e residências dos sócios e empregados. Foi a partir daqui que se criou a empresa de camionagem (passageiros), que fazia o transporte de Lobito/Benguela e volta. Foi iniciada com o distintivo "Foguete". E cada autocarro possuía nas suas laterais o desenho de um "foguete". Os primeiros autocarros foram carrinhas Wolkswagen de 8 passageiros que na época estavam muito em voga. Esta empresa tinha escritórios no Lobito, e em Benguela, um posto de recepção de encomendas. Posteriormente esta de camionagem foi vendida ao CFB, onde nasceu a SEFEL.
..." 5 - O facto de ser o dono da Padaria do Compão, deu-me o direito a ser sócio da Empresa Cipal-Comércio e Indústria de Panificação do Lobito que, sendo uma sociedade de acções, criou um complexo industrial de uma Fábrica de Pão e Confeitaria, equipada com instalações próprias situadas no Bairro da Caponte que, além de viaturas de distribuição e postos de vendas, tinha dois fornos a nafta, qualquer deles com mais de 20 metros de comprimento. Esta empresa tinha mais de uma centena de trabalhadores;
..." 6 - Relativamente ao meu caso particular, já apresentei o assunto à AEANG - Associação de Espoliados de Angola que, segundo informou, tem Processo a correr nos Tribunais Portugueses;
..." 7 - Apenas tenho como habilitações literárias a 4ª classe;
..." 8 - Enquanto em Angola, fui elemento directivo dos Bombeiros Voluntários do Lobito, director do Rádio Clube do Lobito, dirigente da Associação de Desportos de Benguela, pertenci ao Conselho de Administração do CIPAL; sócio fundador do Sindicato dos Ferroviários do Lobito/Benguela, da qual era sócio fundador e fui colaborador activo na Secção de Patinagem e Natação da Casa do Pessoal do Porto do Lobito na sua parte desportiva.;
..." 9 - Como sou natural de Angola - Lobito - , não houve qualquer outra partida de Angola que não fosse desta cidade.Vim em 1975. Primeiro, veio minha esposa, Filomena Simões, e minha filha Graça Alexandra e,mais tarde,eu e meus dois filhos. O nosso agregado familiar é composto pelo casal : Arnaldo e Filomena e 3 filhos : Arnaldo Jesus, José Manuel e Graça Alexandra. Minha mulher e minha filha vieram no navio "Príncipe Perfeito" e eu vim numa carreira da TAP e meus filhos vieram mais tarde, cada um de sua vez, num dos aviões que faziam a "Ponte Aérea".
..." 10 - Quando cheguei a Portugal, consegui arrumar um lugar dentro da antiga garagem CLARAS,em TORRES NOVAS, donde minha mulher era natural e ali abri um pequeno Bar. Sem dinheiro, recorri a um empréstimo financeiro ao BNU no qual tinha conta que movimentava quando vinha de férias. Mais tarde, montei um pequeno complexo industrial que fabricava Batata-Frita, Amendoim Torrado, Amendoa Torrada, e vendia outros aperitivos e tabacos. Tinha instalações precárias na Rua de Santa Maria, em TORRES NOVAS,. Abri depois, na Rua Tenente Valadim, uma "Tabacaria Moderna" que, além de tabacos também vendia alguns "souvenires". Fui Presidente da Associação dos Comerciantes de Torres Novas e vice-Presidente da Direcção Política do Partido Social-Democrata - Secção de Torres Novas. Fui por isso eleito como Deputado Municipal para a Assembleia Municipal de Torres Novas. Cheguei a ter em >TORRES NOVAS uma situação uma situação comercial e política que fazia inveja a muitos outros residentes.
..." 11 - A minha situação hoje é muito pior do que aquela que tinha no Lobito. Minha mulher é muito doente, porque não conseguiu reabilitar-se do que perdemos e da maneira como a descolonização foi feita. Eu por ser deficiente físico, não tive facilidades em conseguir empregos e como sofri um incêndio nas minhas instalações, de que até hoje não consegui apurar as causas, acabei vivendo de uma reforma mínima que eu e minha mulher conseguimos, por nos tewrmos colectados aqui na Segurança Social pelo tempo que cá trabalhámos;
..." 12 - Actualmente não tenho empresa alguma, vivo da Reforma Miserável que o Estado Português me paga;
..." 13 - Condeno a maneira desagradável como fomos recebidos pelos portugueses nossos irmãos. Até a própria Igreja Católica nos recebeu mal. Não sei se isso foi em todo o país.Mas nesta parte Sul do país foi assim."
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------- (carta enviada em Setembro de 2002) --------
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